ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Mesas Redondas (MR)
MR 63: Povos Quilombolas e Violações de Direitos no Brasil
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Coordenação:
Cintia Beatriz Muller (UFBA)
Participantes:
Juliene Pereira dos Santos (UFOPA)
Osvaldo Martins de Oliveira (UFES)
Davi Pereira Junior (UEMA)

Resumo:
Povos e Comunidades Quilombolas são encontrados em todo o país onde empreendem lutas por reconhecimento identitário, efetivação de direitos e pela segurança física de suas lideranças e comunitários. Apesar disto os Povos Quilombolas enfrentam múltiplas violações de direitos que se sucedem ao longo do tempo ou que se manifestam na contemporaneidade de forma concomitante. No Brasil, comunidades quilombolas convivem com impactos de grandes projetos que lhes afeta tanto o uso de seus recursos naturais quanto lhes coloca em risco seus meios de subsistência; a expansão do agronegócio lhes insula em seu próprio território e lhes toma os marcos de memória e da história do grupo; a criminalização e morte de lideranças comunitárias; e as mudanças climáticas, que poderão inviabilizar sua permanência em seus territórios ancestrais e aprofundar desigualdades socioculturais já existentes. O objetivo desta Mesa proposta pelo Comitê Quilombos é reunir antropólogos de diferentes regiões do Brasil para confeccionar uma síntese dos principais conflitos enfrentados pelos povos quilombolas no país e a contribuição da antropologia, hoje e em relação a projetos futuro de enfrentamento a violações de direitos.

Trabalho para Mesa Redonda
Quilombos e narrativas frente aos grandes projetos: casos no estado do Espírito Santo
Osvaldo Martins de Oliveira (UFES)
Resumo: O presente texto tem por objetivo analisar a construção de narrativas feitas por lideranças de comunidades quilombolas no norte do estado do Espírito Santo frente aos conflitos enfrentados com a implementação de grandes empreendimentos como monocultura de eucaliptos, gasoduto, extração de petróleo e de um mega projeto de extração de sal gema do subsolo de seus territórios. As narrativas foram obtidas em trabalho de campo, por meio de técnicas de entrevistas, anotações em caderno de campo e observação participante em eventos celebrativos dessas comunidades. Ao mesmo tempo em que as lideranças elaboram um discurso narrativo de denúncia de conflitos, violências e invasões de seus territórios; empreendem em suas comunidades processos de valorização da memória de seus ancestrais e de saberes deixados por eles/as, como verifico na construção de lugares que recebem os nomes e/ou fotografias desses ancestrais mestres de saberes do passado, entre os quais destaco: ponto de memória, biblioteca quilombola, associações comunitárias, Centro de Referência e Assistência Social, escolas, templos religiosos (terreiros, centros, mesa-de-santo, casas de oração e capelas) e barracões de grupos culturais. As violências e conflitos provocadas por agentes externos encontram resistências nos saberes e ações empreendidas por essas comunidades, o que demonstra, apesar da disparidade de forças, que elas não estão passivas diante das violências avassaladoras dos grandes projetos. Palavras-chave: Quilombo; território; narrativas; conflitos; grandes projetos.
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