Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 049: Ensino e aprendizagem da antropologia na educação básica
Da experiência e da intuição do antropólogo-professor para uma Didática Multidimensional: tradução epistemológica e sistematização das práticas docentes
Após o encontro de antropólogos-professores ocorrido GT 54: Ensino e aprendizagem da antropologia na educação básica: conteúdos, metodologias e recursos didáticos, que ocorreu na XIV Reunião de Antropologia do Mercosul (RAM), realizada entre os dias 1 e 4 de agosto de 2023 na Universidade Federal Fluminense em Niterói, houve um questionamento sobre como a Antropologia e os seus profissionais, enquanto professores, se inserem dentro do contexto da docência na educação básica. Foi percebido que, a maioria dos docentes desenvolvem, a partir de sua formação inicial e continuada, ações e práticas pautadas no conhecimento intuitivo e na experiência (PIAGET, 1972; VYGOTRSKY, 1991; GOODSON, 1995; NÓVOA, 1995), não dispondo, muitas vezes, de um instrumental teórico e conceitual que a área da Educação desenvolve, sistematizando o conhecimento de uma forma replicável em diversos contextos pedagógicos semelhantes. Também é importante destacar que a maioria dos docentes formados em Antropologia estão ministrando nos componentes curriculares naquilo que Bodart e Tavares (2020) conceituaram de Sociologia escolar, disciplina esta que sofre tensões e resistências em diversas dimensões e esferas de atuação (política, curricular, didática etc.) e que permanece em constante processo de (re)consolidação e (re)institucionalização. Desta forma, o currículo da disciplina e a didática do professor podem ser aprimorados no intercâmbio efetivo entre as Áreas do Conhecimento que, por muitas vezes, é relegado a um mero empréstimo conceitual que não leva em conta os contextos, as práticas de uso e as ações instrumentalizadas. Este trabalho, portanto, têm como objetivo elucidar as práticas pedagógicas do antropólogo-professor em ação e, a partir da tradição da Teoria Ator-Rede (TAR) (LATOUR, 2012), da Antropologia e da Sociologia da Tradução (GEERTZ, 1978; PASSIANI; REUILLARD, 2023), a fim de interpretar, de sistematizar e de ressignificar como essas práticas desenvolvidas a partir da experiência e do conhecimento intuitivo podem ser condensadas e organizadas em uma Didática Multidimensional (FRANCO; PIMENTA, 2016), perspectiva que analisa a prática do ensino como fenômeno complexo e multirreferencial, tão necessária para o aprimoramento docente e qualificação do antropólogo-professor dentro do contexto da Educação.