Mesas Redondas (MR)
MR 50: Nexos África - Caribe: diálogos etnográficos para além dos "estudos de área"
Coordenação:
Paulo Ricardo Müller (UFFS)
Debatedor(a):
Rogério Brittes Wanderley Pires (UFMG)
Participantes:
Helena Santos Assunção (Museu Nacional)
Daniel Alves de Jesus Figueiredo (UFMG)
Flávia Freire Dalmaso (UFMS)
Resumo:
África e Caribe inscrevem-se no pensamento social como contextos geopolíticos e áreas culturais ligadas por dois processos históricos: pelo tráfico atlântico de pessoas escravizadas; e pelas relações de solidariedade e interlocução intelectual e política no âmbito do movimento pan-africanista, no qual intelectuais negros oriundos do Caribe tiveram papel relevante como fomentadores e organizadores de lutas anticoloniais e anti-apartheid. Se por um lado esses processos evidenciam conexões relevantes, por outro segmentam as formas de se pensar seus contextos e trajetórias históricas particulares, desembocando em sua localização como áreas de estudo situadas no que Michel-Rolph Trouillot denominou “nicho selvagem”, para o caso dos estudos caribenhos, e no que Archie Mafeje identificou como “casos especiais”, no âmbito dos estudos africanos.
Como reflexo da internacionalização da antropologia no Brasil, esta proposta, construída no âmbito do Comitê de Estudos Africanos da ABA, dá continuidade a esforços por estabelecer nexos, da ordem do que Bispo dos Santos nomeou “transfluências”, entre África e Caribe, utilizando conceitos emergentes de experiências etnográficas com questões estéticas, artísticas, visuais e sensoriais em um desses contextos, indagando sobre a possibilidade de compor grades de inteligibilidade sobre o outro fundamentadas ou não em relações históricas diretas e confluências empiricamente evidentes.
Trabalho para Mesa Redonda
Flávia Freire Dalmaso (UFMS)
Resumo: Este trabalho retoma parte do material etnográfico relativo ao Vodu haitiano, um dos meus principais
interesses de pesquisa nos últimos anos. Como veremos vodu é um termo polissêmico que circula por várias
esferas da vida cotidiana sendo associado não só a religião, mas também a arte, ao folclore, a cultura, ao
diabo e, no limite, até ao próprio Haiti. Para esta mesa gostaria de enfatizar os aspectos visuais e
materiais do conceito de diabo entre pessoas que servem aos espíritos com as quais convivi enquanto estive
naquele país. Recorrendo a algumas fotografias tiradas durante o trabalho, trata-se de um esforço reflexivo
sobre lugar que ocupa o diabo nos discursos e práticas relacionadas ao vodu e como sua presença e seu poder
de agência se materializam em objetos ora classificados como arte ou folclore, ora como religiosos.
© 2024 Anais da 34ª Reunião Brasileira de Antropologia - 34RBA
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