Mesas Redondas (MR)
MR 35: Infâncias Migrantes e Refugiadas: entre pesquisas etnográficas e políticas públicas
Coordenação:
Luciana Hartmann (UNB)
Participantes:
Leila Adriana Baptaglin (UFRR)
Fernanda Cruz Rifiotis (EHESS)
Anelise Gregis Estivalet (UNB)
Resumo:
A Mesa propõe um diálogo entre pesquisadoras que atuam no Brasil e no exterior em interlocução direta com crianças e jovens imigrantes e refugiados, buscando conhecer suas experiências de deslocamento e suas percepções sobre as políticas de acolhimento e integração nos países de destino.
Segundo dados da ACNUR Agência da ONU para Refugiados, no final de 2022 haviam cerca de 108,4 milhões de pessoas deslocadas à força em todo o mundo. Embora as crianças representem 30% da população mundial, entre as pessoas deslocadas este quantitativo sobre para 40%. No Brasil, estima-se que atualmente existam cerca de 1,5 milhão de imigrantes e solicitantes de refúgio, dentre os quais, poderíamos estimar, de acordo essa proporção, pelo menos 600 mil seriam crianças.
Embora estatísticas e eventos cotidianos revelem a urgência de uma atenção especial à realidade das infâncias migrantes e refugiadas, estas ainda não tem recebido a atenção devida por parte da sociedade em geral e, mais especificamente, da gestão pública.
Buscando contribuir no sentido de sanar esta lacuna, a Mesa pretende abordar pesquisas etnográficas que envolvam processos de escuta das crianças e jovens, bem como pesquisas de cunho bibliográfico e estatístico que permitam reflexões sobre o panorama da inserção atual das crianças imigrantes e refugiadas no Brasil e sobre políticas públicas na área. O debate se insere nas ações da Rede de Pesquisa Infâncias Protagonistas: Migração, Arte e Educação (Pró-Humanidades CNPq).
Trabalho para Mesa Redonda
Anelise Gregis Estivalet (UNB)
Resumo: Desde 2015, o Brasil vem sofrendo um processo de feminização das migrações, particularmente pelo aumento
do número de mulheres nas migrações dos países do Sul-Global. Além disso, junto ao aumento do número de
mulheres, observou-se um aumento da chegada de crianças e adolescentes. No entanto, o país registra
deficiências, tanto de dados sobre crianças imigrantes e refugiadas no país, como de dados referentes à
inserção escolar desse público. No âmbito educacional, as tecnologias digitais oferecem oportunidades de
compartilhamento e colaboração à distância, além de facilitar o acesso a recursos online e a novos tipos de
ferramentas e pedagogias. No Brasil, no entanto, o ensino e o uso de tecnologias em ambientes educacionais
são limitados pela falta de investimento em infraestrutura e equipamentos de Tecnologia da Informação e
Comunicação (TIC), pela conectividade das escolas, pela falta de conteúdo aberto e pela ausência na formação
da comunidade escolar. Utilizando, predominantemente, de métodos qualitativos, esta pesquisa pretende
problematizar as condições que permeiam o acesso de meninas e mulheres à educação e às tecnologias
educacionais no Distrito Federal, considerando as diferenças entre os grupos que possuem maior dificuldade
de acesso, particularmente as meninas e mulheres migrantes e suas famílias.
Trabalho para Mesa Redonda
Leila Adriana Baptaglin (UFRR), Luciana Hartmann (UNB)
Resumo: Resumo
Esta investigação buscou analisar as produções artístico/culturais desenvolvidas nos abrigos de
imigrantes/refugiados em Boa Vista - Roraima/Brasil. Para isso, realizamos uma investigação etnográfica em
5 abrigos de imigrantes/refugiados em Boa Vista - Roraima/Brasil, sendo eles: Abrigo Rondon 1, Rondon 5,
Pricumã, Jardim Floresta e Waraotuma a Tuaranoko. Dos abrigos investigados, todos são de responsabilidade do
Governo Federal em parceria com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e o Exército Brasileiro. Temos
ainda a parceria com a Associação Voluntários para o Serviço Internacional Brasil - AVSI (3 dos abrigos
pesquisados) e Fraternidade sem Fronteiras (2 dos abrigos pesquisados). Nestes locais foram entrevistados os
responsáveis/coordenadores dos abrigos a fim de entender as ações artísticas desenvolvidas nestes espaços.
Além das oficinas de Pintura, dança, música e materiais recicláveis, percebemos que nos abrigos há atuação
do Instituto Pirilampos, do projeto Mi Casa su Casa, e, nos abrigos indígenas a parceria com A Casa Museu do
Objeto Brasileiro, que oferece treinamentos para produção de artesanatos. As ações dentro dos abrigos são
coordenadas por Comitês e, as ações culturais são coordenadas pelo Comitê da Arte e Cultura. Uma das ações
acompanhadas foi a Oficina de Pintura no abrigo do Pricumã, que foi onde identificamos um maior número de
ações e envolvimento com o trabalho com arte/cultura. A Oficina de Pintura é realizada por um casal de
artistas venezuelanos que, após 7 meses de moradia no abrigo conseguiram promover um projeto para trabalhar
com pintura. A ação é realizada 3 vezes por semana e aberta para o público em geral, contudo, quem mais
participa são crianças e jovens de 4 a 18 anos. Assim, nesta primeira etapa da investigação pudemos perceber
um protagonismo dos moradores assistido pelas organizações (AVSI e Fraternidade sem Fronteira). Outro
destaque ocorre pela rapidez das mudanças que ocorrem nestes espaços o que inviabiliza de certa forma, a
continuidade das ações que são desenvolvidas.
Palavras-chave: imigração; abrigos; ações culturais/artísticas
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