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MR 03: A antropologia vista do Nordeste: práticas insurgentes de intelectuais negres e indígenas
Resumo da atividade
Essa mesa tem como proposta refletir sobre o métier de antropólogues negres e indígenas da região Nordeste, envolvidos em articulações científicas e políticas nos últimos anos. Reunimos neste espaço, estudiosas/os que se deslocam desde o lugar do Outro e constroem uma narrativa de subjetividade implicada em suas vivências na feitura da teoria antropológica e na construção das ciências humanas, numa articulação dupla. Os temas aqui mobilizados serão referentes aos direitos territoriais, à luta contra a violência secular às mulheres indígenas, negras e ciganas, as políticas públicas de saúde e educação e a busca por autonomia entre coletivos e sujeitos marcados pela gramática colonial imperialista. Todos estes temas, dentro das especificidades de cada contexto, convergem para alguns objetivos comuns enfatizados pelo movimento do reconhecimento de saberes desses grupos. Os debates agregarão reflexões acerca de experiências de pesquisa, extensão e ensino, pautando os desafios para a transformação do nosso campo de saber desde experiências concretas calcadas em projetos contra hegemônicos para a disciplina. Objetivamos assim, construir espaços que fomentem o debate sobre processos de retomada no fazer antropológico como forma de expansão dessas lutas na produção de conhecimentos e reivindicações por direitos, localizadas no campo acadêmico e sobretudo trazer reflexão sobre a feitura de uma antropologia nordestina.
Coordenação:
Edilma do Nascimento Souza (UNIVASF)
Debatedor(a):
Gilson José Rodrigues Junior (IFRN)
Participantes:
Elisa Urbano Ramos (UFPE)
Ana Cláudia Gomes de Souza (UNILAB)
Felipe Sotto Maior Cruz (UFBA)
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MR 01: 20 anos de pesquisa em Antropologia e Educação(2000-2020): trajetórias, contribuições e perspectivas de formação na e para a diversidade.
Resumo da atividade
Pelo menos desde os anos 2000, em eventos nacionais e internacionais do campo antropológico, são recorrentes os debates acerca da antropologia, educação e escola, onde tem sido enfocados temas como os desafios do aprender e ensinar antropologia desde o ensino médio à pós-graduação em cursos que não os de Ciências Sociais e também a própria formação do antropólogo e de uma pedagogia da antropologia. Tais debates focalizam as diversas modalidades de educação e aprendizagens em espaços escolares e não escolares e o atendimento às exigências de ações afirmativas como políticas públicas focais voltadas para grupos que sofrem discriminação étnica, racial, de gênero, religiosa etc. Especialmente a Lei 11.645 que obriga o ensino da "História e Cultura afro-brasileira e indígena" na rede pública e privada de educação. Frente a essa realidade, questionamos: Que movimentos teóricos, metodológicos e de aplicação fazem os antropólogos quando escolhem ou são instados a investigar questões que dizem destas temáticas que permeiam os processos de aprendizagens? Desde este contexto, esta MR objetiva colocar em diálogo e em perspectiva comparada os modos como a Antropologia, nestas duas décadas (2000-2023), vem dialogando com a educação e a escola como categorias que dizem de práticas e de pressupostos teóricos que fundamentam saberes e fazeres expectativa é fomentar e fortalecer estudos acerca da interface antropologia e educação em realidades historicamente desiguais, diferentes e diversas.
Coordenação:
Weslei Lopes da Silva (Faculdade Famart)
Debatedor(a):
Guillermo Vega Sanabria (UFBA)
Participantes:
Sandra de Fátima Pereira Tosta (Rede Argonautas)
Raimundo Nonato Ferreira do Nascimento (UFPI)
Anderson Tibau (UFF)
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MR 02: A Antropologia e a Década Internacional das Línguas Indígenas
Resumo da atividade
Diante da situação crítica de eminente perda de extenso patrimônio linguístico e cultural da humanidade, foi instituída pela Assembleia Geral das Nações Unidas a Década Internacional das Línguas Indígenas (DILI) para o decênio 2022-2032. A DILI tem como o lema Nada para nós sem nós, afirmado na Declaração de Los Pinos Chapoltepek, que estabelece a participação efetiva dos povos indígenas nos processos de tomada de decisão, consulta, planejamento e implementação como princípios norteadores da iniciativa. Nesse contexto, foi elaborado o Plano Nacional da Década das Línguas Indígenas que explica os objetivos, metas, ações e organização no Brasil, com a criação do GT Nacional das Línguas Indígenas e mais dois outros grupos de trabalham que chamam atenção para formas pouco documentadas da diversidade linguística ameríndia no país: o Português dos Povos Indígenas e das Línguas de Sinais Indígenas. Reunindo linguistas e antropólogos/as que, a partir de uma perspectiva interdisciplinar, dedicam-se ao registro de línguas indígenas, assessoria a processos de retomada/ revitalização linguística, assessoria para o ensino de línguas indígenas em escolas diferenciadas e à documentação de artes verbais, a presente mesa tem por objetivo debater sobre as contribuições da antropologia e da abordagem etnográfica para a consolidação de objetivos da DILI e do GT Nacional das Línguas Indígenas.
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Coordenação:
Danilo Paiva Ramos (UNIFAL-MG)
Debatedor(a):
Anari Braz Bomfim (ONG)
Participantes:
Sâmela Ramos da Silva Meirelles (UNIFAP)
Evandro de Sousa Bonfim (UFRJ)
Leandro Marques Durazzo (UFRN)
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MR 04: A Configuração Política Atual para os Povos e Comunidades Tradicionais: ameaças e resistências.
Resumo da atividade
Esta Mesa Redonda é constituída de membros do Comitê Povos Tradicionais, Meio Ambiente e Grandes Projetos da ABA, que refletem sobre a configuração política no governo Lula e os esforços do governo atual para cumprir suas expectativas eleitorais de demarcar as Terras Indígenas, as Terras de Quilombolas e as Comunidades Tradicionais frente às fortes pressões da bancada ruralista, o setor de mineração, e empresas de infraestrutura, no Congresso Nacional. Discutem-se temas como o "marco temporal" e o embate entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional que ameaça desestabilizar a democracia e reverter as conquistas consolidadas na decisão do STF contra o marco temporal, e os vetos do presidente da República. Examinam-se as novas configurações do agronegócio dirigidas por grandes corporações e interesses transnacionais, a ameaça de instalar uma usina nuclear em Itacuruba, PE, o avanço dos setores hidrelétrico e de mineração na Amazõnia, e os parques eólicos no Nordeste com seu conjunto severo de impactos junto à comunidades pesqueiras e rurais. Com a inauguração do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), a reestruturação da FUNAI com presidenta indígena, e a presença de indígenas políticas(os) no governo atual, investigam-se a resistência contra essas novas ameaças para os povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais.
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Coordenação:
Stephen Grant Baines (UNB)
Debatedor(a):
Aderval Costa Filho (UFMG)
Participantes:
Pedro Castelo Branco Silveira (Fundação Joaquim Nabuco)
Hélder Ferreira de Sousa (Universidade Federal do Delta do Parnaíba)
Stephen Grant Baines (UNB)
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MR 06: A ocupação da prostituta e suas redes de afeto
Resumo da atividade
As relações de maternidade, conjugalidade e afetos das prostitutas expressam o estigma em torno do trabalho sexual. Mesmo reconhecido como ocupação pela Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) desde 2002, esse trabalho não é legitimado por todos os setores da sociedade civil, incluindo parte do movimento feminista, e no ambiente político institucionalizado, apesar de encontrar apoio nos movimentos sociais. Embora boa parte das trabalhadoras sexuais sejam mães, esposas, companheiras ou tenham namorado/a, são representadas como se não pudessem ter núcleos familiares com filhos/as, família e afetos. Apresenta-se não raro a dissociação na tríade maternidade/conjugalidade/ocupação, tal dissociação revela um paradoxo: se por um lado, essas mulheres são invisibilizadas socialmente, por outro, sua ocupação exige recursos associados à feminilidade, entre eles, o cuidado da escuta e o afeto. Aproximando-se de um discurso de que as mulheres possuem habilidades e competências de cuidado voltadas aos filhos, pais e parceiros, tal discurso não se aplica a todas, em especial, às que escolhem a prostituição como ocupação. A maternagem da mãe prostituta é deslegitimada socialmente, assim como a conjugalidade. Também são observadas assimetrias sociais no acesso político e econômico em relação à não legitimidade do papel social de cuidado, como é o caso das moradoras de rua e das mulheres com HIV. Esta mesa discutirá as relações afetivas e familiares das trabalhadoras sexuais.
Coordenação:
Juliana Gonzaga Jayme (PUC MINAS)
Participantes:
Marina Veiga França (UFMT)
Ana Paula da Silva (UFF)
Juliana Cavilha Mendes Losso (Centro Universitário Estácio de Santa Catarina)
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MR 07: A Pesca Artesanal é um objeto da Antropologia? Reflexões sobre o estado das artes na produção acadêmica brasileira
Resumo da atividade
A Pesca Artesanal há muitas décadas tem sido considerada com especial interesse pelas mais diversas ciências e áreas do conhecimento. No Brasil, ao longo do século XX, sobretudo com a estruturação das universidades, bem como com os incrementos de programas de pós-graduação e centros de pesquisa de alto nível, a Pesca Artesanal tem recebido atenção sistemática de pesquisadores ligados à Antropologia ocupados em observar de modo direto, não apenas a atividade em si, mas os modos de vida, as formas de reprodução social e as relações com agentes e instituições, em princípio, heterônomas aos contextos ambientais nos quais esta atividade é praticada. A vultosa e conhecida produção acadêmica sobre este tema e a importância desta atividade extrativista, no entanto, parece não ter sido suficiente para elevar estes estudos, tomados em conjunto, a um status semelhante, por exemplo, ao que recaiu sobre a Etnologia Indígena ou ao Campesinato, por exemplo, quando pensamos em temáticas que foram consolidadas, desde o surgimento da Antropologia profissional praticada no contexto brasileiro. Ao mesmo tempo, os estudos sobre a Pesca Artesanal e seus fenômenos sociais correlatos, com o passar das décadas estão, de formas diferentes, engendrando novas áreas tais como Antropologia Marítima, Antropologia Haliêutica, Antropologia do Povos Ribeirinhos entre outras classificações. Esta Mesa Redonda, portanto, pretende trazer uma provocação: a Pesca Artesanal é um objeto da Antropologia?
Coordenação:
Francisca de Souza Miller (UFRN)
Debatedor(a):
Francisca de Souza Miller (UFRN)
Participantes:
José Colaço Dias Neto (UFF)
Marco Antonio da Silva Mello (UFRJ)
Luceni Medeiros Hellebrandt (UFPR)
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MR 08: A Pós-Graduação em questão: os desafios da formação em Antropologia diante das demandas contemporâneas
Resumo da atividade
A proliferação de cursos de pós-graduação em Antropologia e áreas correlatas promoveu a diversificação da produção acadêmica e a descentralização da formação. Tal movimento veio acompanhado, nas últimas duas décadas, de políticas de cotas/ações afirmativas que democratizaram o ingresso na área. Esse conjunto de fatores veio a constituir um panorama muito diferente para a Antropologia no país. Presenciamos também mudanças estruturais significativas que têm apresentado novas demandas para a expertise antropológica: por parte do Estado, das instituições ambientais, empresariais e até militares. A diversificação se amplia com os trabalhos de consultoria que começaram a ser demandados por empreendimentos de energia elétrica, de construção civil, de empresas madeireiras, de fábricas de papel e celulose, de mineração, de petróleo e gás. Temos um panorama diferente de décadas atrás que nos colocam diante de dilemas envolvendo a dimensão de autonomia científica, da relação com agentes sociais estudados e a ampliação dos gêneros textuais em antropologia. Esta mesa objetiva discutir as experiências de três cursos de pós-graduação que assumiram o desafio de compartilhar suas vivências pautadas na questão dos conhecimentos tradicionais, visto que têm em suas linhas de pesquisa a relação com os povos e comunidades tradicionais e a afirmação de seus direitos étnicos e territoriais: PPGDS/UNIMONTES, o PPGCSPA/UEMA e o PPGAS/UFRN.
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Coordenação:
Rita de Cássia Maria Neves (UFRN)
Debatedor(a):
Alfredo Wagner Berno de Almeida (UEMA)
Participantes:
Andréa Maria Narciso Rocha de Paula (UNIMONTES)
Arydimar Vasconcelos Gaioso (UEMA)
Elionice Conceição Sacramento (pescadora)
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MR 09: A presença da antropologia na discussão sobre perspectiva sociocultural das drogas.
Resumo da atividade
Nos últimos anos, o campo do estudo do uso de substâncias psicoativas, até recentemente quase exclusivo dos estudos em saúde ou direito, vem se desenvolvendo na antropologia. A nova, mas não inédita, atenção dada aos seus aspectos culturais tem se manifestado em numerosas dissertações e teses, assim como apresentações em reuniões científicas.
Os antropólogos, ao abordar a questão das drogas, vem se posicionando como aliados aos diferentes grupos sociais em defesa dos direitos humanos e compromissados com a agenda política brasileira, especialmente, com as questões de gênero, genocídio, grupos étnicos, raciais, indígenas, entre outros. Nesse contexto, transbordam os limites acadêmicos, influenciando a militância política contra o proibicionismo, a guerra às drogas, o racismo, nas campanhas e ações de redução de danos relacionados ao uso de psicoativos e fazendo interface com estudos da religião, ao tratar dos enteógenos. Nesta mesa redonda propõe-se trazer palestrantes para relatar como vêm ocorrendo discussões na academia, como a abordagem antropológica vem sendo utilizada nas políticas públicas e como ela tem sido adotada por militantes feministas, queer, indígenas, antiproibicionistas e psicodélicos.
Coordenação:
Regina de Paula Medeiros (PUC MINAS)
Debatedor(a):
Regina de Paula Medeiros (PUC MINAS)
Participantes:
Edward John Baptista das Neves MacRae (UFBA)
Beatriz Caiuby Labate (Instituto Chacruna)
Ygor Diego Delgado Alves (UNIFESP)
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MR 10: Alimentação e Cultura: saberes críticos e diálogos transdisciplinares sobre a fome e a insegurança alimentar e nutricional
Resumo da atividade
Em consonância com a temática da 34a RBA, a proposta para esta mesa visa colocar em tela o tema da fome e insegurança alimentar e nutricional em interface com a Antropologia, como possibilidade de pluralizar as perspectivas de compreensão destes fenômenos que, por seu turno, se agravaram diante dos contextos de crises múltiplas e violação de direitos vivenciados no Brasil nos últimos tempos. A fome e insegurança alimentar e nutricional, tema perene nos contextos dos países do Eixo Sul, clama por atualizar as conexões entre os modos de produção e consumo de alimentos nos diferentes grupos sociais e temáticas candentes como racismo, patriarcado, LGBTQIA+fobia, ecocídio e crises ambientais, etc, que conformam sobremaneira discussões fundamentais para impulsionar as agendas de pesquisa e as lutas por justiças social, racial, ambiental, de gênero, dentre outras, em direção à defesa da vida plural. Esta proposta, cabe ressaltar, emerge do GT Alimentação e Cultura da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional - Rede PENSSAN, cujos objetivos circundam em reconhecer as abordagens interdisciplinares no campo da soberania e segurança alimentar e nutricional; promover a produção de conhecimento teórico metodológico sobre alimentação e cultura; provocar reflexões e estudos sobre alimentação e cultura no contexto da antropologia e das ciências sociais. Pretende-se assim ampliar os espaços dialógicos e reflexivos sobre a temática no âmbito da ABA.
Listar Resumos/Trabalhos
Coordenação:
Ligia Amparo da Silva Santos (UFBA)
Participantes:
Anelise Rizzolo de Oliveira (UNB)
Maria Emília Lisboa Pacheco (ong)
Inara do Nascimento Tavares (UFRR)
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MR 11: Alimentação, Meio Ambiente e Mudanças Climáticas.
Resumo da atividade
As mudanças climáticas estão se tornando um dos principais (senão) o principal assunto a ser debatido na atualidade e essa é uma constatação pertinente. De fato, as enormes e diferentes formas com que esse fenômeno se apresenta faz com que cada vez mais seja vivenciado e sentido como algo até mesmo assustador. Porém, grande parte da mídia e mesmo de instituições só visualizam o problema a partir de seus aspectos ditos climáticos naturais. No entanto, a atividade humana é fundamental nesse quadro e interfere, de forma decisiva para a situação.
Um dos aspectos mais cruciais que esta realidade traz é a que se refere à alimentação. As transformações ditas climáticas fazem com que a produção de alimento seja diretamente e imediatamente afetada. Secas, enchentes, incêndios, poluição e outros tantos fatores impactam a produção, em especial a pequena produção e a produção tradicional, cujos produtores ficam à mercê de drásticas transformações. Isso faz com que a Fome existente no mundo se agrave ou mesmo que ressurja em contextos onde está sob controle.
O objetivo desta Mesa Redonda é, justamente, debater esse problema a partir do viés antropológico, em especial da Antropologia da Alimentação. Entende-se que, neste momento, a Antropologia pode ter um papel fundamental e significativo na reflexão sobre o assunto e mesmo instrumentando ações relativas ao mesmo.
Coordenação:
Maria Eunice de Souza Maciel (UFRGS)
Debatedor(a):
Flávio Bezerra Barros (UFPA)
Participantes:
Cauê Fraga Machado (UFRGS)
Rafael Camaratta Santos (UFRJ)
Lis Furlani Blanco (Nrel)
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MR 12: Antropologia do Segredo
Resumo da atividade
Esta mesa discutirá o segredo como uma forma relacional presente em diversos contextos. O tema atravessa várias etnografias, desde a constituição da Antropologia Social, e também se faz presente na sociologia, história, política, literatura, artes etc.
Na antropologia, há um crescente interesse pela sistematização de instrumentais teórico-metodológicos que abordam facetas ocultas de interações sociais, inclusive de compromissos éticos entre etnógraf@s e participantes de pesquisas.
Estudos sobre sociedades secretas, magia e xamanismo, segredos institucionais, de família, de Estado e de Justiça, além de pesquisas que lidam com diversos tipos de documentos sigilosos envolvem investigações sobre o segredo e seus incontornáveis processos de revelações e violações de alianças.
Serão apresentados na mesa: 1) um breve balanço teórico-antropológico do tema, com destaque para uma literatura estrangeira pouco conhecida no Brasil; 2) uma análise antropológico-jurídica do papel-chave do segredo em rituais de julgamento por Tribunais do Júri no Brasil e na França; 3) reflexões sobre segredos em contextos de fronteiras geopolíticas em que ocorrem injunções entre legitimidade e ilegalidade, bem como tensões entre diferentes lógicas que regulam a circulação de coisas e pessoas.
Enfim, a proposta é demonstrar que existe uma considerável rede de reflexões na antropologia sobre processos de comunicação, revelação e vazamento de informações que pode ser denominada Antropologia do Segredo.
Listar Resumos/Trabalhos
Coordenação:
Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer (USP)
Participantes:
Maria José Campos (Receita Federal (BH))
Regina Coeli Machado e Silva (UNIOESTE)
Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer (USP)
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MR 13: Antropologia e etnografia das culturas populares entre fins do XIX e meados do XX: novas visões a partir de arquivos
Resumo da atividade
Com base em pesquisas em arquivos, abordamos distintos usos e entendimentos da Etnografia iluminando iniciativas e empreendimentos integrantes do campo antropológico na Europa e no Brasil. O arco temporal de fins do XIX a meados do XX abarca correntes de pensamento anteriores à institucionalização universitária das ciências sociais e também a diversidade de tendências contemporâneas à antropologia moderna que consagrou no cenário mundial as monografias oriundas de trabalho de campo intensivo e duradouro. O espólio científico do antropólogo português Jorge Dias e sua esposa Margot Dias (Museu de Etnologia, Lisboa) trará a análise do projeto de Atlas Etnográficos realizado em diferentes países europeus no pós- II Guerra Mundial; documentação dos Fundos Mário de Andrade (USP) e Paulo Duarte (Unicamp), referente aos anos 1930/início dos 1940, permite reexaminar o lugar do inacabado projeto do cancioneiro Na pancada do Ganzá na obra multifacetada do intelectual modernista Mário de Andrade; Documentação do Centro de Memória da Amazônia (UFPA) e da Biblioteca Pública do Pará embasa o exame de crônicas jornalísticas paraenses do final do século XIX que discute os sentidos do espaço dado aos registros e estudos das expressões culturais da população negra de Belém e arredores. Questões da atualidade e a contextualização das pesquisas examinadas permitem renovar o conhecimento das diferentes vertentes que compõem uma múltipla tradição disciplinar.
Coordenação:
Maria Laura Viveiros de Castro Cavalcanti (IFCS)
Debatedor(a):
João Miguel Manzolillo Sautchuk (UNB)
Participantes:
Antonio Maurício Dias da Costa (UFPA)
João Leal (CRIA Universidade Nova de Lisboa)
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MR 14: Antropologia e Patrimônio: Desafios, perspectivas e interfaces com as políticas públicas
Resumo da atividade
O patrimônio cultural é uma área pujante de atuação na Antropologia, seja no plano acadêmico com estudos etnográficos, seja na elaboração de registros e inventários de bens para efeitos de patrimonialização. Isso se ampliou ainda mais com a criação do Decreto 3.551, de 04/08/2000, que tem proporcionado interfaces do conhecimento antropológico com as políticas públicas de salvaguarda de bens culturais.
Considerando que o campo de pesquisa na Antropologia tem se expandido, com novos temas e formas de abordagens, formando profissionais com expertises nos níveis de graduação e pós-graduação, é preciso indagar como a disciplina (com seu arcabouço teórico e metodológico), bem como pesquisadores e profissionais graduados na área, podem participar das discussões visando a adoção e aperfeiçoamento de inventários, processos de registros e instrumentos de salvaguarda de maneira a qualificar as políticas públicas de patrimônio cultural nos níveis nacional, estadual e municipal?
Por outro lado, é importante questionar quais os limites das políticas públicas de patrimônio para ampliar os instrumentos e processos de patrimonialização de bens e valores culturais, possibilitando cidadania cultural plena, legítima e democrática, através do reconhecimento das demandas de grupos étnicos e sociais, comunidades, mestres e mestras da cultura? Quais as perspectivas na relação entre a pesquisa antropológica e as políticas públicas? Estas são questões que norteiam as reflexões e discussões dessa mesa.
Coordenação:
José Maria da Silva (UNIFAP)
Debatedor(a):
José Maria da Silva (UNIFAP)
Participantes:
Ana Carolina Carvalho de Almeida Nascimento (Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular)
Patricia Silva Osorio (UFMT)
Sérgio Ivan Gil Braga (UFAM)
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MR 15: Antropologia e Performance Negra
Resumo da atividade
Estudos de performance negra oferecem oportunidade excepcional para o diálogo hemisférico. No Brasil ou nos Estados Unidos consolida-se uma tradição crítica de estudos de performance no âmbito das práticas culturais expressivas da diáspora africana, com estudos realizados nos Estados Unidos, no Brasil, no Caribe e no continente africano. No debate sobre a formulação fugitiva de uma estética negra a performance negra é central, como em Fred Moten, Saiydia Hartmam, Leda Maria Martins e outros autores. Na antropologia clássica como em Victor Turner ou no trabalho contemporâneo de Diana Taylor, as formas de produzir sentido e conhecimento, de armazená-lo, transmiti-lo e manipulá-lo baseadas em performances, ocupam lugar central na teoria social. No campo da cultura popular negra como em Robin Kelley e em estudos sobre Hip-Hop e outras práticas, a dimensão performática é essencial. Nessa mesa propomos, com base na larga experiência de investigação empírica das participantes, no Brasil, em Cuba, Angola e nos Estados Unidos, refletir sobre a radicalidade e potencialidade dos estudos de performance negra para interpelar a teoria antropológica e os próprios impasses da experiencia negra transnacional.
Coordenação:
Osmundo Santos de Araújo Pinho (UFRB)
Debatedor(a):
Osmundo Santos de Araújo Pinho (UFRB)
Participantes:
Jaqueline Lima Santos (UNICAMP)
Tanya Latrice Saunders (umbc)
Christen Smith (University of Texas at Austin)
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MR 16: Antropologia em meio a políticas de enfrentamento à violência
Resumo da atividade
Esta mesa redonda visa a aglutinar trabalhos de pesquisa antropológica realizados em meio a políticas de enfrentamento à violência. Estes trabalhos se dão junto ao Néias observatório de feminicídios de Londrina, uma organização da sociedade civil no Paraná dedicada a visibilizar e acompanhar casos de feminicídio; à Rede Não Cala rede de professoras pelo fim da violência sexual e de gênero na Universidade de São Paulo; e ao setor de Direitos Humanos do MST em Pernambuco, que lida com casos de violência e criminalização relativos a conflitos agrários. Considerando a diversidade destes universos empíricos, esta mesa redonda procura refletir, por exemplo, sobre: a) os desafios éticos, conceituais e metodológicos de empreender pesquisas em contextos de violência e de mobilização política pelo seu enfrentamento, sobretudo no interior da crise democrática e sob o incremento do ultraconservadorismo no país; b) o contraste entre a produção de avanços legais e jurisprudenciais, o aumento do investimento acadêmico a seu respeito e o recrudescimento de estatísticas e casos sobre violência; e c) as disputas em torno dos múltiplos sentidos da noção de violência, implicadas em conflitos acerca da definição de sujeitos e direitos e da possibilidade ou não de atualização, em cada caso, dos citados avanços legais e jurisprudenciais.
Coordenação:
Heloisa Buarque de Almeida (USP)
Debatedor(a):
Natália Bouças do Lago (UNICAMP)
Participantes:
Martha Celia Ramirez Galvez (UEL)
Heloisa Buarque de Almeida (USP)
Roberto Efrem Filho (UFPB)
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MR 17: Antropologias e Literaturas: criações no ato de narrar
Resumo da atividade
Esta mesa pretende investigar as múltiplas criações no ato de narrar, sejam elas próprias da literatura institucionalizada em publicações editoriais, ou aquelas encontradas na interlocução etnográfica nas interações cotidianas. Nesse sentido, pretende-se interrogar as possibilidades variadas de criação literária que se colocam seja em textos de escritores legitimados como autores em um certo mundo, seja em textos criados por nossos interlocutores de pesquisa em outros mundos. Nesses materiais empíricos estão em jogo: a produção do ponto de vista de sujeitos humanos e não humanos, e de seus ambientes; as técnicas e ferramentas em uso; as linguagens e poéticas implicadas. O que envolve em ambos os casos uma atenção completa ao agenciamento das palavras, das formas, dos conteúdos e das materialidades da narração: seus gêneros, registros, suportes, ritmos, contextos.
Essa proposta abre inevitavelmente espaço para refletir sobre outras criações ainda, como a da própria narrativa etnográfica que se expande e se transforma a partir da mutualidade de conhecimentos.
Coordenação:
Júlia Vilaça Goyatá (UFMA)
Debatedor(a):
Igor Rolemberg Gois Machado (UFRRJ)
Participantes:
Fernanda Arêas Peixoto (USP)
Antonádia Monteiro Borges (UFRRJ)
Ana Carneiro Cerqueira (UFSB)
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MR 18: As novas dinâmicas das emigrações brasileiras
Resumo da atividade
Brasileires têm migrado para o exterior desde o final do século passado, mas os últimos anos viram um enorme crescimento dos deslocamentos. Pode-se dizer, sem qualquer dúvida, que o principal fenômeno migratório atual no país é a saída massiva de brasileires para o exterior. No entanto, tanto a mídia como a academia não têm dado a devida atenção a essa situação e os trabalhos sobre a emigração brasileira são raros. Essa mesa redonda tem a intenção de colocar o tema em pauta, com apoio do Comitê de Migrações e Deslocamentos da ABA, a fim de discutir as características e as novas configurações das emigrações brasileiras. A partir de três eixos básicos a racialização da migração, a questão do gênero e instabilidade das categorias legais de definição desses movimentos pretendemos apresentar novas pesquisas sobre a questão emigração brasileira atual e suas implicações para uma reflexão sobre os discursos nacionais sobre a diferença e também sobre a imigração no Brasil. Em que medida as discussões sobre a imigração no Brasil, marcadas pela inflexão política à extrema direita dos últimos anos, não resultam também na invisibilização da emigração brasileira? Discutir a emigração brasileira é também colocar em questão as matrizes de produção discursiva sobre a diferença representada pelos imigrantes no Brasil, afinal como encarar o racismo contra os imigrantes num país essencialmente emigrante?
Coordenação:
Igor José de Renó Machado (UFSCAR)
Debatedor(a):
Jeffrey Lesser (Emory)
Participantes:
Isadora Lins França (IFCH)
Maria Catarina Chitolina Zanini (UFSM)
Igor José de Renó Machado (UFSCAR)
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MR 19: Coleções e Museus Etnográficos: o pioneirismo de antropólogas mulheres
Resumo da atividade
As primeiras coleções etnográficas coletadas no Brasil, constituídas por artefatos indígenas, remetem ao séc. XVII. No séc. XIX tais coleções passaram a integrar acervos de instituições brasileiras, como os institutos históricos e geográficos, bem como os grandes museus que então se formavam o Museu Nacional, o Museu Goeldi e o Museu Paulista. A constituição e o estudo destas coleções no país contaram com a contribuição de algumas antropólogas que foram tecendo formulações e métodos, alguns registrados em obras de referência utilizadas por aqueles que investigam a cultura material indígena. Esta mesa visa destacar as contribuições de Berta Ribeiro, Sonia Dorta e Lucia van Velthem, três antropólogas que fizeram trabalho de campo com populações indígenas e se destacaram em seus estudos sobre coleções etnográficas e sobre as relações entre museus, exposições e povos indígenas. Berta Ribeiro fez pesquisas sobre arte, tecnologia e saberes dos povos indígenas e é autora do importante Dicionário do Artesanato Indígena (1988). Sonia Dorta escreveu sobre a plumária indígena e compilou dados a cerca das coleções etnográficas brasileiras. Lucia van Velthem dedica-se a pesquisas da cultura material e das coleções, atuando por mais de três décadas no Museu Goeldi. A partir do pioneirismo destas antropólogas propomos pensar os desafios contemporâneos dos estudos da cultura material e das coleções no necessário diálogo e na participação dos povos indígenas.
Coordenação:
Adriana Russi Tavares de Mello (UNIRIO)
Debatedor(a):
Maria Amália Silva Alves de Oliveira (UNIRIO)
Participantes:
Lúcia Hussak Van Velthem (MPEG)
Maria Denise Fajardo Pereira (Iepé)
Adriana Russi Tavares de Mello (UNIRIO)
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MR 20: Conflitos passados e presentes: história, memória e política em Moçambique
Resumo da atividade
Estudiosos moçambicanos têm chamado atenção para a violência como um elemento intrínseco da política moçambicana (Igreja, 2008; Macamo, 2016; Meneses, 2015), focando principalmente em duas questões: as implicações da violência para a construção da nação e sua centralidade na construção da narrativa do projeto nacional (Igreja, 2008). A mesa-redonda propõe-se a refletir os diferentes conflitos que compõem a história passada e presente de Moçambique, com objetivo de aprofundar a compreensão sobre desafios, limites e controvérsias relacionadas às histórias e memórias das diferentes guerras e conflitos que se entrelaçam na vida social e política do país. A mesa reúne pesquisadores/as engajados/as em diferentes agendas de pesquisa, provocados/as a se reunirem a partir da questão: Como conflitos passados ainda se fazem presentes na história e na política moçambicana? As diversas temporalidades que se cruzam nos trabalhos apresentados - da guerra anticolonial à guerra dos dezesseis anos, dos processos de paz com a democratização e suas implicações na geração de outras formas de conflitos internos à recente convulsão armada no extremo norte do país - colocam o problema da construção de histórias oficiais e os desafios democráticos contemporâneos. A mesa foi pensada em virtude da atualidade e atualização desses tempos e conflitos na vida política moçambicana. Nesse sentido, a mesa procura contribuir para os debates contemporâneos sobre memória, política, poder, violência e democracia.
Coordenação:
Bruna Nunes da Costa Triana (UFG)
Debatedor(a):
Inácio de Carvalho Dias de Andrade (FJLES)
Participantes:
Zacarias Milisse Chambe (UniRovuma)
Lorenzo Gustavo Macagno (UFPR)
Bruna Nunes da Costa Triana (UFG)
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MR 21: Desafios e (re)existências das parteiras tradicionais no Brasil: diálogos teóricos e práticos
Resumo da atividade
A presente proposta buscar apresentar os desafios e perspectivas da atuação das parteiras tradicionais e das leituras que têm sido sugeridas para as suas epistemologias e práticas. Segundo o DATASUS, em 2021, torno de 98% dos nascimentos aconteceram em espaço hospitalar. No CNES, o Amazonas é o estado que mais tem parteiras cadastradas e Pernambuco o quarto estado com maior número de cadastros nos estabelecimentos de saúde. Esse é um dado que aponta para a forte institucionalização do parto, indicando que a assistência acontece, majoritariamente, por profissionais de saúde com habilitação formal. Se, por um lado, essa realidade aponta a expansão do SUS, por outro, também se configura como um indicativo da dificuldade de mensurar a atuação das parteiras tradicionais, que continuam invisíveis nos sistemas de informação, mas presentes e atuantes nas suas comunidades. A partir de várias oficinas de trocas de saberes com as Parteiras Tradicionais do Amazonas e de Pernambuco, percebeu-se que elas continuam (re)existindo, desejantes de reconhecimento e atuantes politicamente, denunciando a falta de mecanismos que possibilitem a visibilidade de suas atividades e maior diálogo com o sistema público de saúde. Pesquisadoras (es) e parteiras, a partir da co-construção de conhecimento, discutem suas experiências comunitárias e de pesquisa, as relações com o poder público e os projetos participativos em busca de reconhecimento e valorização da arte (do ofício) de partejar.
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Coordenação:
Elaine Müller (UFPE)
Debatedor(a):
Julio Cesar Schweickardt (servidor)
Participantes:
Maria das Dores Silva Nascimento (PSI Brejo dos Padres)
Camila Pimentel (Fiocruz)
Maria das Dores Marinho Gomes (Instituto Mamirauá)
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MR 22: Diálogos atuais sobre as políticas e demandas ciganas no Brasil e no mundo
Resumo da atividade
A mesa pretende promover o encontro entre três ativistas ciganos: Valdinalva Caldas, calin, vice-presidente da Agência Nacional de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais do Povo Cigano; Leonardo Kwiek, rom, presidente da Federação Mineira de Ciganos; e Aluízio de Azevedo, calon, pós-doutorando na Fiocruz e assessor da Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso. A ideia do encontro é colocar em diálogo diferentes compreensões sobre os avanços (ou não) das políticas de reconhecimento e valorização dos povos ciganos no cenário nacional e internacional nas últimas décadas, bem como as demandas e lutas específicas de cada segmento. Depois de muitos séculos de perseguição e invisibilidade, os últimos anos vem sendo marcados por um progressivo relevo da luta cigana por ocupar espaços nas políticas de reconhecimento étnico, de ações afirmativas, de garantia territorial e direitos específicos. Neste cenário, quais foram os reais avanços, quais caminhos ainda faltam percorrer e quais os principais percalços destas lutas? Muito ainda está por fazer para que os povos ciganos tenham seus direitos plenamente garantidos e consigam ocupar todos os espaços, incluindo os da política institucional e da academia? Destaca-se aqui que o termo lutas aparece no plural, denotando a multiplicidade de povos ciganos existentes no país, cujas pautas também são distintas e plurais. A mesa visa assim, possibilitar um lugar de debate entre três representantes dessa pluralidade.
Coordenação:
Juliana Miranda Soares Campos (IFMG)
Participantes:
Aluízio de Azevedo Silva Júnior (Ministério da Saúde)
Valdinalva Barbosa dos Santos Caldas
Leonardo Costa Kwiek
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MR 23: Dinamismo cultural e (re)configurações identitárias entre Ciganos/Rom e a sociedade envolvente na contemporaneidade.
Resumo da atividade
Os ciganos/Rom fazem parte do cenário multiétnico e racial que caracteriza a sociedade brasileira, selecionando elementos culturais que os distinguem, mantendo e reelaborando formas de identificações coletivas e organizações sociais particulares. Esta Mesa Redonda tem como tema as implicações (mudanças e hibridizações) decorrentes das relações entre indivíduos e coletivos ciganos brasileiros com a sociedade envolvente em anos mais recentes. Para tanto, considera-se as novas tecnologias, redes sociais, oportunidades de trabalho, acesso à escolarização, ativismo político etc. O atual momento histórico apresenta novas configurações de ciganidade que acentuam a negociação entre diferentes universos culturais, aproximando ciganos de não ciganos na universidade, na indústria e no comércio, no uso da internet etc., questões essas que desafiam o olhar antropológico e merecem reflexões acadêmicas. Assim, esta Mesa busca discutir antigas e novas relações entre ciganos e não ciganos, pensando o atual contexto social e as demandas políticas e identitárias decorrentes, buscando refletir sobre os efeitos ocorridos nesse contexto complexo de fenômenos gerados nos contatos interétnicos.
Coordenação:
Maria Patrícia Lopes Goldfarb (UFPB)
Debatedor(a):
Mario Igor Shimura (UNICESUMAR)
Participantes:
Antonio Alves Pereira (INSTITUTO PLURIBRASIL)
Tarciso José Martins Dantas da Cruz (OAB)
Rodrigo Corrêa Teixeira (PUC MINAS)
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MR 24: Direitos Sexuais e Reprodutivos na América Latina: Família, Valores e Religião Frente ao Ascenso Conservador
Resumo da atividade
No contexto latino-americano, presencia-se o embate entre forças progressistas em prol do avanço dos direitos sexuais e reprodutivos de mulheres e do segmento LGBTQI e a reação conservadora que defende o modelo de família tradicional heteronormativa. Agentes religiosos têm se destacado no debate público, especialmente, nos termos de um ativismo religioso conservador, que pretende impor seus parâmetros à sociedade como um todo. Há contudo, mobilização no sentido oposto, não apenas dos grupos assumidamente laicos, mas também por parte de quem se identifica com valores religiosos, caso das Católicas pelo Direito de Decidir, das igrejas inclusivas, e dos grupos pela diversidade entre católicos/as e evangélicos/as. Parte desse cenário ocorre no contexto de disputa pelo ideário dos direitos humanos. Setores conservadores se aferram aos direitos de liberdade religiosa e liberdade de expressão para proteger suas práticas discriminatórias e combater a dita ideologia de gênero a fim de proteger a família. Acionam o discurso do direito à vida desde a concepção para impedir alteração na legislação sobre aborto, dizendo-se a favor da defesa das duas vidas. A luta pelos direitos de mulheres e meninas e pela diversidade sexual se dá entre avanços e retrocessos.
Esta mesa contempla o atravessamento do discurso dos direitos humanos por essas tendências opostas contemplando o debate público sobre aborto, sexualidade e modelos de famílias com seu entrelaçamento por valores religiosos.
Coordenação:
Jacqueline Moraes Teixeira (UNB)
Participantes:
Naara Lúcia de Albuquerque Luna (UFRRJ)
Rozeli Maria Porto (UFRN)
Jacqueline Moraes Teixeira (UNB)
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MR 25: E eu, não sou uma antropóloga? Negras, mães, quilombolas e afro-indígenas na feitura do saber antropológico
Resumo da atividade
E eu, não sou uma Antropóloga? Visibilizar e re-conhecer antropólogas negras mães, quilombolas e afro-indígenas na história da Antropologia é o propósito dessa Mesa Redonda que nasce dos debates provocados pela Campanha Yalodês, organizada pelo Comitê de Antropólogas e Antropólogos negros, no ano de 2021 para a visibilidade de mais de cem antropólogas negras do Brasil. Pretendemos ampliar as discussões em torno do porquê se faz necessário falar das estruturas que invisibilizam a produção do conhecimento feita por antropólogas negras, e que são ainda mais invisibilizadas quando são atravessadas por experiências de maternidade e pertencimentos étnicos e territoriais. O epistemicídio racial, bem como o continuum da estrutura do heteropatriarcado e das violências da desgenerificação racial, por muitos anos invisibilizaram e ocultaram mulheres negras mães, quilombolas e indígenas de ementas de cursos e da economia das citações das Revistas de Antropologia. Contudo, por meio da solidão resistente dos corpos negros na Academia, na luta constante dos movimentos negros e das políticas de ações afirmativas nas universidades, é que temos hoje a possibilidade de debatermos a presença não-visivibilizada, mas ativa de antropologas negras mães, quilombolas e indígenas na RBA. Por fim, evocaremos um terreno poderosamente insurgente na Diáspora Negra: Mulheres negras mães quilombolas e afro-indígenas como intelectuais e pontes para a feitura do conhecimento.
Coordenação:
Alexandra Eliza Vieira Alencar (UFSC)
Debatedor(a):
Antônia Gabriela Pereira de Araújo (Harvard)
Participantes:
Maíra Samara de Lima Freire (UFSC)
Jade Alcântara Lôbo (IDAFRO)
Fabiana Leonel de Castro (Universidade Nova de Lisboa)
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MR 26: Ecologias do Plantationceno: modos de habitar, resistir e preservar
Resumo da atividade
Em diferentes partes do globo, a antropologia tem renovado seus modos de pensar questões ambientais e urgências climáticas. A partir de experiências históricas e contemporâneas pautadas não só em um ideal de natureza autocontida e apolítica, abrem-se novos caminhos analíticos e metodológicos. Trabalhando a partir de contextos marcados por processos de desigualdade e racialização, esta mesa redonda busca abordar a produtividade de conceitos como o de Plantationceno para pensar as urgências climáticas, as desigualdades de acesso à terra e os diferentes modos de habitar a Terra. Visamos discutir o Plantationceno à luz de perspectivas heterogêneas da antropologia contemporânea, notadamente os debates sobre capitalismo racial, legados da plantation, domesticação e feralização, feminismos negros e indígenas, ecologia decolonial e humanidades ambientais. Ao privilegiar descrições etnográficas e histórias particulares, nosso objetivo é refletir sobre modulações locais de compreensão e resposta aos dilemas e desafios ecológicos globais, problematizando o modo como conceitos são produzidos e empregados nas ciências humanas. A partir de pesquisas situadas, nosso objetivo é analisar temporalidades, histórias, espaços e escalas distintas, a fim de pensar eixos comparativos teóricos e metodológicos mais abrangentes. Nesse sentido, prestar atenção e reconceitualizar a ecologia a partir de outros termos, práticas e genealogias nos permite, de fato, criar novas alianças.
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Coordenação:
Rodrigo Charafeddine Bulamah (UERJ)
Debatedor(a):
Alyne de Castro Costa (PUC-RIO)
Participantes:
Rosa Cavalcanti Ribas Vieira (UFRJ)
Guilherme Moura Fagundes (USP)
Caetano Kayuna Sordi Barbará Dias (UFSC)
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MR 27: Estética, Gestual e Oralidades: invenções de si, invenções da cidade
Resumo da atividade
Nesta mesa exploramos a dimensão performativa da estética, do gesto e da oralidade por meio de diferentes perspectivas etnográficas sobre a cidade, como formas de expressão, intervenção e invenção de sujeitos em seus percursos, experiências e traduções. Tais expressões constituem paisagens narrativas, sonoras, imagéticas, gestuais que nos colocam diante de múltiplos sentidos políticos, sociais, sensoriais sobre o mundo que habitam, coligindo referências locais e globais. As cidades se tornam palco de formas em disputa e da exibição de si. As técnicas, os repertórios, as emoções e as intervenções dos sujeitos reinventam entendimentos de ser e de viver a cidadania, através de corpos e de expressões simbólicas e agentivas mediadas, inclusive, por referência ao digital. O rap, o slam poetry, o grafite, o k-pop, o funk, o break, a vídeo arte, a arte pública, a fotografia, a prática do skate e da patinação de rua, a moda periférica, entre outras, ocupam as cidades, como nos casos trabalhados nesta mesa: Fortaleza, Rio de Janeiro, São Paulo, Aracaju, Porto Alegre, Lisboa, Barcelona. O que há de comum e incomum entre estas experiências, do ponto de vista da forma, dos sujeitos e do fenômeno mais geral sobre o que as cidades podem nos dizer na contemporaneidade? Que territórios, corpos e saberes críticos são estes? O que dizem sobre si, sobre seu entorno e sobre o mundo? Entre outras questões, este é o exercício de reflexão antropológica que propomos.
Coordenação:
Frank Nilton Marcon (UFS)
Debatedor(a):
Cornelia Eckert (UFRGS)
Participantes:
Gloria Maria dos Santos Diogenes (UFC)
Mylene Mizrahi (PUC-RIO)
Guilhermo Aderaldo (UNESP)
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MR 28: Etnografias com o sistema de justiça criminal
Resumo da atividade
Esta mesa redonda pretende reunir pesquisadores de diferentes instituições e unidades da federação que realizam pesquisas etnográficas com o sistema de justiça criminal e segurança pública, ampliando a circulação de pesquisadores e pesquisas empíricas dedicadas aos temas da administração de conflitos, da segurança pública, do sistema de justiça e da burocracia estatal, contribuindo para fortalecer a articulação promovida no âmbito do Instituto de Estudos Comparados em Administração de Conflitos (INCT/InEAC). Nesta ocasião, propomos reunir pesquisadores de diferentes estados da federação que realizam pesquisas em contextos diversos, com ênfase nos estudos sobre segurança pública e sistema de justiça no estado do Rio de Janeiro; na compreensão de dinâmicas criminais e atuação do sistema de justiça criminal no Mato Grosso do Sul; a partir de análises do sistema prisional no Distrito Federal, mas também observando a interface entre a pesquisa acadêmica e a atuação profissional em organizações da sociedade civil. Busca-se, ainda, valorizar uma abordagem multidisciplinar, na medida em que a atividade será coordenada por uma antropóloga, contando com a participação de um antropólogo, um sociólogo e uma pesquisadora do campo do Direito, cujos trabalhos têm em comum a promoção de uma interface entre o campo da Antropologia, da Sociologia e do Direito, em especial na produção de etnografias não apenas do, mas com o Direito e com o sistema de justiça criminal.
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Coordenação:
Yolanda Gaffrée Ribeiro (UFF)
Debatedor(a):
Michel Lobo Toledo Lima (INCT-InEAC)
Participantes:
Roberto Kant de Lima (UFF)
Carolina Barreto Lemos (Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura)
André Luiz Faisting (UFGD)
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MR 29: Etnografias do digital: tecnossocialidade, biossocialidade ou quando códigos binários encontram códigos genéticos na antropologia
Resumo da atividade
Esta mesa redonda tem o objetivo de destacar a pluralidade de eleições etnográficas que problematizem o digital e suas formas cada vez mais complexas de constituir a vida. Computadores pessoais e softwares de modelagem, aplicativos e redes sociais da internet, algoritmos e DNA, inteligência artificial e organismos geneticamente modificados, constituem um amplo e complexo amálgama que intersecta tecnologias digitais e da vida. Elas dão forma a mundos múltiplos, modulados por combinações matemáticas, técnicas, arranjos e transformações biológicas. Tecnossocialidade e biossocialidade, para usar uma fórmula mais conhecida. Nas últimas décadas a antropologia tem problematizado, por diferentes caminhos, a concepção de social ou sociedade como sendo a reunião de indivíduos humanos e seus modos de representação, ação, convivência e pertencimento. Isso inclui a emergencia coletivos situacionais e contingentes, definidos, por exemplo, pela partilha de moléculas, por códigos binários e genéticos ou pela combinação de dados minerados por algoritmos. Ainda que projetadas como globais, essas tecnologias encontram resistência e mobilizam interesses difusos e ganham novos contornos nas práticas localizadas ou em situações extraordinárias, como foi o caso da pandemia de Covid-19. Neste caminho, a mesa oferece um panoramas dos esforços antropológicos para tratar a produção e o governo da vida trazendo para o primeiro plano, através da etnografia, a atuação das tecnologias digitais e da vida.
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Coordenação:
Jean Segata (UFRGS)
Participantes:
Maria Elisa Máximo (UFSC)
Fabíola Rohden (UFRGS)
Theophilos Rifiotis (UFSC)
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MR 30: Etnografias dos negacionismos e das alt-sciences: Perspectivas a partir da antropologia da ciência
Resumo da atividade
Na última década, proliferaram no Brasil movimentações coletivas que desafiam os referenciais, os procedimentos, as instituições, as políticas públicas e as tecnologias baseadas no conhecimento científico. Assistiu-se à negação de axiomas e consensos científicos, à formação de coletivos a partir de especulações, e à intensificação de teses conspiratórias e de rumores fragmentados. Somam-se a isso as contestações de procedimentos experimentais, de regulamentações institucionais e de organizações especializadas que retiram a sua legitimidade de testemunhos publicamente compartilhados. A partir do campo da antropologia da ciência, esta mesa redonda coloca em perspectiva etnográfica os negacionismos e as práticas de grupos terraplanistas, de defensores do tratamento precoce da Covid-19 e outros coletivos conspiratórios. Interessa-nos não somente as suas contraposições à ciência, mas sobretudo os seus modos de pensamento, ação e intervenção. Aspiramos descrever os projetos específicos aos quais estão articulados, as materialidades que mediam suas práticas e seus processos de transformação ao longo do tempo. A partir de diferentes contextos, os/as participantes desta mesa mobilizam distintas estratégias etnográficas para refletir sobre as especificidades de sujeitos engajados em alt-sciences, problematizando os modos com que suas práticas desafiam a pesquisa antropológica e ameaçam projetos de justiça social.
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Coordenação:
Rosana Maria Nascimento Castro Silva (UERJ)
Debatedor(a):
Flora Rodrigues Gonçalves (Fiocruz)
Participantes:
Rafael Antunes Almeida (UNILAB)
Jorge Garcia de Holanda (UFRGS)
Rosana Maria Nascimento Castro Silva (UERJ)
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MR 31: Etnografias em serviços de saúde: perspectivas atuais e futuras nas pesquisas sobre o processo saúde e adoecimento
Resumo da atividade
No ano de 2024 comemora-se o décimo aniversário de lançamento do livro Etnografias em Serviços de Saúde organizado por Jaqueline Ferreira e Soraya Fleischer e publicado pela editora Garamond. A proposta do livro consistiu em reunir trabalhos que apresentassem as múltiplas possibilidades do fazer etnográfico em espaços tanto corriqueiros como inusitados e que contribuíssem para pensar os processos de saúde e adoecimento. A enografia como ferramenta teórica e metodológica trouxe a densidade dos temas bem como o lugar das pesquisadoras desde o momento da inserção, as negociações e os imponderáveis da vida real presentes no campo de suas pesquisas. As discussões como cuidado, gênero, ética, moralidade, responsabilidade e as tensões entre indivíduo e sociedade, profissional de saúde e usuários, pesquisadoras e interlocutoras e as reflexões sobre conceitos como usuários, pacientes, portadores e experientes mostraram a exuberância de possibilidades de discussão que esse assunto apresenta.
A proposta dessa mesa é revisitar a obra e suas reflexões e fazer um estado da arte sobre o campo das etnografias em saúde que surgiram desde então, bem como trabalhos que se debruçam sobre a perspectiva etnográfica em saúde com seus dilemas e desafios. Também será debatido a contribuição da obra para a formação de estudantes em ciências sociais e ciências da saúde e as perspectivas futuras de pesquisas etnográficas em saúde concebendo os modos plurais de conceber os processos de saúde e doença.
Coordenação:
Jaqueline Teresinha Ferreira (UFRJ)
Debatedor(a):
Sônia Weidner Maluf (UFSC)
Participantes:
Martinho Braga Batista e Silva (UERJ)
Jane Araújo Russo (UERJ)
Ceres Gomes Víctora (UFRGS)
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MR 32: Fronteiras em movimento, processos de territorialização e riscos socioambientais na Amazônia brasileira
Resumo da atividade
Na perspectiva dos grupos étnicos e sociais, o reconhecimento das terras tradicionalmente ocupadas, atualmente sob responsabilidade do Incra, SPU e Funai, e constantemente alvo de ataques pelos grandes setores do capital, expressos principalmente nos grandes projetos ditos de desenvolvimento, é sinalizada como estratégia política na luta pela reprodução das condições de trabalho e manutenção das unidades familiares em contextos comunitários e intercomunitários de maneira sustentável, inclusive em termos das suas práticas socioculturais. Reafirmando temáticas consagradas no campo antropológico, esta Mesa pretende discutir a construção da etnicidade com a emergência de processos de reificação de elementos culturais como sinais diacríticos pelos atores sociais e na distribuição dos direitos territoriais constitucionalmente garantidos para povos tradicionais. Ao refletir sobre os processos sociais e políticos de ocupação territorial e de reconhecimento de tais direitos frente ao Estado, podemos observar diferentes dinâmicas de produção e manutenção de fronteiras sociais e identidades étnicas mediante a análise etnográfica. Dimensionar as diferenças contextualmente produzidas entre indígenas, quilombolas, assentados e outras categorias de trabalhadores e povos tradicionais não como essências culturais, mas constituídas por relações de poder herdadas, inclusive, do período colonial, e investigar a produção de novas formas de colonialidade do poder serão os objetivos desta Mesa.
Coordenação:
Eliane Cantarino O'Dwyer (UFF)
Debatedor(a):
Thereza Cristina Cardoso Menezes (UFRRJ)
Participantes:
Eliane Cantarino O'Dwyer (UFF)
Katiane Silva (UFPA)
Paloma Abreu Monteiro (UFF)
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MR 33: Fronteiras LGBTI+: olhares antropológicos compondo histórias brasileiras
Resumo da atividade
A proposta da mesa é reunir pesquisadoras (es) sobre a questão LGBTI+ a partir de diferentes regiões do Brasil. Na última década, alcançamos conquistas importantes no processo de cidadanização de pessoas LGBTI+. Paradoxalmente, a despeito desse avanço em termos de direitos, ao menos do ponto de vista formal, o Brasil segue sendo um dos países com os índices mais elevados de LGBTfobia e líder mundial no assassinato de pessoas trans. Nessa mesa, reunimos pesquisadoras (es) que trabalham com pessoas em dissidências sexuais e de gênero e ao fazê-lo estão inscrevendo na ordem do reconhecimento experiências marcadas por diferentes graus de exclusão e marginalização. Outros olhares, outras temáticas, temporalidades e geografias, talvez nos convidem a inventariar outros corpos e espaços, deixando de vê-los apenas como cenários das nossas pesquisas, mas percebendo o quanto eles são frutos de práticas sociais e adquirem significado e possibilidades de leitura na agência dos diferentes sujeitos que os constituem. Por isso a noção de fronteira é muito cara ao diálogo aqui proposto. Fronteira, na definição dos dicionários, remete a uma ideia de limite ao mesmo tempo que opera uma distinção. Mas não só: ao demarcar uma diferença, a linha da fronteira também coloca em contato, aproxima e facilita trocar entre universos distintos. As exposições da mesa fazem isso a partir de experiências LGBTI+ em diferentes contextos brasileiros.
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Coordenação:
Guilherme Rodrigues Passamani (UFMS)
Debatedor(a):
Renan Honório Quinalha (UNIFESP)
Participantes:
Jainara Gomes de Oliveira (UFGD)
Thiago Barcelos Soliva (UFSB)
Guilherme Rodrigues Passamani (UFMS)
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MR 34: Indígenas, quilombolas, metodologias participativas e território na produção do Censo demográfico nacional de 2022
Resumo da atividade
A título de descrever um território e uma população, os censos produzem e impõem recortes e classificações, construindo representações de largo alcance e extensas consequências. As dimensões territoriais do Brasil, a sua estrutura de desigualdades e o racismo estrutural impõe à realização do censo demográfico dificuldades e disputas tão importantes de se conhecer quanto o próprio retrato de família que resulta dele. Em 1991, o primeiro censo demográfico realizado no curso do processo de redemocratização brasileira incluiu a opção indígena nas respostas à pergunta sobre cor ou raça. Em 2022, sob uma conjuntura absolutamente diversa e adversa, foi incluída mais uma opção: quilombola. As novas classificações étnicas disponíveis transformam radicalmente aquele retrato e agregam novas dificuldades e disputas à realização do censo, tanto quanto forçam a própria Antropologia a alterar os jogos de escala nos quais desenvolve suas reflexões sobre identidades e grupos étnicos no Brasil. Nosso objetivo é discutir o lugar da Antropologia nas reformulações recentes do censo demográfico, desde o seu planejamento e execução, até a sua legibilidade. Daremos especial atenção a dois aspectos inovadores: de um lado, o processo de consulta, de formação diferenciada das equipes e de adaptação metodológica aos contextos étnicos concretos; e, de outro, as novas categorias sócio-espaciais de captura de dados, baseadas em uma cartografia censitária colaborativa e participativa.
Coordenação:
José Maurício Paiva Andion Arruti (UNICAMP)
Participantes:
João Pacheco de Oliveira Filho (UFBA)
Marta de Oliveira Antunes (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE)
Fernando Damasco (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE)
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MR 35: Infâncias Migrantes e Refugiadas: entre pesquisas etnográficas e políticas públicas
Resumo da atividade
A Mesa propõe um diálogo entre pesquisadoras que atuam no Brasil e no exterior em interlocução direta com crianças e jovens imigrantes e refugiados, buscando conhecer suas experiências de deslocamento e suas percepções sobre as políticas de acolhimento e integração nos países de destino.
Segundo dados da ACNUR Agência da ONU para Refugiados, no final de 2022 haviam cerca de 108,4 milhões de pessoas deslocadas à força em todo o mundo. Embora as crianças representem 30% da população mundial, entre as pessoas deslocadas este quantitativo sobre para 40%. No Brasil, estima-se que atualmente existam cerca de 1,5 milhão de imigrantes e solicitantes de refúgio, dentre os quais, poderíamos estimar, de acordo essa proporção, pelo menos 600 mil seriam crianças.
Embora estatísticas e eventos cotidianos revelem a urgência de uma atenção especial à realidade das infâncias migrantes e refugiadas, estas ainda não tem recebido a atenção devida por parte da sociedade em geral e, mais especificamente, da gestão pública.
Buscando contribuir no sentido de sanar esta lacuna, a Mesa pretende abordar pesquisas etnográficas que envolvam processos de escuta das crianças e jovens, bem como pesquisas de cunho bibliográfico e estatístico que permitam reflexões sobre o panorama da inserção atual das crianças imigrantes e refugiadas no Brasil e sobre políticas públicas na área. O debate se insere nas ações da Rede de Pesquisa Infâncias Protagonistas: Migração, Arte e Educação (Pró-Humanidades CNPq).
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Coordenação:
Luciana Hartmann (UNB)
Participantes:
Leila Adriana Baptaglin (UFRR)
Fernanda Cruz Rifiotis (EHESS)
Anelise Gregis Estivalet (UNB)
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MR 36: Intelectuais negras e negros e insurgência acadêmica
Resumo da atividade
No intuito de promover um debate em torno da concepção de uma Antropologia crítica sobre relações étnico-raciais e colonialidade epistêmica nas universidades públicas brasileiras, a ideia desta MR é reunir antropólogas e antropólogos negras e negros cuja trajetória acadêmica docente e a produção científica e intelectual são expressivas de um compromisso ético e político com a causa das populações afrodescendentes, no Brasil, atinente à problemática das desigualdades e o racismo estrutural. Portanto, pensadores/as expoentes do protagonismo de uma práxis antropológica em afinidade dialógica com os movimentos negros, no engajamento sensível às reinvindicações desse coletivo na luta histórica por justiça social e direitos humanos. Participarão da MR como palestrantes: profa. Vera Regina Rodrigues da Silva (UNILAB), profa. Luciana de Oliveira Dias (UFG) e prof. Carlos Benedito Rodrigues Silva (UFMA).
Acrescenta-se que a MR será também espaço para homenagear intelectuais negros/as cuja produção epistemológica e ação política têm contribuído para a formação de novas gerações de pesquisadores/as antirracistas e enriquecido o debate e a produção teórica da ABA, bem como de outras associações científicas no Brasil e no exterior com destaque especial para importância das trajetórias do prof. Kabengele Munanga, profa. Josildeth Gomes Consorte e Carlos Benedito Rodrigues Silva para a antropologia.
Coordenação:
Rubens Alves da Silva (UFMG)
Debatedor(a):
Nilma Lino Gomes (UFMG)
Participantes:
Luciana de Oliveira Dias (UFG)
Carlos Benedito Rodrigues da Silva (UFMA)
Vera Regina Rodrigues da Silva (UNILAB)
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MR 37: Internacionalização da Ayahuasca e Conhecimentos Indígenas e Tradicionais
Resumo da atividade
A Mesa destacará discussões sobre a dispersão global contemporânea da ayahuasca e suas transformações, incluindo contextos tradicionais e novos. No Brasil, a expansão desse fenômeno e a emergência de um debate público sobre ele, inicialmente, estiveram mais associadas a religiões não indígenas. Atualmente, há uma presença forte de indígenas no debate público sobre a ayahuasca e nos diferentes contextos de seus usos. Notamos uma intensificação de contextos interétnicos relativos à bebida. A difusão das religiões ayahuasqueiras brasileiras no mundo implica numa grande diversificação de práticas, abarcando disputas sobre legitimidade entre diferentes contextos de usos e de sujeitos ligados a eles. As regulamentações da ayahuasca, envolvendo diferentes países, suas legislações e tratados internacionais, abrangem debates como: direitos de minorias religiosas, políticas de drogas ou de saúde pública. Hoje a ayahuasca pertence a redes globalizadas influenciadas por diversos interesses políticos, econômicos, científicos. Ela assume protagonismo na nova medicina psicodélica, e suas aplicações nesse meio conduzem a desafios com relação aos direitos e conhecimentos de povos originários e populações tradicionais associadas ao seu uso. A Mesa proposta inclui uma indígena e não indígenas, reunindo diferentes perspectivas sobre: relevância da ayahuasca em movimentos indígenas; processos de sua regulação; tensões e diálogos entre usos e conhecimentos indígenas e outros usos e saberes.
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Coordenação:
Sandra Lucia Goulart (FCL)
Debatedor(a):
Glauber Loures de Assis (Solaris)
Participantes:
Leonardo Lessin (UFAC)
Henrique Fernandes Antunes (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento CEBRAP)
Sandra Lucia Goulart (FCL)
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MR 38: Mães: gênero, raça, mobilidades e dinâmicas familiares nas experiências de maternidades no Sul Global
Resumo da atividade
Tendo como ponto de partida a concepção de que as maternidades são construídas socialmente sendo, portanto, vivenciadas de formas diversas e sem fixidez no tempo e no espaço, a presente proposta se dedica a investigar, de maneira sistemática e comparativa, as dinâmicas familiares que constituem e são constituídas pelas múltiplas vivências em torno da maternidade. São três as frentes de investigação que se entrelaçam nesta proposta: 1. O cruzamento crítico entre uma visão externa e normativa que institui um valor moral de mãe ideal e as perspectivas de mulheres-mães que experienciam a maternidade no cotidiano; 2. O mapeamento de redes de cuidado que envolvem o que tem sido denominado de geografias das maternidades e que conectam mulheres entre si e mulheres e seus filhos em redes nacionais e/ou transnacionais de afeto; 3. as interfaces entre maternidades e conjugalidades que nos permitam refletir sobre o terceiro elemento desta relação, o homem-pai. A partir de uma perspectiva comparativa esta MR pretende reunir pesquisadoras que, refletem sobre as dinâmicas familiares e de maternidade de forma multissituada. O debate tem ancoragem em pesquisas em dois continentes, África e América ambos contextos unidos pela diáspora negra do passado e por fluxos migratórios contemporâneos. Interessa-nos estudar tais percursos geográficos de ontem e de hoje entendendo-os como um campo social contínuo no qual podemos ancorar nossas pesquisas e reflexões.
Coordenação:
Andréa de Souza Lobo (UNB)
Participantes:
Fatime Samb (UCAD)
André Filipe Justino de Morais (UFMT)
Paula Balduino de Melo (Ministério da Igualdade Racial)
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MR 39: Matas e matos, bichos e encantos: estudos sobre as relações entre seres humanos e outros-que-humanos entre os povos indígenas no Leste do Brasil
Resumo da atividade
Conhece-se a enorme riqueza da biodiversidade dos biomas da porção leste do Brasil, que abrange os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e o sul e extremo sul da Bahia. Uma riqueza semelhante pode ser destacada quanto à sociodiversidade ou diversidade cultural nativa na mesma zona. Com efeito, o assim chamado leste etnográfico foi e é o lar de muitos povos indígenas cujas línguas classificam-se em diferentes famílias linguísticas: Tupi-Guarani, Jê, Botocudo, Maxakali, Kamakã, Puri e outras. Esses grupos indígenas no Leste exibem uma diversidade de formas de organização social, de práticas sociais, de modos de vida e de universos artísticos, culturais, míticos e cerimoniais. Desenvolvida em íntimo contato dos povos com seus territórios, essa diversidade sociocultural decorre e desdobra-se num conjunto de relações entre coletivos humanos e uma miríade de seres outros-que-humanos, sejam eles plantas, animais, espíritos, encantados, pais das matas, bichos brutos e outros seres ditos sobrenaturais, objetos, formações rochosas, rios e lagos e muitos outros. Esta mesa pretende pautar essas distintas formas de relação, históricas e/ou atuais, entre as sociedades indígenas no leste etnográfico e os múltiplos seres outros-que-humanos com quem compartilham o mundo, e com os quais engajam-se continuamente na produção de seus modos de vida, suas trajetórias históricas e suas lutas por reconhecimento e direitos.
Coordenação:
Felipe Ferreira Vander Velden (UFSCAR)
Debatedor(a):
Fabiano José Alves de Souza (UNIMONTES)
Participantes:
Jurema Machado de Andrade Souza (UFRB)
Vanginei Leite Silva (UFMG)
Izabel Missagia de Mattos (UFRRJ)
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MR 40: Memórias ambíguas: processos e narrativas de desestabilização de políticas de reconhecimento e preservação
Resumo da atividade
Nesta mesa redonda reunimos trabalhos que analisam as ambiguidades dos processos e narrativas memorialistas operados durante a construção de políticas de reconhecimento social e preservação cultural de eventos históricos, em especial os relacionados a experiências coletivas tidas como sensíveis, violentas ou críticas. Observamos que, desde os anos 80, um rearranjo global trouxe à tona inquietações sobre as formas das sociedades lidarem com as memórias de eventos difíceis, como os relacionados ao Holocausto, às ditaduras latino-americanas, às comissões de verdade e reconciliação na África pós-apartheid, ao racismo e à xenofobia, entre outros. Nesse contexto, se difundiram práticas e discursos de preservação cultural que buscavam dar conta da comunicação e do reconhecimento público das diversas experiências dolorosas. Processos que, por seu caráter ao mesmo tempo material e linguístico, tentaram exercer força sobre a normatividade e o percurso das narrativas memorialistas. Para refletir sobre essas questões, a mesa terá como foco os atores, estratégias, discursos, controvérsias e mecanismos produtores de novos significados em torno do eixo passado-presente-futuro e os tensionamentos entre as lógicas dos direitos humanos, das dinâmicas locais e da mercantilização cultural.
Coordenação: João Paulo Castro (FCS/UNIRIO)
Expositores: João Paulo Castro (FCS/UNIRIO); Cristiane Freitas Gutfreind (PPGCOM/PUCRS); Roberta Guimarães (PPGSA/IFCS/UFRJ)
Debatedor: Roberto Marques (PPGS/UECE)
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Coordenação:
João Paulo Macedo e Castro (UNIRIO)
Debatedor(a):
Roberto Marques (URCA)
Participantes:
Roberta Sampaio Guimarães (UFRJ)
Cristiane Freitas Gutfreind (PUCRS)
João Paulo Macedo e Castro (UNIRIO)
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MR 41: Mídias e evangélicos no Brasil contemporâneo: novas perspectivas analíticas
Resumo da atividade
Um tradicional eixo de debate antropológico no Brasil procurou refletir sobre a utilização das mídias por instituições religiosas, sobretudo a partir da segunda metade do século XX. As chamadas “terceira onda evangélica” ou a “Renovação Carismática Católica”, por exemplo, foram caracterizadas pela utilização efetiva dos meios de comunicação nos processos de evangelização. A disputa por outorgas de canais de rádio e televisão, a disseminação da música gospel ou a emergência de celebridades religiosas instigaram discussões sobre a manutenção de fiéis e a visibilidade no espaço público. Sendo assim, a proposta desta mesa-redonda é evidenciar novas perspectivas analíticas sobre os entrecruzamentos entre mídias e religiosidades, realçando como seus usos por diferentes sujeitos vêm estimulando uma multiplicidade de formas de vivenciar a fé na contemporaneidade. A partir da ênfase nas práticas midiáticas efetuadas por evangélicos em seus cotidianos, as apresentações visam: 1) destacar a influência do mundo digital no campo religioso; 2) compreender as tecnologias de gênero, sexualidade e outras intersecções que perpassam os processos de fazer-se evangélico/a; 3) atentar para os ativismos digitais tidos como “conservadores” ou “progressistas” que mobilizam certos segmentos dentro e fora das igrejas; 4) realçar as experiências de conversão e o impacto das redes sociais no grau de intensidade religiosa, dentre outros assuntos.
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Coordenação:
Raphael Bispo dos Santos (UFJF)
Debatedor(a):
Carly Barboza Machado (UFRRJ)
Participantes:
Nina Rosas (UFMG)
Olívia Bandeira de Melo Carvalho (Intervozes)
Raphael Bispo dos Santos (UFJF)
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MR 42: Migrantes indígenas ou indígenas migrantes? Indígenas venezuelanos no Brasil, agenciamentos e o acesso a políticas públicas.
Resumo da atividade
O objetivo desta mesa é discutir os múltiplos agenciamentos acionadas por indígenas venezuelanos/as frente aos desafios de acesso às políticas públicas migratórias no Brasil. Desde 2017, foram constatadas várias inciativas de recepção, abrigamento e integração em diversos estados brasileiros. As políticas públicas baseiam-se na cooperação interinstitucional e internacional que envolve, especialmente, a articulação entre instituições públicas, Forças Armadas, organizações internacionais e entidades da sociedade civil. Protocolos internacionais e hierarquias tem-se sobreposto a direitos internacionais e a processos de construção coletiva. O estabelecimento de categorias estatais internamente entre os povos indígenas e a falta de ampliação dos espaços comunitários têm produzido diferenciações marcadas por conflito e estranhamentos. A baixa participação social dos/as indígenas venezuelanos/as nas instâncias decisórias limita a sustentabilidade e o aprimoramento de políticas migratórias no Brasil, aliada ao pouco envolvimento das gestões públicas estaduais e municipais na resposta ao acolhimento aos/às indígenas venezuelanos/as. Isso resultou em baixa coordenação e alinhamento das intervenções; ausência de órgãos focais estaduais ou municipais de implementação de uma política permanente. Frente a esta realidade, indígenas venezuelanos/as têm produzido múltiplos agenciamentos, os quais serão explorados e refletidos com base em etnografias realizadas em diferentes contextos.
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Coordenação:
Sidney Antonio da Silva (UFAM)
Participantes:
Geraldo Andrello (UFSCAR)
Iana dos Santos Vasconcelos (UFRR)
Luis Ventura Fernández (CIMI)
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MR 43: Mineração, dependência e patronagem: compreendendo a recorrência dos desastres minerários em Minas Gerais
Resumo da atividade
O termo patronagem tem sido utilizado pela antropologia para demonstrar como um intrincado padrão de relações pessoais, fundado num jogo de lealdades e deveres entre atores desiguais, está no centro das instituições políticas e econômicas de sociedades capitalistas pós-coloniais, como a sociedade brasileira. Utilizado para compreender formações sociais minério-dependentes na América Latina, sendo o trabalho de June Nash “We eat the mines and the mines eat us” (1978) a principal referência, a patronagem tem-se revelado um conceito útil para descrever como, nos territórios minerados, pautas coletivas em prol de melhores condições de trabalho e bem-estar são retraídas por uma série de obrigações morais que segmentos amplos da população estabelecem com as empresas mineradoras. Na tentativa de debater a pertinência do termo para compreender não somente da mineração em Minas Gerais, mas também a forma como são construídas as repostas para os seus desastres, a mesa sugere aos seus participantes as seguintes reflexões: Quais seriam os fundamentos sociológicos da patronagem em realidades minério-dependentes? Como lidar com a temporalidade das relações patrão-cliente na formação histórico-econômica de Minas Gerais? Quais seriam as congruências entre essas relações e as estratégias empresarias de inserção nos territórios? Como os laços de patronagem se relacionam com os aparatos jurídico-administrativos da mineração no Estado?
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Coordenação:
Rafael Gomes de Sousa da Costa (UFES)
Debatedor(a):
Cristiana Losekann (UFES)
Participantes:
Tádzio Peters Coelho (UFV)
Vinicius José Ribeiro da Fonseca Santos (UFMG)
Rafael Gomes de Sousa da Costa (UFES)
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MR 44: Mobilizações e Ativismos: como a Antropologia contemporânea tem tratado os “movimentos sociais”?
Resumo da atividade
A proposta desta mesa redonda visa a reflexão acerca dos cenários de mobilização e ativismo relacionados a processos de ações coletivas, caracterizados pela combinação de quatro elementos: conflito, identidade, redes informais e modalidades de protesto.
A abordagem adotada, a partir da Antropologia Política, que toma a mobilização e o ativismo como objeto, tem como objetivo problematizar de que maneira aquilo que é rotulado como "político" e/ou "social" possibilita compreender a forma como os próprios atores definem suas práticas de interação, organização e intervenção. Além disso, busca-se compreender como os efeitos dessas práticas são concebidos em termos de processos de mudança, podendo ser interpretados como "sistêmicos" ao afetar relações estruturais de dominação, ou se são percebidos como efeitos "pontuais" que, de maneira isolada, introduzem determinadas agendas e constituem novos atores.
Esta abordagem procura desconstruir a representação de uma suposta invisibilidade do tema "movimentos sociais" no campo da Antropologia. Na prática, essa ausência não está relacionada à falta de pesquisas empíricas, mas sim à forma como os debates teóricos e conceituais se manifestam, em relação às pesquisas em outros campos acadêmicos. Pretende-se, assim, por meio de diversos recortes etnográficos discutir o que isso revela acerca da política da antropologia e da antropologia da política.
Coordenação:
Ana Paula Mendes de Miranda (UFF)
Debatedor(a):
Antonio Carlos de Souza Lima (UFRJ)
Participantes:
Maria Victoria Pita (Professora UBA)
Lia Zanotta Machado (UnB)
Thaddeus Gregory Blanchette (PP)
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MR 45: Monocultura e grandes projetos de desenvolvimento no plantationoceno: resiliências, tecnociências e mercados
Resumo da atividade
Os debates críticos surgidos em meio à discussão do antropoceno, que trouxeram à tona a noção de plantationoceno, recolocaram temas tratados por historiadores, sociólogos, antropólogos e geógrafos a respeito da plantation e sua relação com o capitalismo, o colonialismo, o escravismo, a diáspora africana, e as formas de dominação e resistência próprias a essa configuração. Nessa “retomada” da plantation, são reformuladas, criadas ou enfatizadas, entre
outras, discussões sobre as dimensões ecológicas, a centralidade da dimensão racial e suas continuidades e descontinuidades ao longo do tempo, as relações entre humanos, menos-que-humanos e não-humanos e as redes sócio-técnicas, o caráter replicável e escalável da plantation, em domínios atinentes a outras produções de monoculturas, corpos e mercadorias (como a universidade), as possibilidades de vida e de enredos/lugares “nas ruínas” e “nos refúgios” da plantation. A mesa pretende explorar as possibilidades abertas por esses debates recentes em torno do plantationoceno, inclusive somando-os àqueles que vem se dando em torno do chamado agronegócio e as resistências que desperta, na América do Sul, Caribe e outras paisagens do chamado sul global.
Coordenação:
Luciana Schleder Almeida (UNILAB)
Debatedor(a):
John Cunha Comerford (UFRJ)
Participantes:
Cristiano Desconsi (UFSC)
Igor Thiago Silva de Sousa (CPDA/UFRRJ)
Natacha Simei Leal (UNIVASF)
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MR 46: Movimentos hermenêuticos: Migrações, mobilidades, circulações, diásporas, deslocamentos, exílios
Resumo da atividade
A antropologia sempre esteve em movimento, assim como o mundo e grupos com as quais ela se relaciona. Essa natureza dialética da disciplina levou à transformação contínua do aparato conceitual sobre movimentos de seres humanos e outras entidades: pastoralismo, nomadismo, migração, diáspora, exílio, refugiados, circulações, mobilidades, fluxos etc. A centralidade de cada um desses conceitos foi frequentemente definida por distintos momentos históricos: colonialismo, guerras, nacionalismos pós-coloniais, crises regionais, globalização etc. Frequentemente, essas transformações conceituais trouxeram melhores entendimentos do mundo social, mas não raramente acabaram criando imbróglios hermenêuticos. Em artigo seminal de 2006, Rogers Brubaker lançaria luz sobre uma questão premente: a ampliação excessiva do significado do termo diáspora. No mesmo ano, Mimi Sheller e John Urry publicaram outro texto seminal destacando a "virada da mobilidade" nas ciências sociais e suas implicações para esse campo. Ambos são bons exemplos de como o ritmo acelerado do mundo pode ser angustiante para a antropologia. Mais recentemente, a consolidação de termos amplos, como Mobilidades e Circulações, apresentou novos desafios devido à sua ampla cobertura, que vai do turismo à migração forçada e ao transporte público. À luz dessas transformações, convidamos pesquisadores da área a explorar a produtividade hermenêutica desses conceitos, e suas correlações, em diferentes contextos etnográficos.
Coordenação:
Vinicius Kauê Ferreira (UERJ)
Debatedor(a):
Leonardo Francisco de Azevedo (UFRJ)
Participantes:
Handerson Joseph (UFRGS)
Martina Ahlert (UFMA)
Carmen Silvia de Moraes Rial (UFSC)
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MR 47: Mundos, estranhamentos mais-que-humanos e expansões no fazer etnográfico
Resumo da atividade
Esta proposta versa sobre a agregação de agenciamentos e diálogos com não humanos, ou mais que humanos, redirecionando o fazer etnográfico contemporâneo. Com o advento da virada ontológica, no trabalho de campo os não humanos passam a ser vistos como actantes que criam mundos (multiversos) ou redes (expansões ao infinito), reorientando o fazer etnográfico e as bases teóricas da antropologia. Nesse sentido, propõe-se demonstrar como o pluralismo ontológico tem contribuído para uma nova perspectiva do método etnográfico. A primeira comunicação irá analisar as relações entre humanos, não humanos e outros mais que humanos em museus de etnologia e seus acervos com os povos originários e proporá pensar em uma antropologia engajada em pensamentos e práticas de mundos que preexistem aos humanos ou que os supera. A segunda centrará na pesquisa com médicos-cirurgiões e tilápias (peixes), ambos construindo ativamente a pele do canal vaginal de mulheres trans em salas cirúrgicas. Por fim, a terceira comunicação com pesquisa de campo no Japão, apontará outras possibilidades de se pensar um novo animismo que, relaciona-se à cosmologia Shinto; e que diz respeito à interação dialógica com seres mais-que-humanos, (kami) onde humanos, kami e natureza fazem parte de um único sistema que não os diferencia e que pode nos ajudar a compreender a pluralidade de outras formas de pensar a relação com a natureza e as contribuições aos debates ambientais e do Antropoceno na antropologia
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Coordenação:
Sonia Regina Lourenço (UFMT)
Participantes:
Paulo Rogers da Silva Ferreira (UFBA)
Ryanddre Sampaio de Souza (UFMT)
Sonia Regina Lourenço (UFMT)
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MR 48: Narrar a terra: criações, estórias e resistências de coletivos quilombolas e povos tradicionais
Resumo da atividade
Sabemos todos que, nas lutas de quilombolas e povos e comunidades tradicionais que têm o território como objeto, um papel crucial é desempenhado pelas estórias e narrativas que tematizam modos de vida singulares e situados espacialmente, as ameaças a eles e as resistências suscitadas nesse processo - tais histórias contribuindo para fazer terra e território em suas múltiplas dimensões. Nessa mesa queremos pensar tais estórias e narrativas sobre o território enquanto práticas de criação, ou seja: com foco nas materialidades e nos meios expressivos que as possibilitam, na multiplicidade de elementos e dimensões agenciados por essas formas rituais assim como nas invenções, subversões e desencaminhamentos por elas propiciados. Interessa-nos pensar tais histórias e narrativas a partir das agências e contextos dialógicos concretos em que elas se atualizam, as criatividades imanentes a elas correlacionando-se então à sua coexistência com outros registros discursivos que se estruturam via linguagens jurídico-administrativas ou discursos críticos de cunho sociológico. Concebidas a partir desse encontro e imbricação de vozes, memórias e experiências díspares, queremos então refletir como tais estórias e narrativas têm potencialidades criativas não apenas no que se refere às vidas e lutas pela terra dos povos e coletivos em questão - mas também no que diz respeito ao plurilinguismo inerente ao fazer etnográfico daqueles antropólogos engajados com esses últimos.
Coordenação:
André Dumans Guedes (UFF)
Debatedor(a):
Ana Claudia Duarte Rocha Marques (USP)
Participantes:
Yara de Cássia Alves (UEMG)
Daniela Carolina Perutti (USP)
Sonia Aparecida Araujo (PRE)
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MR 49: Nas ciladas dos direitos: refletindo sobre enquadramentos políticos, administrativos e de pesquisa na produção de sujeitos e assujeitamentos
Resumo da atividade
Os debates em torno dos direitos voltados a sujeitos considerados de algum modo como “vulneráveis” vêm ocupando a cena pública com destaque desde o chamado processo de redemocratização brasileira nos anos 1980. A antropologia, entre outras formas de conhecimento e outras categorias profissionais, tem participado de diferentes modos dessa cena, ora disputando enquadramentos, ora apresentando complexidades etnográficas ou adensando reflexões éticas sobre responsabilidade social, alianças políticas e limites nas formas de atuação da academia.
Partindo de pesquisas em campos empíricos distintos, notabilizados também por tensões em torno de direitos e sujeitos de direitos, a mesa pretende destacar alguns pontos potencialmente incômodos destes processos. Ancorando-se em pesquisas envolvendo etnicidade e migração (Facundo), violência de gênero (Aguião) e sexualidade (Vianna), as participantes buscam refletir sobre 1) qual o papel desempenhado por processos administrativos de diversas ordens na produção de dinâmicas de sujeição em meio à “proteção” ou à “reparação”?; 2) que sentidos específicos de violência e vulnerabilidade estão atrelados à produção de sujeitos? 3) que papel desempenham, em diferentes momentos das últimas décadas, o entrelaçamento das categorias raça, etnia, gênero e sexualidade nos modos de enquadramento de sujeitos e políticas? 4) que papel e que contradições são vividas por antropóloga/o/es nesses processos enquanto coprodutores de enquadramentos?
Coordenação:
Adriana de Resende Barreto Vianna (UFRJ)
Debatedor(a):
Sérgio Luís Carrara (UERJ)
Participantes:
Adriana de Resende Barreto Vianna (UFRJ)
Angela Mercedes Facundo Navia (UFRN)
Silvia Aguião (UFMA)
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MR 50: Nexos África - Caribe: diálogos etnográficos para além dos "estudos de área"
Resumo da atividade
África e Caribe inscrevem-se no pensamento social como contextos geopolíticos e áreas culturais ligadas por dois processos históricos: pelo tráfico atlântico de pessoas escravizadas; e pelas relações de solidariedade e interlocução intelectual e política no âmbito do movimento pan-africanista, no qual intelectuais negros oriundos do Caribe tiveram papel relevante como fomentadores e organizadores de lutas anticoloniais e anti-apartheid. Se por um lado esses processos evidenciam conexões relevantes, por outro segmentam as formas de se pensar seus contextos e trajetórias históricas particulares, desembocando em sua localização como áreas de estudo situadas no que Michel-Rolph Trouillot denominou “nicho selvagem”, para o caso dos estudos caribenhos, e no que Archie Mafeje identificou como “casos especiais”, no âmbito dos estudos africanos.
Como reflexo da internacionalização da antropologia no Brasil, esta proposta, construída no âmbito do Comitê de Estudos Africanos da ABA, dá continuidade a esforços por estabelecer nexos, da ordem do que Bispo dos Santos nomeou “transfluências”, entre África e Caribe, utilizando conceitos emergentes de experiências etnográficas com questões estéticas, artísticas, visuais e sensoriais em um desses contextos, indagando sobre a possibilidade de compor grades de inteligibilidade sobre o outro fundamentadas ou não em relações históricas diretas e confluências empiricamente evidentes.
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Coordenação:
Paulo Ricardo Müller (UFFS)
Debatedor(a):
Rogério Brittes Wanderley Pires (UFMG)
Participantes:
Helena Santos Assunção (Museu Nacional)
Daniel Alves de Jesus Figueiredo (UFMG)
Flávia Freire Dalmaso (UFMS)
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MR 51: Novas Fronteiras Minerárias: violências e transformações territoriais no laboratório político do desenvolvimento
Resumo da atividade
O crescimento da demanda por commodities e as respostas hegemônicas às mudanças climáticas orientadas a uma suposta transição energética tem fomentado a ampliação de investimentos extrativos no país. Caracterizado como um novo ciclo extrativo, esse contexto promove a multiplicação de projetos minerários e energéticos. Entretanto, mais do que uma forma técnica caracterizada pela escala e intensidade da exploração dos recursos naturais, a mesa propõe discutir o neoextrativismo através do recurso analítico da fronteira (PACHECO DE OLIVEIRA, 2021), entendida como um regime político que conforma novos padrões de poder. A partir de pesquisas conduzidas em Minas Gerais, Ceará e Maranhão, o intuito é debater os efeitos sociais dos projetos extrativos na configuração de espaços marcados pela violência e pela experimentação política. Nesse cenário, se destacam os dispositivos e táticas que instituem novas modalidades de controle territorial, vigilância, contenção da crítica, dissolução de direitos, bem como arranjos emergentes em que são redefinidas formas de ação política, identidades, linguagens e estratégias de contestação. Constituem temas centrais da discussão: o mapeamento das redes e processos, por vezes, ilegíveis, que viabilizam os projetos; as narrativas de desenvolvimento e suas justificações; as transformações territoriais engendradas, seus efeitos sobre povos e comunidades tradicionais, as disputas desencadeadas e as formas institucionais de administração dos conflitos.
Coordenação:
Raquel Oliveira Santos Teixeira (UFMG)
Debatedor(a):
Rômulo Soares Barbosa (UNIMONTES)
Participantes:
Raquel Maria Rigotto (UFMA)
Horácio Antunes de Sant'Ana Júnior (UFMA)
Horacio Machado Aráoz (UFOP)
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MR 52: O exílio na antropologia contemporânea: interrogando uma presença nebulosa
Resumo da atividade
É conhecida a referência de Edward Saïd ao exílio como uma experiência que “nos compele estranhamente a pensar”, embora terrível de se viver, fratura incurável. Para o autor, em suas Reflexões sobre o Exílio, a diferença entre os exilados de outrora e os atuais é de escala. Vivemos a era das imigrações em massa. Quando se altera a dimensão do fenômeno, mudam também as formas de nomeá-lo e, assim, inscrevê-lo em categorias que lhe deem inteligibilidade. Modificam-se, em suma, os modos de apreendê-lo e de lidar política e socialmente com ele.
São inúmeros os estudos antropológicos voltados para os deslocamentos que marcam a contemporaneidade em nível global, diferencialmente situados no tempo e no espaço, entre os trânsitos, localidades e identidades envolvidos nesses processos, nomeados por distintas categorias: diásporas, migrações, expulsões, refúgios. Estranhamente, o exílio, emblema do desterro, é secundariamente referido nesses estudos, deixando de lado uma categoria que foi fundamental, em sua inscrição política, no contexto das ditaduras latino-americanas do século XX. Esta mesa pretende interrogar essa presença nebulosa. Propomos discutir, entre as formas de aproximação da antropologia a esses processos históricos e sociais, quais os sentidos e implicações desses deslocamentos de categorias para pensar e nomear a descontinuidade da vida diante de partidas forçadas de pessoas e populações. O tema reveste-se de especial relevância nos 60 anos da ditadura brasileira.
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Coordenação:
Cynthia Andersen Sarti (UNIFESP)
Debatedor(a):
Bela Feldman-Bianco (UNICAMP)
Participantes:
Felipe Magaldi (UNIFESP)
José Sergio Leite Lopes (UFRJ)
Liliana Sanjurjo (UERJ)
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MR 53: O FAZER ANTROPOLÓGICO NUMA SOCIEDADE DAS IMAGENS: perspectivas críticas e desafios teóricos e metodológicos aos cânones clássicos
Resumo da atividade
Essa proposta é fruto de participações de membros do Núcleo Etnologia e Imagem em congressos científicos: VI REA (Salvador, 2019), I e II Encontro de Antropologia e Imagem (São Luís, 2016, 2022); GT’s e Simpósios da ABA e SBS, dando continuidade a reflexões sobre fotografias, filmes e demais acervos iconográficos investigados. Constata-se um consenso nas Ciências Sociais de que habitamos numa sociedade das imagens. Gruzinsky, Ranciére e outros apontam características peculiares de uma civilização que apresenta densa floresta de imagens em profusão. Nesta MR, pesquisadores de diferentes regiões refletirão sobre aspectos imagéticos e semiológicos no fazer antropológico com imagens de acervos produzidos, enfrentando desafios no percurso interpretativo. José de S. Martins introduz uma inquietação em relação ao significado sociocultural dos acervos imagéticos: “Sociólogos e antropólogos precisam de muito mais do que uma foto para compreender o que uma foto contém”. Portanto, a MR propõe o debate de como se tem enfrentado e superado estes dilemas interpretativos. A quais recursos extra-imagens recorremos para atingir o alcance semiológico das imagens investigadas? Os cânones clássicos da Antropologia ainda dão conta da realidade contemporânea? Como as novas tecnologias da imagem (IA) e os territórios socioculturais e étnicos dialogam transformando os códigos e as linguagens? Os convidados apresentarão suas dificuldades e conquistas no trabalho de campo com as imagens.
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Coordenação:
Alexandre Fernandes Correa (UFRJ)
Participantes:
Juliana Loureiro Silva (PPGSA/UFRJ)
Jean Souza dos Anjos (UECE)
Adalberto Luiz Rizzo de Oliveira (UFMA)
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MR 54: O patrimônio cultural face à superexploração de commodities no Brasil: direitos, desastres e políticas de reconfiguração de memórias
Resumo da atividade
A indissociabilidade dos direitos culturais, ambientais e territoriais perpassa a Constituição Federal de 1988, notadamente os artigos que tratam do patrimônio cultural, do meio ambiente, dos povos indígenas e dos remanescentes de quilombos. Da definição constitucional de patrimônio cultural, que abrange modos de fazer, criar e viver, depreende-se a imbricação de múltiplas dimensões (territoriais, ambientais, econômicas) com a produção cultural dos grupos formadores da sociedade brasileira. A despeito disso, a proteção desse patrimônio é confrontada por inúmeros projetos de desenvolvimento baseados na superexploração de commodities, que usurpam territórios, promovem danos ambientais e desconsideram valores culturais de comunidades locais. Desastres como os de Brumadinho e Mariana destacam-se neste contexto devido à grandiosidade e ao fato de afetarem patrimônios históricos consagrados. Em todas as regiões do Brasil, encontram-se condições semelhantes às que resultaram nos referidos eventos e ameaçam os modos de vida e os patrimônios de inúmeros grupos sociais. Há "grandes projetos" que ameaçam os territórios, os modos de vida e a reprodução cultural dos grupos. Propomos, nesta mesa, discutir desde o modus operandi desses projetos até as estratégias locais de reconfiguração de memórias sensíveis. Pretendemos, ainda, abordar os limites dos direitos constitucionais e das políticas patrimoniais, tendo em vista a imbricação entre direitos culturais, territoriais e ambientais.
Coordenação:
Luciana Gonçalves de Carvalho (UFOPA)
Participantes:
Voyner Ravena Cañete (UFPA)
Julie Antoinette Cavignac (UFRN)
Regina Maria do Rego Monteiro de Abreu (UNIRIO)
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MR 55: O processo do morrer e os mortos no Brasil: um balanço a respeito do término da vida em contexto contemporâneo
Resumo da atividade
A partir do final do século XX, os estudos do campo da antropologia da morte estão em expansão, com crescimento no número de pesquisas sobre a morte, os mortos e o morrer, numa diversidade cada vez maior de campos e com uso de ferramentas conceituais inovadoras. As pesquisas se concentram em discussões concernentes a dilemas teórico-metodológicos e questões morais, políticas, religiosas, da esfera da atenção à saúde e do âmbito das demandas sociais. Os debates refletem variadas temáticas, como luta por direitos, reconhecimento e empoderamento de agências, além de conflitos na gestão do final da vida. O término da vida envolve escolhas referentes a valores vigentes no contexto, sob controle de diferentes instituições, saberes e profissionais – da área do Direito, da Medicina, da religião e da política. Controvérsias em torno do que seria uma morte natural pautam normatizações, vinculadas à determinação do que seria vida e morte com dignidade. Propomos debater algumas indagações, sobretudo a partir da pandemia da Covid-19: como se morre no Brasil? Quais as mudanças na assistência ao final da vida e no controle de óbitos? Como parte da vida, a morte pode indicar vozes silenciadas e/ou ignoradas, de maneira a possibilitar acesso a concepções vigentes em cada contexto, assim como evidenciar caminhos metodológicos capazes de uma mirada dirigida à nossa própria atividade como pesquisadoras, pesquisadores e cientistas sociais.
Coordenação:
Rachel Aisengart Menezes (IESC/UFRJ)
Debatedor(a):
Andreia Vicente da Silva (UNIOESTE)
Participantes:
Mísia Lins Vieira Reesink (UFPE)
Flavia Medeiros Santos (UFSC)
Lucas de Magalhães Freire (UERJ)
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MR 56: Para além do Brasil: história indígena de longa duração e diálogos entre antropologia e arqueologia
Resumo da atividade
O conceito e a realidade político-social e territorial do Brasil informam e constituem uma narrativa histórica oficial, bem como uma estrutura de saber e de poder. O Brasil, e sua história, são dotadas de uma cronologia e uma trajetória: cronologia datada de um marco ou limite, iniciada em 1500; esta, associada à trajetória europeia, mais especificamente, do Império português e da história universal. Sendo a história universal eurocentrada uma totalidade hierárquica, que envolve a formação individual e coletiva, servindo assim como matriz geradora e criadora de pessoas e coletividades, incluindo aí diversas hierarquias sociais e formas de organização territorial.
O objetivo da presente mesa é justamente lançar o desafio da desnaturalizar essa estrutura de saber e de poder (romper com a ideia de que a única cronologia possível e a única trajetória possível de ser estudada historicamente) é da sociedade produzida a partir da colonização. A partir de diálogos entre antropologia social e arqueologia, a presente mesa pretende trazer para reflexão pública como descobertas revolucionárias da arqueologia (que fizeram recuar a história indígena e ampliar sua cronologia), bem como experiências da antropologia social e do ativismo e pensamento indígena contemporâneos, colocam outras possibilidades de pensar uma multi-história, que vai muito além da história unilinear da narrativa oficial e de sua colonialidade do poder e saber.
Coordenação:
Andrey Cordeiro Ferreira (UFRRJ)
Debatedor(a):
Gina Faraco Bianchini (Andrade e Bianchini Arqueologia e Patrimônio)
Participantes:
Andre Menezes Strauss (USP)
Andrey Cordeiro Ferreira (UFRRJ)
Jorge Eremites de Oliveira (UFPEL)
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MR 57: Para evitar a queda do céu: o que as crianças nos ensinam para sair da crise contemporânea?
Resumo da atividade
Em diálogo com a Antropologia da Criança, a mesa traz investigações com crianças a partir de cosmovisões tradicionais, tomando-as como sujeitos, privilegiando perspectivas críticas e decoloniais, que apontem saídas para o caos social e o neoliberalismo. Serão apresentadas pesquisas situadas na virada ontológica da disciplina, atentas aos impactos do humano sobre o planeta, cujas reflexões se produziram a partir das relações das crianças indígenas Galibi-Marworno com o ambiente, através da aprendizagem de uma ética de cuidados no contato com os "donos" (humanos e não humanos) dos lugares; da produção de territorialidades do bem-viver das crianças do quilombo do Abacatal no Pará; e dos modos de relação e enfrentamento das crianças com vírus (o invisível) da Covid-19 no estado da Paraíba. A multiplicidade das infâncias, enquanto categoria estrutural dentro do ciclo geracional, estará presente. A mesa tratará de temas caros à antropologia - subjetividades, parentesco, territorialidades, aprendizagens, etnicidades, meio ambiente, Estado, polítcas públicas, cuidado e família, etc –, à partir das soluções propostas pelas crianças para sair da crise contemporânea.
Listar Resumos/Trabalhos
Coordenação:
Emilene Leite de Sousa (UFMA)
Participantes:
Antonella Maria Imperatriz Tassinari (UFSC)
Flávia Ferreira Pires (UFPB)
Maria do Socorro Rayol Amoras (UFPA)
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MR 58: Patrimônios insurgentes: disputas e agenciamentos políticos no campo patrimonial
Resumo da atividade
Nos últimos anos, temos assistido a um processo de expansão do campo do patrimônio associado à ampliação e efetivação dos direitos de grupos historicamente alijados da memória oficial. Esses coletivos, cujos corpos, práticas e memórias são marcadas pela ausência nas narrativas patrimoniais hegemônicas, têm operado diferentes estratégias de resistência e formas de agenciamento responsáveis por provocar fissuras nas políticas patrimoniais contemporâneas. As disputas por “direito à memória” e a “cidadania patrimonial” tem se expressado em um mosaico de novos repertórios patrimoniais: patrimônios afro-brasileiros, patrimônios indígenas, patrimônios urbanos, patrimônios LGBTQIAPN+, museus indígenas, museus memoriais e museus comunitários. Dialogando com esse contexto, a proposta desta Mesa Redonda é provocar o diálogo acerca desses “patrimônios insurgentes”, com foco nas disputas e tensões que envolvem movimentos sociais, órgãos do governo, especialistas do patrimônio e a sociedade mais ampla. Trata-se, portanto, de evidenciar os contenciosos que se relacionam às diferentes estratégias de contestação de narrativas patrimoniais hegemônicas baseadas na história única. O debate pretende, portanto, contribuir para a compreensão da complexa arena do patrimônio, cujos conflitos têm sido cada vez mais importantes para a compreensão dos processos de efetivação dos direitos humanos, da cidadania e da democracia.
Coordenação:
Thiago Barcelos Soliva (UFSB)
Debatedor(a):
Milton Ribeiro da Silva Filho (UEPA)
Participantes:
Patrícia Lânes Araújo de Souza (UERJ)
Larissa Maria de Almeida Guimarães (IPHAN)
Hugo Menezes Neto (UFPE)
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MR 59: Podcasts em antropologia: desafios e possibilidades
Resumo da atividade
Esta mesa redonda tem como objetivo refletir sobre a produção e consumo de podcasts, enquanto artefatos digitais, em antropologia. O ponto de partida da discussão é a partilha de experiências realizada por meio da Rádio KereKere, coletivo de podcasts em Ciências Humanas criado em 2020. Assim, pretende-se discutir os múltiplos significados em torno do podcast, partindo de relatos de produtoras/es antropólogas/os/es. Com isto, a proposta é pensar nas possibilidades e desafios na produção de episódios e temporadas, discutindo desde as expertises necessárias para este processo (roteirização, edição, divulgação) até as implicações de uso de plataformas digitais ou mesmo a questão do trabalho invisível envolvido nessa produção. Por fim, esta MR quer pensar no uso dos podcasts em múltiplos contextos: ensino-aprendizagem, extensão, pesquisa e divulgação científica.
Coordenação:
Carolina Parreiras Silva (USP)
Debatedor(a):
Carolina Parreiras Silva (USP)
Participantes:
Ramon Pereira dos Reis (UEPA)
Hugo Virgilio de Oliveira (UFF)
Ana Clara Sousa Damásio dos Santos (UNB)
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MR 60: Perspectivas etnográficas sobre direitos humanos e violências no Norte e no Nordeste
Resumo da atividade
Nos últimos anos as instituições responsáveis pela defesa e garantia dos direitos humanos estiveram sob intensos e sucessivos ataques. A situação foi particularmente grave no norte e nordeste do Brasil, onde os atentados aos direitos humanos costumam ser inviabilizados e as redes de proteção, quando comparados a outras regiões do país, dispõem de menores recursos.
Neste período, presenciamos as políticas garantidoras dos direitos fundamentais de populações vulneráveis, assim como as de proteção ao meio ambiente, serem sabotadas. Observamos setores do agronegócio e da extração mineral impondo a expansão das atividades econômicas predatórias em territórios indígenas, quilombolas e de outras populações tradicionais. Nos centros urbanos das duas regiões, a adoção de políticas fundiárias voltadas à apropriação do capital e o não reconhecimento do direito à cidade de diferentes grupos, somada ao incremento da violência dos operadores do Estado e da crise econômica, trouxe desafios à garantia dos direitos humanos de parcela da população. Diante desse cenário, o nordeste e o norte do Brasil são palcos, entre outros fenômenos, de números escandalosos de mortes provocadas por policiais, de massacres no sistema prisional e da criminalização e assassinato de ativistas. Esta mesa redonda tem como objetivo propor um diálogo, a partir de perspectivas etnográficas, sobre como diferentes formas de violência, atualizadas a partir dessas regiões, tornam-se entraves à defesa dos direitos humanos.
Listar Resumos/Trabalhos
Coordenação:
Paulo Victor Leite Lopes (UFRN)
Participantes:
Natasha Maria Wangen Krahn (UFRN)
Paula Mendes Lacerda (UERJ)
Marcus André de Souza Cardoso da Silva (UNIFAP)
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MR 61: Por uma antropologia da agroecologia: desafio urgente perante o Capitaloceno
Resumo da atividade
A mesa redonda propõe-se a apresentar trabalhos recentes que demonstram o potencial da pesquisa antropológica junto às iniciativas agroecológicas. Apesar do crescente destaque que tem ganhado no debate público contemporâneo, a agroecologia é uma notável ausência nas discussões da Reunião Brasileira de Antropologia. Apenas algumas apresentações esparsas podem ser encontradas nos anais das RBAs anteriores. A atividade reunirá algumas pesquisas antropológicas recentes sobre o tema, com o intuito de estimular a futura formação de uma rede de investigadores. Entendemos que, a partir da emergência climática que assola o planeta, movimentos populares de todos os continentes percebem na agroecologia uma alternativa concreta à falência dos modelos vigentes na agricultura mundial, surgidos a partir da chamada Revolução Verde (sic). Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, das Nações Unidas, também apontam para a necessidade global de buscar modelos sustentáveis de agricultura para que se possa reduzir as desigualdades e enfrentar a fome. Trata-se, ainda, é bom dizer, de um termo em disputa, mas cuja defesa tem sido assumida por numerosos movimentos populares. Como debatedor, a mesa terá o líder camponês Joelson Oliveira Ferreira, expoente do pensamento agroecológico no país e reconhecido pela UFMG por seu notório saber na área.
Listar Resumos/Trabalhos
Coordenação:
Spensy Kmitta Pimentel (UFSB)
Debatedor(a):
Joelson Ferreira de Oliveira (Teia dos Povos)
Participantes:
Mariana Cruz de Almeida Lima (UNICAMP)
Priscila Seoldo Marques (Fiocruz)
Spensy Kmitta Pimentel (UFSB)
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MR 62: Povos Indígenas e a Comissão Nacional da Verdade: 10 anos depois
Resumo da atividade
O relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV), concluído e divulgado no final de 2014, identificou os povos indígenas como as maiores vítimas da ditadura civil-militar no Brasil, entre os anos de 1946 e 1988. De uma presença inicialmente ofuscada, na conclusão do trabalhos da CNV os indígenas passaram à condição de maiores vítimas, sendo totalizadas mais de oito mil mortes naquele período. As violações de direitos humanos dos indígenas então registradas incluem vários casos de remoção forçada e esbulho de terras (Xetá, Ofayé-Xavante, Panará e Tapayuna, entre outros), perseguição e morte de lideranças indígenas (Ângelo Kretã e Marçal de Souza, mas não só) e encarceramento (Krenak, especialmente), e outras tantas formas de violência então silenciadas. Passados dez anos desde a conclusão do relatório, restam esquecidas suas recomendações, a começar pelo pedido de desculpas do Estado Nacional. Tencionamos apresentar e debater pesquisas que apontem o que se passou neste intervalo de 10 anos com os povos indígenas mencionados naquela ocasião, a fim de imaginar mundos possíveis em que a Justiça de Transição e reparações possam ser estabelecidas e realizadas. Ao mesmo tempo, pretende-se debater a proposta de criação de uma Comissão Nacional Indígena da Verdade, como se deu em outros lugares, conduzida pelos povos que foram efetivamente vitimados.
Coordenação:
Edilene Coffaci de Lima (UFPR)
Participantes:
Patrícia de Mendonça Rodrigues (FINATEC)
Rafael Pacheco (CGY)
Romancil Gentil Cretã (consultor indígena)
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MR 63: Povos Quilombolas e Violações de Direitos no Brasil
Resumo da atividade
Povos e Comunidades Quilombolas são encontrados em todo o país onde empreendem lutas por reconhecimento identitário, efetivação de direitos e pela segurança física de suas lideranças e comunitários. Apesar disto os Povos Quilombolas enfrentam múltiplas violações de direitos que se sucedem ao longo do tempo ou que se manifestam na contemporaneidade de forma concomitante. No Brasil, comunidades quilombolas convivem com impactos de grandes projetos que lhes afeta tanto o uso de seus recursos naturais quanto lhes coloca em risco seus meios de subsistência; a expansão do agronegócio lhes insula em seu próprio território e lhes toma os marcos de memória e da história do grupo; a criminalização e morte de lideranças comunitárias; e as mudanças climáticas, que poderão inviabilizar sua permanência em seus territórios ancestrais e aprofundar desigualdades socioculturais já existentes. O objetivo desta Mesa proposta pelo Comitê Quilombos é reunir antropólogos de diferentes regiões do Brasil para confeccionar uma síntese dos principais conflitos enfrentados pelos povos quilombolas no país e a contribuição da antropologia, hoje e em relação a projetos futuro de enfrentamento a violações de direitos.
Listar Resumos/Trabalhos
Coordenação:
Cintia Beatriz Muller (UFBA)
Participantes:
Juliene Pereira dos Santos (UFOPA)
Osvaldo Martins de Oliveira (UFES)
Davi Pereira Junior (UEMA)
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MR 64: Reimaginações etnográficas: fotografia, desenho e produção de memórias contracoloniais
Resumo da atividade
Calcada em imagens desde o início, como nos desenhos do livro de Lafitau ou nas fotografias de Malinowski, a antropologia sempre foi eloquente em sua preferência pelos textos, vale dizer, por um certo tipo de imagens, o das palavras escritas, das palavras imaginadas. Esta mesa objetiva fazer acontecer um choque de imagens. Ela pretende contribuir para a reimaginação das práticas etnográficas e das narrativas antropológicas, quer concebendo ou imaginando tais práticas e narrativas de outras maneiras, quer compondo ou propondo novas imagens para ou com elas. Mais especificamente, esta mesa pretende contornar a predileção antropológica pelo texto escrito experimentando nos limiares da imagem e da palavra, da produção de memória e das condições de sua produção. E ela pretende fazê-lo, de um lado, pondo em fricção as antropologias e as artes, explorando outros modos de registro e expressão, de criação e de apropriação, de alteração, composição, sobreposição e reprodução. E, de outro, colocando no centro da discussão modos de expressão comumente invisibilizados, bem como a realização de antropologias compartilhadas que compreendam contribuições de povos tradicionais não pertencentes à academia. Tendo como foco experiências africanas ou afrodiaspóricas, esta mesa pretende contribuir para espantar os colonialismos e seus pavores propondo alternativas à imaginação etnográfica convencional, ensaiando formas de produção emergentes nas margens da antropologia e das artes visuais.
Coordenação:
Eduardo Viana Vargas (UFMG)
Debatedor(a):
Lilia Katri Moritz Schwarcz (USP)
Participantes:
José Eustáquio Neves de Paula
Paulo Sergio da Silva [ paulo nazareth Awa Jeguakaih Rendah] (PN)
Eduardo Viana Vargas (UFMG)
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MR 65: Religião, culturas africanas e lideranças afro-muçulmanas: atributos como ações significativas
Resumo da atividade
De acordo com um relato profético (hadith), um neto do profeta Mohammed, refere, "Memorizei do Mensageiro de Deus, que disse: Deixa de lado o que traz dúvidas, e apega-te ao que não deixa lugar a dúvida (Tirmizi Nasa`i)". A partir de uma análise sócio-antropológica, o relato religioso aponta, em termos de hipótese de trabalho, para a dinâmica da vida social e intersubjetiva de lideranças muçulmanas, nos modos como esses sujeitos mobilizam certos atributos e constroem comunidades islâmicas no mundo contemporâneo. O conceito de atributo se insere nessa discussão, não como um dado estabelecido e homogêneo e sim como uma questão central que, em equilíbrio tenso, fornece um caminho analítico para compreender os sentidos sociais das experiências muçulmanas. A proposta da Mesa é discutir, com base em dados de pesquisa etnográfica, a mobilização de atributos acionados por lideranças afro-muçulmanas na África e na diáspora. Interessa-nos problematizar de que modo os atributos são potencializados na interação social enquanto ações significativas na vida cotidiana, na busca de legitimidade e/ou reconhecimento religioso. Tal como afirma Alfred Schütz para o conceito de interação social, sugerimos que a noção de atributo é um "operar social" (SCHÜTZ, 2018) para a compreensão analítica de umma, eclipsando enfoques essencialistas e/ou deterministas sobre as normativas islâmicas, e instiga a uma escuta etnográfica de experiências intersubjetivas afro-muçulmanas, em processo.
Listar Resumos/Trabalhos
Coordenação:
Fanny Longa Romero (UNILAB)
Participantes:
Hannah Romã Bellini Sarno (UFBA)
Pingréwaoga Béma Abdoul Hadi Savadogo (UNIFESP)
Marina Berthet (UFF)
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MR 66: Remoções Urbanas Planejadas: Gênero, Geração e Raça
Resumo da atividade
A prática do planejamento de regiões metropolitanas envolve uma redistribuição constante da população em resposta às alianças travadas entre gestores do estado e empreendedores que idealizam realizar investimentos que dão retornos. Esses retornos são apresentados como produtos desejados cujo alcance exige o reordenamento de territórios urbanos, priorizando o seu uso projetado de acordo com essas alianças. Moradores de assentamentos populares localizados nesses territórios são submetidos a remoções forçadas e têm seus direitos de cidadania frequentemente desrespeitados. De acordo com a sua história de ocupação e suas alianças, estes moradores se organizam para enfrentar a remoção com repertórios confrontacionais variados. Examinando casos concretos de remoções em diferentes regiões metropolitanas do Brasil, nesta mesa se discute como diferenças de gênero, geração e raça tanto informam as ações empresarias-estatais quanto são mobilizadas pelas pessoas, já removidas ou a serem removidas, na defesa do seu direito à moradia na cidade. Desde a participação em ações concretas de reivindicação e protesto até a elaboração da memória dos espaços vividos antes e depois da remoção, gênero, geração e raça são examinados com uma interrogação sobre a sua relação com a ação coletiva, com a vivência cotidiana e com o reconhecimento da particularidade e/ou universalidade de sua cidadania.
Coordenação:
Russell Parry Scott (UFPE)
Debatedor(a):
Ana Alves De Francesco (FGV DIREITO SP)
Participantes:
Leticia de Luna Freire (UERJ)
Stella Zagatto Paterniani (UNICAMP)
Francisco Sá Barreto dos Santos (UFPE)
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MR 67: Saúde, Sofrimento e Políticas da Vida: desafios etnográficos
Resumo da atividade
Nesta mesa, propomos uma discussão sobre a categoria sofrimento no campo da antropologia da saúde, em sua relação com as políticas da vida e privilegiando as dimensões etnográficas da discussão. Nossa intenção é focar nos processos, ao invés das forças sociais que pretensamente são capazes de explicar tudo. Pretendemos contornar o problema do relativismo para colocar em primeiro plano os agenciamentos terapêuticos, desfazendo premissas como a diferença entre doenças e curas (biológicas); mal-estares e cuidados (representações e crenças), sem que isso implique necessariamente em empoderamento ou emancipação dos sujeitos. Se, como sustenta Talal Asad, agência e subjetividade não são sinônimas, pois aquela se encontra objetivada nas articulações entre humanos e não humanos em processos de coemergência, tampouco a agência concorre necessariamente para a eliminação do sofrimento. Entendemos que conferir centralidade ao sofrimento, como na abordagem de Veena Das, encarnado em experiências de sujeitos e coletivos vulnerabilizados, acompanhando os “destinos” conferidos à sua resolução em contextos seculares e/ou religiosos, e as teorias da vida, na perspectiva de Didier Fassin, enquanto um vasto território biológico e material, social e experiencial, possibilita potencializar as etnografias das formas específicas pelas quais os processos terapêuticos são objetivados e problematizar clivagens que sustentam certos referentes da saúde, delimitando precocemente as suas fronteiras.
Listar Resumos/Trabalhos
Coordenação:
Mónica Lourdes Franch Gutiérrez (UFPB)
Participantes:
Fátima Regina Gomes Tavares (UFBA)
Carlos Alberto Caroso Soares (UFBA)
Octavio Andrés Ramón Bonet (UFRJ)
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MR 68: Sobre os modos de pesquisa afro-diaspórico: a pesquisa de mulheres negras no continente africano
Resumo da atividade
O que contemporaneamente tem mediado as pesquisas que envolvem o Brasil e o continente africano? Mobilizadas por esse questionamento, propomos essa mesa redonda como um espaço para produzir interlocuções que colaborem nas reflexões que têm sido feitas acerca das renovações temáticas e de metodologias de pesquisa acerca do Brasil e África. Nos motiva discutir como perfis de pesquisadoras negras estão deslocando olhares e modos de pesquisar e de estar em campo. Interessa-nos debater como essas pesquisadoras conseguem fazer pesquisa no continente africano estão rompendo, atualizando e inovando nas perspectivas que envolvem esses espaços territoriais. Temos especial atenção em refletir sobre esse conjunto de pesquisas a partir das mediações engendradas por corpos racializados, pensamentos politicamente localizados e cosmopercepções recuperadas, triangulando, assim, raça, gênero e ancestralidade. Ademais, entendemos essa mesa como mais uma proposição aos repertórios acerca dos modos de pesquisa afrodiaspórico.
Coordenação:
Denise Ferreira da Costa Cruz (UNILAB)
Participantes:
Yérsia Souza de Assis (UFRB)
Santa Julia da Silva (ufrg)
Jaqueline de Oliveira e Silva (UFMG)
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MR 69: Socialidades animais nas ciências humanas e sociais: desafios multidisciplinares e diálogos multiespécies
Resumo da atividade
Os encontros e desencontros que (con/de)formam as identidades de humanos e outros animais, bem como o reconhecimento, ainda tímido, da participação dos outros-que-humanos na composição do social, têm sido matéria/trama das ciências humanas e sociais há algumas décadas, ou, como um campo de investigação difuso, bem antes disso, nas discussões mais gerais sobre a presença animal em contextos humanos, tanto econômicos como simbólicos, entre outros. Nesta mesa, propomos refletir sobre alguns percursos recentes da pesquisa inter e multidisciplinar compreendendo as sociedades humano-animais, principalmente no âmbito da antropologia brasileira na medida em que suas interseções com a psicologia, a filosofia, e com as ciências biológicas e da linguagem são atualizadas. Nos diálogos da antropologia com outras disciplinas, propomos discutir modelos da etologia e da psicologia comparada, estudos multiespécies, que apontam para os diversos modos de produção conjunta de mundos, e as coderivas ontogênicas no caminho explicativo da biologia do conhecer. Situados no campo dos estudos animais, buscamos pensar nesta mesa como os modos de associação entre diferentes entidades adquirem diferentes e mesmo divergentes semblantes e qual a sua capacidade de vinculação e valência, seja em uma relação simbiótica, um ecossistema ou em um processo multiespécies de mundificação.
Listar Resumos/Trabalhos
Coordenação:
Beto Vianna (UFS)
Participantes:
Beto Vianna (UFS)
Juliana Fausto de Souza Coutinho (PUC-RIO)
Arthur Arruda Leal Ferreira (UFRJ)
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MR 70: Tempo, cidades e memória ambiental no Brasil: etnografia da duração das/nas paisagens urbanas mais que humanas
Resumo da atividade
A realidade socioambiental urbano-contemporânea no Brasil se caracteriza, hoje, pela crise ambiental nos grandes centros urbanos do país advindas dos problemas das mudanças climáticas. Um fenômeno que articula (Oliveira, 2000) microéticas locais nos usos dos ecossistemas urbanos, macroéticas planetárias de preservação ambiental e mesoéticas relacionadas aos processos de ocupação de áreas de várzeas, banhados, morros e matas que conformam a paisagem dos grandes centros urbanos brasileiros. No Brasil, 50% da população não tem coleta de esgoto em suas casas e aproximadamente 80% do esgoto coletado tem como destino as águas dos rios e, sem nenhum tratamento. O lixo é 76% depositado a céu aberto, sendo 13% em aterros controlados. A mesa Tempo e memória ambiental:etnografia da duração das paisagens citadinas destaca a relevância do estudo da memória ambiental para a compreensão do quadro dos cenários críticos que tem afetado, mais recentemente, os inúmeros territórios das cidades brasileiras. Sob o ponto de vista de uma etnografia da duração (ECKERT ; ROCHA, 2013, 2021), a Mesa Tempo e memória ambiental:etnografia da duração das paisagens citadinas abordará estudos etnográfico das rítmicas espaço temporais que deram origem aos inúmeros cenários críticos que se apresentam, hoje, nos centros urbano-industriais do pais que nasceram ao longo cursos de rios e arroios, ao longo da costa litorânea tanto quanto nas escarpas de morros tanto quanto nas antigas áreas de matas e florestas.
Coordenação:
Ana Luiza Carvalho da Rocha (UFRGS)
Debatedor(a):
Flávio Leonel Abreu da Silveira (UFPA)
Participantes:
Maria Raquel Passos Lima (UERJ)
Pedro Paulo de Miranda Araújo Soares (UFAM)
Flávia Maria Silva Rieth (UFPEL)
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MR 71: Teoria crip à brasileira: aleijando a normalidade
Resumo da atividade
As diferenças categorizadas pela noção de deficiência levam a problematizar formas de funcionamento que consideramos quase como uma segunda natureza. São modos corporais de se movimentar, se relacionar e fazer as coisas na vida cotidiana e no mundo acadêmico, que estão implícitos nos padrões arquitetônicos e comunicacionais, nos parâmetros sensório-motores e nas tecnologias e práticas pedagógicas. Assim, nossas práticas tendem a se organizar em torno de ordenamentos corporais e comportamentais que são aglutinados na ideia de “capacidade corporal compulsória”. Desenvolvida por Robert McRuer, a teoria aleijada defende um modelo cultural da deficiência que rejeita a ideia de que não ter uma deficiência seja um estado natural de todo ser humano. O termo “aleijado” carrega um sentido propositalmente pejorativo, simbolizando o movimento de insurgência e as contranarrativas das pessoas com deficiência, demarcando a importância do engajamento aleijado contra as práticas de normalização de corpos por meio da crítica aos sistemas de opressão marcados pela corponormatividade, no qual o patriarcado, a branquitude, o classismo e a cisheteronormatividade estão implicados. Aleijar é pensado no sentido de descolonizar, mutilar, deformar e contundir o pensamento hegemônico sobre deficiência, provocando-lhe fissuras. A mesa se organiza em torno do lançamento da tradução brasileira do livro Crip Theory, refletindo sobre a sua apropriação e desdobramentos no contexto brasileiro.
Coordenação:
Olivia von der Weid (UFF)
Debatedor(a):
Marco Antônio Gavério (UFSCAR)
Participantes:
Robert McRuer (GWU)
María Elvira Díaz Benítez (PPGAS)
Carlos Eduardo Oliveira do Carmo (Escola de Danc)
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MR 72: Territórios Digitais em Movimento: algumas contribuições antropológicas
Resumo da atividade
Esta Mesa-Redonda se propõe a investigar as dinâmicas dos espaços online e a evolução dos corpos digitais, enfatizando a colaboração entre humanos, outras entidades e as tecnologias. A questão central a ser discutida é como a presença digital altera o conceito de 'estar presente' em pesquisas antropológicas, especialmente no trabalho de campo.
Esta proposta busca também explorar como as tecnologias digitais reformulam as práticas de pesquisa tradicionais, afetando a coleta e análise de dados etnográficos. Além disso, será dada atenção às implicações éticas da pesquisa online, incluindo privacidade e a observância das leis de proteção de dados, que variam internacionalmente. Estratégias para enfrentar dilemas éticos contemporâneos também serão um ponto focal.
Coordenação: Dra. Patrícia Pavesi - UFES
Expositoras:
Dra. Debora Krischke Leitao - UQAM
Dra. Laura Graziela Figueiredo Fernandes Gomes - UFF
Dra. Lorena Mochel - UnB
Debatedora: Dra. Carolina Parreiras - USP
Coordenação:
Patricia Pavesi (UFES)
Participantes:
Débora Krischke Leitão (Université du Québec à Montréal)
Laura Graziela Figueiredo Fernandes Gomes (Departamento de Antropologia - UFF)
Lorena Mochel (UFRRJ)
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MR 73: Universidade Indígena no Brasil: experiências e possibilidades
Resumo da atividade
A criação da Universidade Indígena é reivindicação do movimento indigena reapresentada ao Ministro da Educação no início de 2023 como parte das propostas consideradas prioridade no VI Fórum Nacional de Educação Escolar Indígena (dez./2022). Essa proposição resulta, por um lado, das experiências que vem ocorrendo de forma crescente nos últimos 25 anos de presença e participação de indígenas no ensino superior como discentes, docentes e pesquisadores, Por outro lado, a proposição busca dialogar com experiências de outros países, em especial na América Latina, em instituições referidas como universidades interculturais e/ou universidades indígenas. Nesta MR, propomos apresentar proposições quanto à concepção, estrutura pedagógica, epistemológica e metodológica para a proposta de "Universidade Indígena no Brasil" considerando diversos programas e experiências de: documentação das línguas indígenas e revitalização linguística; gestão territorial e ambiental em TI; sáude indígena; ensino superior (licenciaturas interculturais indígenas e demais modalidades); pesquisa e autoria indígena; centros de formação conduzidos por organizações indígenas; museus indígenas; educação escolar básica indígena; participação de sábios e conhecedores indígenas nas universidades; atuação de indígenas como docentes e pesquisadores nas universidades; dentre outros.
Coordenação:
Ana Maria Rabelo Gomes (UFMG)
Debatedor(a):
Rosilene Cruz de Araujo (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO)
Participantes:
Gersem José dos Santos Luciano (UNB)
Altaci Corrêa Rubim (UNB)
Rita Gomes do Nascimento (UFRN)
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MR 74: Vícios, dependências e (des)articulações em torno de regimes terapêuticos e de cuidados
Resumo da atividade
Esta mesa redonda visa reunir trabalhos antropológicos sobre experiências que são classificadas biomedicamente como "vícios", "adicções", "compulsões" ou "dependências", com foco em socialidades, práticas, agenciamentos, controvérsias, conflitos, fluxos e disputas de sentido. Nos interessam etnografias do particular sobre tais temas, centradas em repertórios simbólicos, conhecimentos, saberes e moralidades, pelos quais circulam experiências heterogêneas e desiguais de gênero, de raça e de classe. Queremos reunir problematizações antropológicas tanto de perspectivas científicas e/ou de profissionais de saúde a respeito dos "vícios", baseadas muitas vezes em nosografias e itinerários terapêuticos que reforçam ideais como “força de vontade” e estilo de “vida saudável”, quanto outras categorias classificatórias mobilizadas para conferir sentido a tais experiências, tais como “fissura”, “abstinência”, “fundo do poço”, “doença”, dentre outras. Nos interessam perspectivas que ao mesmo tempo desnaturalizem essas dimensões (incluindo sua biologização, psiquiatrização, patologização ou medicalização) e as relacionem a contextos de práticas, direitos, políticas públicas de cuidado e saberes diversos, incluindo grupos de ajuda mútua, mobilizações diversas, redes de apoio, usos heterogêneos e terapias diversas relacionadas ao uso de distintas substâncias (drogas, medicamentos, plantas etc.), aos relacionamentos amorosos e sexuais, ao tabagismo, dentre outros campos e universos.
Listar Resumos/Trabalhos
Coordenação:
Camilo Albuquerque de Braz (UFG)
Debatedor(a):
Taniele Cristina Rui (UNICAMP)
Participantes:
Carolina Branco de Castro Ferreira (UNICAMP)
Frederico Policarpo de Mendonça Filho (UFF)
Jardel Fischer Loeck (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC))
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MR 75: Vissungos: de língua de segredo a patrimônio cultural
Resumo da atividade
Vissungos são cantos rituais em língua de origem africana misturada com o português falado no Brasil. Pesquisados desde 1928 por Aires da Mata Machado em São João da Chapada, Diamantina, Minas Gerais, eram cantados por remanescentes de escravizados no trabalho do garimpo de diamantes, em rituais religiosos e fúnebres. As letras eram expressão de uma “língua secreta”, utilizada para uma comunicação discreta e instrumento de transmissão da cultura e de referências identitárias. Na Comunidade Quilombola do Baú, Milho Verde/Serro, a língua foi difundida até a década de 1930.
Nesses quase cem anos circularam pela cultura nacional (música, teatro, cinema) destacando-se na voz de Clementina de Jesus. Hoje ocorrem nos cantos da Folia de Reis da Comunidade Quilombola Quartel Indaiá, Diamantina, e dos Catopês das festas de Nossa Senhora do Rosário de Serro, formados por quilombolas do Baú e Ausente. Ivo Silvério, morador de Milho Verde, é principal referência viva como conhecedor e pesquisador dos vissungos. Artistas negros moradores de grandes cidades, por sua vez, retomam os cantos como parte da constituição de suas identidades, revigorando a luta antirracista.
A mesa pretende abordar a abrangência cultural dos vissungos, seus sentidos rituais, a transmissão e circularidades que têm contribuído para sua vitalidade e ressignificação, neste momento em que estão em processo de registro pelo Inventário Nacional da Diversidade Línguística, vinculado ao PNPI/IPHAN.
Coordenação:
Oswaldo Giovannini Junior (UFPB)
Debatedor(a):
Joana Ramalho Ortigão Corrêa (UFRJ)
Participantes:
Luciano Mendes de Jesus (ELT)
Enilson Clemente Viríssimo (Catopê de Milho Verde)
Geraldo Soterio Verissimo (Catopê de Milho Verde)
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MR 76: “Qual o lugar da Antropologia na Educação Básica?”: ensino, pesquisa, aprendizagem e fazeres.
Resumo da atividade
As experiências exitosas da participação em reuniões acadêmicas como a RBA (2022), XIV RAM (2023) com grupos de trabalho, mesas redondas e publicações variadas, as quais reuniram pesquisadores/antropólogos/professores de distintas partes do Brasil, mostra a importância de trazermos, para o debate acadêmico, a discussão sobre o papel e o lugar da Antropologia na Educação Básica. As pesquisas e reflexões desta mesa redonda intentam contribuir para o campo dos estudos voltados ao ensino da Antropologia na e para além da interface com a sala de aula, buscando ampliar, assim, o diálogo sobre a prática educadora e suas articulações com as diferentes metodologias de ensino, entre elas a etnografia, e os diferentes espaços de socialização e aprendizagem, a história do ensino de Antropologia na educação básica, a Antropologia no currículo, nos livros didáticos e nos espaços escolares, conteúdos antropológicos, formação de professore(a)s para atuação na educação básica, Técnica e Profissional, e as estratégias de transposição didática da Antropologia na educação básica. Dessa forma, objetivamos inaugurar um espaço permanente de reflexão sobre a presença e a importância da Antropologia na educação básica.
Coordenação:
Gekbede Dantas Targino (IFPB)
Debatedor(a):
Lívia Tavares Mendes Froes (IFBAIANO)
Participantes:
Andréa Lúcia da Silva de Paiva (UFF)
Robson Campanerut da Silva (IFCE)
Tatiana Bukowitz (Colégio Pedro II)
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