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GT 001: A produção de conhecimentos em situações de conflito
Resumo da atividade
Este GT visa refletir situações de pesquisa que se inserem em um contexto social no qual os direitos de povos e comunidades tradicionais estão ameaçados. A atual conjuntura sociopolítica se mostra extremamente desfavorável, em que proposições reacionárias ganham força, visando atender uma diversidade de interesses empresariais. Esses interesses, representados por setores do agronegócio, de empresas de mineração, de setores imobiliários e da construção civil, articulados com a implantação de complexos de geração de energia, se contrapõem diretamente a modos de vida de povos e comunidades. Destacamos a usurpação dos recursos naturais existentes nas terras tradicionalmente ocupadas e nas águas de uso comum de lagos, rios e mares. Para exploração dos recursos naturais se intensificam desmatamentos, contaminam-se terras e águas, deslocam-se famílias de suas terras, ameaçam e criminalizam agentes sociais que buscam organizar mobilizações de resistência. Essa exploração, invariavelmente, se contrapõe tanto à legislação ambiental e às legislações que garantem direitos às terras tradicionalmente ocupadas. O GT visa a apresentação de trabalhos relacionados à situações de pesquisa em condições específicas de conflito como referência para analisar a relação entre a construção de conhecimentos e os modos de vida de povos e comunidades tradicionais.
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Coordenação
Franklin Plessmann de Carvalho (UFRB), Carmen Lúcia Silva Lima (UFPI)
Debatedor(a)
Vânia Rocha Fialho de Paiva e Souza (UPE), Alfredo Wagner Berno de Almeida (UEMA), Helciane de Fátima Abreu Araujo (UEMA)
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GT 002: Alimentando o fim do mundo: agronegócio, saúde e Antropoceno
Resumo da atividade
Este GT concentra-se nas interseções entre os Sistemas Alimentares Globais, Saúde e Antropoceno, com ênfase na expansão do agronegócio no Brasil e América Latina. Muitos países em desenvolvimento veem o agronegócio como um motor de crescimento econômico. Mas a rápida expansão desse setor tem frequentemente se dado às custas de desregulamentações ambientais e trabalhistas. Além disso, enquanto o agronegócio promete um futuro biotecnológico sustentável voltado à erradicação da fome, o que ele parece alimentar são as emergentes catástrofes ambientais, sociais e de saúde com consequências devastadoras, como epidemias emergentes, eventos climáticos extremos e desigualdades. Diante disso, o objetivo do GT é reunir pesquisas antropológicas que envolvam alimentação, meio ambiente, relações humano-animal, toxicidade e saúde e que contribuam com evidências sobre como o agronegócio tem acelerado transformações que caracterizam as geografias desiguais do Antropoceno e suas hierarquias de classe, raça, gênero e espécie. Em foco, estão as etnografias sobre a exploração do trabalho de populações vulneráveis, a apropriação de territórios indígenas e áreas de conservação, o aumento de doenças vetoriais e hídricas e eventos climáticos adversos à saúde, também o câncer e as doenças crônicas não-transmissíveis associadas ao crescente uso de agrotóxicos e ao consumo de alimentos ultraprocessados baseados em cultivos e criações intensivas de monoculturas animal e vegetal e a insegurança alimentar.
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Coordenação
Jean Segata (UFRGS), Ivana Dos Santos Teixeira (University College London)
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GT 003: Alteridades na universidade: saberes locais e diálogos críticos
Resumo da atividade
As universidades brasileiras vêm sendo, nas últimas décadas, o palco de profundas transformações sociais resultantes de políticas de ampliação do ensino superior e de ações afirmativas. Muitos sujeitos, outrora excluídos, chegam com histórias ativas, com experiências interculturais e com novas pautas acionadas e tensionadas na construção cotidiana e intercientífica do ensino. Essas manifestações representam grupos que sobreviveram às invasões coloniais, à assimilação forçada e ao racismo e hoje lutam por agendas decoloniais e um diálogo crítico e historicamente sensível aos modelos hegemônicos e às relações de poder. Os alicerces para esse novo ensino são o protagonismo juvenil, a emergência de identidades raciais, étnicas, tradicionais e a interação com territórios, redes e cotidianos comunitários. A antropologia tem sido, portanto, provocada a se aproximar dessas arenas de conhecimento emergentes nas universidades e mediar posições e estratégias que respeitem os saberes locais e ancestrais. Ao retomar os diálogos entre alteridades na universidade promovidos na 33ª RBA e ampliá-los em parceria com o Observatório das Desigualdades e Discriminações Étnico-Raciais na Unimontes (MG), esperamos receber trabalhos de pesquisa, ensino e extensão sobre a temática em tela. As formas de conhecer, sentir e agir no mundo, ao serem partilhadas, promovem uma antropologia aberta à construção de espaços mais democráticos e a permanência dos jovens na universidade.
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Coordenação
Carla Susana Alem Abrantes (UNILAB), Carla da Costa Dias (UFRJ)
Debatedor(a)
Joanice Santos Conceição (UNILAB), José Gabriel Silveira Corrêa (UFCG), Maria Railma Alves (UNIMONTES)
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GT 004: Améfricas: retomadas na antropologia pelo pensamento indígena e da áfrica-diaspórica por meio de experimentos de linguagens e escritas contra-coloniais
Resumo da atividade
Convocamos a noção de Amefricanidade, elaborada pela antropóloga e ativista Lélia González, para pensar as dinâmicas histórico-culturais do Brasil, tensionando a ideia de que a formação cultural brasileira tem influência predominante europeia, e apontando para a relevância das dinâmicas resultantes dos encontros entre os povos indígenas e os povos afro diaspóricos que se estabeleceram e perpetuam no território brasileiro. Para dialogar com esse pensamento, convocaremos também reflexões acerca dos modos de fazer antropologia da intelectual negra estadunidense Zora Neale Hurston, que, apesar de sua invisibilização ao longo da história da disciplina, produziu experimentos etnográficos-literários e artísticos fecundos e, mais do que nunca, atuais. Por fim, queremos crer que há uma nova geração de pensadores e escritores indígenas e quilombolas que nos convocam a realizar novas experimentações contra-coloniais no campo da etnografia, como David Kopenawa e Nego Bispo. Este Grupo de Trabalho estará aberto a trabalhos e experimentos etnográficos inovadores, inclusive indo além do texto escrito, elaborados por pensadores indígenas ou da afro-diaspórica, e, ainda, sobre o pensamento da Améfrica. Nas suas três sessões, propomos: Sessão 01: Confluências Afroindígenas: alianças, encontros e articulações ancestrais, Sessão 02: Afrodiáspora em movimento: saberes localizados e Sessão 03: Corporalidades e narrativas.
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Coordenação
Denise Ferreira da Costa Cruz (UNILAB), Ruben Caixeta de Queiroz (UFMG)
Debatedor(a)
Rafaela Rodrigues de Paula (UFMG), Steffane Santos (UFMG), Nicole Faria Batista (IEPHA-MG)
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GT 005: Antropoceno, Colonialismo e Agriculturas: resistências indígenas, quilombolas e camponesas diante das mutações climáticas
Resumo da atividade
As mutações climáticas, provocadas por ações antrópicas, decorrentes do extrativismo de florestas, mineração e avanço das monoculturas, são nomeadas como Antropoceno/Plantantionoceno e outras designações. Para a compreensão dessas questões, é imprescindível considerar as consequências do colonialismo, que expropriou territórios e tornou a terra mercadoria, provocando genocídio, escravização e eliminação de práticas e conhecimentos de diversos povos. A plantation, base desse padrão de poder, não se limita a agricultura, mas remete a uma forma de habitar colonial que provoca a destruição da sociobiodiversidade; acarreta desigualdades raciais, de gênero, sociais e outras; e esgota as condições de vida no planeta. Em contraposição, ocorrem resistências indígenas, quilombolas e camponesas, por meio de composições cosmopolíticas que criam outros modos de fazer agriculturas e de se relacionar com a terra, envolvendo diferentes seres que nela coabitam, constituindo relações multiespécies. Assim, este grupo de trabalho se propõe a acolher pesquisas que abordam conhecimentos, práticas, memórias e modos de vida desses coletivos que fazem retomadas de seus territórios, cultivam refúgios, criam ressurgências diante das catástrofes e propõem outras formas de habitar.
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Coordenação
Josiane Carine Wedig (UTFPR), Sergio Baptista da Silva (UFRGS)
Debatedor(a)
João Daniel Dorneles Ramos (USP), Patrícia Binkowski (UERGS)
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GT 006: Antropologia audiovisual com fotografias e filmes: da película ao digital
Resumo da atividade
A fotografia, o cinema e o vídeo acompanham a Antropologia desde o momento de seus respectivos surgimentos. Inicialmente como simples formas de representação, atestados do real, essas formas de expressão se constituem, cada vez mais, como parte significativa dos processos de pesquisa, passando de meros recursos ilustrativos, adereços e anexos, ao estatuto de objetos e componentes metodológicos das pesquisas (Nakaóka Elias, 2018, 2019).
Partindo dessa perspectiva, o presente GT irá acolher trabalhos que reflitam sobre as potencialidades da fotografia, do cinema e do vídeo nas produções etnográficas/antropológicas. Nossa proposta é reunir pesquisadoras/es que promovam debates que orbitem em torno da centralidade dessas linguagens, enfatizando sua importância na aproximação com o campo de pesquisa, seu poder de uso, seu potencial metodológico, as possíveis relações com a escrita, etc. Tudo isso levando em consideração as múltiplas materialidades das imagens, sejam elas analógicas ou digitais.
Além disso, o GT buscará estimular discussões sobre as múltiplas potencialidades narrativas acionadas nos atos de registrar, descrever, imaginar e compartilhar pesquisas com e por imagens, sejam elas provenientes de acervos, produzidas pelo/a pesquisador/a, ou feitas dialogicamente com nossos/as interlocutores/as. Buscará, ainda, o diálogo com outras especializações da Antropologia que focam em temas diversos como, por exemplo, religião, técnica, questões urbanas, de gênero, trabalho etc.
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Coordenação
Alexsânder Nakaóka Elias (Pesquisador), Jesus Marmanillo Pereira (UFPB)
Debatedor(a)
Olavo Ramalho Marques (UFRGS), João Martinho Braga de Mendonça (UFPB)
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GT 007: Antropologia Biológica e interfaces biologia e cultura: história, pesquisas atuais e perspectivas futuras
Resumo da atividade
Desde suas primeiras investigações, na primeira metade do século XIX, até o presente, a Antropologia Biológica brasileira tem se apresentado multifacetada, com uma profusão de estudos com reconhecida inserção na comunidade antropológica internacional. Não obstante, são ainda escassos os espaços de discussão que abordem as interfaces entre Ciências Biológicas e as Ciências Humanas no país, marca da Bioantropologia contemporânea, incluindo em um mesmo fórum pesquisas realizadas em Etnobiologia, Antropologia Ecológica, evolução biocultural, Antropologia Forense, Bioarqueologia, Antropologia Genética, Socioecologia da Saúde, Primatologia, entre outros campos correlatos.
Sempre orientado pelas recentes e cada vez mais proeminentes discussões em torno do que se tem chamado internacionalmente de uma Antropologia Integrada, em que perspectivas teórico-metodológicas de mais de um campo da Antropologia e áreas afins são postas em diálogo, este GT, nesta terceira edição, segue com o propósito de se consolidar como um espaço aberto, dentro das RBAs, a investigações de natureza teórica, experiências em trabalho de campo, bem como relatos de iniciativas institucionais, que contemplem os aspectos históricos, os múltiplos temas atuais, as perspectivas futuras e, sobretudo, as possibilidades de diálogo entre Biologia e Antropologia no e a partir do Brasil.
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Coordenação
Verlan Valle Gaspar Neto (UFRRJ), Pedro Jose Tótora da Glória (UFPA)
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GT 008: Antropologia da Arte
Resumo da atividade
O GT visa a reunir pesquisas, em andamento ou concluídas, voltadas às searas do campo da Antropologia da Arte, em um sentido amplo. O desiderato é abranger pesquisas etnográficas, documentais ou bibliográficas, de distintos subcampos, de modo a produzir debates e dar saliência a uma série de produções acadêmico-científicas desenvolvida nas últimas décadas na antropologia. Pretendemos reunir trabalhos e pesquisas sobre: audiovisual, imagem e som; performance, ritual, dança e teatro; poéticas, literaturas e artes verbais; artes plásticas, patrimônios e museologia; etnomusicologia. A vasta abrangência do GT foi propositalmente assim pensada, de modo a mapear uma série de fenômenos (fatos e feitos), que está abarcada, em nossa forma de organização social, pela seara que nomeamos de “arte”. Uma das frentes é dar destaque a pesquisas, em médio e longo prazo, das referidas áreas, contemplando trabalhos tanto em contextos modernistas (urbanos e euroamericanos), quanto em de povos tradicionais, originários (etnológicos). Esperamos que os trabalhos do GT permitam, em comparações, provocar torções de perspectiva articulando modos empíricos teóricos não canônicos no campo da “história da arte”.
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Coordenação
Kleyton Rattes Gonçalves (UFC), Tatiana Helena Lotierzo Hirano (USP)
Debatedor(a)
Leonardo Carvalho Bertolossi (UFRJ), Daniele Borges Bezerra (UFPEL), Paulo Maia (UFMG)
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GT 009: Antropologia da Economia
Resumo da atividade
Os intercâmbios de objetos e riquezas, as formas de valoração e o provimento das condições materiais de manutenção da vida foram assuntos destacados nas etnografias que estiveram no nascedouro da nossa disciplina. A mediação pelo dinheiro, as hierarquias sociais geradas pelo acesso desigual a ele e as técnicas e saberes de gestão desses recursos são elementos centrais na compreensão do mundo moderno e da contemporaneidade. Os estudos sobre economia se renovaram nas últimas décadas, acompanhando a complexificação do mundo social, a expansão dos mercados e dos meios de circulação de coisas, pessoas e ideias. A proposta neste GT é seguir com o espaço - aberto desde 2018, quando foi organizado pela primeira vez - para os estudos sobre economia e todos os diálogos que este campo suscita com: o papel da ciência, dos saberes técnicos e dos especialistas; as moralidades e a ética das transações; a constituição dos mercados; as regulações estatais e não estatais; as assimetrias associadas ao engajamento desigual na circulação de riquezas e os objetos e infraestruturas dos intercâmbios. Nos interessam debater as interseções entre a circulação de dinheiro e os âmbitos do afeto, da intimidade e da família, nas quais as dádivas expressam as ambivalências das trocas. O GT, portanto, concerne a uma multiplicidade de objetos, temas e possibilidades de abordagem que implicam, sempre, o questionamento sobre a própria definição de "economia” ou que caracterize algo como “econômico”.
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Coordenação
Eugênia de Souza Mello Guimarães Motta (UFRJ), Gustavo Gomes Onto (UFRJ)
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GT 010: Antropologia da percepção e dos sentidos
Resumo da atividade
A percepção é uma forma de ação que se dá no movimento do fazer, nas práticas exploratórias dos seres em relação ao ambiente, objetos ou outros seres, dependendo tanto da fisiologia quanto de um processo de orientação. Ao mesmo tempo em que se define pela variação de estímulos que os órgãos sensoriais são capazes de responder, o próprio grau de sensibilidade dos órgãos é em parte modulado e modelado pelo ambiente cultural. O contínuo processo de modulação das percepções sensoriais resulta das interações entre os seres, humanos e não humanos, em diferentes ambientes e de um processo de aprendizagem, que acontece de forma implícita ou deliberada.
O objetivo do GT é reunir contribuições de diferentes horizontes etnográficos que se dediquem à temática, considerando, em alguma medida: 1) os mundos perceptivos e universos sensoriais criados por diferentes grupos; 2) as práticas e articulações entre os seres - máquinas, instrumentos, animais, plantas, substâncias, tecnologias - capazes de ampliar as formas humanas de perceber e os meios de agir no mundo; 3) os modos de educação da atenção para a percepção e os sentidos, e o papel do corpo e da experiência sensorial nas práticas de ensino/aprendizagem; 4) o descentramento sensorial nas experiências etnográficas, que ensinam a sentir outramente a relação com o mundo e com os outros; 5) as formas estéticas de evocar, na escrita ou outras modalidades de registro, as atmosferas sensoriais vividas no encontro etnográfico.
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Coordenação
Olivia von der Weid (UFF), Viviane Vedana (UFSC)
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GT 011: Antropologia da técnica
Resumo da atividade
A 6ª edição deste GT busca dar continuidade às reflexões iniciadas na 29ª RBA, contribuindo para a ampliação do interesse pelo tema e a consolidação desta área de estudos na antropologia brasileira. Quando tratamos de técnica no sentido maussiano, como « ato tradicional eficaz », é necessário, seguindo Sigaut, lembrar que não temos acesso direto às técnicas em si. O que vemos são pessoas fazendo coisas. Nesse sentido, este GT tem um interesse particular nas estratégias metodológicas oferecidas pela antropologia da técnica para perceber e descrever os processos de operação, manipulação, coordenação e correspondência, além das relações de predação, simbiose e cooperação implicadas nas variadas interações entre humanos e não-humanos (artefatos, plantas, animais, minerais, máquinas e ambientes de modo geral). Apostamos na tecnodiversidade envolvida nestas cadeias de atos enquanto entrada perspicaz para o entendimento das condições de habitabilidade dos mundos, sobretudo diante da atual crise ecológica e das ansiedades tecnofóbicas/tecnotópicas provocadas pela irrupção do digital. Assim, estimulamos a submissão de comunicações que abordem tanto as habilidades e composições sociotécnicas, quanto as hierarquizações e políticas mais que humanas. Consideramos de grande relevância os trabalhos que privilegiem aspectos etnográficos, inclusive aqueles mediados por equipamentos audiovisuais, qualificando a análise descritiva de processos técnicos em escalas e temporalidades diversas.
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Coordenação
Guilherme Moura Fagundes (USP), Caetano Kayuna Sordi Barbará Dias (UFSC)
Debatedor(a)
Eduardo Di Deus (UNB), Fabiano Campelo Bechelany (ministério da igualdade racial), Thiago Novaes (UFF)
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GT 012: Antropologia das Emoções
Resumo da atividade
O objetivo deste grupo de trabalho é reunir pesquisas que tenham como foco analítico a compreensão da maneira como as dimensões emocionais integram a vida social e dão sentido às experiências dos sujeitos. As pesquisas em Antropologia das Emoções se consolidaram no Brasil nas últimas duas décadas - a partir de perspectivas de campo variadas e com linhas teóricas específicas -, problematizando oposições centrais no pensamento antropológico, tais como indivíduo versus sociedade, natureza versus cultura, micro versus macro, mente versus corpo, privado versus público, interno versus interno, entre outras.
Esse grupo de trabalho elege três focos principais do debate sobre emoções: a) sua capacidade micropolítica; b) a dimensão moral da vida emocional; e c) a relação entre emoções e temporalidades.
As principais temáticas a serem contempladas são: a) emoções, gênero e sexualidade; b) emoções e religiosidades; c) emoções, geração e curso da vida; d) emoções e política; e) emoções e movimentos sociais; f) emoções e discursos/práticas profissionais; g) emoções, consumo e lazer; h) emoções, sofrimentos e adoecimentos.
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Coordenação
Maria Claudia Pereira Coelho (UERJ), Raphael Bispo dos Santos (UFJF)
Debatedor(a)
Maria Claudia Pereira Coelho (UERJ), Cynthia Andersen Sarti (UNIFESP), Claudia Barcellos Rezende (UERJ)
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GT 013: Antropologia das práticas esportivas e de lazer
Resumo da atividade
No intuito de dar continuidade as reflexões realizadas em mais de vinte e dois anos de reuniões anteriores da RBA e RAM, este grupo de trabalho tem por objetivo aprofundar os diálogos entre as pesquisas no campo de estudos das práticas esportivas e do lazer. Este é um campo antropológico que abrange diálogos e reflexões plurais, propiciando a interação entre pesquisadores e pesquisadoras das mais variadas áreas cientificas. É, também, um campo em expansão na medida em que o tema dos esportes em nosso país se desloca da monocultura futebolística para abarcar diversas práticas esportivas em um nível cada vez mais intenso. Este processo, por sua vez, remete à construção de novos territórios esportivos, incorporando não apenas as práticas já tradicionalmente esportivizadas, mas aquelas desenvolvidas por grupos indígenas, que realizam seus próprios eventos esportivos, inclusive de caráter internacional, por jovens que desafiam os limites entre esporte e práticas artísticas e de lazer – como a incorporação do surf, do skate e do breaking no programa olímpico impõe à nossa reflexão. Desta forma, novas corporalidades adentram o cenário esportivo, seja o de alto rendimento das competições profissionais, seja o das práticas populares e cotidianas, que precisam ser analisadas e interpretadas a partir das reflexões críticas do saber antropológico.
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Coordenação
Leonardo Turchi Pacheco (UNIFAL-MG), Luiz Fernando Rojo (UFF)
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GT 014: Antropologia das Relações Humano-Animais
Resumo da atividade
O campo das relações humano-animal, ou Animal Studies, teria emergido na década de 1970 em meio a movimentos de proteção animal que, não obstante, remontam ao século XIX. Na verdade, os animais participam das análises antropológicas há muito tempo. Algumas análises identificaram dois paradigmas correntes: um que pode ser chamado de materialista, em busca do animal "real"; e outro semiótico, pós-estruturalista ou simbólico, em busca de representações. Mais recentemente, a emergência de reflexões sobre o perspectivismo ameríndio realçou a centralidade dos animais em aspectos da vida religiosa e cosmológica de populações ameríndias, com um forte impacto nas conhecidas relações entre natureza e cultura. O presente Grupo de Trabalho pretende ser um espaço para reflexões teóricas e pesquisas empíricas acerca das relações entre animais humanos e não humanos, a partir de um viés antropológico. Serão aceitos trabalhos tanto sobre as percepções simbólicas quanto sobre relações concretas materiais entre ambos. Entre eles, destacam-se produções voltadas aos animais de estimação, de abate, de tração, animais da fauna silvestre brasileira ou estrangeira, caça, criações, rinhas, concursos, turismo, animais de laboratório; em meio urbano, rural ou entre populações ameríndias e mesmo fora do continente americano; relações cotidianas, científicas, religiosas, alimentares, ideológicas, morais, artísticas, legislação, políticas públicas, saúde, entre outras possibilidades.
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Coordenação
Andréa Barbosa Osório Sarandy (UFF), Flávio Leonel Abreu da Silveira (UFPA)
Debatedor(a)
Andréa Barbosa Osório Sarandy (UFF), Flávio Leonel Abreu da Silveira (UFPA), Ana Paula Perrota Franco (UFRRJ)
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GT 015: Antropologia digital: experiências, transformações, desafios e dilemas
Resumo da atividade
Na convergência entre Antropologia e tecnologias, a Antropologia Digital emerge como campo essencial para compreender as transformações contemporâneas.Oferece ferramentas fecundas para a compreensão dos processos disruptivos e fragmentadores que alimentam as crises atuais,contribuindo igualmente para o processo de construção de pontes que alarguem o horizonte da convivialidade,sobretudo aquelas em diálogo com outras formas de conhecimentos e saberes.
Este GT propõe uma reflexão sobre as implicações da digitalização em territórios múltiplos e corpos plurais,considerando os desafios e oportunidades que as tecnologias apresentam para as comunidades, subjetividades e práticas culturais.Quer refletir também sobre as implicações do uso das tecnologias e da internet na realização de nossas pesquisas.
O GT deseja, sobretudo (mas não apenas), explorar como as dinâmicas digitais impactam as formas de ser, estar e devir no mundo, destacando a incidência das plataformas online na construção de narrativas,na preservação do patrimônio imaterial e no fortalecimento de movimentos sociais,bem como em suas diversas formas de produção/reprodução de desigualdades por meio de lógicas algorítmicas.Abordaremos questões como o impacto das plataformas na vida cotidiana e em processos políticos, a disseminação de informações e desinformações,a transformação de práticas culturais e as implicações éticas no desenvolvimento e uso de dispositivos e artefatos tecnológicos, como a inteligência artificial.
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Coordenação
Carolina Parreiras Silva (USP), Patricia Pavesi (UFES)
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GT 016: Antropologia dos Povos Tradicionais Costeiros: Práticas Sociais, Disputas Identitárias e Conflitos
Resumo da atividade
Diversos grupos sociais que vivem do extrativismo e da agricultura, entre outras atividades – tais como pescadores artesanais e ribeirinhos em geral – foram ou são habitantes de regiões costeiras e historicamente têm sido impactados por diversos fenômenos. A expansão metropolitana, os desastres ambientais de grandes proporções, o turismo em pequena e larga escala, as formas de controle oficial em áreas de interesse ecológico, são alguns processos que vem reconfigurando o uso e a ocupação de territórios costeiros e ribeirinhos no Brasil. Este Grupo de Trabalho tem reunido, de modo bem sucedido, nos últimos anos, pesquisas empíricas e de caráter etnográfico que colocam em evidência tensões, disputas e conflitos entre os povos e comunidades tradicionais e os vários modelos de uso e ocupação de territórios ribeirinhos e costeiros, além de reunir trabalhos que tem, de maneira inovadora, evidenciando as desigualdades de gênero, também encontradas nestes contextos. Reflexões sobre o manejo de ecossistemas, as formas de organização política destes grupos, suas estruturas econômicas, bem como os conflitos suscitados por diferentes processos e agentes sociais – sobretudo agências estatais, organizações não governamentais e empresas – são alguns dos aspectos que serão discutidos nesta atividade.
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Coordenação
José Colaço Dias Neto (UFF), Francisca de Souza Miller (UFRN)
Debatedor(a)
Paulo Gomes de Almeida Filho (UFRN), Voyner Ravena Cañete (UFPA), Luceni Medeiros Hellebrandt (UFPR)
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GT 017: Antropologia dos Resíduos
Resumo da atividade
Os resíduos, comumente denominados “lixo”, têm sido foco de interesse crescente de diferentes áreas de conhecimento, incluindo a Antropologia. Os diversos sentidos e formas de tratamento que os resíduos assumem ao longo da história desvelam sua dimensão sociocultural. Se em determinados tempos e espaços foram compostos por elementos exclusivamente orgânicos, nas sociedades contemporâneas apresentam composições variadas, associadas aos diferentes modos de vida que inter-relacionam humanos e não-humanos e suas práticas de produção e consumo. Vistos atualmente como um problema ambiental capaz de comprometer a vida do planeta, os resíduos mobilizam diferentes agentes em disputas e negociações em torno de seus sentidos e destinação, permeados, por vezes, por relações desiguais de poder e regimes de (in)visibilidade. Considerando as potencialidades dos resíduos como objeto de pesquisa antropológica, este GT convida pesquisadores(as) a submeterem trabalhos que contemplem diferentes questões, tais como: o trabalho de catadores(as), tanto informais quanto organizados em associações, a formação de identidades coletivas mobilizadas em torno deste trabalho, os processos de ressignificação dos resíduos, as políticas públicas e projetos de gerenciamento e gestão, novas tecnologias, práticas de reutilização e reciclagem, os conflitos entre diferentes agentes envolvidos na produção e destinação dos resíduos, as interfaces entre resíduos e configuração do espaço urbano, entre outras.
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Coordenação
Viviane Kraieski de Assunção (UNESC), Simone Lira da Silva (UNILA)
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GT 018: Antropologia dos venenos
Resumo da atividade
Substância que perturba ou interrompe o funcionamento do corpo, o veneno é tema recorrente em diversas etnografias. Sua identificação, a observação de seus efeitos, as artes do seu preparo e uso, e o conhecimento necessário para evitar ou desfazer seus danos compõem o universo técnico e conceitual de inúmeros grupos sociais. A substância aparece na caça e na pesca, na agropecuária e na guerra, em disputas ou desavenças, na medicina e em atividades mágico-religiosas. A capacidade de subverter a ordem da vida confere ao veneno eficácia simbólica, conectando-o à outras noções extraídas de uma ciência do concreto, como gostos, odores, cores e texturas. Temida e cobiçada, a substância também causa fascínio ou repulsa. A ambiguidade exige que o veneno seja manipulado exclusivamente por especialistas: xamãs, feiticeiros, rezadores, químicos, médicos, espiões. A substância tem origem ou é propriedade de certos animais, vegetais ou minerais, mas pode igualmente ser transformada pelos homens. Como sugere Lévi-Strauss, ao ser objeto de atenção e arte, institui conexões, limites e tensões nas relações entre os humanos e o ambiente. O GT “Antropologia dos venenos” pretende fomentar um diálogo que atravesse as subáreas do conhecimento antropológico, para tratar de temas articulados ao mundo dos venenos: vida e morte, mito e rito, saúde e doença, economia e alimentação, controle estatal e poluição ambiental, práticas científicas, além das relações entre seres humanos e outros-que-humanos.
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Coordenação
Luzimar Paulo Pereira (UFJF), Felipe Ferreira Vander Velden (UFSCAR)
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GT 019: Antropologia dos/nos Gerais
Resumo da atividade
É um imperativo ético-político discutir criticamente o destino do saber científico e suas interações com outros sistemas de conhecimento. Vivenciamos um tempo em que aqueles que foram e são olhados como o outro, o nativo do Sertão - e, assim, foram interpretados em termos da lógica e para os usos antropológicos dos de fora -, interpelam a ciência e seus agentes. Qual o olhar dos de dentro, viventes do Sertão dos Gerais, espaço territorial em Minas Gerais que possui tempo histórico e cultura diferenciada que se constitui na alteridade interna nesse estado? Duas perspectivas de abordagem interpretativa dialogam nesse exercício crítico: a daqueles originários da região de fronteira ou de povoados e de cidades dos Sertões descritos magistralmente por Guimarães Rosa e a daqueles que, como passantes, permaneceram por um tempo convivendo com os povos e comunidades que escolheram estudar. Nesse duplo caminhar, há as dúvidas que têm origem no fazer acadêmico e a devolução dessas dúvidas que são desafiadas por aquelas próprias dos que foram objeto de pesquisa, e questionam - desde a sua vivência histórica, social e cultural - o saber acadêmico. Nessa encruzilhada de saber antropológico, interessa a este GT contribuir para o diálogo entre essas vertentes, buscando compreender confluências e tensões, possibilidades de transformação do fazer acadêmico e elaborações dos sujeitos dos Gerais, em trânsitos ou interações com o campo acadêmico.
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Coordenação
Mônica Celeida Rabelo Nogueira (UNB), João Batista de Almeida Costa (Unimontes)
Debatedor(a)
Cláudia Luz de Oliveira (UNIMONTES), Alessandro Roberto de Oliveira (UNB), Breno Trindade da Silva (NEPPAMCs-UFMG)
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GT 020: Antropologia e Alimentação: interculturalidade, saberes críticos e desafios contemporâneos em contextos de luta por direitos
Resumo da atividade
O primeiro GT sobre o fenômeno da alimentação nas Reuniões da ABA ocorreu em 1996, em Salvador/BA. Desde então, o GT se tornou um profícuo espaço de discussões no campo da Antropologia da Alimentação, aprofundando as diversificadas temáticas e estimulando novas possibilidades de análises epistemológicas. No contexto atual, marcado pela coexistência de uma pluralidade de crises que convergem com o acirramento de problemas alimentares no Brasil e no mundo, é crucial dialogar com outros saberes para pensar os processos que as produzem, bem como as diferentes formas de ação à garantia do direito à alimentação adequada e à soberania e segurança alimentar e nutricional (SSAN). Serão acolhidos trabalhos que discutam em uma perspectiva antropológica e interdisciplinar os sistemas alimentares em suas múltiplas dimensões socioculturais, políticas, ambientais, religiosas, econômicas, étnicas e interculturais, abrangendo contextos rurais e urbanos, considerando as profundas desigualdades socioeconômicas, de gênero, raça, classe e região, bem como os significados sobre a noção de alimentação saudável, práticas culinárias e as experiências educativas, como também em agroecologia, território, memórias e patrimônios alimentares, em perspectivas críticas. Em síntese, são esperadas contribuições para traçar novas configurações aos estudos das relações entre alimentação e cultura e as vivências de diferentes sujeitos para a garantia do direito à alimentação.
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Coordenação
Fabiana Bom Kraemer (UERJ), Flávio Bezerra Barros (UFPA)
Debatedor(a)
Ligia Amparo da Silva Santos (UFBA), Anelise Rizzolo de Oliveira (UNB), Mônica Chaves Abdala (UFU)
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GT 021: Antropologia e Extensão Universitária
Resumo da atividade
A Resolução Nº 7, de 18 de dezembro de 2018 do CNE instituiu as diretrizes para a extensão na educação superior brasileira, definindo seus princípios, fundamentos e procedimentos para o planejamento na política, na gestão e na avaliação das Atividades Acadêmicas de Extensão nas instituições de educação superior de todos os sistemas de ensino do país. Assim, a Extensão passou a ser reconhecida e identificada como componente curricular obrigatório dos projetos pedagógicos dos cursos superiores no Brasil. A Antropologia encontra mais um desafio para atuar em atividades que promovam a articulação de seus saberes com as comunidades locais que ultrapassem a pesquisa de campo e proporcionem por meio das Atividades Acadêmicas de Extensão, “o processo educativo, cultural e científico que articula o Ensino e a Pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre a Universidade e a Sociedade”. O objetivo deste GT é discutir propostas de atividades de extensão em Antropologia, já em execução, em suas diferentes modalidades e eixos integradores e suas relações curriculares em diferentes IES no Brasil. Reflexões teóricas sobre ensino, pesquisa, trabalho de campo na Antropologia e suas possíveis relações com a Extensão Universitária também serão aceitas.
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Coordenação
Fernanda Valli Nummer (UFPA), Maria Cristina Caminha de Castilhos França (IFRS)
Debatedor(a)
Carlos Alberto Batista Maciel (UFPA)
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GT 022: Antropologia e Povos Indígenas em Contextos Nacionais Diversos
Resumo da atividade
O GT pretende reunir pesquisas que examinam a interface entre Antropologia e povos indígenas em contextos de Estados nacionais diversos, a partir da proposta de estudar “estilos de antropologia”, iniciada no Brasil pelo professor Roberto Cardoso de Oliveira (1988, 1998). Neste caso, focamos na Antropologia Social junto a Povos Indígenas e como nos ambientes específicos de cada país ela se desenvolveu enquanto disciplina acadêmica de pretensões universais, entretanto com especificidades relacionadas a histórias distintas e diferenças culturais nacionais. O Brasil, desde a Constituição de 1988, reconhece legalmente a diversidade cultural existente no país e iniciou, nos anos de 1990, um processo de descentralização administrativa das políticas indigenistas. Numa escala internacional, tais mudanças estão relacionadas com uma ampla reforma do Estado que, por um lado, avançou em políticas neoliberais e, por outro lado, deu passos no reconhecimento legal do pluralismo cultural e de direitos diferenciados para os povos autóctones. Uma espécie de face pública, bem como resultado dos interesses externos na governabilidade dos regimes políticos. O GT pretende reunir pesquisadoras/es que trabalham com povos indígenas e que fazem paralelos sobre suas relações com Estados nacionais e/ou em fronteiras, atualizando assim, tanto o debate sobre estilos de etnologia indígena em contextos nacionais, quanto as discussões sobre colonialismo interno.
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Coordenação
Stephen Grant Baines (UNB), Lara Erendira Almeida de Andrade (INRS | Institut national de la recherche scientifique)
Debatedor(a)
Stephen Grant Baines (UNB), Lara Erendira Almeida de Andrade (INRS | Institut national de la recherche scientifique)
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GT 023: Antropologia e saúde mental: sofrimento social e (micro)políticas emancipatórias
Resumo da atividade
Esta proposta visa reunir trabalhos sobre diferentes dimensões e contextos do sofrimento social apreendidas pelo campo da saúde mental. As questões de saúde mental têm aparecido como problema emergente nas políticas de saúde, chegando a ser anunciadas como uma possível futura pandemia, dado o aumento considerável dos diagnósticos nos últimos anos, situação agravada com a pandemia de Covid-19. É premente a compreensão antropológica desse contexto: a análise sobre o quanto a saúde mental se produz como linguagem e modelo explicativo de questões mais amplas de sofrimento social; a problematização sobre como experiências sociais, individuais ou coletivas, são apreendidas como questões de saúde mental; o escrutínio sobre os caminhos futuros para políticas de saúde mental e para a emergência de novas práticas e saberes sobre esse tema; as políticas e micropolíticas do sofrimento social, seus modos de abordagem, de resistência e de formulação de projetos emancipatórios. Serão aceitos trabalhos que discutam práticas, políticas e saberes locais, tradicionais e/ou dissidentes; políticas públicas, serviços e ações do Estado nesse campo, envolvendo redes de atendimento, dispositivos epidemiológicos, políticas e biopolíticas pretensamente universais e seus modos desiguais de distribuição de direitos; os saberes científicos e especializados e as tecnologias biomédicas, psiquiátricas, psicológicas e farmacológicas, entre outras, acionadas nesse contexto.
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Coordenação
Sônia Weidner Maluf (UFSC), Érica Quináglia Silva (UNB)
Debatedor(a)
Ana Paula Müller de Andrade (UNICENTRO)
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GT 024: Antropologia e Turismo: transversalidades, conflitos e mudanças
Resumo da atividade
Dando seguimento aos encontros realizados em edições anteriores da RBA e RAM, retomamos o interesse de fortalecer os estudos do turismo, a partir do olhar da Antropologia e áreas contíguas. Considerando a emergência, no âmbito do turismo e seu entorno, de novas demandas sociais, culturais, econômicas e simbólicas, muitas vezes em contexto de conflito, este GT se propõe a debater e aprofundar os principais eixos teóricos e metodológicos, que vêm norteando os estudos socioantropológicos do turismo, como as questões de conflito territorial e ambiental, étnico-raciais, de gênero, e as disparidades econômicas entre os atores envolvidos. Destacam-se, ainda, as relações múltiplas que se estabelecem no âmbito do encontro turístico como, a disputa por recursos, a luta por reconhecimento, a plataformização e o Turismo 4.0, a formação da imagem dos destinos e a dimensão teórico-conceitual do turismo e seus desdobramentos, como experiências de turismo comunitário, cultural, étnico e ecoturismo apresentadas como diferenciadas e menos predatórias. Podemos, além disso, acrescentar, no debate da dinâmica das atividades turísticas, o comportamento dos distintos atores envolvidos, incluindo-se Estado e governos, em diferentes contextos socioespaciais. Assim, buscamos, com este GT, levantar reflexões sobre a transversalidade do turismo e situações de conflito e mudanças que o perpassam, para o fortalecimento do debate acadêmico na área de Antropologia do Turismo.
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Coordenação
Álvaro Banducci Júnior (UFMS), Euler David de Siqueira (UFRRJ)
Debatedor(a)
Lea Carvalho Rodrigues (UNIVERSIDADE), Euler David de Siqueira (UFRRJ)
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GT 025: Antropologia(s) Contemporânea(s) e Sofrimento Psíquico
Resumo da atividade
Nossa proposta de Grupo de Trabalho parte do pressuposto de que a Antropologia, de longa data, tem contribuído significativamente para a compreensão dos fenômenos associados aos processos de saúde e adoecimento. Apesar da diversidade de perspectivas no interior da disciplina, é possível vislumbrar certo consenso no entendimento de que mudanças ocorridas nas últimas décadas ocasionadas sobretudo por questões de ordem social, política, econômica e tecnológica, e mais recentemente acentuadas pelo complexo cenário político-pandêmico, têm impactado diferentes âmbitos da vida social, de modo geral, e subjetiva, de modo particular. Nesse escopo, desejamos constituir um espaço de diálogo vinculadas/os/es a diferentes áreas disciplinares interessadas/os na compreensão e desnaturalização dos mecanismos de opressão contemporâneos produtores de sofrimento psíquico, cujas causas e efeitos estão longe se esgotarem em um debate biologizante e/ou medicalizante. A premissa aqui adotada é de que a saúde mental é um campo pluridisciplinar e de caráter psicossocial, e, portanto, não circunscrita apenas aos campos psis (psicologia, psiquiatria e/ou psicanálise) e/ou biomédico. Deste modo, serão bem-vindas investigações etnográficas e reflexões teórico-analíticas que estejam interessadas no diálogo entre as Antropologias contemporâneas e o campo psi, comprometidas com uma concepção de saúde mental e sofrimento psíquico como um fenômeno complexo, multifatorial e histórica e culturalmente situados
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Coordenação
Anaxsuell Fernando da Silva (UNILA), Esmael Alves de Oliveira (UFGD)
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GT 026: Antropologia, memória e eventos críticos
Resumo da atividade
Desde os anos 1980, o “boom” dos estudos sobre a memória nas ciências sociais tem passado por significativas transformações. Se o fenômeno incluiu o risco de uma certa banalização, fazendo simplesmente coincidir o conceito de memória com o de cultura, também implicou em um interesse renovado no estudo das situações limite, revelando os nexos inarredáveis entre memória, esquecimento e silêncio. Na segunda edição deste GT, propomos reunir trabalhos etnográficos que, a partir de distintas realidades sociais e períodos históricos, reflitam sobre os processos de construção (e tentativas de destruição) da memória frente aos chamados eventos críticos. Acidentes, catástrofes, desastres socioambientais, contextos de crise econômica, violências de Estado e de gênero, guerras, conflitos étnico-raciais, rupturas biográficas, perturbações físico-morais e relações de exploração capitalista, patriarcal e colonial costumam ser os cenários privilegiados dessa indagação. Trata-se de compreender como as rupturas do cotidiano se inscrevem no ordinário a partir de agenciamentos que envolvem não somente as narrativas do passado, mas também a reconfiguração das próprias relações e identidades sociais. Dando continuidade aos debates realizados em 2021, abordaremos as relações entre memória e museus, patrimônios, arquivos, saberes e materialidades; as biografias, trajetórias, histórias de vida, escritas e imaginações de si; e os movimentos sociais e as disputas por verdade, justiça e reparação.
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Coordenação
Carolina Castellitti (UERJ), Felipe Magaldi (UNIFESP)
Debatedor(a)
Aline Lopes Murillo (UFAL)
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GT 027: Antropologias da Paisagem: Conhecimentos, Relações e Políticas Multiespécie
Resumo da atividade
Paisagem é uma categoria que tradicionalmente ganhou pouco destaque nas discussões antropológicas, geralmente compreendida a partir de suas dimensões estéticas e representacionais, especialmente aquelas relacionadas ao campo visual. Recentemente, abordagens processuais das paisagens tem ganhado força a partir, por um lado, do questionamento das fronteiras entre natureza e cultura, com autores contemporâneos como Philippe Descola, Tim Ingold e Anna Tsing e, por outro lado, com abordagens que incluem a dimensão da ecologia política e do reconhecimento público de paisagens como patrimônio imaterial de povos e comunidades tradicionais. O GT discutirá as diversas possibilidades do uso do conceito de paisagem na antropologia, incluindo abordagens estéticas e processuais, dimensões visuais, sonoras ou táteis, e suas relações com outros conceitos antropológicos tais como território, terra, lugar, ambiente e patrimônio; com os debates sobre o Antropoceno/Plantationoceno/Capitaloceno; e com as perspectivas de uma etnografia multiespécie e/ou uma antropologia da vida, que excedem as socialidades humanas. São encorajadas experimentações etnográficas que se fazem em diálogos com outras disciplinas que também se utilizam da categoria paisagem, entre elas a geografia, a ecologia e as artes visuais.
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Coordenação
Pedro Castelo Branco Silveira (Fundação Joaquim Nabuco), Thiago Mota Cardoso (UFAM)
Debatedor(a)
Karine L. Narahara (UNT), Emmanuel Duarte Almada (UEMG)
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GT 028: Antropologias e Deficiência: etnografias disruptivas e perspectivas analíticas contemporâneas
Resumo da atividade
O campo de estudos da deficiência tem se consolidado na Antropologia a partir de diferentes abordagens teóricas e epistemológicas, oferecendo ao fazer antropológico uma perspectiva analítica crítica e disruptiva que se estende da teoria à técnica, da ética à metodologia. Tais contribuições apontam para diferentes corporeidades, linguagens, temporalidades e sensorialidades das experiências da deficiência, assim como intersecções com outros marcadores sociais da diferença, com políticas públicas e acesso a direitos; com a acessibilidade e inclusão; com domínios tecnológicos, políticos e de cuidado; com campos da saúde e doença, entre outras. Prosseguindo com os debates em edições anteriores, este GT visa reunir pesquisas, em andamento ou concluídas, de abordagens antropológicas variadas mediante as questões norteadoras: Em que consiste as experiências da deficiência? Como é possível pesquisar sobre suas corporeidades? De que maneira a antropologia e sua epistemologia tem sido reinventada a partir das etnografias da deficiência? Assim, esperamos contribuições sobre: articulações entre deficiência e demais marcadores sociais da diferença; analíticas e teorias dos Estudos da Deficiência, da Teoria Crip e vertentes associadas, como os estudos feministas e decoloniais; (des)articulações entre deficiência e saúde, com especial atenção aos debates sobre epidemias e pandemias; disputas de fronteira no campo da deficiência, à exemplo dos autismos, surdezes, cronicidades, dentre outras
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Coordenação
Julian Simões Cruz de Oliveira (UFPR), Eudenia Magalhães Barros (UECE)
Debatedor(a)
Anahí Guedes de Mello (Anis - Instituto de Bioética), Helena Moura Fietz (Louisiana State University), Pedro Lopes (UFABC)
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GT 029: Arquivos, coleções e objetos de arte: artefatos e invenções em perspectiva etnográfica
Resumo da atividade
Este Grupo de Trabalho pretende abordar e discutir pesquisas etnográficas centradas na análise de arquivos, coleções e obras de arte entendendo-as como artefatos em uso e como invenções da vida cotidiana. Trata-se de acolher tanto trabalhos que lidem com arquivos, coleções e artistas institucionalizados ou legitimados como tais em nossas sociedades contemporâneas, quanto aqueles que lidam com o que comumente tratamos como arquivos, coleções e objetos de arte "populares", "caseiros", fundados na experiência cotidiana de inventar uma memória para si ou para uma coletividade. Nos interessa também pensar nos cruzamentos entre a produção de arquivos, coleções e obras de arte, na medida em que muitos artistas têm criado arquivos como uma técnica de trabalho e que arquivos e coleções já instituídos (ou artefatos que, por sua complexidade e relações que os constituem, podem ser pensados como arquivos) são também eles materiais da criação artística. Nesse sentido, nosso interesse se concentra em refletir sobre os agenciamentos que esses materiais produzem no tempo e no espaço, nas relações que engendram com seres (tangíveis ou não), nas técnicas que requerem, bem como nas poéticas que suscitam. Assim, se interpõe aqui também uma reflexão sobre a produção do contemporâneo e da memória pensados não a partir de um acúmulo de experiências a serem retomadas, mas como criação, tendo em vista sua constante (re)invenção e materialização.
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Coordenação
Júlia Vilaça Goyatá (UFMA), Magdalena Sophia Ribeiro de Toledo (UAH)
Debatedor(a)
Alline Torres Dias da Cruz (UFBA), Maria Luisa Lucas (USP)
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GT 030: Arranjos contemporâneos de parentalidades
Resumo da atividade
No presente GT, pretendemos reunir trabalhos que abordem os diversos arranjos contemporâneos de parentalidades e sobretudo como esses se tornam centro de disputas pelos sujeitos. O termo parentalidade, embora frequentemente remeta às funções parentais educativas, engloba um conjunto de processos desde antes da concepção até à convivência das gerações na idade adulta. Diante de novos arranjos familiares, a parentalidade permite reconhecer funções parentais que podem ser assumidas por pessoas que não possuem necessariamente o estatuto jurídico de pai e mãe. A parentalidade também permite problematizar as diferentes formas e sentidos do cuidado, decodificados enquanto responsabilidades, competências e/ou déficit, bem como o leque de agentes implicados nas múltiplas práticas do cuidar. Rastreando as infraestruturas que conectam as esferas local e global, disseminando ideias e padrões no campo da proteção à infância, queremos entender como as políticas públicas e as leis, junto com discursos científicos e morais, interagem com os múltiplos arranjos familiares para estabelecer uma hierarquia de responsáveis pelo bem-estar de crianças. Assim nesse GT, buscamos congregar pesquisas que abarquem: formas plurais de família e suas relações de interdependência no cuidado; adoções, políticas de entrega voluntária de crianças para adoção, retirada dos filhos de mães em situação de pobreza, apropriação de crianças, busca de origens, etc.
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Coordenação
Claudia Lee Williams Fonseca (UFRGS), Fernanda Cruz Rifiotis (EHESS)
Debatedor(a)
Janaína Dantas Germano Gomes (UFRGS), Alessandra de Andrade Rinaldi (UFRRJ), Vanessa Ponte (UFRRJ)
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GT 031: Artes e crafts: composições, técnicas e trajetos criadores
Resumo da atividade
Este grupo de trabalho propõe colocar em relação as chamadas produções “artístico-artesanais” e/ou “populares”, em suas diversas expressões e contextos. Trata-se de reunir pesquisas de caráter etnográfico que se debrucem sobre modalidades de fazer e feituras, criadores e criaturas, técnicas e trajetos criadores, com a atenção voltada para como se cria, com o quê se cria e com quem se cria. Em outros termos, a ideia é comparar modalidades de criação diferentes, do ponto de vista dos sujeitos (humanos e não-humanos), das técnicas, materiais e instrumentos que são mobilizados na confecção de artefatos, formas e composições heterogêneas. Sem esquecer os processos de aprendizagem e formação envolvidos nesses processos criadores que se dão em espaços diversos - casas, oficinas e mercados; associações profissionais, coletivos artísticos e políticos - nos quais são forjados vocações e projetos, corpos e pessoas. A ênfase está colocada, assim, menos nas coisas feitas e consideradas acabadas, e sobretudo nos trajetos criadores, que deixam ver seres, relações e concepções díspares. Além disso, interessa refletir, com a ajuda de exemplos precisos, o modo com as etnografias ensaiam novas formas de descrição e apresentação de seus resultados, convocados pelas criações sob escrutínio.
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Coordenação
Fernanda Arêas Peixoto (USP), Thaís Fernanda Salves de Brito (UFRB)
Debatedor(a)
Fernanda Arêas Peixoto (USP), Thaís Fernanda Salves de Brito (UFRB)
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GT 032: As Ações Afirmativas no Brasil atual: análises antropológicas sobre a eficácia, eficiência e efetividade das reservas de vagas no ensino superior
Resumo da atividade
Ao longo de duas décadas da implementação das ações afirmativas nas universidades públicas no Brasil, e ao completar 12 anos da lei federal 12.711/2012 mobilizou o debate público sobre sua eficácia e objetivos. No recente debate sobre sua renovação no Senado e Congresso Nacional, discorreu-se sobre sua ampliação e houve uma avaliação ampla sobre os resultados alcançados. O debate público após a implantação das políticas de "cotas" modificou sensivelmente a percepção das populações beneficiárias e das instituições universitárias sobre a questão racial e das desigualdades sociais. A proposta deste GT é reunir trabalhos atuais que reflitam sobre os modos de monitorar as políticas de ações afirmativas e avaliar as repercussões das ações afirmativas. Se, inicialmente, as atenções estiveram voltadas a "eficiência e eficácia" da política, observando o período de sua implementação, entendemos que cabe ampliar o escopo de conhecimento sobre as formas de monitoramento dessa política na sociedade brasileira.
Estas são questões que fazem parte de dinâmicas atuais de monitoramento e avaliação sobre a efetividade das ações afirmativas, e o modo como uma política social e antirracista reverbera na vida brasileira. Pretende-se reunir trabalhos que examinem criticamente as reverberações das ações afirmativas no contexto das universidades, instituições públicas, no debate sobre afro empreendedorismo, e nas transformações no mercado laboral no Brasil.
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Coordenação
Denise Fagundes Jardim (UFRGS), Marcos Silva da Silveira (UFPR)
Debatedor(a)
Jocélio Teles dos Santos (UFBA), Luciana de Oliveira Dias (UFG)
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GT 033: Cartas, cartografias, confabulações e outras correspondências antropoéticas
Resumo da atividade
Neste GT, o coletivo Antropoéticas propõe entrelaçar modos sensíveis e multimodais de correspondência entre as pessoas, as coisas e o mundo, vislumbrando alternativas compartilhadas de pesquisar, educar e co-habitar na diferença. Assim, aposta na imaginação e na criação como potências do diálogo atencional e responsivo com a outridade e consigo, capazes de induzir o crescimento do conhecimento a partir de dentro ("Knowing From the Inside”, Ingold, 2021). Entendendo que estas relações de correspondência estão ancoradas no corpo, nos afetos e naquilo que nos mobiliza enquanto pessoas - políticas, sociais, criadoras e criaturas -, conclamamos aprendizes (pesquisadoras/es, docentes e estudantes) a compartilharem experimentações, sem receio de infringir modelos acadêmicos pré-formatados. Nesse sentido, pensamos a “performance inscritiva” (Ingold, 2021) da experiência antropológica a partir dos métodos epistolar e cartográfico (Deleuze e Guattari, 1995; Caiafa, 2007; Passos, Kastrup e Escóssia, 2009; Mejía, 2015; Ferraz, 2015), incluindo cartas (Benjamin, 1985; Diniz, 2012; Figueiredo, 2015; Rocha et al., 2017; Baitello, 2018; Anastassakis, 2019; De Oliveira, 2020), vídeo-cartas (Bumachar, 2016; Ikpeng, Ikpeng e Txicão, 2001), cartas sonoras (Martins, 2022), cartovideografias (Caffé e Hikij, 2009), mapas visuais (Elias, 2018) e outros processos artesanais e insurgentes que mesclam vivência, experimentação e saber-fazer, por meio do engajamento no e com o mundo.
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Coordenação
Cláudia Turra Magni (UFPEL), Valéria de Paula Martins (UFU)
Debatedor(a)
Daniele Borges Bezerra (UFPEL), Luan Gomes dos Santos de Oliveira (UFCG)
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GT 034: Casas, cozinhas, quintais e suas agências em coletivos quilombolas, sertanejos, pescadores, indígenas e camponeses
Resumo da atividade
Buscamos neste GT investigar os poderes e agências das casas, cozinhas e quintais situados em coletivos quilombolas, sertanejos, pescadores, camponeses, indígenas - em suma, entre diferentes povos da terra, da floresta e das águas. A partir da singularidade dos arranjos, modos e sistemas que os ativam como dispositivos ou técnicas, queremos pensar como tais entidades se articulam a territórios, e o que fazem: criando (filhos, bichos e plantas, misturas e mexidas, alianças e desafetos, corpos, novas possibilidades de vida); transformando (o cru e o cozido, substâncias, ingredientes e receitas, estórias e histórias, prosa e comida); ou reunindo (vizinhos na prosa cotidiana, conhecidos em torno do café, quem está junto na política ou numa mesma luta, os filhos quando de sua volta à terra natal). Interessa-nos examinar como tais poderes e agências atuam no “mundo”, e em relação às forças a ele associadas. Ao tomarmos “mundo” enquanto categoria nativa, queremos considerar como esses quintais, cozinhas e casas se constituem e operam sob uma perspectiva cosmopolítica, em relação com perigos, alteridades e potências de ordens diversas - por exemplo, aqueles relacionados à vizinhança de monoculturas, plantations, cativeiros e empreendimentos que encurralam povos e territórios; ou os que se vinculam às vicissitudes das famílias que têm seus membros esparramados mundo afora, ganhando a vida “no trecho” ou se aventurando em terras distantes e cidades grandes.
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Coordenação
André Dumans Guedes (UFF), Ana Carneiro Cerqueira (UFSB)
Debatedor(a)
Daniela Carolina Perutti (USP), Rodica Weitzman (UFRRJ), Yara de Cássia Alves (UEMG)
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GT 035: Cidades e citadinidades: questões de Antropologia Urbana
Resumo da atividade
A proposta deste grupo de trabalho é discutir as múltiplas dimensões do urbano a partir da análise das maneiras astuciosas de se fazer cidades em distintos contextos. Nesse sentido, serão valorizadas pesquisas que apreendam as especificidades das tantas experiências do urbano em variadas escalas de cidade, a fim de diversificar o debate sobre as contradições da citadinidade. O objetivo é tentar compreender os modos distintos pelos quais citadinos, grupos e instituições são agentes ativos na construção das cidades contemporâneas, situando-se de forma controversa entre táticas e estratégias, legalidades e ilegalidades e acessibilidades e desigualdades. Este GT convida, portanto, à apresentação de trabalhos que abordem, entre outras questões, as múltiplas formas de habitar as cidades, por meio de seus usos e contra-usos dos espaços públicos. Dessa maneira, ressaltam-se questões como as diversas relações e tensões entre mobilidades e imobilidades, as experiências de gestão urbana, os ativismos urbanos, as redes de sociabilidade etc. Trata-se, assim, de agregar o maior número de pesquisas com a perspectiva de constituir um panorama que transcenda a dicotomia na ou da cidade, visto que se trata de compreender que cada processo social, por mais micro que se apresente, diz respeito às maneiras de se fazer cidades ou produzir novas experiências urbanas. Da mesma forma, como os macroprocessos de gestão das cidades contribuem para o entendimento das ações táticas dos citadinos.
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Coordenação
Giancarlo Marques Carraro Machado (UNIMONTES), Alexandre Barbosa Pereira (UNIFESP)
Debatedor(a)
Luiz Henrique de Toledo (UFSCAR), Heitor Frúgoli Junior (USP)
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GT 036: Cidades: espaço construído e formas de habitar
Resumo da atividade
Este GT visa reunir pesquisas centradas na relação entre espaço construído, formas de habitar e cidade. Conjuntos habitacionais construídos pelo Estado, moradias autoconstruídas por seus habitantes (recentes ou consolidadas como bairros populares), ocupações organizadas por movimentos sociais ou cortiços, becos ou avenidas, entre outros, podem ser considerados formas que promovem certos conteúdos ou modos de habitar. A virtualidade da forma, entretanto, se concretiza de maneiras particulares pela influência de fatores tais como o regime de ocupação, tempo de permanência, história do lugar, relações de vizinhança, presença do comércio de drogas, características etárias, de classe, gênero, raça, religião etc. Por sua vez, as formas de habitar que emergem produzem um tipo de espaço urbano específico, que é necessário apreender e compreender para nomear ou caracterizar tipos de cidades. Assim, procura-se no espaço deste GT, propiciar o encontro e discussão de pesquisas em torno dos conceitos de habitar, produção do espaço e fazer cidade que, a partir de dados etnográficos, possam contribuir na proposta de políticas habitacionais formuladas desde as particularidades locais e baseadas no que os habitantes julguem serem os aspectos mais importantes a serem considerados e almejados.
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Coordenação
Urpi Montoya Uriarte (UFBA), Rolf Malungo Ribeiro de Souza (UFF)
Debatedor(a)
Priscila Tavares dos Santos (UNIFACVEST)
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GT 037: Corpo, reprodução e moralidades: disputas de direitos e resistência à onda conservadora
Resumo da atividade
O país continua sob impacto do avanço do conservadorismo no Estado e na sociedade. Embora as eleições para presidente em 2022 tenham arejado os embates, o discurso da defesa da família, restrita a um único modelo pouco mudou, sendo associado à defesa de liberdades individuais, como a de crença religiosa. Há mobilização após o desmonte das políticas públicas voltadas ao segmento LGBT e a direitos reprodutivos no governo anterior. Grupos conservadores cerceiam o debate público sobre questões referentes a gênero e sexualidade, englobado na categoria de acusação “ideologia de gênero”. Agentes religiosos envolvidos no aparelho de Estado e no Legislativo, além de empreendedores morais, especialmente do campo religioso, buscam influir na opinião pública e nas políticas de governo. O valor da liberdade individual é acionado para defender o direito da liberdade religiosa a fim de impor posições LGBTfóbicas e contra os direitos das mulheres, alegando a defesa da família. O GT pretende dar continuidade ao debate iniciado em anos anteriores na RBA, acolhendo trabalhos que problematizam as articulações entre diferentes moralidades, discursos religiosos e pânicos morais. Aborto, reprodução assistida, adoção por casais de mesmo sexo, transgeneridade, reconhecimento do nome social, parto humanizado, são questões de interesse. O objetivo é verificar percepções de sexo, gênero e família, sustentados no interior de tais tensões e impactos no acesso a direitos e às políticas públicas.
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Coordenação
Naara Lúcia de Albuquerque Luna (UFRRJ), Rozeli Maria Porto (UFRN)
Debatedor(a)
Marcelo Tavares Natividade (NEPP-DH-UFRJ), Tatiane dos Santos Duarte (UNB), Rachel Aisengart Menezes (IESC/UFRJ)
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GT 038: Criatividades indígenas na transformação da educação escolar
Resumo da atividade
Após séculos de políticas educativas assimilacionistas voltadas aos povos indígenas, experiências inovadoras nas escolas podem ser observadas. Ancoradas no movimento indígena, elas são produzidas por professores/as indígenas e apoiadas em um marco legislativo e políticas públicas que, se não garantem a sua efetivação, ao menos propõem reconhecer e valorizar os conhecimentos e epistemologias indígenas. Essas escolas vêm transformando suas rotinas, estruturas e regras para abranger saberes, atores/as e espaços-tempos próprios. Seres não-humanos têm sido considerados nas decisões escolares, assim como os tempos e espaços de rituais e atividades agrícolas importantes para o bem-viver são incluídos nos calendários escolares. Paralelamente, surgem experiências de escolas indígenas autônomas que visam garantir maior independência na sua gestão e propósitos e que, por vezes, atendem também estudantes não indígenas.
Há um renovado interesse antropológico para analisar essas experiências, a partir de abordagens decoloniais e utilizando referenciais teóricos de autoria indígena. Etnografias recentes, muitas produzidas por autores/as indígenas, têm revelado maior articulação do cotidiano escolar com várias outras esferas da vida social, especialmente xamanismo e parentesco. O GT propõe discutir essas experiências de escolarização indígena, com potencial para uma abordagem inter-epistemológica transformadora da educação, valorizando as análises produzidas por pesquisadores/as indígenas.
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Coordenação
Antonella Maria Imperatriz Tassinari (UFSC), Nathalie Le Bouler Pavelic (paris 8)
Debatedor(a)
Felipe Bruno Martins Fernandes (UFBA), Clarice Cohn (UFSCAR)
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GT 039: Crise civilizacional, neoextrativismo e giro ecológico: perspectivas para outros futuros possíveis
Resumo da atividade
Nas últimas décadas, diferentes áreas do conhecimento se debruçaram sobre as transformações climáticas que apontam para uma possível era de extremos ambientais, e uma sexta extinção passou a ser anunciada. Nesse contexto, evidencia-se que a história moderna da humanidade e da natureza se estruturou em meio à exclusão da maioria dos humanos da própria Humanidade - povos indígenas, negros, mulheres e homens de diferentes etnias, árabes, ciganos, asiáticos e tantos outros. O sistema Capitalista, principal força da crise biosférica, criou formas específicas de organizar e gerir a natureza, muitas vezes, por meio de uma ecologia com contornos necrófilos. Reconhecer outras formas de habitar ambientes em meio a um mundo em ruínas torna-se necessário para se pensar outros mundos em devir. As destruições ambientais não atingem todos da mesma maneira. A Antropologia vem denunciando as frentes de desenvolvimento que transformam e expropriam coletividades e perturbam as relações com o espaço e as teias ecológicas que estabelecem as conexões multiespécies que formam ambientes particulares. Sendo assim, são esperadas contribuições que tratam das relações ecológicas desenvolvidas entre grupos humanos e seus ambientes frente às perturbações ocasionadas pelo avanço de um capitalismo voraz. São bem vindos trabalhos concluídos ou em andamento vinculados à Antropologia política, desenvolvimento e neoextrativismo, conflitos ontológicos, autonomia indígenas e de povos tradicionais.
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Coordenação
Breno Trindade da Silva (NEPPAMCs-UFMG), Davi Pereira Junior (UEMA)
Debatedor(a)
Breno Trindade da Silva (NEPPAMCs-UFMG), Davi Pereira Junior (UEMA)
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GT 040: Culturas populares e os usos da tradição
Resumo da atividade
As ideias de “tradição” e “autenticidade” têm raízes profundas no pensamento Ocidental, atravessando diferentes períodos e movimentos intelectuais. O romantismo alemão é um marco crucial nessa história e, na própria antropologia, clássicos da disciplina utilizaram-se destes termos para classificar e atribuir valor a diferentes modos de estar no mundo. A ideia de tradição não se manteve restrita aos debates acadêmicos. É base para projetos identitários em vários níveis e tem presença constante em dinâmicas contemporâneas referenciadas pelas chamadas “culturas populares”. Este GT traz em foco os diversos modos como a tradição é significada e instrumentalizada no universo das culturas populares. Interessam-nos pesquisas que abordem temas como: as formas como grupos de cultura popular empregam as ideias de tradição e autenticidade na representação de si e na relação com outros atores; o lugar dessas categorias em processos de patrimonialização e musealização; o papel dos grupos de cultura popular na construção de memória e ressignificação do passado; os usos da ideia de tradição na elaboração e execução de políticas públicas de fomento à cultura; as práticas de grupos tidos como tradicionais ao desafiar ou incorporar expressões culturais hegemônicas; as lutas protagonizadas por diferentes grupos de cultura popular em defesa de seus direitos culturais.
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Coordenação
Juliana Braz Dias (UNB), Patricia Silva Osorio (UFMT)
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GT 041: Culturas populares: entre tradições, espetáculos e protagonismos contemporâneos
Resumo da atividade
Este GT tem por objetivo discutir como diferentes práticas e formas das culturas populares articulam aspectos de tradições locais, processos e valores de consumo da globalização, formulando novas práticas e formas simbólicas de articulação das culturas. Questiona-se como as culturas populares interagem com o mercado global da comunicação e do turismo, inclusive em eventos e espetáculos contemporâneos.
Por outro lado, é preciso indagar como as culturas populares se apresentam em mobilizações de grupos sociais e comunidades, com intervenções nas cidades, protagonizando novas formas e modalidades de práticas e representações, constituindo outras agências em termos de identidades e processos de identificação socioculturais e políticos. Assim, o GT propõe discutir como as culturas populares redimensionam e problematizam os sentidos de lugar, de tradição, das sociabilidades, do saber-fazer das práticas culturais, ampliando e expandindo criatividades dos fazedores de culturas na atualidade.
Deste modo, o GT pretende receber trabalhos etnográficos sobre diferentes formas de expressões culturais populares, tais como: festas e festivais (incluindo festas religiosas); expressões de artes como música, dança, literatura, artesanato, entre outras; manifestações e performances de coletivos em espaços públicos (praças, ruas etc.) marcadores de identidades étnicas, de raça, faixa etária e de gênero; e reivindicações por reconhecimento e patrimonialização de bens imateriais.
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Coordenação
José Maria da Silva (UNIFAP), Sérgio Ivan Gil Braga (UFAM)
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GT 042: Desafios dos estudos ciganos no campo da Antropologia: questões de método e novas demandas políticas
Resumo da atividade
Os encontros bienais realizados pela ABA contaram com a presença de pesquisadores vinculados à temática cigana reunidos em diversas atividades desde 2006, gerando a construção de espaço de trocas de conhecimento, articulado ao estudo e reconhecimento de pautas que atravessam demandas políticas das comunidades ciganas, marcadas por convergências e disputas conforme situações específicas. Propomos para a 34ª RBA a manutenção deste espaço, convidando pesquisador@s à apresentação de trabalhos que compartilhem estudos etnográficos e histórico documentais com foco em diferentes grupos Ciganos/ Romani no Brasil ou abordando sua dimensão transnacional. Buscamos a apresentação de trabalhos que permitam compreender as situações sociais vividas por esses grupos, com enfoque nas pautas recentes apresentadas que reforcem suas reivindicações, mobilizações e lutas pelo reconhecimento de direitos, incrementando o debate, criação, manutenção, crítica e expansão de novas políticas públicas. As questões de gênero e geracionais, os processos de produção e manutenção de estigmas e as relações complexas entre ciganos e não ciganos (gadjé), em diferentes contextos, continuam na ordem do dia e merecem reflexões antropológicas. Este GT pretende se constituir em espaço de troca entre pesquisadores de diferentes regiões e formações, permitindo um campo de diálogos, gerando possibilidades comparativas e aprofundando discussões teórico metodológicas em torno das pesquisas realizadas e em andamento.
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Coordenação
Mercia Rejane Rangel Batista (UFCG), Felipe Berocan Veiga (UFF)
Debatedor(a)
Maria Patrícia Lopes Goldfarb (UFPB), Mario Igor Shimura (UNICESUMAR)
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GT 043: Desenvolvimento e conflitos socioambientais: práticas de apropriação territorial e alternativas transformadoras
Resumo da atividade
O tema do desenvolvimento vem sendo discutido há décadas pela antropologia, seja no campo de sua ideologia/utopia (Ribeiro, 2000), seja em relação aos seus efeitos no espaço social (Sigaud, 1992; Escobar, 2007), ou mesmo na própria gestão do conflito operada mediante a construção de novas institucionalidades, que se constituem como verdadeiras ‘máquinas anti-políticas’ (Ferguson, 2014). Recorrentemente evocadas enquanto “projetos da modernidade”, como a proposta da transição energética pela descarbonização, por exemplo, as novas práticas desenvolvimentistas e suas implicações socioambientais demonstram a atualidade da discussão. Assim, continua instigante verificar como diferentes interesses e lógicas se chocam/cruzam com a territorialidade de populações locais, uma vez que essas, ao sustentar a presença nas arenas públicas, põem em questão os sentidos do desenvolvimento. Quando vistos como “problema” e "obstáculo" a impedir a "modernidade", camponeses, indígenas, quilombolas e moradores de bairros populares e periferias urbanas têm reagido e proposto alternativas às ofensivas do "desenvolvimento" que os atinge. Neste sentido, a proposta do GT é analisar a racionalidade política e as formas de controle contidas nas práticas de apropriação territorial e os conflitos relacionados às atividades minerárias, agropecuárias, de geração de energia, remoções urbanas, dentre outros projetos de infraestrutura.
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Coordenação
Marcos Cristiano Zucareli (UFRJ), Russell Parry Scott (UFPE)
Debatedor(a)
Raquel Oliveira Santos Teixeira (UFMG), Andréa Maria Narciso Rocha de Paula (UNIMONTES), Vânia Rocha Fialho de Paiva e Souza (UPE)
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GT 044: Dialéticas da plantations e da contraplantation: expropriação, recusa e fuga
Resumo da atividade
Em uma era de profundas mudanças ecológicas e climáticas, a reflexão crítica sobre a exploração desmesurada de recursos parece bem assentada, como ilustrado pela difusão do conceito de Antropoceno. Apesar dos consensos quanto aos inegáveis impactos da atividade humana no planeta, restam dúvidas quanto à rentabilidade desse conceito, sobretudo ao se levar em conta que o colonialismo, o racismo, a desumanização e a plantation fundamentam modos destrutivos e altericídas de habitar a Terra. Este GT pretende compreender simultaneamente a centralidade da plantation nos processos de expropriação e os modos de recusa, criação e fuga que podemos definir como contraplantation. Buscamos reunir pesquisas de cunho antropológico e histórico que trabalhem com a plantation como conceito e categoria explicativa do capitalismo. Entendendo como elemento fundamental da plantation os processos de racialização, expropriação, esvaziamento do outro, aniquilação da diferença, escravização e animalização, convidamos trabalhos etnográficos com o intuito de superar divisões estanques entre contextos diversos - “africanos”, “indígenas”, “afro-americanos”, “tradicionais” etc. - que explorem os jogos de escalas e os esforços criativos para se desembaraçar do enredamento da plantation em mundos hierarquizados habitados por humanos, animais, plantas, fungos, tecnologias, espíritos e ancestrais.
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Coordenação
Martina Ahlert (UFMA), Marcelo Moura Mello (UFBA)
Debatedor(a)
Stella Zagatto Paterniani (UNICAMP), Gustavo Belisário d'Araújo Couto (UFPB), Antonádia Monteiro Borges (UFRRJ)
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GT 045: Economias, políticas e territorialidades indígenas e negras: cenários de conflito, mudança social e identidade étnica
Resumo da atividade
A proposta deste GT é reunir o conjunto de estudos e pesquisas sobre os cenários de conflito e mudança social, na América Latina, que implicam mobilizações coletivas, dinâmicas territoriais e demandas de reconhecimento étnico que confrontam grupos indígenas e comunidades negras com agencias estatais, atores econômicos e empreendimentos capitalistas. O enfoque incidirá sobre contextos de antagonismo entre modalidades distintas de uso dos recursos naturais, estratégias de reprodução social e processos de reorganização econômica e política. Serão privilegiados trabalhos oriundos de etnografias e/ou reflexão teórica sobre os contextos contemporâneos dos conflitos étnicos, das dinâmicas territoriais e suas formas de organização econômica e expressão política. Os regimes de dominação social, expropriação/controle fundiários e (i)mobilização da força de trabalho são diversos, constituindo uma área de estudos antropológicos que produziram etnografias e um rico arsenal conceitual e analítico que permitem uma base sólida para formulação de reflexões em nível comparativo sobre as situações diversas de reorganização social, econômica e política em que povos e comunidades tradicionais lutam pela manutenção de suas identidades e modos de vida.
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Coordenação
Bruno de Oliveira Rodrigues (UFAM), Sidnei Clemente Peres (UFF)
Debatedor(a)
Bruno de Oliveira Rodrigues (UFAM), Sidnei Clemente Peres (UFF)
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GT 046: Educação diferenciada e territorialidades: fazeres, conflitos e resistências
Resumo da atividade
A proposta é refletir sobre as situações relacionadas a política de educação específica e diferenciada, tendo como objetivo socializar as tensões e problemáticas apontadas pelos professores indígenas, quilombolas e do campo/floresta e das águas. Refletir sobre o processo de apropriação dos territórios e dos projetos de futuro das comunidades relacionados à educação diferenciada e as tensões com relação aos projetos políticos hegemônicos, impactos de grandes empreendimentos e as políticas locais, as redes municipais e estaduais de ensino, apontando contradições para a efetivação dos processos educacionais. Discutir os processos de mobilização e fortalecimento das comunidades no diálogo entre permanência, deslocamentos e fortalecimento das identidades coletivas. “[...] mobilizações diz respeito aos signos de reconhecimento e aos seus valores evocativos, que passam a identificar as diferentes identidades coletivas e seus movimentos respectivos [...]”. (ALMEIDA, 2008, p. 95). As transformações não se deram em virtude da legislação, mas bem o contrário, as mudanças na educação brasileira foram consequência da forte mobilização política dos movimentos sociais desde os anos 1980. (TASSINARI e GOBBI, 2009). Deste modo, mostra-se de forma clara que todo o processo de reflexão sobre educação indígena, quilombola e do campo/floresta e das águas coaduna-se com a busca consolidação dos territórios de bem viver, opondo-se a todas as formas de autoritarismo, dominação, destruição.
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Coordenação
Claudina Azevedo Maximiano (IFAM), Euzalina da Silva Ferrão (SEDUC-PA)
Debatedor(a)
Thereza Cristina Cardoso Menezes (UFRRJ), Maria Helena Ortolan (UFAM), Alfredo Wagner Berno de Almeida (UEMA)
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GT 047: Elementos vitais: emaranhados socioambientais existenciais, reflexivos e expressivos na América Latina
Resumo da atividade
A água, o fogo, a terra e o ar são elementos que sustentam a vida no planeta. Suas composições, formas de expressão e relações de que participam com seres humanos constituem emaranhados que permitem seguir trajetórias vitais dos/nos territórios. A ameaça de devastação generalizada que conta com certas participações humanas, conhecida como Antropoceno, e por incontáveis outros nomes, traz consigo uma renovada preocupação com as múltiplas maneiras de se viver em meio a esses elementos e às mais distintas ruínas.
Tendo-se como base as discussões atuais envolvendo o Antropoceno, sobre o que é, quais constituem seus limites e possibilidades, serão discutidos trabalhos devotados aos diferentes agenciamentos elementais possíveis, em suas inúmeras conformações humanas e não humanas. Bem como estudos e escritos que, a partir de distintos territórios latinoamericanos, abordam alguns desses elementos e/m seus emaranhados. Um ponto que interessa especialmente ao GT é a questão das diferentes escalas de análises e de vínculos existenciais. Igualmente, para além da diversidade dos agenciamentos, os emaranhados vitais podem ser mobilizados em ações de proteção, cuidado ou regeneração da vida, projetando novas formas de coabitar n/o mundo.
O GT é parte de um esforço anterior entre pesquisadoras/es da América do Sul, voltado à compreensão crítica de processos de gestão territorial em cenários de disputas e tensões socioambientais. Segue o convite para novas composições!
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Coordenação
Eliana Santos Junqueira Creado (UFES), Ana Beatriz Vianna Mendes (UFMG)
Debatedor(a)
Francisco Araos (Universidad de Los Lagos)
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GT 048: Ensinar e aprender Antropologia
Resumo da atividade
A expansão que a Antropologia alcançou no Brasil nas últimas duas décadas é notável, tanto pelo incremento do número de cursos de pós-graduação e graduação quanto pela sua inserção em outros níveis educacionais e contextos profissionais. Ademais, uma vez que a própria expansão do ensino superior tem se baseado no subsídio à oferta de novas vagas na rede privada e na Educação a Distância, assistimos também ao surgimento de outras modalidades de formação, nem sempre claramente identificadas. Esse quadro exige uma reflexão mais atenta às transformações do ensino e do aprendizado da Antropologia no país. A reflexão passa pela análise do processo formativo, em termos pedagógicos e didáticos. Porém, também remete à epistemologia, a ética e a relação entre teoria, métodos e história da Antropologia. Este GT visa compreender os rumos da Antropologia como ciência e como prática profissional na atualidade. Os trabalhos aqui reunidos analisam a formação em Antropologia e os desafios postos para sua realização. Também interessa aprofundar nos fundamentos históricos, epistemológicos, teóricos e pedagógicos do ensino e da aprendizagem da disciplina, que redundem no aperfeiçoamento da formação, não apenas de antropólogos e cientistas sociais, mas também de outros profissionais que, potencialmente, se beneficiam do conhecimento antropológico. Igual atenção merece o ensino e a aprendizagem de Antropologia na educação básica e em outros contextos, inclusive não escolares.
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Coordenação
Guillermo Vega Sanabria (UFBA), Luiz Alberto Alves Couceiro (UFRJ)
Debatedor(a)
Graziele Ramos Schweig (UFMG), Raimundo Nonato Ferreira do Nascimento (UFPI), Ari José Sartori (UFFS)
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GT 049: Ensino e aprendizagem da antropologia na educação básica
Resumo da atividade
O objetivo da proposta é continuar o debate bem-sucedido iniciado na 33ª RBA envolvendo temas e conteúdos de Antropologia no currículo escolar de Sociologia do Ensino Médio. Com isso, intenta-se promover o diálogo sobre temas na Educação Básica, conteúdos, metodologias e recursos didáticos associados a sua prática na e para além da sala de aula. Dessa forma, ampliaremos as fronteiras do Grupo de Pesquisa "Antropologia na Educação Básica", constituído em 2020, certificado pelo CNPq, reunindo colegas da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica e de outras redes de ensino. Este grupo vem se consolidando como um importante fórum de interlocução através de grupos de discussão e trabalho e mesas redondas, em eventos nacionais e internacionais, bem como pela publicação de artigos e coletâneas. É neste marco que convidamos docentes, pesquisadores e estudantes interessados/as em continuarem e/ou inaugurarem reflexões sobre a atuação de antropólogos(a) no contexto da educação básica por meio da apresentação de propostas preocupadas com a prática educadora/docente e suas articulações com os diferentes espaços de socialização/aprendizagem. Palavras-chave: Antropologia; Educação Básica; Metodologias
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Coordenação
Gekbede Dantas Targino (IFPB), Robson Campanerut da Silva (IFCE)
Debatedor(a)
Lívia Tavares Mendes Froes (IFBAIANO), Andréa Lúcia da Silva de Paiva (UFF)
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GT 050: Entre arte e política: articulações contemporâneas em pesquisas antropológicas
Resumo da atividade
Em continuidade às reflexões desenvolvidas em Grupos de Trabalho da RBA e da RAM e em Simpósios Temáticos do Encontro Anual da ANPOCS, esta proposta tem como foco práticas e sujeitos sociais que operam nos interstícios entre arte e política. No cenário antropológico contemporâneo, são constantes as investigações que buscam analisar ações sociais que se processam através de imagens, sons, materialidades, objetos, performances e formas expressivas que, não raro, se coadunam em processos de organização coletiva e mobilizações sociais que apontam o rico potencial transformativo de agências que são, simultaneamente, artísticas e políticas. Por outro lado, pelo menos desde os anos 2000, tem se intensificado, em nossa disciplina, o que podemos caracterizar como “virada artística” e que aponta para uma aproximação entre arte e antropologia do ponto de vista de suas práticas e fazeres, enfatizando novos caminhos etnográficos possíveis para exprimir os resultados de nossas pesquisas, bem como atentando para outras possibilidades metodológicas de construção das mesmas. Nesse sentido, buscamos acolher tanto pesquisas que, ao se debruçarem sobre o campo artístico, enfatizam suas potencialidades políticas (e vice-versa) quanto aquelas nas quais o fazer etnográfico opera a partir de produções que mesclam antropologia e práticas artísticas.
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Coordenação
Glauco Batista Ferreira (PPGAS/UFG), Vi Grunvald (UFRGS)
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GT 051: Envelhecimentos, Interseccionalidade e Cuidados
Resumo da atividade
Os envelhecimentos em suas múltiplas facetas figuram como temas relativamente consolidados para a Antropologia. O que significa uma sociedade, um sujeito ou um grupo envelhecer “bem” são temas de disputas acadêmicas, sociais e políticas. O fenômeno ganha centralidade com a recorrente argumentação demográfica de que o Brasil, como outros lugares no mundo, estaria envelhecendo e, por isso, seria necessário criar e defender políticas de cuidado, assistência e atenção, assim como definir e combater expressões de etarismo. Trata-se, ainda, de uma questão complexa devido à heterogeneidade envolvida nos envelhecimentos, o que leva em consideração, por exemplo, pertencimentos de gênero, raça, classe, sexualidade, etnicidade, corporalidades, deficiências, local de moradia, religião, status de saúde, entre outros. Tais questões adicionam diversas camadas de problematização no que diz respeito às disputas sobre o que é envelhecer de modo “bem sucedido”, quem poderia alcançar tais concepções prescritivas, ou, até mesmo, quais grupos estão, de fato, tendo condições de envelhecer no contemporâneo. Neste sentido, convidamos para submeterem a esse GT pesquisas que investiguem velhices e envelhecimentos em suas mais diversas facetas e heterogeneidades, com especial atenção às abordagens teóricas, epistemológicas e metodológicas que priorizem interseccionalidades, assim como marcadores sociais das diferenças, “envelhecimentos bem-sucedidos", cuidado e apoio social.
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Coordenação
Carlos Eduardo Henning (UFG), Rachel Aisengart Menezes (IESC/UFRJ)
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GT 052: Estudos de Cultura Material: contribuições da Antropologia e da Arqueologia em um mundo mais-que-humano
Resumo da atividade
Este Grupo de Trabalho tem como objetivo explorar as contribuições da Antropologia e da Arqueologia no âmbito dos Estudos de Cultura Material. O diálogo entre pesquisadores/as dessas áreas de conhecimento visa rever as fronteiras que compartimentalizam o saber acadêmico, destacando a riqueza das perspectivas inter e transdisciplinares para o estudo da experiência humana a partir das coisas. As práticas sociais e os significados simbólicos estão intrinsecamente entrelaçados com a cultura material. Nesse sentido, o GT pretende acolher contribuições que explorem a relação dinâmica entre artefatos, patrimônios, paisagens, lugares e a construção de seus sentidos culturais em contextos pretéritos ou contemporâneos. Nosso objetivo é compreender como a materialidade atua como mediadora nas relações entre sociedades humanas e seus ambientes, examinando como as coisas são sentidas e incorporadas em narrativas culturais. O tensionamento das fronteiras entre o material e o imaterial também é incentivado, proporcionando uma compreensão mais aprofundada a respeito da vida das coisas em nosso cotidiano, o que inclui seus contínuos processos de formação e transformação. Ao explorar as confluências entre Antropologia e Arqueologia, no âmbito dos Estudos de Cultura Material, almejamos contribuir para um entendimento mais integrado das práticas culturais humanas, reconhecendo os desafios e benefícios de integrar métodos e abordagens teóricas diversas.
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Coordenação
Gustavo Ruiz Chiesa (FURG), Camilla Agostini (UERJ)
Debatedor(a)
Lilian Panachuk (UFMG)
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GT 053: Estudos Etnográficos sobre Cidadania
Resumo da atividade
A terceira onda democratizante na América Latina não se mostrou capaz de suprimir desigualdades estruturais nem garantiu a efetivação dos direitos civis e sociais dos cidadãos. Isto representou um desafio às abordagens formalistas da teoria política, incapazes de explicar satisfatoriamente as especificidades que caracterizaram este processo. Nesse cenário, a antropologia, com seu foco etnográfico, tem muito a contribuir para o debate sobre “direitos”, “cidadania”, “igualdade” e “justiça”. Ao deslocar a análise da dimensão formal da cidadania para como os direitos são vividos, concebidos e problematizados cotidianamente pelos atores sociais, abre-se espaço para perceber rearranjos e concepções distintas da formulação eurocêntrica tradicional. Ao fazer isso, os antropólogos têm desestabilizado abordagens que naturalizam o modelo liberal, demonstrando que não é possível compreender a “cidadania” como um status puramente legal que garante ao indivíduo um conjunto de direitos e deveres em sua relação com o Estado. Tendo isto em mente, o GT busca comparar e debater trabalhos etnográficos que abordem: como a “cidadania” é significada em diversos contextos etnográficos e por diferentes atores associados às agências do Estado, ONGs, movimentos sociais e outros coletivos; como se dão as relações que estes diferentes atores estabelecem entre si; quais são os desafios metodológicos dos estudos etnográficos sobre “cidadania”.
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Coordenação
Marcus André de Souza Cardoso da Silva (UNIFAP), Luís Roberto Cardoso de Oliveira (UnB)
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GT 054: Etnografia da e na cidade: o viver no contexto urbano em suas formas sensíveis
Resumo da atividade
A vida pulsa na cidade configurada pelas ações, performances, narrativas e gestos de seus habitantes (humanos e não humanos). Muitas etnografias realizadas no encontro da antropologia urbana com a antropologia das imagens têm revelado as múltiplas e complexas práticas de sociabilidades e as paisagens urbanas na vida cotidiana. Objetivamos reunir estudos antropológicos que tragam em evidência as estéticas, estilos e éticas que descrevem e interpretam as cidades a partir de práticas criativas e sensíveis, de experiências vividas e narradas por seus habitantes. As expressões artísticas na produção de murais, as paisagens sonoras e musicais, as práticas sociais políticas e culturais, colocam em evidência os cenários praticados, os arranjos sociais e as experiências compartilhadas que podem qualificar a vida pública em suas criatividades, tanto quanto cunhar as desigualdades, as contradições, os conflitos e as formas de exclusão reconhecidos pelos marcadores sociais de diferenças (étnicas e raciais, de gênero, de classe, de renda, de pertença social, etc.) que banalizam corpos e segregam comportamentos. O/a antropólogo/a como narrador/a reverbera as cidades contexto de suas pesquisas em suas relações sociais plurais e em suas lógicas singulares, por um lado, em suas crises e disjunções por outro lado. Consideramos um patrimônio etnográfico sobre as formas de viver nas cidades em suas ideias, gestos, motivações e desejos tanto quanto suas frustrações e injustiças ordinárias.
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Coordenação
Cornelia Eckert (UFRGS), Regina de Paula Medeiros (PUC MINAS)
Debatedor(a)
Jose Luis Abalos Junior (FURG), Ulisses Neves Rafael (UFS), Maurício de Melo Raposo (EMATER)
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GT 055: Etnografias de processos de resistência de povos indígenas em Estados e governos de exceção
Resumo da atividade
Em regimes de governo declaradamente autoritários ou em contextos de conservadorismo e retração de direitos, os povos indígenas têm se articulado e mobilizado para o enfrentamento, denunciando o descumprimento de seus direitos fundamentais. No Brasil, por exemplo, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) denunciou o governo de Jair Bolsonaro (2019-2022) ao Tribunal Penal Internacional *(TPI), por genocídio. Este grupo de trabalho pretende reunir pesquisas, notadamente etnografias, que tenham acompanhado ações levadas a cabo por povos e organizações indígenas em processos de confrontação, de diversas naturezas, em face de violações de direitos ocorridas durante dois períodos históricos: a ditadura civil-militar (1964-1985) e o governo Bolsonaro. Em relação à política indigenista, esses dois governos se mostraram comprometidos com projetos de integracionismo dos povos, criando condições e incentivando arrendamento de terras, desmatamento, mineração, garimpo e negligência quanto à execução de políticas básicas de saúde e educação. Gostaríamos de colocar em diálogo trabalhos que analisem enfrentamentos em contextos diversos, desde mobilizações cotidianas de enfrentamento à pandemia de Covid-19 até respostas a perseguições, invasões e casos mais amplos que envolveram organizações de diversos povos.
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Coordenação
Jurema Machado de Andrade Souza (UFRB), Daniela Fernandes Alarcon (Ministério dos Povos Indígenas)
Debatedor(a)
Mariana Mora (Centro de Investigacione), Elisa Urbano Ramos (UFPE), Lauriene Seraguza olegário e Souza (UFGD)
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GT 056: Etnografias do catolicismo: práticas, rituais, experiências e trajetórias em perspectiva
Resumo da atividade
O catolicismo, quer por sua importância histórica na formação da nação e da cultura brasileiras, quer por seu declínio e perda de hegemonia na atualidade, tem ocupado um lugar de destaque nos estudos da religião, constituindo-se num campo privilegiado para compreender e interpretar as transformações que acompanham o processo social e político do país. Neste universo de pesquisas, a contribuição da antropologia, por meio da etnografia, tem sido fundamental como contraponto às análises que tendem a privilegiar contextos institucionais e dados estatísticos como suas fontes. Ao voltar o seu olhar para a prática dos sujeitos no cotidiano das comunidades e grupos locais, movimentos e organizações eclesiais, deslocamentos e rituais, a etnografia tem revelado outras dimensões do catolicismo, que não são captadas pelas análises de caráter macro. São, portanto, trabalhos sobre o catolicismo, com este foco etnográfico, que este grupo de trabalho quer reunir e debater. Ou seja, serão acolhidas pesquisas sobre “a religião vivida”, que apresentem o ponto de vista dos sujeitos, a partir de suas experiências, num campo de disputas, conflitos, alianças e negociações sobre “o que é ser católico”, que lhes confere um senso de pertencimento a um coletivo e uma identidade plural. O GT não se restringe ao campo da antropologia, nem a pesquisas presenciais, mas inclui também trabalhos produzidos por pesquisadores de outras áreas, desde que realizados a partir da perspectiva etnográfica.
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Coordenação
Edimilson Rodrigues de Souza (FAMES), Carlos Alberto Steil (Unicamp)
Debatedor(a)
José Guilherme Cantor Magnani (USP)
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GT 057: Etnografias em contextos de violência, criminalização e encarceramento
Resumo da atividade
Este Grupo de Trabalho objetiva reunir etnografias realizadas em contextos de violência, criminalização e encarceramento. Para tanto, toma “violência” como categoria densamente plurívoca e produtiva, que alude a práticas, experiências, linguagens, razão de denúncia e contextos, servindo como relevante vetor analítico e político. Além disso, divisa “crime” não apenas como o resultado da previsão normativa estatal, mas sobretudo como relação social e razão de governo, processo de criminalização constituinte de sujeitos, corpos e territórios. Por sua vez, compreende “encarceramento” considerando as abordagens que discutem os modos pelos quais a prisão se infiltra em territórios e relações para além daquelas circunscritas pelas unidades penitenciárias. Tendo em vista a crescente proeminência dessas etnografias na antropologia brasileira, este GT se propõe a aglutinar trabalhos que tematizem, por exemplo: a) os desafios, potencialidades e limites metodológicos de empreender pesquisas etnográficas nesses contextos, levando em conta especialmente a cumplicidade entre a escrita da violência e a sua incitação; b) os efeitos dos contextos de pesquisa em mobilizações sociais, lutas por direitos e justiça e a produção ou negação de sujeitos de direitos; c) as imbricações entre experiências de violência, criminalização e/ou encarceramento e categorias de diferença como gênero, sexualidade, raça, classe, geração e territorialidade.
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Coordenação
Natália Bouças do Lago (UNICAMP), Roberto Efrem Filho (UFPB)
Debatedor(a)
Vanessa Sander (UFMG), Karina Biondi (UEMA), Camila Cardoso de Mello Prando (UnB)
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GT 058: Experiências com laudos antropológicos no Brasil profundo
Resumo da atividade
A presente proposta de GT (Grupo de Trabalho) diz respeito à socialização de saberes, troca de experiências e discussões sobre a produção de diversos tipos de laudos antropológicos no Brasil profundo, isto é, nas vastas extensões do território nacional pouco visibilizadas pelas grande mídia e distantes dos maiores centros metropolitanos e suas instituições de ensino superior. Referimo-nos especialmente às regiões onde persistem configurações sociais que remetem à ancestralidade de populações originárias e tradicionais que reivindicam direitos territoriais, bem como o reconhecimento de expressões culturais que demandam a produção de laudos a profissionais do campo da Antropologia e áreas afins. Tais profissionais produzem diversos tipos relatórios técnico-científicos sobre assuntos dos mais variados: terras tradicionalmente ocupadas, adoção de crianças, pessoas que configuram como réus em processos judiciais, licenciamento ambiental, patrimônio cultural etc. Em geral são perícias destinadas ao Judiciário, relatórios produzidos a órgãos do Estado, laudos que fazem parte dos estudos exigidos para o licenciamento ambiental de diversos empreendimentos etc. Neste sentido, o GT estará aberto à participação de estudantes e profissionais em diferentes níveis de formação acadêmica que possuam estudos e reflexões sobre essas práticas antropológicas cada vez mais exigidas e recorrentes no Brasil e em outros países latino-americanos.
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Coordenação
Jorge Eremites de Oliveira (UFPEL), Antonio Hilario Aguilera Urquiza (UFMS)
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GT 059: Experiências e dinâmicas de participação indígena em processos eleitorais e em cargos nos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário no Brasil e na América Latina
Resumo da atividade
A participação indígena em processos eleitorais tem recebido ainda tímida atenção por parte da etnologia indígena e das Ciências Sociais no Brasil e de modo geral nos demais países da América Latina. Isso não obstante o crescimento no número de candidaturas e mandatos de indígenas havido nos últimos 50 anos, e a emergência de uma intelectualidade indígena que passou a disputar e ocupar espaços de representação e na regulação, formulação e gestão de políticas públicas. Novas formas do social indígena se tornar político se desenvolveram e consolidaram neste período, conjugando atuações extra e intrainstitucional. O interesse desse GT é continuar reunindo pesquisadores que têm se dedicado a investigar essa temática nos últimos anos. Interessa-nos trabalhos que descrevam e analisem: a participação indígena nos Poderes Executivo e Judiciário; a agência e a agenda indígena individual e coletiva em processos eleitorais; a dinâmica da relação entre indígenas (candidatos ou eleitos) e o movimento indígena organizado; os processos de construção de candidaturas e mandatos indígenas e sua relação com os partidos políticos; a participação do eleitorado indígena e não-indígena nas candidaturas e nos mandatos indígenas conquistados; as conquistas e limites da participação e autodeterminação indígena no sistema eleitoral; biografias e trajetórias de indígenas que conquistaram mandatos; o debate sobre sistema de quotas indígenas em espaços eleitorais institucionais. Dossiê em preparação.
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Coordenação
Ricardo Verdum (Laced/Museu Nacional/UFRJ), Luís Roberto de Paula (UFABC)
Debatedor(a)
Antonio Carlos de Souza Lima (UFRJ)
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GT 060: Experimentos de Ontologia: formas de mundialização desiguais e etnografia como atuar criativo.
Resumo da atividade
A América Latina é assolada pelo extrativismo, uma prática violenta que esgota e transforma vidas humanas e outras-que-humanas em matéria-prima para a expansão do capital, destruindo os conjuntos mais-que-humanos que conformam territórios de diferença. Chamamos esses processos de formas desiguais de mundialização. No entanto, essa violência não conseguiu anular as possibilidades que surgem do emaranhado entre mundos e que permitem reconhecer não apenas os diversos conjuntos de realidades, mas a aliança, a interferência e a guerra entre eles.
A ontologia como método antropológico compartilha o interesse pela diversidade de mundos. Na América Latina, ele enfatiza a dimensão conflituosa das equivocações, mostrando a criação e atualização de realidades como processos operados em campos de disputa. No entanto, como fazer com que a metodologia vá além do mapeamento de conflitos assimétricos e equivocações? A pesquisa ontológica é capaz de incidir sobre os impasses que mapeia? Como criar formas de se referir a isso etnograficamente? Neste GT exploraremos essas questões, pensando caminhos para a prática etnográfica diante da violência que se acumula, do colonialismo que insiste em não ceder e dos perigos do ressurgimento da ultradireita totalitária, etc. Queremos que este seja um espaço criativo para reposicionar nosso compromisso com a autodeterminação ontológica dos povos, convocando uma antropologia afetada pela ontologia a se engajar no trabalho criativo em prol da autonomia.
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Coordenação
Marisol de la Cadena (University of California, Davis), Lucas da Costa Maciel (Memorial University of Newfoundland)
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GT 061: Formas da restituição: coleções científicas, reparação e a longa jornada de volta.
Resumo da atividade
Nas últimas décadas, vem se ampliando e complexificando, no âmbito das arenas culturais, processos de restituição. Ainda que se configurem em multifacetadas formas e nomeações, têm como princípio jurídico gerar remédios restitucionários para reparar danos por roubo, tráfico e saída ilegal de fronteira territorial. Este idioma ordena parte da cadeia político-administrativa por onde passam contestações sobre a posse de coisas, remanescentes humanos, arquivos e conhecimentos patenteados. Por outro lado, o campo de estudos da restituição (suas formas, temporalidades, objetos e atores) tem evidenciado tanto as disputas pelos sentidos da figura, quanto seus variados arranjos socioculturais ordinários e institucionais ao redor da demanda por coleções etnográficas, biológicas, e arquivos audiovisuais gerados em situações coloniais e de guerra. Neste quadro, os sentidos da restituição não só se relacionam com o que a reparação tem de retificação dos contratos e justiça corretiva, mas também com o reconhecimento de direitos violados e demandas pelo paradeiro de antepassados e desaparecidos políticos. Processos de restituição, portanto, operam como aceleradores de transformações nos direitos e práticas patrimoniais, bem como catalisadores de memórias silenciadas e retornos de bens inalienáveis em suas “longas voltas para casa”. A proposta é estimular um encontro entre as ciências humanas e naturais para gerar etnografias e histórias de processos de restituição em variadas configurações.
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Coordenação
Edmundo Marcelo Mendes Pereira (UFRJ), Manuel Ferreira Lima Filho (UFG)
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GT 062: Fronteiras e fabulações: antropologias especulativas e experimentos etnográficos
Resumo da atividade
Este grupo de trabalho volta-se aos potenciais especulativos do trabalho antropológico. Acolheremos trabalhos que experimentem relações copoiéticas entre ciência e ficção que possam transpassar fronteiras epistemológicas, etnográficas e intersubjetivas. Pretendemos debater pesquisas que coloquem em cena processos de composição, montagem, construção e desconstrução de perspectivas teóricas e metodológicas, levando em conta relações entre teoria e prática, antropologia e etnografia, ciência e política. Formas de habitar mundos ao mesmo tempo justapostas e incomensuráveis, engendradas por auto-etnografias, antropologias contra coloniais, experimentações de escrita etnográfica serão bem-vindas.
A partir das noções de figuração e mundificação propostas por Haraway, tencionamos entrelaçar propostas que construam cenários (etnográficos, ficcionais) a investigar, fabular e especular sobre - na perspectiva de Ingold, que considera a especulação uma dimensão fundamental da antropologia - possibilidades de vidas e seres compósitos. Buscam-se experimentos que levem a sério a dimensão do encantamento para produção e circulação de conhecimentos, seus artefatos e seus efeitos etnográficos.
Também desejamos incluir trabalhos que dêem visibilidade a produções de conhecimento, em diálogo com a ficção, a literatura e outras formas expressivas, que ofereçam possibilidades de construção de saberes de forma coletiva e colaborativa, tais como no afrofuturismo e na escrevivência.
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Coordenação
Silvana de Souza Nascimento (USP), Ana Letícia de Fiori (UFAC)
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GT 063: Gênero, sexualidade e raça: produção de diferenças e desigualdades na cidade
Resumo da atividade
Os processos de produção das cidades em relação às sexualidades têm enfatizado ao longo da história a importância das noções de território e territorialidade para a compreensão de como são constituídos os espaços urbanos, os sujeitos e suas relações. Além de indicar que tais processos de produção citadina correspondem a marcações sociais heterogêneas, é importante ressaltar que todo esse movimento compreendido pelas dinâmicas sociais locais e a ocupação de territórios, dispostos entre “periferias” e “centros”, perfaz mobilidades e/ou zonas fronteiriças que nos possibilitam problematizar os manejos feitos em torno da produção social das diferenças e em seu impacto a partir da articulação com as temáticas de gênero, sexualidade e raça. Nesse sentido, imaginar a produção de sexualidades em diferentes escalas é um ponto constituinte dos três eixos que norteiam o GT: as espacialidades, mobilidades e territorialidades. O objetivo é aproximar os debates sobre cidade, gênero, sexualidade e raça na tentativa de promover aproximações teóricas e empíricas que nos auxiliem a refletir e questionar estatutos citadinos em relação à produção de diferenças e desigualdades, tendo como ponto de partida a seguinte questão: de que forma podemos escrutinar urbanidades/citadinidades a ponto de fazer com que tais estruturas não sejam meros arquétipos geográficos/cartográficos, mas que internalizem e externalizem ações concretas de pertencimento e uso democrático do espaço público?
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Coordenação
Ramon Pereira dos Reis (UEPA), Guilherme Rodrigues Passamani (UFMS)
Debatedor(a)
Isadora Lins França (IFCH)
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GT 064: Gêneros, sexualidades e corpos plurais: abordagens antropológicas de práticas esportivas
Resumo da atividade
Este Grupo de Trabalho (GT) visa ampliar os espaços para diálogo sobre a antropologia das práticas esportivas e de lazer, que vem sendo produzida nos últimos anos, em diferentes contextos brasileiros e latino-americanos. Neste GT, de maneira mais específica, receberemos pesquisas, em andamento ou concluídas, que sejam voltadas às discussões de gênero, sexualidade e diversidade de corpos, em distintas circunstâncias socioculturais de práticas esportivas e de lazer. Ainda neste sentido, priorizaremos abordagens que tragam e discutam essas questões a partir de uma perspectiva etnográfica. Nosso objetivo, portanto, é fomentar o debate sobre como as dimensões de gênero, sexualidade e corpo, independentemente de sua interseccionalidade com outros marcadores sociais da diferença (raça, etnia, deficiência, dentre outros), afetam a experiência de diversos grupos sociais e moldam, por sua vez, diferentes subjetividades. Interessa-nos acolher pesquisas que discutam a temática a partir de experiências de atletas, jogadoras(es), treinadoras(es), árbitras(os), torcedoras(es), jornalistas, dirigentes e/ou outros indivíduos que compõem estes universos. Assim, convidamos a submeterem seus trabalhos pesquisadoras(es), estudantes de pós-graduação, graduandas(os), atletas, treinadoras(es), ativistas e todas as pessoas interessadas em explorar as interações entre gênero, sexualidade e diversidade corporal no contexto esportivo e de lazer.
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Coordenação
Wagner Xavier de Camargo (UNICAMP), Mariane da Silva Pisani (UFPI)
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GT 065: Igualdade jurídica e de tratamento: etnografias de narrativas, produção de provas, processos decisórios e construção de verdades
Resumo da atividade
A proposta deste GT é acolher pesquisas empíricas, especialmente etnográficas, a fim de promover discussões teórico-metodológicas voltadas para concepções de igualdade jurídica e de tratamento no sistema de administração de conflitos brasileiro, com destaque para o sistema judicial. A utilização do método comparativo em análises de diferentes sistemas nacionais e/ou internacionais será bem-vinda.
Pesquisas em antropologia do direito têm identificado que é frequente, em tribunais brasileiros, a utilização de distintos critérios na condução de procedimentos semelhantes, bem como não serem raras instabilidades semânticas relativas a aspectos processuais centrais, como a produção e a análise de provas. Elas têm constatado confrontos entre diferentes concepções de igualdade e percebido que eles acentuam a percepção de arbitrariedades nos desfechos das causas, fazendo com que o sistema de justiça seja questionado ao apresentar e impor seus resultados.
Assim sendo, este GT privilegiará trabalhos, preferencialmente etnográficos, voltados para a descrição densa de práticas e concepções de atores sociais engajados em dinâmicas como: 1) produção de provas judiciais, 2) construção narrativa de fatos e seu registro em peças judiciais, 3) formação da convicção de juízes(as) e/ou jurados(as), 4) disputas argumentativas em que sentidos e juízos morais compõem decisões judiciais, 5) práticas judiciais e extrajudiciais operantes em diferentes instâncias do sistema de justiça.
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Coordenação
Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer (USP), Regina Lúcia Teixeira Mendes da Fonseca (In)
Debatedor(a)
Ciméa Barbato Bevilaqua (UFPR)
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GT 066: Imagens emergentes: antropologia e (re)montagens de arquivos audio-visuais
Resumo da atividade
O GT busca reunir pesquisas que tem debruçado sobre os modos de reinvenção de arquivamento, circulação e produção de imagens e sons como agentes produtores de territórios existenciais, memória e imaginação política. Nesse GT, acolheremos discussões teórico-metodológicas que evidenciam a criação de arquivos emergentes e contra-arquivos fotográficos e audiovisuais como formas de resistência e de (re) montagens de histórias. Em tempos de acúmulos de arquivos empoderados como os da "ciência", ou de “arquivos ordinários” - que por vezes se confundem como amontoados de descartes anônimos, “arquivos órfãos” (Bruno 2016; 2019) -, a intenção é problematizar os destroços, os restos e os “inarquiváveis” (Mbembe, 2002). Os arquivos são, como ressalta Georges Didi-Huberman, “uma massa geralmente inorganizada de início – que só se torna significante ao serem pacientemente elaborada” (Didi-Huberman, 2012). E a remontagem de imagens é capaz de provocar reconexões entre os tempos da história e os desejos de formar outros “arquivos do futuro” (Guarín e Cabrera, 2020). O GT enseja problematizar a “montagem” e “remontagem” de imagens e sons como territórios vivos,de conhecimento e entrelaçamentos entre antropologia e ciência pública. Enseja-se ainda debater trabalhos que se dediquem a produções indígenas, quilombolas, afrolatinas, LGBTQIA+, entre outros coletivos e corpos plurais, que se aliem aos audiovisuais para repensar a história e mostrar outros modos de existir e re-existir.
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Coordenação
Fabiana Bruno (IFCH-Departamento Antropologia/ LA'GRIMA), Luis Felipe Kojima Hirano (UFG)
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GT 067: A Pesquisa Antropológica e os Estudos sobre violência em meio escolar: Críticas e Contribuições
Resumo da atividade
A violência na escola, manifestada seja de forma física, simbólica ou virtual e em escala global, tem marcado a percepção da sociedade em geral e, em particular, as experiências dos sujeitos que vivenciam o ambiente escolar, inclusive na negação veemente de suas alteridades, chegando, no limite, aos atos letais. Tal realidade nega o ideário de uma instituição que, historicamente, foi construída para socializar e ensinar. O fenômeno vem sendo abordado pelas ciências humanas, médicas e sociais. E, ao contrário do estudo pioneiro de Spósito (2001), que mostrou uma produção discreta e predominante no sudeste e em PPGs em Educação no Brasil, entre o período de 1982 a 2000, nas décadas posteriores é evidente o aumento de investigações sobre a temática em outras áreas, incluindo a da antropologia em interface com outros campos do conhecimento. São estudos que revelam uma produção mais ampla e diversa com novos ângulos como a relação da violência escolar com questões étnico-raciais, religiosas, de gênero e de direitos humanos. O que é possível inferir destas investigações? Como podem ser inventariadas em seus objetivos, referenciais teóricos e metodológicos? Que contribuições oferecem para repensar o fenômeno? Para responder e colocar em debate estas e outras indagações, o objetivo deste GT é reunir a produção acadêmica sobre a violência em meio escolar no Brasil e no exterior, para discutir as especificidades e contribuições da antropologia na compreensão da referida temática.
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Sandra de Fátima Pereira Tosta (Rede Argonautas), Lucas Eustaquio de Paiva Silva (Faculdade Famart)
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GT 068: Liderança: estilos, modos, formas, problemas e exemplos entre camponeses, quilombolas e povos tradicionais
Resumo da atividade
O grupo de trabalho pretende reunir trabalhos etnográficos sobre povos camponeses, quilombolas e tradicionais que permitam discutir formas, estilos e modalidades de relação subsumidas correntemente, em muitos contextos, no termo "liderança". Desse modo, esperamos explorar temas como exemplaridade, autoridade, carisma, reputação, imitação, prestígio, admiração, conhecimento, saberes; complexidades da relação entre "liderança", "política" e "convívio"/"comunidade"; a relação entre exercício de liderança com temas como sangue, família, parentesco, espiritualidade, escolarização/letramento, ascensão social, pertencimento e exterioridade; as modalidades de disputa e conflito e os dilemas pessoais e coletivos que atravessam a formação e estabilização do lugar de liderança. Pretendemos reunir trabalhos que problematizem a centralidade de figuras de liderança na dinâmica da criação, enquanto formação e diferenciação de comunidades, povos e famílias, inclusive na sua relação com agências estatais, ONGs e movimentos/organizações, seja no cotidiano, seja em eventos excepcionais, críticos e conflitivos, dentre os quais situações de ameaça, risco e atentados enfrentadas por lideranças. Esperamos incluir também textos que trabalhem a partir de abordagens biográficas ou autobiográficas, inserindo questões relacionadas a modos de subjetivação ético-política, individuais e coletivos. E estaremos atentos também às formas narrativas e seu lugar na conformação das figuras de liderança.
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Coordenação
Ana Claudia Duarte Rocha Marques (USP), John Cunha Comerford (UFRJ)
Debatedor(a)
Igor Rolemberg Gois Machado (UFRRJ), Elionice Conceição Sacramento (pescadora), Daniela Carolina Perutti (USP)
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GT 069: Maternidades Violadas: desigualdades, violências e demandas por justiça e direitos
Resumo da atividade
Este Gt propõe refletir sobre hierarquias reprodutivas que modelam e interferem no exercício da maternidade. O objetivo é promover um diálogo sobre o direito de maternar e as consequências de sua violação para mulheres, seus familiares e comunidades. Tais situações se atrelam à (re)produção de profundas desigualdades sociais, afetando principalmente mulheres pobres, negras, jovens e migrantes cujos direitos já se encontram vulnerabilizados por outras violências que atuam como obstáculo no acesso aos direitos reprodutivos. Nos últimos anos, uma variedade de estudos antropológicos têm registrado diferentes tipos de violência praticada contra mulheres em suas experiências de maternidade na América Latina. Tais violências afetam as famílias e crianças específicas, mas têm como alvo principalmente as mães, que são suspeitas ou culpabilizadas por não desempenharem adequadamente um determinado papel de cuidado, geralmente revestidas de uma retórica de proteção ou inspiradas em uma abordagem "salvacionista".
Espera-se receber trabalhos que evidenciem como a maternidade é gerida quando é suspeitada e considerada "inadequada" ou "fora de lugar", além de investigar como as contestações dessas práticas e as demandas por justiça nessas situações são construídas em termos de "direitos". Esse foco possibilita problematizar conceitos como justiça reprodutiva, direitos sexuais e reprodutivos, microfísica da violência estatal e também a influência do ativismo em prol dos direitos.
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Coordenação
Soledad Gesteira (Universida), Natália Helou Fazzioni (UFRJ)
Debatedor(a)
Lucia Eilbaum (UFF), Janaína Dantas Germano Gomes (UFRGS), Raquel Lustosa da Costa Alves (UFPE)
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GT 070: Memórias sensíveis, contramemórias e patrimônios incômodos: políticas, suportes e narrativas nas cidades
Resumo da atividade
O conceito de patrimônio de matriz eurocêntrica frequentemente reitera narrativas conciliatórias a respeito do que é digno de lembrança. A denúncia do caráter estrutural da violência, protagonizada pelas populações silenciadas pelo colonialismo nos países da Améfrica Ladina (Gonzales, 1987), vai de encontro a essa perspectiva, trazendo à tona outras agências e protagonistas na dinâmica de preservação e esquecimento. Situações traumáticas, apagadas da história oficial e da memória coletiva, têm sido cada vez mais levadas ao debate público. Os meios para tanto são diversos, como, por exemplo, as intervenções sobre monumentos legitimados; a criação de memoriais e de museus comunitários; a elaboração de antimonumentos e ações de contramemória; a releitura/reconfiguração de exposições e acervos por agentes invisibilizados ou historicamente retratados de forma estereotipada. É pertinente analisar as estratégias de contestação de narrativas supostamente estabelecidas, frequentemente povoadas por personagens brancos, cisheterossexuais, fardados e masculinos. O GT, portanto, propõe discutir: quais são os objetos, corpos, narrativas e gestos mobilizados em estratégias de contestação de narrativas patrimoniais hegemônicas? Como as questões de raça, gênero, classe e/ou sexualidade são agenciadas na disputa pela maquinaria patrimonial? Como a interpelação mútua entre a rua e a arte movimenta processos de luta pela descolonização do espaço urbano?
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Coordenação
Lilian Alves Gomes (UCAM), Hugo Menezes Neto (UFPE)
Debatedor(a)
Patrícia Lânes Araújo de Souza (UERJ)
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GT 071: Mercados culturais e trabalho: desafios e fazeres etnográficos
Resumo da atividade
Nas últimas décadas a relação entre mercado cultural e trabalho têm mudado significativamente. A divisão moderna entre trabalho e lazer se desfez enquanto a esfera do trabalho e a “vida por projetos” se expandiu. As noções de mercado e de trabalho adquirem novos sentidos que vão além dos debates clássicos da indústria cultural. Os mercados culturais emergem a partir de novas relações entre os produtores culturais e os diversos circuitos alternativos de produção e consumo de bens culturais. As relações de trabalho também se alteram e discursos que valorizam a lógica empreendedora, as novas formas de contratação e a centralidade das redes profissionais ganham espaço e passam a impactar a subjetividade das pessoas que trabalham com cultura. Este GT, continuidade dos debates da última RBA(2022) e RAM(2023), propõe debater as relações entre mercados culturais e trabalho, sem focar em uma definição, mas a partir de trabalhos etnográficos que explorem os diversos sentidos emergentes. Interessa o aporte de trabalhos que se focam na vida cotidiana, nas subjetividades e nos processos de construção de mercados culturais e trabalho, problematizando algum dos eixos: mercados culturais e formas coletivas de produção da arte; novas práticas de trabalho na cultura e suas organizações laborais; dimensão do projeto e do sonho na construção de carreiras na cultura; mercados culturais e as relações com o poder público; mercados culturais e usos das mídias sociais e plataformas digitais.
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Coordenação
Marina Bay Frydberg (UFF), Victoria Irisarri (universidad de buenos aires)
Debatedor(a)
Tatiana Braga Bacal (UFRJ), Ornela Alejandra Boix (CONICET)
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GT 072: Migrações, mobilidades e deslocamentos: problemas sociais, desafios antropológicos
Resumo da atividade
Este GT, ativo nas Reuniões da ABA desde 2006, tem almejado continuadamente refletir e dialogar acerca de diferentes contextos das dinâmicas de deslocamento/mobilidade, tanto nas dimensões históricas, como contemporâneas, nacionais e internacionais. Observa-se, nos últimos anos, que as questões climáticas e de busca por direitos humanos também tem contribuído para cenários de trânsitos de pessoas, objetos, animais e também de conflitos e restrições para atravessar as fronteiras. Nesses, observam-se famílias, indivíduos isolados e coletivos em mobilidade, em cenários que exigem estudo, reflexão e análise. Estas questões devem ser consideradas em profundidade, inclusive diante do número crescente de crianças entre a população que se desloca. A proposta do GT é agregar propostas (em diferentes níveis acadêmicos) que tenham como perspectiva refletir e analisar acerca de dinâmicas, processos e políticas migratórias, considerando que raça, gênero, classe, geração, etnia, religiosidade e outros marcadores influenciam as vivências cotidianas dos sujeitos em mobilidade, bem como as políticas de acolhida e de interações interculturais. O GT objetiva, partindo de um diálogo interdisciplinar da Antropologia com outras áreas ampliar as trocas metodológicas, teóricas e partilha de estudos já concluídos ou em andamento, promovendo intercâmbio de experiências e de resultados de pesquisa.
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Coordenação
Maria Catarina Chitolina Zanini (UFSM), Gláucia de Oliveira Assis (UNIVALE)
Debatedor(a)
Sidney Antonio da Silva (UFAM), Igor José de Renó Machado (UFSCAR), Maria Cristina Dadalto (UFES)
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GT 073: Mobilidade, memória e etnicidade: trajetórias biográficas e familiares indígenas
Resumo da atividade
Este GT visa reunir pesquisas etnográficas que abordam a mobilidade de pessoas e famílias indígenas e seus processos de re-configuração sócio-espacial, em ambientes rurais ou urbanos, em contextos de desigualdade e convivialidade. A mobilidade é aqui compreendida desde sua dimensão histórica, condição para a análise das suas formas contemporâneas, e como uma maneira de habitar o mundo, de construir relações, produzir vida e lugares, por meio do agenciamento de memórias, entidades e conhecimentos. As configurações sócio-espaciais apontam para os modos materiais de reelaboração familiar e étnica, para além das fronteiras físicas e administrativas das Terras Indígenas, em contextos de subalternização e marginalização, mas também de re-produção do comum, na forma de fluxos, redes, lugares ou novos territórios. Finalmente, o nexo entre relações de desigualdade e convivialidade assinala nosso interesse nas configurações sociais constituídas simultaneamente por laços de solidariedade e cooperação, bem como por diferenças, conflitos e dominação, de seres humanos entre si e destes com outros seres vivos. Serão valiosas as contribuições que analisem as perspectivas e conceptualizações indígenas sobre suas próprias trajetórias individuais e familiares, assim como as dinâmicas de atualização dos coletivos étnicos, que valorizem os agenciamentos da memória e invistam sobre a reflexividade que o próprio deslocamento promove sobre a condição indígena.
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Coordenação
José Maurício Paiva Andion Arruti (UNICAMP), Claudia Mura (UFAL)
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GT 074: Modos de aprender e de ensinar a antropologia: desafios contemporâneos da formação e da escrita em antropologia
Resumo da atividade
A aprendizagem e o ensino em antropologia têm sido pautados pela experiência dos seus autores. De certo modo, a agência de quem observa e de quem escreve, ou de onde se observa e escreve, nunca foi tão problematizada na produção antropológica como nos últimos anos. O que nos leva a pensar, qual o papel da experiência na antropologia contemporânea? O ingresso de um
contingente de estudantes muito mais diverso tem promovido uma alteração significativa no perfil dos cursos das universidades brasileiras. E com os cursos de CISO e de antropologia não é diferente. Uma maior participação de negros(as), indígenas, lgbtqia+, quilombolas e de outras parcelas da sociedade tem feito muita diferença nas formas de ensinar e de aprender antropologia. Questões de gênero, raça, etnia, geração, classe, sexualidade poderão pautar a experiência de quem se encontra na encruzilhada do ensinar ou do aprender essa ciência. Para dar conta temos lançado mão de estratégias de produção de pesquisa e de narrativas em que os nossos pertencimentos têm sido colocados também no jogo antropológico. Assim, a produção de auto etnografias, de escrevivências (Conceição Evaristo), de uma antropologia engajada, ou produzida a partir do lugar de fala, parece que são algumas das formas que temos encontrado para não deixar de fora esse protagonismo que vem de dentro. Desse modo, o GT tem interesse em trabalhos que dialoguem sobre formação em antropologia e sua escrita, a partir do viés da experiência de quem enuncia.
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Coordenação
Ana Cláudia Gomes de Souza (UNILAB), Beatriz Martins Moura (Ministério das Mulheres)
Debatedor(a)
Rosana Maria Nascimento Castro Silva (UERJ), Gilson José Rodrigues Junior (IFRN)
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GT 075: Mundos em performance: interfaces entre antropologia e arte
Resumo da atividade
Entre as artes e as ciências, o conceito de performance adquire formas variadas, cambiantes e híbridas. Há algo de não resolvido nesse conceito que resiste às formulações definitivas e delimitações disciplinares. Desde o século XX, despontam, no universo da antropologia, múltiplos centros gravitacionais de um campo emergente e surgem diversos pontos luminosos que servem de referência para as constelações de estudos de performance em universos em expansão e descentrados. Configura-se a chamada “virada performativa” na antropologia. Horizontes ampliam-se, subvertendo noções de campo e espaço e implodindo concepções de tempo. As atenções se voltam à ação dos corpos. Dos sentidos dos corpos, criam-se e se friccionam os sentidos de mundos. Em performance, mundos formam-se e desaparecem. Em ruídos, resíduos e elementos estruturalmente arredios, são detectados os movimentos sísmicos de sua criação. Nos remoinhos, encontram-se os que ainda não vieram a ser. Nesta proposta de GT, abrem-se perspectivas para explorar alguns dos remoinhos de mundos em performance.
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Coordenação
John Cowart Dawsey (USP), Rita de Cássia de Almeida Castro (UNB)
Debatedor(a)
Francirosy Campos Barbosa (USP), Robson Corrêa de Camargo (UFG), Rubens Alves da Silva (UFMG)
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GT 076: Antropologia nos Museus: coleções etnográficas, detentores e artistas
Resumo da atividade
A proposta deste GT é reunir reflexões e práticas levadas adiante por antropólogas (os-es), museólogas (os-es), detentores de objetos musealizados, organizadores de museus comunitários, curadores e artistas para compartilharem experiências, que lançaram novos olhares e arranjos para coleções, acervos e reservas técnicas. Bem como, iniciativas de museus ou pontos de memória, que foram constituídos sem acervos, coleções ou objetos. Ao reunir tais trabalhos pretendemos abrir um debate sobre múltiplas perspectivas de como a decolonização nos museus está se dando e como as diferentes práticas colaborativas e compartilhadas de fato acontecem, seus limites e possibilidades.
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Coordenação
Aristoteles Barcelos Neto (University of East Anglia), Luísa Valentini (USP)
Debatedor(a)
Ana Carolina Estrela da Costa (Museu das Culturas Indígenas)
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GT 077: Novas perspectivas antropológicas a partir de África: caminhos para reconfigurações autônomas no contexto sul-sul
Resumo da atividade
O campo de estudos africanos no Brasil vem passando por significativas reconfigurações ao longo dos últimos anos. Essas transformações acompanham as mudanças ocorridas no continente africano, em consonância com os trânsitos globais, avanços e retrocessos da democracia no contexto de crise do capitalismo ultraliberal e mudanças tecnológicas e incertezas ambientais. Tais desafios se impõem ao continente, mas também emergem novas formas de organização social e de estruturação de respostas africanas para estes desafios, em busca de maior autonomia política, da produção de conhecimento e de práticas sociais enraizadas.
Este GT tem como proposta discutir as etnografias produzidas em África, considerando o esforço de escapar da dependência das análises e teorias de viés eurocêntrico, produzindo conhecimentos a partir do Sul que ponham em relevo as pesquisas feitas a partir do Brasil em diálogo com seus pares africanos. Valorizamos o cruzamento entre ativismo, arte e academia na produção de saberes e práticas de transformação social, tendo em vista a construção de novas possibilidades de futuro para o continente.
Assim, encorajamos trabalhos que considerem estes diálogos que partem de pesquisadores de diferentes pontos do Sul, em temáticas como juventude, ativismos, memória, patrimônio, novas formas de organização e expressão política e outras questões que englobem perspectivas antropológicas para a compreensão de novas realidades africanas.
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Coordenação
Luena Nascimento Nunes Pereira (UFRRJ), Renato de Lyra Lemos (UFPE)
Debatedor(a)
Zacarias Milisse Chambe (UniRovuma)
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GT 078: O campo biográfico-narrativo e a prática etnográfica: diálogos possíveis
Resumo da atividade
A abordagem biográfico-narrativa tem sido cada vez mais utilizada na análise de acontecimentos sociais e culturais diversos, muitas vezes, associada à etnografia ou à perspectiva etnográfica. Por meio dessa abordagem, podem se revelar aspectos e pontos de vista acerca dos fenômenos estudados, sempre sob o olhar de cada sujeito e de suas memórias pessoais, pouco acessíveis por meio de outras metodologias. Entretanto, é fundamental a utilização de documentos arquivísticos e outras ferramentas de triangulação a fim de entrelaçar as narrativas biográficas aos seus contextos históricos, sociais e culturais, exercício necessário às reconstituições biográficas. Sendo a abordagem biográfico-narrativa interdisciplinar, interessa-nos discutir trabalhos que a utilizam em diálogo com a Antropologia, de modo a identificar suas potencialidades e limites. Pesquisas contemporâneas acerca de temas como diferenças e desigualdades de classe social, raça/etnia, classe, gênero, gerações, assim como de povos e saberes “tradicionais”, têm se aberto a esse diálogo com as narrativas biográficas, reconstituindo processos do ponto de vista dos sujeitos pesquisados. Interessa a esse GT reunir trabalhos que abarquem as narrativas biográficas no estudo de fenômenos sociais e culturais diversos e que tragam reflexões sobre as reverberações dessa abordagem na pesquisa antropológica e nos modos de apresentação dos textos acadêmicos.
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Coordenação
Izabel Missagia de Mattos (UFRRJ), Karla Cunha Pádua (UEMG)
Debatedor(a)
Melvina Afra Mendes de Araújo (UNIFESP)
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GT 079: O visível e o in(di)visível: ciências, conhecimentos e produções de mundos.
Resumo da atividade
Historicamente, a produção do conhecimento científico foi inscrita no universalismo ocidental como a forma legítima e hegemônica de descrever o mundo. Em contrapartida, os demais modos de produção de saberes foram alocados à parte das redes científicas e julgados como "crenças, irracionalidades ou formas imprecisas de conhecimento". Entretanto, a partir dos anos 70, o campo dos estudos de Ciências, Tecnologias e Sociedade (CTS) introduz diversos contextos de observação em que a produção dos fatos científicos se difere de outras formas de produção de conhecimento, não pela presunção de sua racionalidade, mas pela maneira específica que os cientistas relacionam a visibilidade da materialidade do mundo ao acionar seres invisíveis em seus laboratórios. Apesar de serem negados discursivamente pelos modernos, os eventos/actantes invisíveis se associam como testemunhas, atores e objetos da manifestação da verdade dos fatos científicos. Este GT se dirige tanto às etnografias das práticas científicas, quanto aos experimentos envolvendo conexões parciais, engajamentos, controvérsias, conflitos, mimesis, fricções e alianças em torno de interesses entre narrativas científicas e não científicas. Também acolheremos trabalhos sobre modos de produção de conhecimentos que disputem as formas de veridição do universalismo e do racionalismo euroamericanos, e/ou invistam em descrições sobre o cenário atual de instabilidade e incertezas epistêmicas manifestas nas primeiras décadas do século XXI.
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Coordenação
Guilherme José da Silva e Sá (UNB), Daniel Alves de Jesus Figueiredo (UFMG)
Debatedor(a)
Rafael Antunes Almeida (UNILAB), Flora Rodrigues Gonçalves (Fiocruz)
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GT 080: Ontologia e Linguagem: línguas indígenas, artes verbais e retomadas linguísticas
Resumo da atividade
Trabalhos recentes em Antropologia e Linguística sobre línguas indígenas, artes verbais e processos de retomada linguística vêm apontando que, para contribuir com o registro e fortalecimento da diversidade linguística, é fundamental a atenção às proposições ontológicas dos interlocutores indígenas quanto à tradução, dialogicidade, escuta e alteridade, tendo especial atenção às artes verbais e formas de discurso xamânicas. Distanciando-se de concepções de linguagem que operam a partir da separação entre natureza e sociedade, ou das ideologias linguísticas enquanto crenças e representações sobre a linguagem e sobre o real, a presente proposta de Grupo de Trabalho (GT) propõe um olhar para o multinaturalismo linguístico nos estudos sobre gêneros discursivos, artes verbais e processos de retomada linguísticos protagonizados por povos indígenas. O GT abre-se a propostas de trabalhos situados no campo interdisciplinar entre Antropologia e Linguística, que enfatizem as relações entre ontologia e linguagem observadas através de etnografias e processos de documentação de línguas indígenas, gêneros discursivos, artes verbais (cantos, fórmulas xamânicas, sonhos, narrativas míticas, dentre outros), modos de comunicação transespecíficos, e ações de retomada/revitalização linguísticas.
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Coordenação
Danilo Paiva Ramos (UNIFAL-MG), Leandro Marques Durazzo (UFRN)
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GT 081: Os limiares do corpo: a circulação de substâncias corporais e a produção de pessoas e relações
Resumo da atividade
As substâncias que circulam no interior dos corpos de homens e mulheres, cis e transgêneros, sempre foram e são, em diferentes culturas e grupos humanos, portadoras de algum tipo de poder, o que as leva a serem consideradas seja perigosas, seja benfazejas, produtoras de malefícios, poluições ou vantagens para quem com elas entra em contato. Hoje em dia seu poder é cada vez mais retraduzido para uma linguagem bioquímica, tendo inclusive surgido, a partir dessa visada científica e objetivante, um conjunto de novas substâncias invisíveis, mas não por isso menos poderosas. Um poder desencantado e objetificado, mas ainda assim bastante potente, agindo na constituição de corpos e subjetividades e, como consequência, de novos personagens sociais. O objetivo desse GT é acolher trabalhos que, a partir de diferentes tipos de pesquisa, reflitam sobre o modo como as substâncias corporais, sejam elas produzidas pelo corpo ou sintetizadas fora dele, materizalizadas de diferentes formas (como, por um lado, o sangue e o leite materno e, por outro, os hormônios e os neurotransmissores), agem no modo de ser das pessoas, o que pode ocorrer seja através de tratamentos com ou sem indicação médica e de novos tipos de autocuidado, seja de um controle mais ou menos rigoroso da troca de fluidos corporais entre as pessoas.
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Coordenação
Jane Araújo Russo (UERJ), Fabíola Rohden (UFRGS)
Debatedor(a)
Marina Fisher Nucci (UERJ)
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GT 082: Para além do CEP/Conep: desafios e reflexões sobre ética na pesquisa antropológica
Resumo da atividade
Desde os anos 90 o tema da ética da pesquisa tem sido recorrentemente associado ao sistema CEP/Conep. Esse sistema está ancorado no Conselho Nacional de Saúde (CNS) e, ao sugerir uma relação unívoca entre ética e pesquisa, termina por pautar de modo controverso a avaliação da ética nas pesquisas em Ciências Humanas, muitas vezes inviabilizando e invisibilizando o trabalho que é aí realizado. Este GT busca fomentar discussões sobre ética do trabalho antropológico em suas diferentes dimensões, problematizando a correlação imediata com o Sistema CEP/Conep e indo além do que dispõe esse aparato. Entendemos que a ética da pesquisa é plural e diz respeito a qualquer situação em que estejam presentes pessoas que agem sob perspectivas diferentes, sendo questão incontornável no fazer antropológico, e se impondo desde os momentos mais iniciais das investigações até suas publicações. Essa proposta resulta das atividades do Comitê de Ética em Pesquisa nas Ciências Humanas da ABA, que tem como objetivo compreender o que a comunidade antropológica tem discutido sobre ética de pesquisa para, então, produzir um debate capaz de apontar outros caminhos para a construção de uma governança científica democrática. Serão bem-vindos trabalhos que abarquem desafios e reflexões éticas presentes no processo de escrita, campo de trabalho, relação com empresas e entre pares, entre outras dimensões, bem como experiências com o atual aparato burocrático de controle da avaliação da ética da pesquisa.
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Coordenação
Hully Guedes Falcão (Fiocruz), Fernando José Ciello (UFRR)
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GT 083: Patrimônios culturais e meio ambiente: pensando a proteção de modos de vida e territórios de povos e comunidades tradicionais
Resumo da atividade
A CF 1988 consagrou entre seus princípios o reconhecimento da pluralidade étnica, social, racial e cultural, estabelecendo o direito à permanência e salvaguarda dos modos de ser, viver, fazer e expressar dos distintos grupos formadores da sociedade brasileira, bem como o direito de grupos específicos às terras tradicionalmente ocupadas. Contudo, entre avanços, recuos e desmanches, as políticas e rotinas administrativas voltadas para a instituição formal de territórios étnicos, para a salvaguarda de bens culturais e para a garantia de acesso ao meio ambiente equilibrado não alcançaram a proteção efetiva das práticas territorializadas que entrelaçam pessoas, culturas e ambientes.
O GT colocará em diálogo pesquisas sobre direitos de povos e comunidades tradicionais, buscando refletir acerca das possíveis confluências - mas também dos limites e contradições - entre políticas identitárias, patrimoniais e ambientais. Procuraremos evidenciar essas interfaces nas estratégias de resistência aos modos de apropriação hegemônica do espaço, que esvaziam sentidos, práticas e o lastro histórico dos territórios. Serão bem-vindos trabalhos de caráter etnográfico sobre processos de reconhecimento de identidades e territórios, patrimonialização, conflitos ambientais, biodiversidade, que mostrem o tensionamento entre instrumentos normativos, a aplicação de políticas de salvaguarda, e a efetiva proteção aos territórios, aos saberes e às estratégias de vida de povos e comunidades tradicionais.
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Coordenação
Ana Flávia Moreira Santos (UFMG), Luciana Gonçalves de Carvalho (UFOPA)
Debatedor(a)
Ana Carolina Carvalho de Almeida Nascimento (Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular), Aderval Costa Filho (UFMG), Joana Ramalho Ortigão Corrêa (UFRJ)
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GT 084: Patrimônios Culturais, Gênero e Diversidade Sexual: confluências e divergências
Resumo da atividade
Nas últimas duas décadas o campo do patrimônio cultural passou por significativas transformações conceituais e políticas que impactaram de modo decisivo as formas de olhar e agir sobre este campo no Brasil. Percebemos situação análoga nos estudos sobre gênero e diversidade sexual com relação à sua consolidação e continua transformação desde meados dos anos 1980. Mas, o que dizer sobre as interfaces entre estes dois campos? Por um lado, elas parecem apontar para as práticas instrumentais e simbólicas de poder governamental estatal para manutenção de coesões morais nas bases das ordens sociais vigentes. Por outro, apresentam também os múltiplos saberes, discursos e práticas de resistência aos efeitos daquelas práticas de poder. Nesse sentido, esse grupo de trabalho pretende reunir resultados consolidados ou provisórios de pesquisas, atividades de extensão e intervenção que proponham reflexões teóricas e/ou metodológicas que ajudem a responder perguntas como: qual é o panorama atual dos estudos sobre gênero e/ou experiências da diversidade sexual nos contextos de produção cultural, situações ritualizadas, festividades ou processos de patrimonialização e musealização? Que expressões, conflitos, tensões, silenciamentos e resistências perpassam esses campos em suas interações? Como estas questões impactam a reflexão sobre coleções, museus ou fundos arquivísticos? O que este olhar pode nos oferecer como possibilidades de refletir sobre a produção de sujeitos e instituições hoje?
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Coordenação
Daniel Roberto dos Reis Silva (CNFCP/IPHAN), Fabiano de Souza Gontijo (UFPA)
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GT 085: Pesquisas sobre infâncias a partir das cosmologias tradicionais
Resumo da atividade
Em continuidade às edições anteriores, o GT agregará pesquisadores da Antropologia da Criança e áreas afins. Nesta edição reuniremos investigações realizadas com crianças a partir de cosmovisões tradicionais, tomando-as como sujeitos, privilegiando perspectivas críticas e decoloniais, que apontem saídas para o caos social e o neoliberalismo. Pesquisas situadas na virada ontológica da disciplina, atentas aos impactos do homem sobre o planeta e as relações das crianças com o ambiente, território, animais, o não-material, o sobrenatural, o não-humano e os encantados serão bem-vindas. A multiplicidade das infâncias, enquanto categoria estrutural dentro do ciclo geracional, através das experiências de povos tradicionais em terras indígenas, quilombos, sítios, florestas, reservas extrativistas, às margens de rios, APAS e até mesmo no contexto urbano, estará presente. Na interface com temas caros à antropologia - subjetividades, parentesco, cuidado, territorialidades, aprendizagens, etnicidades, religiões, turismo, meio ambiente, políticas públicas, etc – os trabalhos apresentarão soluções propostas pelos povos originários, tradicionais e ancestrais. Buscamos trabalhos que tensionem as intersecções promotoras de desigualdades (intergeracionais, etárias, raciais, classistas, de gênero e sexualidade, moradia), que desterritorializam os corpos-territórios da infância e agravam-se na contemporaneidade com crises políticas e climáticas, ameaçando a r-existência de seus grupos.
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Coordenação
Emilene Leite de Sousa (UFMA), Maria do Socorro Rayol Amoras (UFPA)
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GT 086: Povos indígenas e experiências de construções biográficas
Resumo da atividade
O GT busca reunir pesquisas que apresentem interpretações novas sobre a persistente presença e protagonismo dos povos indígenas no Brasil desde o período colonial até à atualidade. Partindo de contribuições dos campos da antropologia, sociologia, história, entre outros, buscamos reunir biografias, trajetórias, histórias de vida, autobiografias, etnobiografias. Através dessas modalidades de registros biográficos, pretendemos estimular a compreensão da complexidade das formas de participação indígena na constituição da história nacional bem como dos regimes de memória e outrificação de que foram objeto. Entendemos a produção em registro biográfico como uma ferramenta narrativa crítica, importante para compreender a articulação de comunidades, instituições, projetos políticos e utopias. Algo no sentido ao que Jacques Revel denomina “etnobiografias”. As propostas podem assim tratar de uma pessoa, um casal, uma família, um pequeno grupo ou ainda um acontecimento significativo. As transformações sociais serão tratadas como fenômenos sociais totais, envolvendo dimensões emocionais e afetivas, explorando aspectos contraditórios e ambíguos nas relações sociais, considerando também os contextos intersocietários e buscando compreender o protagonismo e a “agency” permanentemente exercida pelos indígenas.
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Coordenação
Rita de Cássia Melo Santos (UFPB), João Pacheco de Oliveira Filho (UFBA)
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GT 087: Práticas espirituais na África e nas Américas
Resumo da atividade
O objetivo deste GT é dar continuidade às discussões que vêm sendo feitas tendo como base o contraponto etnográfico entre as duas abordagens clássicas da antropologia dos povos afro-americanos, geralmente divididas entre um determinismo cultural - que considera as características sócio-culturais originais africanas como condicionantes das realidades destes coletivos -; ou um determinismo histórico - que afirmaria que são as condições dos novos contextos circunvizinhos os principais responsáveis pelo desenvolvimento contemporâneo dessas manifestações. Assim, o GT visa colocar em comunicação casos etnográficos estudados tanto em diferentes partes do continente americano quanto no continente africano, permitindo assim ao grupo de trabalho articular conexões tanto entre práticas religiosas quanto entre coletivos de matriz africana. Serão privilegiadas propostas que empreendam reflexões etnográficas sobre os modos pelos quais estas práticas instauram e são instauradas por meios “eto-ecológicos”, ou seja, meios nos quais a constituição do ser não pode ser desligada das relações que este estabelece com o ambiente e com os outros seres que o povoam.
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Coordenação
Clara Mariani Flaksman (UFRJ), Miriam Cristina Marcilio Rabelo (Docente)
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GT 088: Processos e histórias transfronteiriças de coletividades em movimento - Os desafios da mobilidade indígena na atualidade..
Resumo da atividade
Todas as pessoas se movem. A mobilidade é uma condição humana. Pelo menos isto é fortemente apoiado por estudos antropológicos referentes às dinâmicas das relações interétnicas, geo espaciais, bem como, as geopolíticas em transformações na atualidade.
Esta proposta de GT visa atualizar a discussão antropológica sobre os atuais movimentos de coletividades indígenas que mostram uma especificidade com relação com as narrativas mitológicas, histórias de deslocamentos territoriais, itinerários e trajetórias de vida sobre movimentos na atualidade geo espacial. Dentro desta abordagem abrimos o debate para de um lado mapear essas mobilizações na história e etno-historia dos povos originários, em algumas regiões de contato interétnico e muito linguístico, debater alguns elementos críticos, relativos ao uso de classificações legais e justificativas políticas de alguns governos, para prevenir ou adiar a entrada de pessoas em movimentos nas fronteiras ditas oficiais e nas fronteiras não oficiais. E, sobretudo, elencar as diversas motivações coletivas para a realização de mobilidades no contexto de uma região e sua geopolítica, especificamente pode-se falar das regiões do Noroeste Amazônico especificamente, as regiões das fronteiras com o estado de Roraima, as regiões amazônicas da tríplice fronteiras no Rio Solimões, as fronteiras nas região do Estado de Rondônia tanto com a Bolívia, quanto com o Peru, ou ainda as fronteiras dos estados do Mato Grosso e Rio Grande do Sul.
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Coordenação
Renato Monteiro Athias (UFPE), José Exequiel Basini Rodriguez (UFAM)
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GT 089: Quilombos: processos de territorialização, movimentos sociais e conflitos
Resumo da atividade
O Comitê Quilombos da ABA propõe neste espaço reunir pesquisas realizadas em diversas regiões do país que reflitam sobre os processos de territorialização e a intensificação de conflitos territoriais, acirrados pelo avanço dos chamados megaempreendimentos de carbono, mineração, agronegócio, imobiliário, infraestrutura, criação ou privatização de unidades de conservação, barragens, energia eólica, entre outros, nos territórios quilombolas. Busca-se também analisar os processos de retomada de regularização fundiárias e as políticas públicas em curso nos territórios. As implicações relacionadas aos processos de licenciamento ambiental e a ausência de aplicação de dispositivos constitucionais ou internacionais, como o que estabelece a Convenção 169 da OIT quanto à consulta prévia, livre e Informada. Trabalhos que abordem movimentos de resistência e mobilização social em torno da valorização de memória dos guardiões, saberes e formas de transmissão, tecnologias tradicionais, afirmação da identidade, patrimônio cultural e educação escolar quilombola. Serão também de interesse a problematização as diversas estratégias de resistência e mobilização social criada pelas comunidades quilombolas diante da aceleração das mudanças climáticas.
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Coordenação
Cynthia Carvalho Martins (UEMA), Raquel Mombelli (aba)
Debatedor(a)
Osvaldo Martins de Oliveira (UFES), Alfredo Wagner Berno de Almeida (UEMA)
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GT 090: Religiões afro-ameríndias entre Norte e Nordeste do Brasil: territórios, trânsitos e práticas
Resumo da atividade
Atentos/as às históricas peculiaridades das formas de ocupação colonial, ameríndia e africana das regiões Norte e Nordeste do país e aos efeitos destes encontros e desencontros nas expressões afrorreligiosas nestas regiões, que trazem consigo entidades e deidades em constante relação, este Grupo de Trabalho pretende reunir pesquisas, concluídas ou em desenvolvimento, dedicadas a pensar as religiões de matrizes afro-indígenas designadas como terecô, jurema, catimbó, umbanda cabocla, mina, omolokô, xambá, toré, torém, uricurí, xangô, candomblé, entre outras, dando enfoque à agência das entidades (caboclos, encantados, exus, pombagiras, ciganos, pretos-velhos, etc.) e divindades (inquices, voduns, orixás) nos trânsitos e trocas entre a região norte e nordeste. Partimos do entendimento de que, a despeito das distintas formas de ocupação colonial destas regiões, sempre houve entre elas intensos trânsitos de sujeitos, seres, conhecimentos, práticas, rituais, objetos, entidades e deidades, que trazem consigo paisagens, ecologias e ancestralidades. Exatamente por isso, nosso intuito é reunir trabalhos dedicados a pensar essas relações, através de tais fluxos e trânsitos, estabelecidos no universo dos terreiros. Portanto, esperamos receber trabalhos dedicados a pensar em termos descritivos, comparativos e analíticos, a agência, movimento e relação de entidades e deidades que ganham contornos múltiplos nos encontros possíveis entre o Norte e o Nordeste do Brasil.
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Coordenação
Leonardo Oliveira de Almeida (cebrap), Patricio Carneiro Araújo (UNILAB)
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GT 091: Religiões afro-brasileiras e mobilizações afrorreligiosas: enfoques etnográficos e metodológicos contemporâneos
Resumo da atividade
A ideia das religiões afro-brasileiras como patrimônio nacional é resultado da ação de sacerdotes e sacerdotisas, pesquisadores/as, gestores/as do patrimônio e militantes. Tal representação vem sendo posta em xeque devido aos ataques e atentados sofridos por essas religiões nas últimas décadas, em todo o país.
O objetivo deste Grupo de Trabalho é contribuir para os estudos antropológicos a partir da análise contemporânea das religiões afro-brasileiras. Espera-se que sejam debatidos os estudos sobre as diferentes tradições fundantes - as matrizes africanas e indígenas, deram origem a diversas manifestações nos estados brasileiros, não se limitando aos cultos iorubanos; pesquisas voltadas para o impacto da transnacionalização religiosa que confronta as práticas locais aos cultos importados da Nigéria e de Cuba, transformando profundamente o campo afrorreligioso; os diálogos entre a religiosidade afro, a educação, as artes e as políticas de patrimônio; e os conflitos que se relacionam com as tradições cristãs (católica e protestante) e seus efeitos na construção da identidade da população brasileira e no desenvolvimento de uma mobilização afrorreligiosa. Pretende-se ainda priorizar a seleção de trabalhos que discutam os modos de fazer pesquisa de campo e a expansão das fronteiras, levando-se em consideração a difusão que as religiões de matriz africana têm vivenciado nos últimos anos se implantando em novos territórios (América Latina, Europa e Ásia).
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Coordenação
Ana Paula Mendes de Miranda (UFF), Stefania Capone (CNRS)
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GT 092: Retomadas, tessituras e insurgência no fazer antropológico e outros fazeres.
Resumo da atividade
Com o objetivo de reunir estudos que abordem propostas de pesquisadores que se deslocam deste lugar do/da/de outro(a/e) e constroem uma narrativa de subjetividade implicada com epistemologias êmicas na feitura da teoria antropológica e o fazer em outros espaços, a partir da perspectiva de sujeitos/as/es que existem em diferentes contextos que outrora foram locais centrais para a reflexão sobre alteridade. Hoje, estes contextos passam a ser locus participativos num processo de transformação social ocorrido na última década. Na esteira das/dos/des intelectuais que agora vem construindo proposições teóricas a partir também do que experienciaram seus cotidianos de vida, nos implicando numa ideia de etnografia envolvida. Visamos expandir o debate a partir das reflexões propostas por estes/as pesquisadores/as, partindo de suas produções, vivências, experiências e grafias em reflexões antropológicas. Objetivamos assim, construir espaços que fomentem o debate sobre esses processos de retomada no fazer antropológico por esses sujeitos/as/es, como forma de expansão de suas lutas na produção de conhecimentos e reivindicações por direitos, localizadas no campo acadêmico. A proposta é ampliar e aprofundar o debate sobre as produções e as/os intelectuais, traçando cruzos que reposicionam saberes e fazeres dentro e fora da antropologia brasileira, mas perspectivam saberes e seus usos em diferentes contextos.
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Coordenação
Edilma do Nascimento Souza (UNIVASF), Alexandra Eliza Vieira Alencar (UFSC)
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GT 093: Ritmos negros e periféricos: Hip-hop, Música e Identidades
Resumo da atividade
Este grupo busca possibilitar a socialização e o debate de pesquisas concluídas ou em andamento, enfocando a música, ritmos e movimentos socioculturais como elementos de mobilização coletiva, definição de linguagens e códigos de comunicação, com ênfase na construção de performances entre grupos de juventudes nas diversas regiões brasileiras, ou mesmo em outros países, a partir das tendências rítmicas veiculadas pelos sistemas midiáticos. Cada vez mais, expressões artísticas que eram assumidas como simplesmente formas de lazer, são acionadas e compreendidas como formas de se expor posições políticas e afirmação de identidades.
Dentre essas expressões, a cultura Hip-hop conquistou espaço relevante nas produções acadêmicas. A proliferação da cultura Hip-hop pelo mundo propiciou uma série de estudos sobre a temática, consolidando o que tem sido chamado de Hip-hop Studies (NEAL, 2011). Destacam-se, nessa área, pesquisas locais e comparativas sobre Estados Unidos, Caribe, Américas, Europa, Ásia, Oceania e África. Nestes diferentes contextos, a cultura Hip-hop tem integrado pesquisadores das mais diversas áreas do conhecimento, especialmente ciências sociais e com significativa produção em antropologia, os quais buscam compreender as dinâmicas sociais dos contextos urbanos. O Hip-hop studies busca elucidar não apenas o que é o Hip-hop e as suas idiossincrasias, mas, sim, flagrar o que ele revela sobre as experiências de vida em contextos de precariedade.
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Coordenação
Omar Ribeiro Thomaz (UNICAMP), Carlos Benedito Rodrigues da Silva (UFMA)
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GT 094: Saberes Localizados, escritas de si e entre os seus: desafios político-teóricos e metodológicos nas práticas etnográficas
Resumo da atividade
Historicamente, a Antropologia tem sido marcada por um viés coletivista/ objetivista, em detrimento da atenção à subjetividade, ao "biográfico" e à experiência pessoal. Nos anos 1970 surgem etnografias em que a/o autora/o se constrói como personagem ativa, na interação com interlocutores ou na explicitação de sua trajetória e posicionamentos político-epistemológicos. Esta antropologia reflexiva é coetânea à formação de pesquisadoras/es oriundas/os de comunidades tradicionais, que recorrem à escrita de si (e entre os seus) na etnografia, focando o pertencimento coletivo mais que a experiência interior. Tais abordagens, por vezes rotuladas como autoantropologia ou autoetnografia, foram alvo de suspeição por seu suposto individualismo e não-cientificidade. Gerando polêmica e tensão criativa no campo, contribuem para a crítica ao presente e autoridade etnográficas, para a reflexão sobre aspectos ético-políticos e metodológicos da pesquisa, e a construção de "saberes localizados" (Haraway, 1995). O GT dá continuidade a grupo iniciado na XIV RAM (2023), congregando etnografias junto a grupos/ categorias a que a/o pesquisadora/o pertence (transexuais e outras pessoas LGBTI+; indígenas; pessoas negras; mulheres cisgênero; etc), e contemplando abordagens plurais (epistemologias negras feminista e transfeminista; escrevivência; etnografia entre parentes; estudos sobre branquitude e cisgeneridade; etc). Desejamos fomentar a reflexão comparativa sobre potencialidades destas abordagens.
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Coordenação
Leandro de Oliveira (UFMG), Moisés Alessandro de Souza Lopes (UFMT)
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GT 095: Saberes plurais em torno do uso de drogas
Resumo da atividade
Essa proposta é uma nova edição do GT que se encontra desde 2013 e visa refletir sobre as representações e práticas acerca dos usos de substâncias psicoativas, discutindo instrumentos teóricos e metodológicos que permitam compreender seus efeitos sociais, bem como os controles que as cercam. Contempla a multiplicidade de discursos e práticas que coexiste em torno dessas substâncias, como a própria definição como “drogas” ou “medicamentos”, por exemplo. Tanto as estratégias de controle sobre as experiências de uso, como aquelas mobilizadas para garantir esse consumo são consideradas em suas singularidades, isto é, a partir de sua própria constituição. O ponto de partida é problematizar o paradigma “médico-legal” em que se baseiam as políticas de drogas estatais. Ao mesmo tempo, busca-se superar a dicotomia “efeitos farmacológicos” versus “aspectos culturais”, promovendo o diálogo entre diferentes campos de conhecimentos. Para tanto, o GT comporta: 1) etnografias sobre usos de substâncias, sejam elas classificadas como “drogas”, “plantas” ou “medicamentos”; 2) análise de políticas de drogas e das instituições que atualizam regimes de controle e regulação, nos campos da justiça, saúde, religião, ciência, sociedade civil e seus entrecruzamentos; 3) pesquisas que exploram a fluidez de fronteiras entre lícito e ilícito; natural e artificial; social/terapêutico/ritual; endógeno e exógeno; tratamento/prevenção/aprimoramento; proibição/regulação/legalização
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Coordenação
Frederico Policarpo de Mendonça Filho (UFF), Beatriz Caiuby Labate (Instituto Chacruna)
Debatedor(a)
Paulo Cesar Pontes Fraga (UFJF), Rogerio Lopes Azize (UERJ), Lígia Duque Platero (Instituto Chacruna)
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GT 096: Sexualidade, gênero, raça e territorialidades: articulações, pertencimentos e direitos em disputa
Resumo da atividade
Noções de sexualidade e gênero impõem-se como nodais na expressão de relações sociais e conflitos que marcam a emergência de novos sujeitos políticos, direitos e categorias em meio a tentativas de retomada democrática, em contexto de adensamento dos conservadorismos e ultraliberalismos. A antropologia tem fornecido contribuição central para a compreensão desses processos, afirmando seu compromisso histórico com sujeitos cujos direitos e dignidade têm estado sob ataque por diferentes atores sociais. Partindo da perspectiva de que sexualidade e gênero se articulam – e constituem-se mutuamente –a outras categorias, tais como: raça, classe social, geração, territorialidades, pertenças religiosas, e outras, vem se produzido avanços na análise da produção de diferenças e desigualdades, a partir de gramáticas articuladoras de regimes morais, jurídicos e políticos. Esse GT pretende reunir trabalhos que, situados na intersecção entre gênero, sexualidade e outras categorias de diferença, ofereçam reflexões pertinentes ao contexto contemporâneo, particularmente nos seguintes termos: 1) dinâmicas relacionadas à violência em suas diversas modalidades, contextos sociais e formas de administração; 2) produção de corpos e subjetivações relacionados a gênero, sexualidade, raça e religião; 3) constituição de territorialidades, envolvendo circulações, trânsitos, fluxos e fronteiras de diferentes ordens; 4) transformações, conflitos e disputas no campo dos direitos, políticas e movimentos.
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Coordenação
Jacqueline Moraes Teixeira (UNB), Roberto Marques (URCA)
Debatedor(a)
Regina Facchini (UNICAMP), Nina Rosas (UFMG), Juliana Farias (UERJ)
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GT 097: Sistema de justiça e a (re)produção da cultura jurídica brasileira
Resumo da atividade
As discussões propostas por este SE priorizam investimentos a partir de pesquisas empíricas – etnográficas ou etnografia com outros métodos de pesquisa - que problematizam processos de desconstrução e relativização de práticas jurídicas que propiciem a construção de um saber crítico e reflexivo em diálogo entre a Antropologia e o Direito. Essa abordagem permite, como vem sendo demonstrada pelas inúmeras pesquisas realizadas no âmbito do Núcleo de Pesquisa em Processos Institucionais de Administração de Conflitos (NUPIAC/PPGD/UVA) e demais pesquisadores do Instituto de Estudos Avançados em Administração de Conflitos (InCT/InEAC/UFF), a análise de temáticas relacionadas aos rituais judiciários, sistemas de justiça, etnografias de espaços judiciais ou extrajudiciais, os discursos jurídicos, e o fazer de diversas profissões jurídicas. Também interessa discutir problemas específicos de pesquisa antropológica aplicada ao campo do Direito, tais como: formas de delimitação do objeto da pesquisa, o ingresso em campo e o diálogo entre percepções e abordagens sobre os percursos das pesquisas e o lugar do pesquisador, além da compreensão do ponto de vista dos interlocutores no trabalho de campo, os sentidos que atribuem às suas práticas, dilemas éticos e morais.
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Coordenação
Roberto Kant de Lima (UFF), Daniel Schroeter Simião (UNB)
Debatedor(a)
Michel Lobo Toledo Lima (INCT-InEAC), Theophilos Rifiotis (UFSC), Fábio Reis Mota (Departamento de Antropologia)
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GT 098: Som, música e eventos: experimentações etnográficas
Resumo da atividade
A reconhecida centralidade do olhar na tradição etnográfica, marca clássica da ideia de observação participante, tem sido continuamente desafiada por experimentações etnográficas que conferem destaque à dimensão multissensorial das pesquisas antropológicas. O objetivo deste GT é enfatizar a importância e os desafios teóricos e metodológicos dos trabalhos que tomam o som como aspecto especialmente relevante de pesquisas realizadas nos mais variados contextos etnográficos. Dentre as explorações possíveis de paisagens sonoras (todas bem vindas no GT), interessam-nos particularmente pesquisas com, sobre ou atravessadas pela música: debates sobre gêneros/estilos musicais, suas transformações e disputas; tensionamentos classificatórios em/entre campos musicais; reflexões sobre a dimensão performativa da música e sua relação com dinâmicas urbanas; análises sobre o campo da produção e do fazer musical e suas redes; articulações entre música, religião, política, emoção, território, lugar, performances; e debates metodológicos sobre estes estudos. Soma-se ainda nesta proposta um interesse específico nos debates contemporâneos sobre pesquisas etnográficas realizadas em eventos: situação antropológica usualmente abordada em trabalhos que tratam de som e música, mas nem sempre discutida com a devida atenção. Interessam-nos, também, modelos experimentais de comunicação científica, que valorizem a dimensão sonora inclusive no momento da apresentação e divulgação destes trabalhos.
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Coordenação
Carly Barboza Machado (UFRRJ), Matheus Gonçalves França (ABA)
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GT 099: Técnica, Território e Práticas de Conhecimento
Resumo da atividade
Neste GT buscamos abordar as relações e transformações técnicas vivenciadas em diferentes contextos sócio-ecológico-territoriais. Nos interessa refletir sobre as dinâmicas de tradições de conhecimento locais e práticas de conhecimento em curso a partir de uma perspectiva da antropologia (mas em diálogo com outras áreas de saber), interessada nos processos técnicos, sem adesão a acercamentos tecnofilíacos nem tecnofóbicos. Serão bem-vindos trabalhos preferencialmente de caráter etnográfico que reflitam sobre a articulação entre processos técnicos e territoriais, através de aproximações teórico-metodológicas que apresentem avanços quanto a superação de determinados dualismos como natureza/cultura, material/imaterial ou sujeito/objeto. Nesse sentido, esperamos trabalhos que abordem intencionalidades e escolhas técnicas, cadeias operatórias, gestos e ritmos técnicos, a constituição de redes sociotécnicas, as relações com objetos técnicos e os processos de aprendizagem relacionados com diferentes concepções de território e modos de ação que configuram modos de vida e específicas organizações político-territoriais. Nos interessa também receber trabalhos que levem em conta o papel das técnicas e das relações ecológicas na geração de mapeamentos participativos e demais produções colaborativas que resultem da confluência entre preocupações acadêmicas e práticas de conhecimento locais.
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Coordenação
Alessandro Roberto de Oliveira (UNB), Fabio Mura (UFPB)
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GT 100: Trabalho Sexual em Tempos (Pós)Catastróficos
Resumo da atividade
Sem dúvida alguma, a última década mudou a face do trabalho sexual no Brasil. Os megaeventos esportivos de 2014 e 2016, o colapso do governo do PT, a volta da crise econômica, as vitórias eleitorais das direitas extremas, e -- finalmente -- a pandemia da COVID-19 fizeram impactos duradouras na organização do sexo comercial em nosso país. Quando esses impactos foram pensados na luz de fatores já existentes como a crescente digitalização do trabalho sexual – os pânicos morais frente ao assim-chamado "tráfico de pessoas"e a "pornografia", o recrudescimento do policiamento dos fluxos migratórios, e a continuada cruzada conta pessoas LGBQ e particularmente T – o trabalho sexual brasileiro parece estar passando por uma fase que poderia ser qualificada como “catastrófica” em termos de seus impactos nas vidas das pessoas engajadas no comércio do sexo. Esse GT apresentará trabalhos etnográficos e antropológicos que buscam desvendar as mudanças e permanências no trabalho sexual frente ao katastrophē – ou virada repentina – dos últimos 10 anos. Daremos prioridade para trabalhos que focalizam no Brasil, mas também podemos incluir trabalhos que tomam como seu objeto outras viradas em outras regiões do globo que dialogam com os acontecimentos em terras brasilis.
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Coordenação
Thaddeus Gregory Blanchette (PP), Ana Paula Luna Sales (UNICAMP)
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GT 101: Trabalhos etnográficos com população em situação de rua: modos de existir/resistir, políticas, governos e agências
Resumo da atividade
Em novembro de 2022 ocorreu no STF a audiência de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 976, nessa ocasião, a Corte determinou aos Executivos federal, estaduais e municipais a adoção de providências em relação às condições de vida da população em situação de rua no Brasil. A audiência foi considerada histórica por ser a primeira vez que o STF abordou o tema. A questão tem alçado atores políticos inéditos e nos fez interpelar a contribuição da antropologia, e das ciências sociais nesse debate. Num cenário de hegemonia neoliberal, parcerias público-privadas são naturalizadas na gestão das camadas precarizadas que vivem ou circulam pelas ruas. Todavia, assegurar moradia, trabalho e saúde mental, evitar o definhar e a morte são modalidades de alta complexidade, que abrangem dispositivos diversos, as particularidades de cada território e o lidar com atores que operam o governo das condutas nas margens. Este GT pretende agregar trabalhos etnográficos com população em situação de rua que compartilhem relatos empíricos, instrumentais teóricos e metodológicos, e engajamentos militantes. Receberemos trabalhos atentos tanto a questões internas às ruas, suas dinâmicas, tipos urbanos, modos de habitar, ganhar dinheiro, segregação e violência, quanto a questões referentes ao aparato de gestão destinado a tal público, como abrigos, centros de convivência, CAPSad, consultório na rua, comunidades terapêuticas, prisões, ongs, igrejas e correlatos.
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Coordenação
Taniele Cristina Rui (UNICAMP), Adriana dos Santos Fernandes (UERJ)
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GT 102: Transições democráticas e controle social: repensando marcações temporais
Resumo da atividade
Dando continuidade aos trabalhos iniciados na RBA de 2020, o GT pretende reunir etnografias e pesquisas históricas que constroem delineamentos acerca de transições democráticas, desafiando marcações temporais convencionadas e preferindo tomá-las como problema de pesquisa. Como explicação a priori, o binômio democracia/ditadura, muitas vezes, impede-nos de pensar a respeito dos processos que ajuda a descrever e dos problemas que é capaz de ocultar em nossas pesquisas. Nesse sentido, a proposta visa colocar em debate trabalhos, de caráter conceitual e/ou de diferentes recortes empíricos, para provocar reflexões imprevistas em torno do mesmo problema teórico-político. Sem limitar os campos de investigação que poderão ser acolhidos, nos interessam trabalhos que problematizem questões como: 1) as implicações das leis de anistia e os silenciamentos impostos a atores sociais que sofreram violências durante a vigência de regimes ditatoriais, assim como a recepção de suas lutas reivindicativas de memória, verdade e justiça em democracia; 2) o caráter ambíguo de políticas humanitárias transicionais adotadas por países periféricos; 3) construções de fronteiras e distinções entre crime político e crime comum, e/ou entre segurança nacional e segurança pública, como mecanismos de controle social; e 4) a mobilização da guerra às drogas e a expansão penal como dispositivos centrais de combate às ilegalidades e controle das populações pobres (majoritariamente não-brancas) em democracia.
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Coordenação
Desirée de Lemos Azevedo (UNIFESP), Adalton Jose Marques (UNIVASF)
Debatedor(a)
Liliana Sanjurjo (UERJ)
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GT 103: Universidade Indígena no Brasil: experiências e possibilidades
Resumo da atividade
A criação da Universidade Indígena é reivindicação do movimento indigena reapresentada ao Ministro da Educação no início de 2023 como parte das propostas consideradas prioridade no VI Fórum Nacional de Educação Escolar Indígena (dez./2022). Essa proposição resulta, por um lado, das experiências que vem ocorrendo de forma crescente nos últimos 25 anos de presença e participação de indígenas no ensino superior como discentes, docentes e pesquisadores, Por outro lado, a proposição busca dialogar com experiências de outros países, em especial na América Latina, em instituições referidas como universidades interculturais e/ou universidades indígenas. Neste GT, propomos revisitar diferentes experiências para buscar identificar referências e reflexões de caráter epistemológico, metodológico, de práticas e políticas de conhecimento que possam constituir o repertório a partir do qual seja possível construir a proposta de "Universidade Indígena no Brasil" considerando diversos programas e experiências de: documentação das línguas indígenas e revitalização linguística; gestão territorial e ambiental em TI; sáude indígena; ensino superior (licenciaturas interculturais indígenas e demais modalidades); pesquisa e autoria indígena; centros de formação conduzidos por organizações indígenas; museus indígenas; educação escolar básica indígena; participação de sábios e conhecedores indígenas nas universidades; atuação de indígenas como docentes e pesquisadores nas universidades; dentre outros.
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Coordenação
Gersem José dos Santos Luciano (UNB), Ana Maria Rabelo Gomes (UFMG)
Debatedor(a)
Rita Gomes do Nascimento (UFRN), Altaci Corrêa Rubim (UNB), Rosilene Cruz de Araujo (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO)
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GT 104: Visualidades Indígenas
Resumo da atividade
Esta proposta retoma a experiência dos GTs Visualidades Indígenas realizados nas RBA’s de 2016, 2018 e 2022, visando reunir pesquisas recentes que analisem as produções audiovisuais feitas por povos indígenas ou sobre eles. O escopo das investigações a serem apresentadas deve agregar reflexões sobre as concepções de imagem do ponto de vista das cosmologias de distintos povos indígenas, mas também reflexões sobre a apropriação das técnicas de produção de imagens, análises de processos de formação em cinema e vídeo por meio de oficinas e seus paradoxos e temas correlatos. O objetivo das sessões será; analisar as novas visualidades que se colocam para dentro e para fora dos grupos indígenas, o protagonismo dos jovens indígenas na produção de discursos audiovisuais a partir das lógicas culturais; relações entre imagem e xamanismo; circulação de pontos de vista indígena e sua recepção acadêmica, apropriação do audiovisual em processos de transmissão de conhecimento, seus limites e possibilidades. Os temas gerais que serão acolhidos no GT tratam de comunicação intercultural, arte, relações entre imagem e política, questões de autoria, tecnologias nativas do tornar visível, jovens indígenas e apropriação das técnicas do vídeo, transmissão oral e o audiovisual.
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Coordenação
Ana Lúcia Marques Camargo Ferraz (UFF), Edgar Teodoro da Cunha (UNESP)
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