Resumo:
Esta mesa redonda visa reunir trabalhos antropológicos sobre experiências que são classificadas biomedicamente como "vícios", "adicções", "compulsões" ou "dependências", com foco em socialidades, práticas, agenciamentos, controvérsias, conflitos, fluxos e disputas de sentido. Nos interessam etnografias do particular sobre tais temas, centradas em repertórios simbólicos, conhecimentos, saberes e moralidades, pelos quais circulam experiências heterogêneas e desiguais de gênero, de raça e de classe. Queremos reunir problematizações antropológicas tanto de perspectivas científicas e/ou de profissionais de saúde a respeito dos "vícios", baseadas muitas vezes em nosografias e itinerários terapêuticos que reforçam ideais como “força de vontade” e estilo de “vida saudável”, quanto outras categorias classificatórias mobilizadas para conferir sentido a tais experiências, tais como “fissura”, “abstinência”, “fundo do poço”, “doença”, dentre outras. Nos interessam perspectivas que ao mesmo tempo desnaturalizem essas dimensões (incluindo sua biologização, psiquiatrização, patologização ou medicalização) e as relacionem a contextos de práticas, direitos, políticas públicas de cuidado e saberes diversos, incluindo grupos de ajuda mútua, mobilizações diversas, redes de apoio, usos heterogêneos e terapias diversas relacionadas ao uso de distintas substâncias (drogas, medicamentos, plantas etc.), aos relacionamentos amorosos e sexuais, ao tabagismo, dentre outros campos e universos.