Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 049: Ensino e aprendizagem da antropologia na educação básica
A antropologia na sala de aula: uma etnografia sobre o Projeto Literatura na Escola do Campo, assentamento Palmares II, Parauapebas (PA)
Introdução
Nesta proposta analisamos o projeto intitulado Literatura na Escola, desenvolvido com alunos do 4º, na Escola Oziel Alves Pereira, localizada no assentamento Palmares II, município de Parauapebas, estado do Pará, durante o segundo semestre de 2023. Partindo da noção antropológica de alteridade e do papel transformador que o mundo das letras desempenha em nossas vidas, este projeto incentivou seus alunos-participantes a refletirem, bem como a produzissem narrativas que evidenciassem o respeito às diferenças e por conseguinte, o combate ao racismo e outros tipos de discriminação.
O projeto é um desdobramento de uma iniciativa anterior, ocorrida no ano de 2022, juntamente com quatro turmas do segundo ciclo (uma do quarto ano e três do quinto). Como resultado, dois livros foram montados, englobando poesias e contos, além de desenhos acerca das temáticas desenvolvidas.
Combatendo o racismo na sala de aula
Trabalhamos com o ensino da antropologia na educação básica. O projeto em questão aproveitou o Dia da Consciência Negra, comemorado no dia 20 de novembro, para refletir sobre cultura, diferenças e a importância de se combater o racismo dentro e fora da escola. Acompanhando as situações do dia a dia e tendo como base noções fundamentais da antropologia, ou seja, alteridade, diversidade e o respeito às diferenças, bem como o conceito de escrevivência (EVARISTO, 2020), isto é, uma escrita feita com e a partir do contexto e das próprias experiências, os alunos desta escola pública da rede de educação básica, se debruçaram sobre seus próprios dilemas e curiosidades, ressaltando suas condições de assentados de um acampamento localizado na zona rural deste município.
Foram feitas leitura de textos literários, especialmente de poesias, fábulas e contos. Em seguida, mediante rodas de conversas, os alunos discutiram pontos de seu interesse. Posteriormente, foram incentivados a analisar textos, respondendo aos questionamentos. A partir disso, começaram a produzir seus textos. Ao final foi elaborado um livro de contos constituído por 24 histórias e 18 ilustrações, evidenciando narrativas sobre violência, falta de respeito e preconceitos ligados à cor e às origens.
Conclusões
As produções disponíveis no livro são olhares de crianças, meninos e meninas, que pararam para pensar sobre a importância do respeito, do amor ao próximo, da valorização da alteridade e da necessidade de se combater quaisquer tipos de discriminação. Revelam talentos e a grandeza de uma geração que clama por oportunidades, os textos e as imagens falam por si.