ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Grupos de Trabalho (GT)
GT 049: Ensino e aprendizagem da antropologia na educação básica
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Coordenação
Gekbede Dantas Targino (IFPB), Robson Campanerut da Silva (IFCE)
Debatedor(a)
Lívia Tavares Mendes Froes (IFBAIANO), Andréa Lúcia da Silva de Paiva (UFF)

Resumo:
O objetivo da proposta é continuar o debate bem-sucedido iniciado na 33ª RBA envolvendo temas e conteúdos de Antropologia no currículo escolar de Sociologia do Ensino Médio. Com isso, intenta-se promover o diálogo sobre temas na Educação Básica, conteúdos, metodologias e recursos didáticos associados a sua prática na e para além da sala de aula. Dessa forma, ampliaremos as fronteiras do Grupo de Pesquisa "Antropologia na Educação Básica", constituído em 2020, certificado pelo CNPq, reunindo colegas da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica e de outras redes de ensino. Este grupo vem se consolidando como um importante fórum de interlocução através de grupos de discussão e trabalho e mesas redondas, em eventos nacionais e internacionais, bem como pela publicação de artigos e coletâneas. É neste marco que convidamos docentes, pesquisadores e estudantes interessados/as em continuarem e/ou inaugurarem reflexões sobre a atuação de antropólogos(a) no contexto da educação básica por meio da apresentação de propostas preocupadas com a prática educadora/docente e suas articulações com os diferentes espaços de socialização/aprendizagem. Palavras-chave: Antropologia; Educação Básica; Metodologias

Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
Quando a Antropologia vai à escola pelo olhar da educação patrimonial: o PIBID de Sociologia em Campos dos Goytacazes
Andréa Lúcia da Silva de Paiva (UFF)
Resumo: O objetivo deste trabalho consiste em descrever acerca das experiências no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) realizado no período de maio de 2023 a março de 2024, no Município de Campos dos Goytacazes. Buscamos mostrar como a Antropologia traz contribuições relevantes para a discussão sobre o processo educacional ao atuar como uma espécie de convite cultural para a inserção e problematização de diferentes temáticas como a questão dos patrimônios de natureza tangíveis e intangíveis desenvolvida em três escolas. O trabalho traz reflexões acerca da Antropologia na educação que se faz presente como uma espécie de ponto de costura”, um dos caminhos possíveis e relevantes mediante as ausências e presenças da Sociologia com a Reforma do Ensino Médio ocasionada em 2018. Vale destacar que no processo de aprendizagem as dimensões emocionais se fazem presentes dando sentido às experiências dos sujeitos envolvidos. Elas se colocam como um ponto analítico marcados por oposições: sonhos e medos, expectativas e realidade; privado e público, natureza e cultura; laicidade e religiosidade, memória e esquecimento, memória individual e coletiva entre outras. É neste conjunto de desafios que inserimos também a importância em trazer a interação entre a Antropologia na educação com as emoções ao refletimos sobre a formação do licenciando em Ciências Sociais. Neste sentido, sob o olhar antropológico, com base na observação participante e narrativas de integrantes do subprojeto Quando a educação patrimonial vai à escola: desafios e perspectivas na formação docente”, descreveremos a elaboração e práticas educativas que resultaram na organização de eventos, exposição, oficina de rap, criação de um acervo de memória, elaboração de um documentário e de um material didático, o jogo de memória Patrimônio Cultural Local. Apontaremos como estas atividades se tornaram relevantes para pensamos o lugar da Antropologia em consonância com o ensino de Sociologia. Sendo assim, visamos problematizar sobre como se ensina e como se aprende no processo de formação docente buscando contribuições mediadas por trocas entre a educação superior e a educação básica. Analisaremos como a Antropologia, a partir da educação patrimonial vivenciada com o PIBID, pode contribuir para o diálogo junto à educação básica trazendo discussões acerca dos conceitos de pertencimento, afetividade, emoções, memória, identidade e cultura no espaço-tempo escolar.
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Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
A Antropologia no Guia do PNLD 2021: qual a situação da Antropologia nos livros didáticos pós-reforma do Ensino Médio?
Anny Gabrielle Menezes Sousa (UFPR)
Resumo: Em 2017 ocorreu a então chamada Reforma do Ensino Médio, modificação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), através da lei 13.415. Após a reforma, a Base Nacional Comum Curricular foi apressadamente consolidada e institucionalizada como diretriz para a Educação Básica, alterando profundamente o currículo do Ensino Médio. Entre as diversas modificações curriculares, uma das consequências foi a alteração dos objetos do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) que na edição de 2021 passou a selecionar livros didáticos por área de conhecimento, rompendo com um ciclo histórico de produção e circulação de livros para as disciplinas, incluindo aqueles para a Sociologia. Sendo assim, as disciplinas de Ciências Humanas passaram a integrar os livros didáticos das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas (CHSA), caracterizando um material interdisciplinar. O presente trabalho propõe, utilizando a metodologia de análise documental, uma investigação sobre o Guia do PNLD do ano de 2021, o qual se constitui como um documento que apresenta uma síntese dos conteúdos, das atividades e das formas de avaliação presentes nos livros didáticos selecionados para a educação básica no Brasil. Ainda, considerando que a disciplina Sociologia no Ensino Médio é o meio que proporciona também a aprendizagem de conteúdos de Antropologia e Ciência Política, o objetivo do trabalho é realizar uma análise dos conteúdos de Antropologia, mais precisamente verificando se há uma presença consolidada desse saber e como ele está colocado no Guia. Uma vez que com o teor interdisciplinar dos novos manuais, levanta-se a hipótese de uma possível redução de conteúdos das disciplinas e uma dúvida sobre como esses saberes são apresentados para os e as estudantes do Ensino Médio brasileiro através dos livros didáticos. A base para a investigação será o Guia do PNLD 2018, em que pode ser encontrado livros didáticos ainda divididos por disciplinas, o Guia de 2018 será tomado como base para se fazer um paralelo das mudanças (ou se há mudanças) entre os conteúdos de Antropologia antes e depois da reforma do Ensino Médio. Nos resultados preliminares, constatou-se, com base no Guia de 2021, que o ensino de Antropologia pode estar sujeito à deterioração. Isso ocorre porque os recentes materiais didáticos abordam as Ciências Humanas de forma muito integrada, o que pode resultar em uma abordagem superficial da disciplina. Na prática, o ensino desse saber estará sujeito ao(à) docente em sala de aula, que poderá ou não aprofundar os conceitos da disciplina.
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Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
“Brasília, 19 de março de 2022. Olá, tudo bem? Cartas sociológicas como estratégia didática de inclusão
Bruner Titonelli Nunes (CMB)
Resumo: Esse trabalho tem como objetivo apresentar um recurso didático colocado em prática no meu trabalho como professor de sociologia no Colégio Militar de Brasília (CMB). Tratam-se de cartas dirigidas a alguns alunos acompanhados pela Seção de Atendimento Educacional Especializado (SAEE). Este método foi pensado como uma alternativa de inclusão adotada para facilitar a explicação do conteúdo de sociologia/antropologia no ensino médio para alunos neurodivergentes. O processo teve início a partir da demanda de uma aluna diagnosticada com Deficiência Intelectual (CID-10), e perdurou ao longo dos anos de 2022 e 2023, sendo expandido para outros alunos que, em sua maioria, eram diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista (TEA-CID-10). Os conteúdos ministrados abarcam conceitos de introdução à antropologia (estranhamento, relativismo, etnocentrismo, entre outros) e sociologia (autores clássicos, socialização, instituições sociais, entre outros). Atender a demandas de alunos com necessidades específicas foi um desafio para várias disciplinas. Na sociologia, em específico, a dificuldade por parte dos alunos em elaborar ideias abstratas foi o obstáculo a ser superado. A preparação das cartas funcionou como um processo de clarificação dos conceitos elencados como os mais fundamentais do Plano de Ensino Didático, expondo-os de forma mais objetiva e direta. O envolvimento das famílias na implementação do instrumento foi um fator positivo da experiência. A estratégia também modificou as aulas ministradas depois de sua elaboração. Metáforas pensadas para a explicação do conteúdo para alunos neurodivergentes, foram incorporadas nas aulas subsequentes. Desse modo, funcionaram também como uma forma de comunicação mais eficaz para com os demais alunos.

Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
Museus e temas transversais - A aprendizagem fora da sala de aula com a contribuição da Etnografia
Cristiane Inácio de Souza (secretaria de educação de Pernambuco)
Resumo: A proposta pedagógica visou resgatar a experiência presencial de aprendizagem para alunos de uma escola da rede estadual de ensino de Pernambuco, não apenas através do aprendizado normativo da busca pela compreensão de temas transversais; por meio da observação etnográfica, incorporando princípios antropológicos os alunos puderam aprender sob outras perspectivas. Com o retorno às aulas presenciais e a flexibilização das medidas de segurança, a discente propôs a escola Ana Malta da Costa Azevedo-Recife/PE, um projeto que não só combinava o aprendizado normativo dos gêneros textuais à vivência cultural proporcionada por visitas a museus da cidade, mas também buscava resgatar a integração de espaços antes reclusos. A iniciativa tinha também como objetivo promover a sociabilidade entre os alunos, proporcionando não apenas um contato estreito com aparelhos culturais, mas também estimulando a compreensão do ambiente circundante de maneira peculiar por meio da etnografia, tendo nos museus e na memoriais uma ferramenta didática enriquecedora. A observação etnográfica, intrínseca à antropologia, foi utilizada para enfatizar a necessidade de reintegrar práticas educacionais não tradicionais, promovendo o contato direto dos alunos não apenas com os conteúdos curriculares, mas também com a cultura local e global. A proposta buscou, assim, ultrapassar os limites tradicionais dos currículos e da sala de aula, utilizando o espaço urbano e histórico como extensões do ambiente educacional. Ao integrar a observação etnográfica, a abordagem pedagógica visava transmitir conhecimentos, mas também incentivar os alunos a interpretar e compreender sua própria realidade cultural. O projeto, ao resgatar a experiência presencial de aprendizagem, não só valorizou o aprendizado normativo dos gêneros textuais, mas também proporcionou aos alunos uma imersão mais profunda na cultura local, promovendo uma educação mais holística e alinhada aos princípios antropológicos da observação participante. PALAVRAS CHAVE: Museus, Etnografia, Currículo, Temas transversais
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Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
Homens na docência: Gênero, Raça e Desigualdades
Diorge Santos da Costa (Prefeitura do Recife)
Resumo: As primeiras séries do ensino básico no Brasil são o local de trabalho para uma grande maioria de mulheres que atuam como professoras. Essa demarcação feminina da profissão e do local de trabalho expressam as desigualdades e atribuições de gênero e raça em nossa sociedade, uma vez que espera-se que as mulheres estejam à frente da educação de crianças, principalmente as mais novas, ao passo em que esse trabalho não é valorizado socialmente dadas as precárias condições do exercício da profissão e a baixa remuneração. Quando professores homens e negros se encontram nessa profissão, se deparam com barreiras e falta de aceitação, estranhamento e desconfiança. Esse trabalha procura refletir sobre uma questão relacionada a esta problemática, qual seja: Como os professores das primeiras séries da Educação Básica, se apropriam/utilizam dos conhecimentos vindos das Ciências Sociais, especialmente da Antropologia, para ensinar e atuar em temas relacionados as questões de gênero e raça, no sentido de promover outras práticas didático-pedagógicas possibilitando uma equidade de gênero e raça em sala de aula? Como fio condutor para este trabalho está se refletindo tanto sobre o local da mulher ocupado em sala de aula e os embates vivenciados diariamente seja pela precarização em termos de valorização profissional, seja em relação a estrutura de trabalho, quanto pela sua ocupação por homens negros. Dialogando com os estudos da Antropologia relacionados a educação, gênero e raça, e também nas pesquisas da área de educação sobre a docência masculina nas séries iniciais, buscarei desenvolver essa reflexão com base no relato de minha experiência enquanto educador infantil negro do ano de 2016 ao ano de 2021, compreendendo os percalços, dificuldades e estranhamentos por ocupar um lugar majoritariamente feminino e poder perceber as desigualdades que se atravessam e se presentificam. Palavras-chave: Antropologia da Educação; Educação Básica; Gênero; Raça; Docência Masculina.
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Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
Da Ufopa a Várzea, a Antropologia como ferramenta para produção de materiais didáticos para escola de ensino básico da região do Aritapera Santarém-PA
Emilly Yasmim Lopes Cardoso (Instituto de Ciências da Sociedade)
Resumo: Através de trabalhos desenvolvidos pelo projeto Guardiãs da Sociobiodiversidade Amazônica em comunidades ribeirinhas do baixo amazonas do oeste paraense, foi possível identificar a ausência de materiais didáticos que retratam a realidade da comunidade, como o ecossistema local, culturas e história. Nesse sentido, sob essa demanda partindo da escola Santíssima Trindade, escola polo da região e que estava envolvida com o projeto desde o início das atividades na região do Aritapera, criou-se um plano de produção de fascículos didáticos que seriam produzidos por estudantes bolsistas de graduação do curso de Antropologia e Arqueologia em conjunto com estudantes bolsistas do ensino médio da escola, sendo os estudantes de graduação tutores dos estudantes do ensino básico. Cada dupla com seus respectivos temas de pesquisa que já estavam em andamento, como, quelônios; capivaras; pato do mato; pirarucu e encantados e crise climática, sendo o último, meu tema de pesquisa e que será retratada essa experiência com a estudante que tutorei e com demais estudantes da escola nesta jornada de trabalhos no projeto. Além das pesquisas desenvolvidas na região, a produção do fascículo didático seguiu por 5 etapas metodológicas, sendo primeiro, a pesquisa na comunidade; segundo, a oficina de imagens (desenhos) e versos na escola; terceiro, sistematização dos dados coletados; quarto, a montagem e produção do material e por último, a entrega do material didático na escola. Essa atividade, foi de suma importância de aprendizado para as duas instituições de ensino (básico e superior), bem como, contribuiu levantar com os jovens das comunidades envolvidas, o reconhecimento do amplo conhecimento que há em suas regiões e o potencial artístico e cultural que estão presentes em seu dia-dia, impulsionando o conhecimento ancestral e o empoderamento de suas identidades. Palavras chaves: comunidades ribeirinhas, antropologia no ensino básico e reconhecimento da identidade varjeira.
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Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
Antropologia na sala de aula: um relato de experiência numa escola da periferia do Recife
Felipe Bernado da Silva (UFPE)
Resumo: A grade curricular do ensino médio não inclui a antropologia como disciplina obrigatória. Entretanto, há a possibilidade de trabalhar temáticas referentes a mesma a partir de conteúdos das disciplinas do campo das ciências humanas. Através desse recurso, é possível introduzir os estudantes do ensino básico às temáticas relacionadas à ciência antropológica e buscar promover o interesse e engajamento desses estudantes. Neste contexto, o presente trabalho se propõe a relatar as experiências observadas durante a realização do estágio de docência do curso de licenciatura em Ciências Sociais na Escola Técnica Estadual Professor Lucilo Ávila, em Recife, no estado de Pernambuco. Assim, o percurso desenvolvido traz apontamentos e observações feitas a partir da experiência obtida com prática docente e diálogo estabelecido com estudantes e professores em temas trabalhados em sala de aula e relacionados à antropologia que estão contidos na ementa do ensino médio. Inicialmente, desenvolveu-se uma etapa de observação dos alunos com o intuito de levantar temáticas cotidianas que pudessem relacionar-se ao tema a fim de oferecer aos estudantes um conteúdo lúdico e próximo às suas realidades. Concomitantemente a isso, um trabalho investigativo também foi realizado com os docentes para que apontassem possíveis temas a serem trabalhados. A construção e reflexão obtida a partir dessa experiência será detalhada e teve o objetivo de evidenciar o debate sobre o papel e os desafios da antropologia na educação básica.
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Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
A implantação do Novo Ensino Médio enquanto desafio pedagógico e objeto de investigação: educação científica a partir da pesquisa etnográfica
Gabriela de Lima Cuervo (seeduc/RJ)
Resumo: O objetivo desta comunicação é apresentar alguns resultados sobre a produção de material etnográfico acerca da implementação do Novo Ensino Médio em escolas da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro, realizado pelos estudantes vinculados ao Lampejo (Laboratório Marginal de Pesquisa Escolar do Joaquim), núcleo de pesquisa fundado e coordenado por mim desde 2020 no Colégio Estadual Joaquim Leitão (Magé/RJ). O Lampejo foi criado a partir das pesquisas desenvolvidas pelos estudantes para as edições da Feira Simoni Lahud Guedes, projeto idealizado por pesquisadores vinculados ao InEAC/UFF (entre os quais, me incluo) que lecionam em escolas públicas estaduais e/ou que desenvolvem pesquisas sobre administração de conflitos no espaço escolar. O referido núcleo de pesquisa, atualmente, conta com quatro estudantes contemplados com bolsas de pré-iniciação científica Jovens Talentos/FAPERJ, vinculados ao projeto Entre projetos de vida e itinerários formativos: experiência de implantação do Novo Ensino Médio em escolas públicas estaduais do Rio de Janeiro”, contemplado na chamada de 2023. O trabalho de pesquisa conjunto iniciou-se na unidade de ensino em que o grupo está matriculado para, posteriormente, incluir outras escolas na investigação, utilizando-se da rede articulada a partir da Feira de Ciências do InEAC. A proposta de reformulação do currículo da educação básica, manifesta em documentos como a BNCC (2017), ancora-se em uma concepção pedagógica na qual os atores escolares necessitam desenvolver competências socioemocionais que os tornam mais adaptáveis e autônomos”. Para a promoção e aprimoramento dessas habilidades, são inseridos na grade curricular componentes como Projeto de Vida”, assim como cursos integrados de Empreendedorismo são formulados em parceria com empresas privadas e ofertados aos estudantes. A análise de experiências de implantação do novo modelo curricular em escolas públicas estaduais, assim como o acompanhamento dos debates em torno da reformulação ou revogação da reforma, traz em seu bojo a importância da etnografia para compreender adequadamente as adequações, composições, articulações e resistências dos atores escolares diante destas mudanças.

Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
A antropologia na sala de aula: uma etnografia sobre o Projeto Literatura na Escola do Campo, assentamento Palmares II, Parauapebas (PA)
Genisson Paes Chaves (UFPA), Anael Souza Nascimento (UFPA)
Resumo: Introdução Nesta proposta analisamos o projeto intitulado Literatura na Escola”, desenvolvido com alunos do 4º, na Escola Oziel Alves Pereira, localizada no assentamento Palmares II, município de Parauapebas, estado do Pará, durante o segundo semestre de 2023. Partindo da noção antropológica de alteridade e do papel transformador que o mundo das letras desempenha em nossas vidas, este projeto incentivou seus alunos-participantes a refletirem, bem como a produzissem narrativas que evidenciassem o respeito às diferenças e por conseguinte, o combate ao racismo e outros tipos de discriminação. O projeto é um desdobramento de uma iniciativa anterior, ocorrida no ano de 2022, juntamente com quatro turmas do segundo ciclo (uma do quarto ano e três do quinto). Como resultado, dois livros foram montados, englobando poesias e contos, além de desenhos acerca das temáticas desenvolvidas. Combatendo o racismo na sala de aula Trabalhamos com o ensino da antropologia na educação básica. O projeto em questão aproveitou o Dia da Consciência Negra, comemorado no dia 20 de novembro, para refletir sobre cultura, diferenças e a importância de se combater o racismo dentro e fora da escola. Acompanhando as situações do dia a dia e tendo como base noções fundamentais da antropologia, ou seja, alteridade, diversidade e o respeito às diferenças, bem como o conceito de escrevivência (EVARISTO, 2020), isto é, uma escrita feita com e a partir do contexto e das próprias experiências, os alunos desta escola pública da rede de educação básica, se debruçaram sobre seus próprios dilemas e curiosidades, ressaltando suas condições de assentados de um acampamento localizado na zona rural deste município. Foram feitas leitura de textos literários, especialmente de poesias, fábulas e contos. Em seguida, mediante rodas de conversas, os alunos discutiram pontos de seu interesse. Posteriormente, foram incentivados a analisar textos, respondendo aos questionamentos. A partir disso, começaram a produzir seus textos. Ao final foi elaborado um livro de contos constituído por 24 histórias e 18 ilustrações, evidenciando narrativas sobre violência, falta de respeito e preconceitos ligados à cor e às origens. Conclusões As produções disponíveis no livro são olhares de crianças, meninos e meninas, que pararam para pensar sobre a importância do respeito, do amor ao próximo, da valorização da alteridade e da necessidade de se combater quaisquer tipos de discriminação. Revelam talentos e a grandeza de uma geração que clama por oportunidades, os textos e as imagens falam por si.
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Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
Fotografando e aprendendo: o uso de câmeras como método de ensino da antropologia no ensino médio
Heytor de Queiroz Marques (UFRN)
Resumo: Durante toda a minha graduação fui ensinado como ser um professor de sociologia em sala de aula, mas pouco ouvi ou aprendi a como trabalhar as questões antropológicas para além das aulas expositivas e quando trabalhávamos algo diferente sempre estava relacionada a noção de cultura e regionalidade. Mediante a essa problemática, me deparo enquanto um recém-professor de sociologia do IFPB para o ensino médio, com um mestrado e doutorado em antropologia, mas novamente sem dialogar com ensino de antropologia no ensino médio. Neste cenário me deparo com possibilidades de pensar a relação do entendimento do espaço que vivem e como eles percebem o meio que os rodeia em uma das minhas aulas e começo a planejar essa temática com uma didática do uso da imagem. Sendo assim, o trabalho aqui proposto é resultando de um experimento didática, no qual os alunos utilizaram seus celulares como ferramenta metodológica para fotografar como eles percebiam o campus Patos-PB. Utilizando das bases sobre antropologia da imagem (FELDMAN-BIANCO e BELA, 1998; CHION, 2011; CORADINI, 2014) e dos estudos urbanos (BECKER, 1963; MAGNANI 2003), realizamos uma incursão foto-etnográfica por todo o campus. A partir da visão dos alunos dos terceiros anos fizemos vários registros de como eles vivenciam aquele local. A atividade resultou em uma mostra com as fotos selecionadas por eles, apresentando uma percepção dos espaços de sociabilidades e como podem ser interpretados de formas distintas conforme o olhar de cada um sobre o cenário social vivenciado. Como produto do experimento foto-etnográfico, venho desenvolvido uma peça de ensaio visual propondo um debate sobre como a antropologia pode ser discutida no ensino médio através do uso da fotografia.

Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
Abordagens antropológicas no currículo do ensino Médio: um caso sobre o Instituto Educacional de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão, de Santa Luzia do Paruá MA.
Juliana Lima de Carvalho Madeira (IEMA)
Resumo: O referido trabalho traz como proposta uma descrição e análise sobre o aprendizado dos estudantes acerca de conteúdos abordados na disciplina de Sociologia, que faz parte da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Instituto Educacional de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IEMA), localizado na cidade de Santa Luzia do Paruá, no estado do Maranhão. No caso em questão, foram analisados os temas trabalhados em sala de aula, tais como: Preconceito, Raça e Etnia, Cultura Afro em suas diversas formas como a Capoeira, a Culinária e tipos de Religião. Após esses conteúdos terem sido discutidos, os estudantes das três séries do Ensino Médio apresentaram seus conhecimentos em um evento intitulado II Mostra Cultural de Ciências Humanas”, na praça principal da cidade, em dezembro de 2023. Assim, esse trabalho tem o objetivo de identificar os fundamentos e significações sociais da educação. Para isso, pretende-se refletir o ensino da Antropologia no ensino básico, explorando a importância desses estudos para a formação dos indivíduos para o meio social de convívio e de noções de entendimento de mundo. Destacando a concepção de ser humano como indivíduo, de sociedade e educação em sala de aula. Os objetivos específicos estão centrados em refletir por meio da metodologia de ensino um modo eficaz de aprendizagem no ensino secundário. Analisar o processo de ensino e aprendizagem: continuidades e rupturas nos alunos. Como recortes metodológicos, incentivar a educação e ensino como pesquisa explorando por meio de recursos didáticos o uso da literatura, teatro, cinema e iconografia nos estudos antropológicos, além da importância de uso do livro didático. Desse modo, pretende-se analisar a importância do ensino da Antropologia nas escolas de nível médio e a atuação dessa formação curricular na vida desses estudantes. Seguindo a defesa de Fernandes (1954) sobre as particularidades que o ensino das ciências sociais no curso secundário causaria na vida futura dos indivíduos. Para Fernandes (1954) seria uma condição para a formação de atitudes que são capazes de orientar o comportamento humano no sentido de aumentar a eficiência de atividades baseadas em uma compreensão racional das relações sociais julgando os meios e os fins, em qualquer setor da vida social, seja no trabalho, família ou social. (FERNANDES, 1954). Desse modo, refletimos o ensino nas escolas secundárias, em particular, no Instituto Educacional de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão, da cidade de Santa Luzia do Paruá, como o uso do aprendizado antropológico provoca fatores positivos no processo de inserção desses indivíduos na vida social.
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Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
Oficinas Antropológicas na Escola Estadual Winston Churchill: Diálogos interseccionais da universidade à escola pública
Juliette Scarlet Galvão Aires Santos (UFRN)
Resumo: Este trabalho consiste numa discussão sobre as questões de gênero, sexualidade, raça e classe em contexto educativo. Desde 2023 integro, junto ao grupo de pesquisa Gênero, Corpo e Sexualidade vinculado ao Programa de Pós-graduação em Antropologia Social (PPGAS) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o projeto de extensão chamado Semeando Gênero na Educação cujo objetivo é estabelecer diálogos com as escolas públicas promovendo o debate interseccional com toda a comunidade escolar, a partir de uma perspectiva antropológica. Para o debate, trago como recorte uma das práticas educativas em caráter extensionista que nosso grupo realizou na escola, as Oficinas, no espaço das chamadas disciplinas eletivas concedido pela Escola Estadual em Tempo Integral Winston Churchill. Antes de iniciar as oficinas com estudantes, promovemos na escola o Curso de Formação em Gênero e Sexualidade para o corpo docente. O saldo foi tão positivo que o diretor nos convidou para ocupar o espaço de disciplina com uma atividade pedagógica na qual fosse possível discutir as mesmas temáticas com discentes. O objetivo deste artigo é, pois, perfazer uma análise sobre as oficinas, as temáticas abordadas e debates suscitados, a recepção da comunidade escolar e a relação entre ensino e aprendizagem construído ao longo do semestre. Para tal, debruço-me sobre as oficinas que ministrei junto ao grupo de pesquisa, além de abordar a importância da antropologia para os currículos da educação básica.
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Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
Antropologias e imagens na Educação Básica: um olhar sobre a cidade.
Kátia Bárbara da Silva Santos (IFPA)
Resumo: A proposta traz o resultado do projeto de extensão Sentir a cidade: Paragominas e suas histórias, através do diálogo inter e transdisciplinar das disciplinas de Antropologia na Educação Básica e História. Adotamos a elaboração de vídeos documentários como uma ferramenta de ensino, além de uma tecnologia digital de informação e comunicação (TDICs), para viabilizar a relação entre a teoria antropológica e o audiovisual com as turmas de 2º ano do Ensino Médio dos Cursos Técnicos em Administração, Informática e Meio Ambiente do IFPA/Campus Paragominas. A oficina Cine documentário transformou os vídeos documentários em um instrumento de comunicação e reflexões antropológicas, entre a realidade filmada e a realidade vivida. Os vídeos documentários como recurso áudio visual no processo do ensino aprendizagem, trouxe a realidade contextualizar dos sujeitos onde estão e como vivem; inverteu o olhar deles e o nosso, enquanto professores, sobre a cidade e como está se refere as diversidades no contexto urbano. Palavras-chave: Antropologia; Educação básica; Vídeos documentários.
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Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
Juventude & Escola: Percepções dos Estudantes sobre a Educação Profissional e Tecnológica em Belém/PA
Kirla Korina Anderson Ferreira (IFPA)
Resumo: O que os alunos pensam sobre o cotidiano do espaço escolar? Quais significados sociais a instituição escolar representa na socialização de jovens estudantes da rede federal? Essas são as principais questões que orientam as reflexões deste trabalho, que tem como objetivo principal identificar e compreender antropologicamente as percepções de jovens estudantes sobre o cotidiano escolar, no contexto da educação profissional e tecnológica, na cidade de Belém/PA. A discussão desse conteúdo se deu no segundo semestre de 2022, ainda no contexto de retorno ao ensino presencial, após a interrupção das aulas presenciais por conta da pandemia de COVID 19. Utilizei de metodologias ativas, para trabalhar o conteúdo de socialização, sob enfoque da antropologia, ao considerá-la como um processo de aprendizado dos valores, significados sociais e instituições acerca do mundo em que vivemos, processo este que se aprende e se ensina mutuamente, que dura toda a vida do indivíduo. Os resultados alcançados derivam de duas atividades realizadas em duas turmas do primeiro ano, contando com a participação de 37 alunos, a saber: 1) produção de desenhos, divididos em grupos de 04 a 05 pessoas, sobre as áreas de convivência que têm acesso no campus e que gostam de ficar quando não estão em horário de aula; 2) elaboração de linhas do tempo, em que, de forma individual, eles pontuaram os acontecimentos considerados mais significativos em suas vidas. Quanto aos lugares de convivência, os alunos destacaram a biblioteca, a área verde próxima aos blocos de salas de aula, o refeitório e as escadas dos blocos E e M (que são os blocos das coordenações de curso e laboratórios), sem ter um espaço de convivência próprio em que possam conversar e descansar. No que se refere às linhas do tempo, os discentes destacaram estudos, relacionamento interpessoal, família, religião e saúde, mais especificamente o ingresso no IFPA (citado por 24 deles), a pandemia de COVID 19 (citado por 15), fazer amizades (citado por 16) e viver a primeira paixão (citado por 04) e diagnósticos de ansiedade e/ou depressão (citado por 06). Posso dizer que ser aluno do instituto federal representa a realização de um projeto para os estudantes ouvidos, assim como para suas famílias, pois significa o acesso a um ensino médio de qualidade, como falaram, a possibilidade de ingresso ao mercado de trabalho e no ensino superior, mas que é vivenciado com muitas cobranças e sobrecargas, o que compromete a saúde metal. A utilização das metodologias ativas no ensino de sociologia proporciona o estreitamento de vínculos e a aprendizagem significativa no contexto escolar, assim como suscita a necessidade de reflexão da prática docente do antropólogo e da relação entre os jovens e a instituição escolar na sociedade contemporânea.
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Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
Ensinar brincando: jogos didáticos como ferramenta de formação docente
Millena Ventura (UFRJ), Joyce Louback Lourenço (UFRJ), Julia Polessa Maçaira (UFRJ)
Resumo: A existência de ações como a Olimpíada de Sociologia do Rio de Janeiro, Olimpíada Brasileira de Ciências Humanas - OBCH e a Olimpíada de Ciências Humanas do Ceará - IF/CE demonstra tanto o aumento do uso de jogos no ensino básico, quanto das reflexões e pesquisa acerca deste instrumento. A partir da análise quantitativa e qualitativa das respostas dos participantes do Curso Jogos Pedagógicos para o ensino de Ciências Sociais”, ação de extensão realizada pela Faculdade de Educação da UFRJ (FE/UFRJ), as quais construíram um banco de questões para o Antropolojogo, um jogo didático sobre a experiência antropológica em campo, criado por discentes do curso de Licenciatura em Ciências Sociais da UFRJ, o trabalho tem como objetivo apresentar de que forma o jogo enquanto ferramenta didática muda a percepção da importância do ensino da antropologia. Deseja-se, ainda, investigar como a presença de jogos no processo educacional tanto dos discentes do ensino superior quanto do ensino básico, afirma as potencialidades da recontextualização didática (Bernstein, 2003) para a disciplina, ao articular o tripé universitário - ensino, pesquisa e extensão.

Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
A Residência Pedagógica através da Antropologia: trabalhando as relações étnico-raciais em uma escola de Campos dos Goytacazes, RJ.
Raquel Brum Fernandes (UFF), Naiana de Freitas Bertoli (SEEDUC)
Resumo: Propomos aqui uma reflexão sobre a experiência de abordar antropologicamente a temática das relações étnico-raciais no desenvolvimento da Residência Pedagógica em Ciências Sociais em uma escola de Campos dos Goytacazes, estado do Rio de Janeiro. O Programa Residência Pedagógica foi criado pela Capes em 2018, para implementar projetos em parceria com as redes públicas de educação básica, qualificando a formação dos licenciandos através da sua inserção em escolas, de forma semelhante ao Pibid (Fernandes; Pereira, 2022). Na Licenciatura em Ciências Sociais da Universidade Federal Fluminense em Campos dos Goytacazes, o programa se encontra em sua terceira edição (2022-2024), contando com 15 alunos bolsistas e 3 voluntários, divididos em três escolas estaduais. Uma dessas instituições é o Colégio Estadual Julião Nogueira, onde atua a professora de sociologia Naiana de Freitas Bertoli, que recebeu e supervisionou um grupo de seis licenciandos para desenvolveram atividades com o tema das relações étnico-raciais, especialmente no que diz respeito à construção de perspectivas e práticas antiracistas (Souza;Oliveira, 2016). Essas atividades foram fundamentadas em teorias e conceitos antropológicos, sendo executadas pelos residentes com o objetivo de desenvolver nos estudantes de ensino médio a construção do olhar antropológico em relação aos contextos socioculturais em que estão inseridos (Dauster; Grossi; Guedes, 2011). Assim, foi exibido o filme M8 Quando a morte socorre a vida”, para as turmas de primeiro ano. O jogo de cartas Vamos falar sobre Racismo também foi aplicado nessas turmas. Foi também organizada uma visita guiada ao Quilombo da Machadinha, localizado em Quissamã, município vizinho a Campos dos Goytacazes. Durante a Semana da Consciência Negra, em novembro, os residentes mediaram uma roda de conversa na escola, recebendo uma estudante de psicologia e artistas de rap locais. Eles falaram sobre a importância do dia da Consciência Negra, compartilhando um pouco sobre suas vivências, descobertas, dúvidas e desafios como jovens pretos. Foi também um lugar de escuta, no qual os alunos puderam compartilhar suas experiências, percepções, dúvidas e descobertas. Em nosso artigo, descreveremos o processo de planejamento e execução das referidas atividades, analisando a receptividade dos estudantes de ensino médio. Dessa forma, buscaremos demonstrar a importância da antropologia na educação básica, tanto como aparato teórico quanto metodológico (Gusmão, 2009; Alencar; Targino; Araújo, 2023). Evidenciaremos também como a experiência possibilitou aos licenciandos o exercício da antropologia na prática docente, valorizando a sua formação como professores e como cientistas sociais (Oliveira; 2012; Rosistolato; 2013).
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Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
Da experiência e da intuição do antropólogo-professor para uma Didática Multidimensional: tradução epistemológica e sistematização das práticas docentes
Robson Campanerut da Silva (IFCE), Emanoel Pedro Martins Gomes (UESPI)
Resumo: Após o encontro de antropólogos-professores ocorrido GT 54: Ensino e aprendizagem da antropologia na educação básica: conteúdos, metodologias e recursos didáticos, que ocorreu na XIV Reunião de Antropologia do Mercosul (RAM), realizada entre os dias 1 e 4 de agosto de 2023 na Universidade Federal Fluminense em Niterói, houve um questionamento sobre como a Antropologia e os seus profissionais, enquanto professores, se inserem dentro do contexto da docência na educação básica. Foi percebido que, a maioria dos docentes desenvolvem, a partir de sua formação inicial e continuada, ações e práticas pautadas no conhecimento intuitivo e na experiência (PIAGET, 1972; VYGOTRSKY, 1991; GOODSON, 1995; NÓVOA, 1995), não dispondo, muitas vezes, de um instrumental teórico e conceitual que a área da Educação desenvolve, sistematizando o conhecimento de uma forma replicável em diversos contextos pedagógicos semelhantes. Também é importante destacar que a maioria dos docentes formados em Antropologia estão ministrando nos componentes curriculares naquilo que Bodart e Tavares (2020) conceituaram de Sociologia escolar, disciplina esta que sofre tensões e resistências em diversas dimensões e esferas de atuação (política, curricular, didática etc.) e que permanece em constante processo de (re)consolidação e (re)institucionalização. Desta forma, o currículo da disciplina e a didática do professor podem ser aprimorados no intercâmbio efetivo entre as Áreas do Conhecimento que, por muitas vezes, é relegado a um mero empréstimo conceitual que não leva em conta os contextos, as práticas de uso e as ações instrumentalizadas. Este trabalho, portanto, têm como objetivo elucidar as práticas pedagógicas do antropólogo-professor em ação e, a partir da tradição da Teoria Ator-Rede (TAR) (LATOUR, 2012), da Antropologia e da Sociologia da Tradução (GEERTZ, 1978; PASSIANI; REUILLARD, 2023), a fim de interpretar, de sistematizar e de ressignificar como essas práticas desenvolvidas a partir da experiência e do conhecimento intuitivo podem ser condensadas e organizadas em uma Didática Multidimensional (FRANCO; PIMENTA, 2016), perspectiva que analisa a prática do ensino como fenômeno complexo e multirreferencial, tão necessária para o aprimoramento docente e qualificação do antropólogo-professor dentro do contexto da Educação.

Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
A interface da antropologia visual e o ensino de história: uma proposta metodológica para o uso da narrativa fotográfica na sala de aula
Sandra Simone Moraes de Araújo (UPE)
Resumo: Esta comunicação oral faz parte de uma pesquisa que tem o objetivo de compreender como a narrativa fotográfica pode se constituir em um instrumento didático, a partir da relação entre a antropologia visual e o ensino de história na formação de docentes da educação básica. No contexto das atividades deste estudo é traçado uma proposta metodológica fundamentada na etnografia Balinese character: a photographic analysis de autoria dos antropólogos Gregory Bateson e Margaret Mead. A ideia é utilizar o método desenvolvido nesta obra na elaboração de narrativas fotográficas e possibilitar apreensão da etnofotografia como uma linguagem, capaz de fomentar reflexões sobre inúmeros assuntos, a depender da escolha das imagens feitas pelos narradores visuais, sendo estes docentes/discentes, autores ou não das fotografias, visto que as narrativas também podem ser construídas com fotos de acervos. As atividades desta pesquisa são desenvolvidas no curso de formação de professores de História que atuam na educação básica e as primeiras ações têm proporcionado a seguinte reflexão: A interdisciplinaridade entre a antropologia e o ensino de história, realizada por meio da construção de narrativas fotográficas, possibilita a organização de um itinerário metodológico, o qual auxilia a leitura da imagem, o incentivo à pesquisa, o estímulo à criatividade e o incremento da habilidade para a produção de textos visuais por meio do entrecruzamento da ciência com a arte, ampliando, dessa forma, o universo cultural dos discentes.
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Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
A importância da Antropologia para a Educação das Relações Étnico-raciais (ERER)
Simone de Oliveira Mestre (UFSCAR)
Resumo: Há 16 anos foi promulgada a Lei 11.645, que incluiu no currículo escolar o ensino sobre História e Cultura Indígena e Afro-Brasileira na educação básica. Entre os desafios que envolvem a implementação efetiva da referida legislação, é possível destacar os obstáculos na formação de profissionais de educação. Tanto nos tocante a ausência de formação continuada quanto na inclusão de disciplinas e/ou itinerários educativos que abordem a Educação das Relações Étnico-racial (ERER) nos cursos de licenciaturas das Instituições de Ensino Superior. Diante disso, o propósito desta comunicação é apresentar algumas reflexões em torno das contribuições da Antropologia para a ERER e discutir sua importância na formação de profissionais da educação e de estudantes das licenciaturas. O presente trabalho fundamenta-se nas experiências em sala de aula e nas análises das referências bibliográficas da disciplina de Didáticas das educações das Relações Étnico-raciais ofertada para os cursos de Pedagogia e Química da Universidade Federal de São Carlos no ano de 2023. Entre os pontos a serem debatidos e observados, destacam-se: 1) A invisibilidade da temática indígena nas disciplinas que abordam a temática étnico-racial; 2) possibilidades de incorporações conceituais da Antropologia em perspectivas indígenas e afrodiaspóricas; 3) A importância de um currículo pedagógico que articule na ERER os saberes sociológicos e antropológicos na formação de professores em diferentes áreas de conhecimento.

Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
A temática indígena no ensino de sociologia: primeiros apontamentos
Thais Nogueira Brayner (Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal)
Resumo: A ausência percebida de temas relacionados aos povos indígenas nas escolas públicas do Distrito Federal, onde lecionei, sempre me chamou atenção, especialmente no Ensino Médio. As Leis 10.639/03 e 11.645/08 emergiram das reivindicações históricas dos movimentos negros e indígenas por reconhecimento e valorização de sua existência, cultura e saberes, os quais foram marginalizados ao longo da história. Apesar da importância dessas legislações no contexto educacional, sua implementação nos currículos escolares ainda enfrenta diversos desafios, especialmente com a reforma curricular do Ensino Médio. Nesse trabalho, proponho refletir a partir de pesquisa de doutorado em andamento, os primeiros apontamentos sobre os principais obstáculos elencados pelos docentes na inclusão da temática indígena nos currículos de Sociologia no Ensino Médio nas escolas públicas do Distrito Federal. A partir das dificuldades reconhecidas, o que os docentes pensam da temática indígena e como a abordam em suas práticas docentes.
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Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
A alteridade em questão: percepções de um professor carioca na educação básica em Goiás
Vítor Gonçalves Pimenta (SEDUC)
Resumo: Neste trabalho, evoco as minhas experiências interpessoais no interior da sala de aula da educação básica, como professor regente da disciplina Sociologia, com os alunos/as/es da Escola Estadual Polivalente Frei João Batista, localizada no município de Anápolis no Estado de Goiás. Nesse encontro entre professor e aluno, narro as minhas vivências corporais com as turmas do 1° ano, 2º ano e 3º ano do Ensino Médio, trazendo para o centro da reflexão a relação de alteridade entre um professor carioca e, principalmente, alunos goianos do sexo masculino. O termo alteridade vem do vocábulo latino alteritas, que significa ser o outro. Ele designa o exercício de colocar-se no lugar do outro, de perceber o outro como uma pessoa singular e subjetiva. De imediato, ao me encontrar com esses alunos na sala de aula e proferir as primeiras palavras sobre as temáticas Cultura”, Movimentos Sociais e Política, Poder e Estado”, respectivamente temas relacionados ao conteúdo da 1ª, 2ª e 3ª séries, o que mais chamava a atenção deles não era o conteúdo em si da Sociologia, mas sim o meu sotaque carioca e as curiosidades ou dúvidas sobre como era nascer e viver na cidade do Rio de Janeiro. Então, logo após uma primeira explanação sobre como se desenvolveria o componente curricular naquele bimestre, os alunos começavam a me questionar com as seguintes perguntas: Professor, você é carioca?”, Onde você morava no Rio de Janeiro?”, Lá é muito violento mesmo?”, Professor, diz aí, é biscoito ou bolacha?”, Professor, fala isqueiro, aí. etc. Esses questionamentos revelavam a marca da alteridade que a minha presença corporal causava naquele espaço escolar. Era visível e audível como o meu sotaque carioca que puxa o s de maneira acentuada, para eles, gerava uma mistura de admiração, incômodo e interesse pela diferença. E essas perguntas não fizeram parte apenas do nosso primeiro encontro. Essas indagações são recorrentes ao longo de cada encontro semanal com as turmas e buscam de alguma maneira compreender o professor carioca”. Além disso, esses encontros antropológicos com a alteridade revelam que as aulas de Sociologia são cercadas por essa relação de reconhecimento da existência de pessoas e culturas que são singulares, ou seja, que pensam, agem e entendem o mundo de maneiras distintas. Dessa forma, o objetivo desse trabalho é trazer à tona esse encontro de alteridade que acontece a cada semana nas aulas de Sociologia, reconhecendo que essa reunião de diferentes culturas e formas de estar o mundo pode proporcionar um exercício prático para a formação de uma sociedade justa, equilibrada, democrática e plural, onde a diversidade cultural seja celebrada e respeitada por todos os seus participantes.