ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 049: Ensino e aprendizagem da antropologia na educação básica
A Residência Pedagógica através da Antropologia: trabalhando as relações étnico-raciais em uma escola de Campos dos Goytacazes, RJ.
Propomos aqui uma reflexão sobre a experiência de abordar antropologicamente a temática das relações étnico-raciais no desenvolvimento da Residência Pedagógica em Ciências Sociais em uma escola de Campos dos Goytacazes, estado do Rio de Janeiro. O Programa Residência Pedagógica foi criado pela Capes em 2018, para implementar projetos em parceria com as redes públicas de educação básica, qualificando a formação dos licenciandos através da sua inserção em escolas, de forma semelhante ao Pibid (Fernandes; Pereira, 2022). Na Licenciatura em Ciências Sociais da Universidade Federal Fluminense em Campos dos Goytacazes, o programa se encontra em sua terceira edição (2022-2024), contando com 15 alunos bolsistas e 3 voluntários, divididos em três escolas estaduais. Uma dessas instituições é o Colégio Estadual Julião Nogueira, onde atua a professora de sociologia Naiana de Freitas Bertoli, que recebeu e supervisionou um grupo de seis licenciandos para desenvolveram atividades com o tema das relações étnico-raciais, especialmente no que diz respeito à construção de perspectivas e práticas antiracistas (Souza;Oliveira, 2016). Essas atividades foram fundamentadas em teorias e conceitos antropológicos, sendo executadas pelos residentes com o objetivo de desenvolver nos estudantes de ensino médio a construção do olhar antropológico em relação aos contextos socioculturais em que estão inseridos (Dauster; Grossi; Guedes, 2011). Assim, foi exibido o filme M8 Quando a morte socorre a vida”, para as turmas de primeiro ano. O jogo de cartas Vamos falar sobre Racismo também foi aplicado nessas turmas. Foi também organizada uma visita guiada ao Quilombo da Machadinha, localizado em Quissamã, município vizinho a Campos dos Goytacazes. Durante a Semana da Consciência Negra, em novembro, os residentes mediaram uma roda de conversa na escola, recebendo uma estudante de psicologia e artistas de rap locais. Eles falaram sobre a importância do dia da Consciência Negra, compartilhando um pouco sobre suas vivências, descobertas, dúvidas e desafios como jovens pretos. Foi também um lugar de escuta, no qual os alunos puderam compartilhar suas experiências, percepções, dúvidas e descobertas. Em nosso artigo, descreveremos o processo de planejamento e execução das referidas atividades, analisando a receptividade dos estudantes de ensino médio. Dessa forma, buscaremos demonstrar a importância da antropologia na educação básica, tanto como aparato teórico quanto metodológico (Gusmão, 2009; Alencar; Targino; Araújo, 2023). Evidenciaremos também como a experiência possibilitou aos licenciandos o exercício da antropologia na prática docente, valorizando a sua formação como professores e como cientistas sociais (Oliveira; 2012; Rosistolato; 2013).