ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Grupos de Trabalho (GT)
GT 048: Ensinar e aprender Antropologia
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Coordenação
Guillermo Vega Sanabria (UFBA), Luiz Alberto Alves Couceiro (UFRJ)
Debatedor(a)
Graziele Ramos Schweig (UFMG), Raimundo Nonato Ferreira do Nascimento (UFPI), Ari José Sartori (UFFS)

Resumo:
A expansão que a Antropologia alcançou no Brasil nas últimas duas décadas é notável, tanto pelo incremento do número de cursos de pós-graduação e graduação quanto pela sua inserção em outros níveis educacionais e contextos profissionais. Ademais, uma vez que a própria expansão do ensino superior tem se baseado no subsídio à oferta de novas vagas na rede privada e na Educação a Distância, assistimos também ao surgimento de outras modalidades de formação, nem sempre claramente identificadas. Esse quadro exige uma reflexão mais atenta às transformações do ensino e do aprendizado da Antropologia no país. A reflexão passa pela análise do processo formativo, em termos pedagógicos e didáticos. Porém, também remete à epistemologia, a ética e a relação entre teoria, métodos e história da Antropologia. Este GT visa compreender os rumos da Antropologia como ciência e como prática profissional na atualidade. Os trabalhos aqui reunidos analisam a formação em Antropologia e os desafios postos para sua realização. Também interessa aprofundar nos fundamentos históricos, epistemológicos, teóricos e pedagógicos do ensino e da aprendizagem da disciplina, que redundem no aperfeiçoamento da formação, não apenas de antropólogos e cientistas sociais, mas também de outros profissionais que, potencialmente, se beneficiam do conhecimento antropológico. Igual atenção merece o ensino e a aprendizagem de Antropologia na educação básica e em outros contextos, inclusive não escolares.

Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
Processo formativo e desafios da pesquisa antropológica com educadores
Ana Pires do Prado (UFRJ)
Resumo: Há mais de uma década atuamos na Faculdade de Educação de uma universidade pública federal como docentes de antropologia em cursos de graduação e pós-graduação. Além da formação de educadores e da realização de pesquisas educacionais com olhar antropológico, temos formado pesquisadores em educação que realizaram seus trabalhos com o olhar antropológico e/ou com a pesquisa etnográfica. O argumento das pesquisas já realizadas sobre o ensino de antropologia na formação de professores indica que ele possibilita a construção do olhar antropológico, a circulação dos conceitos e dos métodos da antropologia fora das ciências sociais e a relativização do que ocorre no espaço escolar. Nesta apresentação avançaremos com esta argumentação ao descrever o processo de formação em Antropologia e as pesquisas já realizadas no campo educacional pelos orientandos da pós-graduação. Destacaremos as dinâmicas de ensino e aprendizagem de antropologia que foram sendo modificados ao longo da nossa trajetória como docentes e descreveremos as pesquisas realizadas por educadores e os desafios colocados pelos pesquisadores iniciantes ao longo de sua formação na Antropologia e atuação com a pesquisa antropológica: o tempo da pesquisa, questionamentos de ser um educador e fazer a pesquisa etnográfica, dificuldades na descrição do "outro" e de relativização do eu educador e os desafios da escrita etnográfica.

Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
Relato e análise da experiência dos discentes do ensino médio no Fórum Maranhense de Sociologia
Andréa Joana Sodré de Sousa Garcia (UFMA), Ana Carolina Torrente Pereira (SEDUC)
Resumo: O presente trabalho traz análise sobre a experiência vivenciada por discentes das escolas públicas estaduais do ensino médio do Maranhão, a partir do desenvolvimento e realização do Fórum Maranhense de Sociologia que tem permitido um debate para além da sala de aula, buscando um aprofundamento de temas, não só da sociologia, mas também da antropologia, com objetivo de aprofundar mais as reflexões e conhecimentos sobre tais conceitos. Por meio de observação participante, entrevistas e colaboração dos estudantes que participaram efetivamente do evento, representando suas respectivas escolas, foi possível analisar de que formas este encontro tem sido relevante no desenvolvimento de uma proposta diferenciada de reflexão junto aos jovens estudantes. O Fórum tem sido um espaço que ultrapassa a sala de aula e promove a reflexão e visibilidade da Sociologia por meio das discussões de temas atuais e relevantes socialmente. Possui também um formato singular que envolve metodologias ativas e o protagonismo dos jovens que cursam o ensino médio. Um fator importante para o desenvolvimento do Fórum têm sido as parcerias com o governo estadual, através da Secretaria de Educação, que aprovou o projeto e tem contribuído com sua realização do Fórum nos 3 anos em que ocorreu.

Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
A percepção da cultura como gambiarra: caminhos possíveis da Antropologia no Ensino Médio
Árllan Maciel Cunha Alves (Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais)
Resumo: Como explorar as potencialidades do conceito de cultura e do método da Antropologia com estudantes do Ensino Médio? Neste trabalho, apresento uma sequência de aulas realizada na disciplina de Sociologia em uma escola pública do Ensino Médio em que, ao final, em uma articulação entre os conhecimentos dos estudantes e as ferramentas propostas pela Antropologia, chegamos à conclusão de que toda cultura é uma gambiarra. O mote antropológico de se estranhar o que é comum e de se familiarizar com o que é estranho tem servido para mim, enquanto professor de Sociologia na rede estadual, como uma potência criadora de práticas escolares dissidentes de uma educação bancária, como nomeada por Paulo freire, que se fundamenta na repetição do mesmo e na domesticação (quando não exclusão sumária) da alteridade, estabelecendo o uniforme como norma e princípio. Partindo da perspectiva de que, como diz Tim Ingold, a antropologia não lhe diz o que você quer ouvir, ela abala os fundamentos do que você pensava que já sabia”, propus aos alunos alguns exercícios de estranhamento sobre o espaço escolar, suas formas de constituição e as naturalizações que compõem seu cotidiano. Iniciando com uma dinâmica sobre o texto Ritos Corporais Entre os Nacirema”, de Horace Miner, em versão adaptada, fizemos uma caminhada atenta pela escola e, em grupos, os alunos fotografaram objetos, espaços e ritos desse ambiente que consideraram cotidianos e escreveram trechos descrevendo-os como estranhos e exóticos. Em sequência, passamos por um jogo para perceber culturas como teias de significados”, baseado em Clifford Geertz; por uma discussão sobre o fazer antropológico como estranhamento, familiaridade e registro de outros”, seguida de um exercício de escrita de cadernos de campo baseado no olhar, ouvir e escrever antropológicos, como coloca Roberto Cardoso de Oliveira; por fim, discutimos em sala de aula o texto O Cidadão 100% Americano”, de Ralph Linton. Assim, continuando nossas conversas e retomando as práticas anteriores, chegamos juntos à conclusão, pouco ortodoxa, de que toda cultura é uma gambiarra, partindo das ideias de Helena Assunção e Ricardo Mendonça para evocar o termo gambiarra como práticas de improviso, de reapropriação de algum recurso disponível que o transforma e adequa a uma necessidade específica”. Diante dessa sequência, que continua reverberando em minha atuação docente e que culminou numa conceituação coletiva, inesperada e inventiva do tão debatido conceito de cultura, percebo que a própria antropologia ganha novos fôlegos quando propomos que ela seja praticada em ambientes não acadêmicos e especializados, como é o Ensino Médio, num movimento que reinventa e bagunça os fundamentos do que achávamos que sabíamos, parafraseando Ingold.
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Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
Recuperando Hélène Clastres: pensando gênero, clássicos, linhagens e etnologia brasileira.
Brenno Ricardo Ramos de Medeiros (UFBA)
Resumo: Terra sem mal: profetismo tupi-guarani (1975), um ensaio sobre um complexo religioso-migratório feito pela etnóloga francesa Hélène Clastres, está às vésperas de completar 50 anos desde sua primeira publicação. Fruto da junção da experiência etnográfica da autora, dos trabalhos anteriores sobre religião Tupi-Guarani e dos relatos dos primeiros viajantes e missionários que tiveram contato com os Tupi-Guranis antigos, o texto ganhou importância numa certa etnologia feita no Brasil na década de 80, dando também os devidos créditos ao pensamento da autora e a sua originalidade ao lançar hipóteses propriamente etnológicas sobre as noções Guarani de ser humano, natureza e sociedade. Porém, logo a autora não foi mais escrita. Ao pesquisar a recepção da obra etnológica de Hélène Clastres no Brasil, abriu-se um número de questões. Por que essa etnóloga foi reconhecida em uma época e logo depois esquecida? Quando e onde sua obra pode ser considerada um clássico da etnologia no Brasil? Seu esquecimento está relacionado ao gênero ou há outros aspectos na sua obra que podem ter contribuído para tal? Qual linhagem disciplinar da autora? A partir da sua obra, entraremos um pouco daquilo que chamam de uma cultura antropológica, tentando entender mecanismos de classificação que priorizam metodologias, teorias e estilos. Filosofa de formação, além dos elogios à sua originalidade, a obra da autora foi acusada por uma tradição de estudiosos do Guarani por conter teses muito filosóficas. Na década de 80, muitos etnólogos americanistas foram acusados de idealistas. Além disso, o livro de H. Clastres se trata de um ensaio pouco fundamentado etnograficamente. O estudo do contexto da antropologia da época é importante para entender por que uma aproximação com a Filosofia e do estilo ensaístico francês ala Marcel Mauss podem ter prejudicado a usabilidade das teses da autora. Para isso, fazemos uma discussão em torno do ethnology brazilian style, ou, de forma crítica, da construção de uma ideologia brasileira da etnologia, para entender o lugar que ocupa Hélène Clastres nas escolas antropológicas brasileiras. Estes são temas caros para o estudo do ensino e aprendizagem na antropologia conquanto operam na seleção do conhecimento antropológico que formará novos especialistas e na reprodução de uma comunidade, que, como qualquer outra, tem seus critérios de valoração e hierarquia. Ao entrar no contexto da etnologia no Brasil, também mostra um momento da história da disciplina e das suas escolas teóricas-metodológicas.

Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
Letramento Acadêmico em Antropologia: um pilar para a construção de saberes coletivos na (e da) Universidade.
Fabiany Silva Ferreira dos Santos (UFMG), Beatriz Garcia Targino Teodoro Teodoro Da Costa Silva (UFMG), Rogério Brittes Wanderley Pires (UFMG), Glória Maria Vagioni Téga Calippo (UFMG)
Resumo: Os cursos de ensino superior no Brasil apresentam percalços que podem se transformar em um grande obstáculo para recém ingressos à Universidade, principalmente aqueles que não desfrutaram de uma formação pregressa, consistente e completa. A graduação em Antropologia não foge à regra, existem algumas especificidades que causam insegurança e ansiedade como, por exemplo, a alta carga de leitura, exigência de habilidade para escrever em estilos acadêmicos, pensamento crítico e até questões sobre a própria universidade e sua estrutura acessos às bibliotecas, sistemas, auxílios e etc. De modo geral, os discentes que ingressam no curso apresentam dificuldades de adaptação e inserção ao ambiente acadêmico. Visando uma adaptação mais leve, o Projeto Letramento Acadêmico em Antropologia e Arqueologia se dispõe a amparar estes alunos, oferecendo suporte e tirando dúvidas sobre o ambiente acadêmico, para que possam aperfeiçoar suas capacitações e ler, pensar, falar e escrever academicamente. Este projeto é financiado desde 2020 pela Pró-Reitoria de Graduação da UFMG (PROGRAD), através do Programa de Desenvolvimento do Ensino de Graduação (PDEG). Vinculado ao Colegiado da Graduação em Antropologia e Arqueologia da UFMG, nele atuam em conjunto professores, pós-graduandos e graduandos, aproximando não apenas as duas áreas de nosso curso, mas também a comunicação e a divulgação científica. O projeto produz vídeos, minicursos, oferece monitorias e plantões tira-dúvidas, discutindo questões levantadas pelos alunos do curso. Entre as demandas que recebemos, surgem assuntos como escrita acadêmica, criação e atualização do lattes, possibilidades profissionais etc. Nessa apresentação, daremos ênfase aos vídeos que produzimos, alguns dos quais já estão disponíveis em https://www.youtube.com/@antropologiaarqueologia. Apresentaremos o processo de construção das gravações, que visam sanar dúvidas e contribuir para uma inclusão na faculdade que costuma ser, infelizmente, desigual e elitista. As vivências e visões de mundo deixam rastros, por um lado, podem ser prejudiciais como, por exemplo, para alunos de escola pública que se veem diante de um mundo acadêmico completamente novo, hierárquico e que não foi pensado, nem de longe, para incluí-lo mas por outro, possibilitam a intencionalidade de passar pelo caminho transformando-o, causando mudanças e tirando um pouco das pedras que, antes, ocupavam toda a trilha. A partir desse pensamento, surge um projeto que visa colaborar a longo prazo para uma sonhada e, infelizmente ainda distante, equidade; mas que ao mesmo tempo, atinge seus objetivos propostos a curto prazo e provoca um efeito dominó, sendo uma das peças atingidas a própria Antropologia, acessada e composta por quem antes não chegava nem às portas da academia.
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Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
(Des)caminhos para uma (possível) antropologia da educação matemática
Jhemerson da Silva e Neto (UFMS), Antonio Hilario Aguilera Urquiza (UFMS), Harryson Júnio Lessa Gonçalves (UNESP)
Resumo: Pensar a relação entre Antropologia e (Educação) Matemática se faz em um duplo movimento: de um lado, trata-se de concebê-las enquanto formas de criação humana e modos de atribuir sentidos ao mundo vivido. De outro, a despeito desse aspecto levantado, ambas, no contexto do conhecimento dito científico, são disciplinas acadêmicas, isto é, constituídas a partir de um contexto ocidental e eurocêntrico de se conceber o conhecimento, o que nos provoca a tensionar de que modo saberes e fazeres outros inserem-se (ou não) na produção de conhecimento dito científico. Dessa forma, a presente comunicação tem como objetivo propor aportes teóricos com o intuito de construir possibilidades para uma mirada Antropológica da/na Educação Matemática. Ao propor a inter-relação entre essas duas disciplinas, emerge a proposta de uma Antropologia da Educação Matemática”. Pensar uma possível Antropologia da Educação Matemática oferece uma perspectiva interessante para interpretar como determinadas culturas concebem, ensinam e aprendem saberes e fazeres aqui chamados de [etno]matemáticos. Igualmente, pode oferecer subsídios para compreender como marcadores de diferença(s) tais como raça, classe, etnia, gênero(s) e sexualidade(s) produzem efeitos na constituição do ensinar e aprender matemática. A Antropologia, enquanto disciplina que estuda as culturas humanas, pode contribuir para a Educação Matemática ao fornecer subsídios sobre as diversas maneiras como diferentes grupos abordam a [Etno]Matemática em suas vidas cotidianas. Não obstante, a constituição de uma Antropologia da Educação Matemática enquanto campo de estudos e pesquisas tem vários desafios complexos de ordem epistemológica, metodológica e prática. No entanto, uma possível Antropologia da Educação Matemática pode fornecer a possibilidade de realização de uma descrição densa dos saberes e fazeres [etno]matemáticos presentes em tais grupos. Outrossim, uma interpretação antropológica da/na Educação Matemática possibilita compreender o modo como práticas [etno]matemáticas são constituídas nos mais variados contextos (naturais, culturais, sociais e imaginários), bem como os modos como tais grupos percebem e utilizam esses saberes e fazeres. Tal compreensão é importante para desenvolver abordagens pedagógicas sensíveis às diversidades de raça, gênero(s), sexualidade(s), etnia etc. Palavras-Chave: Ensino. Aprendizagem. Etnografia. Etnomatemática.
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Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
Fabulações em laboratórios de Antropologia: as experiências no LABareDA
Katianne de Sousa Almeida (UFG)
Resumo: O interesse da pesquisa de doutorado foi destacar o desenho como um caminho possível para a produção etnográfica, além de salientá-lo como um recurso pedagógico para a formação antropológica, dentro da estrutura disciplinar acadêmica na universidade. Na medida em que desenvolvia a ideia de desenhar os processos de compreensão de conceitos antropológicos eu construía uma narrativa gráfica sobre o meu florescimento como uma mulher negra na pós-graduação que precisava articular as teorias antropológicas e suas fissuras no contemporâneo. A tese tem uma proposta experimentativa de compartilhar reflexões por meio de uma manufatura do pensar. Especificamente no capítulo: "Fabulações e Entrelaçamentos" relato alguns dos encontros semanais que se seguiram no LABareDA (Laboratório de Desenho e Antropologia) no ano de 2021, em que foram compartilhadas técnicas, dicas de materiais, cursos, leituras, assim como as pesquisadoras(es) partilhavam seus projetos. O LABareDA foi idealizado no contexto da epidemia do COVID-19 com pesquisadoras(es), em diferentes níveis de sua formação, dos mais diversos estados brasileiros. Nessas interações e por meio de uma certa indisciplina, pois os encontros não tinham um formato vertical de uma classe, em que um sujeito ensinava e as(os) outras(os) aprendiam de forma passiva, ou melhor, apenas escutando, abriu-se a oportunidade para a serendípia do desenho. As inquietações eram comuns nas partilhas dos encontros do LABareDA. Foram pensadas questões importantes como: a) O que se está criando ao relacionar antropologia e desenho nas produções antropológicas no Brasil?; b) como nós podemos ser levadas(os) a sério? Diante de tais indagações o grupo compartilhou algumas propostas para se avançar no tema, como por exemplo: a) conversar e dialogar para fora da bolha (da antropologia) poderia ajudar; b) experimentar e ousar é importante ao longo do percurso. Nas rodas de conversas no laboratório existia um pensamento partilhado que é: o desenho é bom para pensar e dentro do contexto da pandemia da COVID-19, em que existiam diversas dificuldades para se desenvolver um trabalho de campo nos moldes mais conhecidos pelas etnografias tradicionais na antropologia, foi nos desenhos confeccionados que as(os) membras(os) do LABareDA encontraram um espaço frutífero de produzir um trabalho antropológico. O laboratório se constituiu como uma estratégia de se repensar as práticas de ensino e com suas atividades múltiplas e dinâmicas conclamava a todas, todos e todes a se engajarem cada vez mais. Vislumbro, portanto, que o laboratório na antropologia possa ser um espaço de entusiasmo pelas ideias e a vontade de aprender, apresentando novas maneiras de saber e estratégias diferentes para partilhar o conhecimento.
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Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
Cabelo Crespo: Projeto Educacional Para o Ensino Antirracista
Larissa Silva Correia (UFRB), Eduarda Cintra Palmeira (UFRB)
Resumo: O respectivo trabalho foi realizado no Colégio Estadual João Batista Pereira Fraga localizado no município de Muritiba-Ba, localizado a 114 km de Salvador. Construído com a finalidade em contribuir na semana da consciência negra do ano letivo 2023. É nesse contexto, que foi introduzida a escola pesquisada e escolhida a turma do segundo ano turma A, do turno vespertino, onde que, durante as aulas de sociologia foram aplicadas as oficinas referente ao presente trabalho.Foi escolhido as aulas específicas de sociologia para a aplicação da pesquisa e oficinas, porque compreendemos que o ensino da sociologia é de suma importância para os jovens nos anos finais da educação básica, pois serve para desenvolvimento deles perante a sociedade e a formação de um senso crítico. Então, o objetivo geral é desenvolver uma prática educacional, com metodologias ativas, com ênfase em contribuir na valorização da cultura, identidade negra e com protagonismo juvenil.Então, o objetivo geral é desenvolver uma prática educacional, com metodologias ativas, com ênfase em contribuir na valorização da cultura, identidade negra e com protagonismo juvenil.Foram delineados os seguintes objetivos específicos:● Contribuir para o desenvolvimento político pedagógico, na perspectiva da Lei n 10.639/03 no ensino afro-brasileiro na rede de ensino educação básica;● Compreender a historicidade da identidade negra no Brasil;● Analisar a cultura negra, no processo de construção da autoestima.No primeiro momento, com o apoio do livro da autora Kátia Maria Dos Santos Barbosa, Cabelo ruim? Que mal ele te fez? (2021), foram utilizados dois capítulos do livro, que se refere ao dilema do cabelo e empoderamento. Consecutivamente teve a exibição do Documentário com duração de 16 minutos Espelho, Espelho meu , enfatizado em três blocos abordando as seguintes temáticas - Identidade, Mídia, Família. A partir deste momento, como meio metodológico, foi aplicado um questionário com perguntas diretas, para trazer as questões que tiveram no decorrer da exibição do documentário, e também, coletar dados de como a escola trabalha esse tema no ano letivo. No segundo encontro, realizou-se uma oficina de desenho, com o objetivo de saber como é a visão dos alunos referente ao seu cabelo e como se enxergam. No terceiro momento, tivemos o livro da autora Iasmim de Oliveira Gonçalves que se chama Os Fios de Recontos (2019) , é apresentado em formato impresso, composto por cinco contos formativos, que abrangem discussões em torno dos conceitos de raça, gênero, identidade e juventude através das histórias de vida e formação produzidas por jovens estudantes negras.
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Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
A Relevância da Compreensão das Ciências Sociais no Ensino Médio
Letícia Freitas de Carvalho (UFG)
Resumo: A presente pesquisa tem como objetivo principal relacionar o oferta de disciplinas de ciências sociais no ensino médio com o desmonte da educação, em específico e de forma comparativa, no estado de Goiás e no Distrito Federal. Para tanto, serão discutidas as alterações propostas pela Lei nº 13.415 de 2017 que institui o Novo Ensino Médio (NEM) e como estas são percebidas e avaliadas por diferentes atores no campo de políticas públicas, terceiro setor, estudantes e profissionais da educação com a análise de dados e a partir de experiências vividas em sala de aula. Em seguida, será discutida a relevância das disciplinas de ciências sociais no ensino médio, tendo como base os parâmetros da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), para a construção deste indivíduo para sociedade e para o mercado de trabalho. Por fim, será feita uma análise sobre a posição do/a/e professor/a/e nestas alterações legislativas, como está sendo a adaptação e discutiremos sobre a função social da educação, em especial para jovens de escolas públicas.
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Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
Os rumos da Antropologia entre o Projeto Columbia e o Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais (1949-1960)
Marcus Bernardes (UFSC)
Resumo: O presente trabalho aborda resultados preliminares de uma pesquisa de doutorado em Antropologia Social ainda em curso. O objetivo geral é analisar o modo de produção do conhecimento antropológico a partir da relação Educação-Antropologia nos caminhos do Projeto Columbia na Bahia e do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais idealizados pelo educador Anísio Teixeira. Embora tecnicamente voltados para o campo da educação, as duas instituições estabeleceram um diálogo forte e original com as Ciências Sociais, principalmente a Antropologia, tomando-as como referências em metodologias para a investigação da realidade educacional, o que inaugura uma tradição de pesquisa no Brasil. Além disso, o Projeto Columbia e o CBPE foram importantes para diversos intelectuais, da iniciação científica até pesquisas doutorais, o que torna o momento necessário para a compreensão dos processos formativos da Antropologia. Esse caráter formativo em Antropologia é refletido, sobretudo, a partir das experiências da antropóloga Josildeth Gomes Consorte que era uma estudante de graduação no início do Projeto Columbia. Em termos metodológicos, trata-se de uma pesquisa de Antropologia Histórica, com especial atenção às fontes primárias disponíveis no Museu Pedagógico da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), em Vitória da Conquista, Bahia; o arquivo do CBPE mantido no Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio de Janeiro CFCH/UFRJ, encontra-se organizado na Biblioteca do CFCH Espaço Anísio Teixeira, no Campus da Praia Vermelha, Rio de Janeiro; o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro no Rio de Janeiro; o arquivo Anísio Teixeira do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro e o arquivo histórico do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Dada a relevância dessas duas instituições que de uma só vez impactaram na história da Educação e da Antropologia no país, é fundamental analisar a abordagem antropológica na ação inovadora de Anísio Teixeira, contando com a atuação pioneira da antropóloga Josildeth Gomes Consorte. O estudo sistemático da obra política e teórica de Anísio Teixeira e Josildeth Gomes Consorte é importante para compreender a história da Antropologia e seus processos formativos no Brasil a partir de novas perspectivas. Vasculhar o passado, as dificuldades e enfrentamentos da época podem indicar novos aprendizados para pensar o fluxo do presente. Trata-se de uma reflexão a partir das experiências de um educador baiano e uma antropóloga baiana, cujos trabalhos possuem desdobramentos culturais significativos para refletir sobre processos educativos contemporâneos.
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Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
Encontros antropológicos entre professora e aluna
Maria Luiza Jardim da Costa (seduc)
Resumo: Este trabalho tem como objetivo refletir sobre o encontro entre uma professora de Sociologia e sua ex-aluna e formanda em Arqueologia e Antropologia dentro da sala de aula. Este encontro se deu por meio da criação de uma atividade em conjunto, para aula de Sociologia na 1° Série do ensino médio público localizada na cidade de Santos-SP. A escola em que se deu a atividade é a sede da professora e a escola em que sua ex-aluna se formou. A atividade proposta foi uma auto etnografia das juventudes da série mencionada, que trouxera diversas contribuições sobre o fazer e relevância da Antropologia logo nos anos iniciais do Ensino Médio, bem como das relações docente e ex-estudante que voltam a se relacionar para além do cotidiano escolar.

Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
Antropologia como modo de fazer e tensionar o ensino de Sociologia
Maria Tereza Couto Gontijo (NENHUMA)
Resumo: Fruto de um trabalho de campo realizado em uma escola pública de Belo Horizonte ao longo do ano letivo de 2023, vinculado à disciplina de Estágio Obrigatório do curso de Ciências Sociais da UFMG, este trabalho tem o propósito de investigar modos possíveis de se fazer pesquisa na confluência entre os campos da Antropologia e da Educação. Ainda que o componente curricular presente nas escolas receba o nome de Sociologia, os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, publicados em 2000, já anunciavam que essa matéria deveria compreender as principais questões conceituais e metodológicas das disciplinas de Sociologia, Antropologia e Política (BRASIL, 2000, p. 36). Não obstante, ainda hoje percebemos a predominância da Sociologia nesse espaço, sendo o campo da Sociologia da Educação bastante consolidado no Brasil. É a partir desse cenário que saliento a relevância da compreensão do ensino de Antropologia para além da transposição didáticas dos conteúdos escolares, entendendo-o como uma proposta metodológica que pede uma abertura aos encontros e ao inesperado, assim como a promoção de uma sensibilização a ser cultivada no fazer pedagógico. Articulando sujeito e objeto, a professora, que aqui assume um caráter de pesquisadora que investiga a própria prática, toma seu campo como interventivo, transfigurando-o em um espaço de planejamento de estratégias e táticas capazes de gerar transformações concretas a partir da produção de uma vida relacional (BAREMBLITT, 2002). Partindo desses pressupostos, me atentei a um fator manifesto em campo e que dizia respeito ao espaço físico da escola e sua coexistência com os estudantes, constituída pela forma como as pessoas circulam ali cotidianamente, se apropriam do lugar, transformam-o e dotam-o de identidade. A escola, que a princípio parecia não estabelecer relação com ninguém, passou a ser percebida por mim pelos pixos na parede, a organização dos usos da quadra, na produção autônoma de festas pelos discentes, entre outros fluxos. Essas percepções me conduziram a uma proposta de intervenção que, através de uma explicação a respeito da minha pesquisa, me levou a convidar os estudantes a investigarem comigo através de um jogo. Abri uma caixa cheia de tralhas e espalhei pelo chão, propondo que construíssemos nossa escola com elas. À medida em que essa montagem foi se constituindo, levantei questões que nos propuseram a pensar sobre como construímos a escola que estudamos todos os dias, sendo ela também um espaço simbólico, e que nos implicarmos nesse processo de construção, é uma forma de nos aproximarmos cada vez mais da escola que desejamos.
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Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
O ensino da prática de pesquisa de campo na graduação: panoramas e desafios na formação contemporânea de antropólogas/os
Michele Escoura Bueno (UFPA), Fernando Matheus Souza de Oliveira (UFPA), Maria Rita Reis Fernandes (UFPA)
Resumo: O campo da Antropologia é permeado por controvérsias sobre quais seriam seus objetivos, sua vocação ou se a disciplina teria por excelência um objeto de estudo. Mas a despeito de tal disputa teórica, há um certo consenso, por outro lado, que uma de suas maiores contribuições para o campo científico foi justamente o de firmar a observação participante como uma técnica de pesquisa imprescindível para o estudo das relações sociais e ferramenta metodológica fundamental à etnografia. Mas embora a produção etnográfica tenha se firmado como um elemento central na consolidação da Antropologia como disciplina, a atenção da comunidade antropológica com o ensino de sua prática de pesquisa não tem atingido proporcional centralidade em seus debates contemporâneos. Como se ensina ser etnógrafa/o? Como a observação participante, técnica de pesquisa essencialmente antropológica, pode ser ensinada? E, após a década de 1980 e o cenário de crítica e reavaliação disciplinar acerca das relações de poder que fundamentaram o trabalho de campo clássico, como têm sido formadas as gerações atuais de etnógrafas/os no país? Estas são as questões de onde partem essa pesquisa que tem investigado o ensino de Antropologia no Brasil, em especial, o ensino dos métodos e técnicas de trabalho de campo antropológico que embasam o saber-fazer etnográfico dentro dos cursos de graduação em Ciências Sociais e Antropologia nas universidades públicas do país. Para tanto, a investigação tem sido realizada em duas frentes de trabalho: 1) um mapeamento sobre como e quando aparece o debate sobre o ensino das metodologias de pesquisa e do trabalho de campo nas sistematizações históricas sobre a institucionalização da Antropologia brasileira publicadas pela Associação Brasileira de Antropologia; 2) e um mapeamento dos cursos de graduação em Ciências Sociais e Antropologia em instituições públicas, analisando suas matrizes curriculares e o modo como as disciplinas metodológicas têm sido executadas atualmente no processo de formação inicial de etnógrafas/os. Como resultados preliminares, destacamos a dificuldade em encontrar, nas publicações da ABA, trabalhos que sistematizassem as dimensões didáticas sobre o ensino da pesquisa etnográfica e que estivessem articulados às questões e necessidades das licenciaturas e bacharelados. Além disso, ao procurar entender como ensina-se a fazer pesquisa de campo no Brasil, o que encontramos foi um debate em que se sobressalta uma desassociação institucional entre pós-graduação e graduação, e uma baixa disputa do lugar do trabalho de campo na graduação, especialmente dos cursos de Ciências Sociais. Um cenário em que o espaço do treinamento técnico de campo na formação profissional é ora pretendido mais como elemento da formação especializada do que inicial.

Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
Uso de cartas aos autores como estratégia pedagógica no ensino de antropologia
Rodrigo Pereira da Rocha Rosistolato (UFRJ)
Resumo: O trabalho descreverá uma experiência de ensino e analisará os resultados. Trata-se de um exercício de escrita de cartas para os autores discutidos no decorrer da disciplina de antropologia na educação, ministrada para o curso de pedagogia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O desenho pedagógico da proposta partiu da expectativa de produzir uma relação mais próxima entre as estudantes e os autores discutidos na disciplina. A justificativa foi a identificação de dificuldades no âmbito da leitura e da escrita relacionadas aos textos clássicos e contemporâneos da antropologia. Desde a primeira experiência, a resposta dos alunos foi positiva porque, em certa medida, desmistificaram os autores passando a percebê-los como interlocutores com os quais se pode compartilhar, inclusive, as angústias envolvidas no trabalho de campo.

Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
“Não tem o que fazer, vou dar aula”: a prática e formação antropológica enquanto ferramentas de atuação do professor de ensino básico diante os conflitos escolares.
Talitha Mirian do Amaral Rocha (UFF)
Resumo: A frase que intitula este trabalho foi dita por mim em 2018, momento em que fui chamada pela Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC-RJ) para assumir uma vaga como professora de Sociologia. Naquele momento, já havia passado a metade do meu doutorado em Antropologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e comecei a ser professora porque via ali uma possibilidade de ter um salário fixo para me manter. Depois, percebi quanto a minha formação em Antropologia me ajudou na prática docente. Neste sentido, o artigo proposto tem como objetivo refletir o quanto prática e formação antropológicas podem ser importantes para atuação do professor de ensino básico, não somente no que se refere a ensinar os conceitos antropológicos e sociológicos, mas também para administrar os conflitos escolares. Para isso, realizarei análises empíricas de minha atuação profissional em colégios de Ensino Médio Público, sobretudo depois de 2022, momento em que começou a implementação do Novo Ensino Médio no Estado do Rio de Janeiro. Uma das mudanças no quadro de disciplinas foi a retirada de Sociologia dos primeiros e segundos anos (disciplina que ministrava até então) e a incorporação de Projeto de Vida e matérias eletivas que são escolhidas por cada escola. No início de 2022, a falta de controle curricular sobre o que se deveria ministrar nas novas disciplinas me possibilitou criar um modelo de aula que estimulasse o estudante a desenvolver um projeto científico de cunho antropológico. A partir daí, nos demais anos de atuação procurei relacionar o planejamento anual das demais disciplinas em que leciono ensinando metodologia científica para os estudantes a fim de que eles produzam pesquisas de caráter etnográfico e apresentem seus resultados não somente como parte da avaliação, mas em Seminários, Olimpíadas e Feiras de Ciências. Um dos obstáculos que tive foi a dificuldade de achar eventos científicos voltados para o Ensino Básico que contemplem as especificidades da pesquisa antropológica. Neste sentido, me juntei a outros professores da SEEDUC-RJ para organizar a Feira de Ciências Simoni Lahud Guedes: conflitos e diálogos na escola”, a fim de que os estudantes do Ensino Médio tenham espaço dentro da Universidade para apresentar suas pesquisas etnográficas sobre os conflitos escolares. O evento, que já está na sua terceira edição, homenageia uma professora da UFF que foi uma importante pesquisadora sobre Abordagens Antropológicas sobre a Educação (Guedes e Cipiniuk, 2014). Por fim, será ressaltado como essas análises realizadas pelos estudantes têm se tornado estratégia de pesquisa e ensino para perceber de que forma as unidades escolares estão lidando com casos de conflitos escolares importantes para cada contexto.