ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Mesas Redondas (MR)
MR 33: Fronteiras LGBTI+: olhares antropológicos compondo histórias brasileiras
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Coordenação:
Guilherme Rodrigues Passamani (UFMS)
Debatedor(a):
Renan Honório Quinalha (UNIFESP)
Participantes:
Jainara Gomes de Oliveira (UFGD)
Thiago Barcelos Soliva (UFSB)
Guilherme Rodrigues Passamani (UFMS)

Resumo:
A proposta da mesa é reunir pesquisadoras (es) sobre a questão LGBTI+ a partir de diferentes regiões do Brasil. Na última década, alcançamos conquistas importantes no processo de cidadanização de pessoas LGBTI+. Paradoxalmente, a despeito desse avanço em termos de direitos, ao menos do ponto de vista formal, o Brasil segue sendo um dos países com os índices mais elevados de LGBTfobia e líder mundial no assassinato de pessoas trans. Nessa mesa, reunimos pesquisadoras (es) que trabalham com pessoas em dissidências sexuais e de gênero e ao fazê-lo estão inscrevendo na ordem do reconhecimento experiências marcadas por diferentes graus de exclusão e marginalização. Outros olhares, outras temáticas, temporalidades e geografias, talvez nos convidem a inventariar outros corpos e espaços, deixando de vê-los apenas como cenários das nossas pesquisas, mas percebendo o quanto eles são frutos de práticas sociais e adquirem significado e possibilidades de leitura na agência dos diferentes sujeitos que os constituem. Por isso a noção de fronteira é muito cara ao diálogo aqui proposto. Fronteira, na definição dos dicionários, remete a uma ideia de limite ao mesmo tempo que opera uma distinção. Mas não só: ao demarcar uma diferença, a linha da fronteira também coloca em contato, aproxima e facilita trocar entre universos distintos. As exposições da mesa fazem isso a partir de experiências LGBTI+ em diferentes contextos brasileiros.

Trabalho para Mesa Redonda
Teoria e prática no combate às desigualdades através da descolonização e refutação epistemológica transmasculina
Dan Kaio Souza Lemos (UNB), Dan Kaio Lemos (UNB)
Resumo: Por que escolher esse tema? Parto do presuposto que o ato de escrever exige inicialmente uma escolha, seguido de uma invocação que, muitas vezes, já possui uma linha de tempo ou não, de forma diversa ou não, mas que precisamos entender algo e ao mesmo tempo produzir questionamentos. Sendo assim, escolher esse tema é perceber sua importância e urgência. Dito isto, pego emprestado minhas lentes na tentativa de traduzir cientificamente esse universo que também, de uma certa forma, carrega meu material genético subjetivo. No momento em que reverberam as reivindicações dos lugares de fala (Djamila, 2017) e que os ânimos se exaltam entre a ciência e a militância, penso ser importante reconhecer as transmasculinidades nos debates epistemológicos. A ideia, desse artigo, é desconstruir essa invisibilidade mediante um olhar interseccional (CRENSHAW, 2002), fugindo das análises simplistas que insistem na universalidade, gerando exclusão e mortes. Nesse sentido, este trabalho problematiza técnicas de enfrentamento ao capitalismo patriarcal apresentando outras possibilidades de construções corporais e identitárias através da política transmasculina. PALAVRAS-CHAVES: Transmasculinidades; Descolonização; Refutação Epistemológica

Trabalho para Mesa Redonda
“Farras e fervos” com a Carmen Miranda Do Pantanal”: Condutas Homossexuais, Geração e Agência
Guilherme Rodrigues Passamani (UFMS)
Resumo: Entre os anos de 1970 e os anos de 1990, a casa de Gica, na periferia de Ladário-MS, era bastante movimentada aos finais de semana. Farras e fervos” faziam a alegria das amigas” da Carmen Miranda do Pantanal”. Marinheiros, os homens de verdade, se deliciavam com as bichas em festas que começavam na sexta-feira e só acabavam na madrugada de segunda-feira. Essas e outras reflexões fizeram parte de uma pesquisa, cujo trabalho de campo transcorreu entre os anos de 2012 e 2015 nas cidades de Corumbá e Ladário, ambas em Mato Grosso do Sul, na fronteira do Brasil com a Bolívia. Na pesquisa maior – hoje o livro Batalha de Confete: envelhecimento, condutas homossexuais e regimes de visibilidade no Pantanal-MS (Papéis Selvagens, 2018) – a partir de um grupo de 17 interlocutores, muito diferente entre si em termos de camadas sociais, formação intelectual e inserção laboral, contatei homens gays, mulheres lésbicas, travestis e pessoas que se montavam” no intuito de compreender como eram experienciados momentos mais avançados do curso da vida. Meu interesse especial recaiu sobre o envelhecimento de pessoas com condutas homossexuais em cidades consideradas pequenas” e distantes” dos grandes centros urbanos, sobretudo, do sudeste onde – em tese – se reuniriam as condições objetivas ideais para a realização plena das sexualidades desviantes” ou dissidentes.

Trabalho para Mesa Redonda
Regimes de visibilidade e reconhecimento dos modos de vida de mulheres maduras” que se relacionam afetiva e/ou sexualmente com mulheres
Jainara Gomes de Oliveira (UFGD)
Resumo: Nesta comunicação, discuto a relação entre regimes de visibilidade e reconhecimento dos modos de vida de mulheres maduras” que se relacionam afetiva e/ou sexualmente com mulheres. Trata-se de uma relação fortemente marcada pelo problema da temporalidade social constituída, que traz à tona a questão do sujeito com o tempo. Na fronteira entre diferentes temporalidades que não se suplantam mutuamente, os relatos sobre suas histórias de vida são sobrepostos, de maneira que o passado continua atuando no presente. Nesse sentido, reconhecer a si mesma como uma mulher madura” pressupõe um processo de longa duração por meio do qual o tempo trabalha na criação de si mesmas como sujeitos. Essas mulheres nasceram e cresceram em diferentes estados do Nordeste e, em sua maioria, são naturais de cidades interioranas e mudaram-se para a cidade de João Pessoa, Paraíba, com idades variadas e por motivos diferentes.