Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 048: Ensinar e aprender Antropologia
(Des)caminhos para uma (possível) antropologia da educação matemática
Pensar a relação entre Antropologia e (Educação) Matemática se faz em um duplo movimento: de um lado, trata-se de concebê-las enquanto formas de criação humana e modos de atribuir sentidos ao mundo vivido. De outro, a despeito desse aspecto levantado, ambas, no contexto do conhecimento dito científico, são disciplinas acadêmicas, isto é, constituídas a partir de um contexto ocidental e eurocêntrico de se conceber o conhecimento, o que nos provoca a tensionar de que modo saberes e fazeres outros inserem-se (ou não) na produção de conhecimento dito científico. Dessa forma, a presente comunicação tem como objetivo propor aportes teóricos com o intuito de construir possibilidades para uma mirada Antropológica da/na Educação Matemática. Ao propor a inter-relação entre essas duas disciplinas, emerge a proposta de uma Antropologia da Educação Matemática. Pensar uma possível Antropologia da Educação Matemática oferece uma perspectiva interessante para interpretar como determinadas culturas concebem, ensinam e aprendem saberes e fazeres aqui chamados de [etno]matemáticos. Igualmente, pode oferecer subsídios para compreender como marcadores de diferença(s) tais como raça, classe, etnia, gênero(s) e sexualidade(s) produzem efeitos na constituição do ensinar e aprender matemática. A Antropologia, enquanto disciplina que estuda as culturas humanas, pode contribuir para a Educação Matemática ao fornecer subsídios sobre as diversas maneiras como diferentes grupos abordam a [Etno]Matemática em suas vidas cotidianas. Não obstante, a constituição de uma Antropologia da Educação Matemática enquanto campo de estudos e pesquisas tem vários desafios complexos de ordem epistemológica, metodológica e prática. No entanto, uma possível Antropologia da Educação Matemática pode fornecer a possibilidade de realização de uma descrição densa dos saberes e fazeres [etno]matemáticos presentes em tais grupos. Outrossim, uma interpretação antropológica da/na Educação Matemática possibilita compreender o modo como práticas [etno]matemáticas são constituídas nos mais variados contextos (naturais, culturais, sociais e imaginários), bem como os modos como tais grupos percebem e utilizam esses saberes e fazeres. Tal compreensão é importante para desenvolver abordagens pedagógicas sensíveis às diversidades de raça, gênero(s), sexualidade(s), etnia etc.
Palavras-Chave: Ensino. Aprendizagem. Etnografia. Etnomatemática.