Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 048: Ensinar e aprender Antropologia
Não tem o que fazer, vou dar aula: a prática e formação antropológica enquanto ferramentas de atuação do professor de ensino básico diante os conflitos escolares.
A frase que intitula este trabalho foi dita por mim em 2018, momento em que fui chamada pela Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC-RJ) para assumir uma vaga como professora de Sociologia. Naquele momento, já havia passado a metade do meu doutorado em Antropologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e comecei a ser professora porque via ali uma possibilidade de ter um salário fixo para me manter. Depois, percebi quanto a minha formação em Antropologia me ajudou na prática docente. Neste sentido, o artigo proposto tem como objetivo refletir o quanto prática e formação antropológicas podem ser importantes para atuação do professor de ensino básico, não somente no que se refere a ensinar os conceitos antropológicos e sociológicos, mas também para administrar os conflitos escolares. Para isso, realizarei análises empíricas de minha atuação profissional em colégios de Ensino Médio Público, sobretudo depois de 2022, momento em que começou a implementação do Novo Ensino Médio no Estado do Rio de Janeiro. Uma das mudanças no quadro de disciplinas foi a retirada de Sociologia dos primeiros e segundos anos (disciplina que ministrava até então) e a incorporação de Projeto de Vida e matérias eletivas que são escolhidas por cada escola. No início de 2022, a falta de controle curricular sobre o que se deveria ministrar nas novas disciplinas me possibilitou criar um modelo de aula que estimulasse o estudante a desenvolver um projeto científico de cunho antropológico. A partir daí, nos demais anos de atuação procurei relacionar o planejamento anual das demais disciplinas em que leciono ensinando metodologia científica para os estudantes a fim de que eles produzam pesquisas de caráter etnográfico e apresentem seus resultados não somente como parte da avaliação, mas em Seminários, Olimpíadas e Feiras de Ciências. Um dos obstáculos que tive foi a dificuldade de achar eventos científicos voltados para o Ensino Básico que contemplem as especificidades da pesquisa antropológica. Neste sentido, me juntei a outros professores da SEEDUC-RJ para organizar a Feira de Ciências Simoni Lahud Guedes: conflitos e diálogos na escola, a fim de que os estudantes do Ensino Médio tenham espaço dentro da Universidade para apresentar suas pesquisas etnográficas sobre os conflitos escolares. O evento, que já está na sua terceira edição, homenageia uma professora da UFF que foi uma importante pesquisadora sobre Abordagens Antropológicas sobre a Educação (Guedes e Cipiniuk, 2014). Por fim, será ressaltado como essas análises realizadas pelos estudantes têm se tornado estratégia de pesquisa e ensino para perceber de que forma as unidades escolares estão lidando com casos de conflitos escolares importantes para cada contexto.
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