ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 048: Ensinar e aprender Antropologia
Fabulações em laboratórios de Antropologia: as experiências no LABareDA
O interesse da pesquisa de doutorado foi destacar o desenho como um caminho possível para a produção etnográfica, além de salientá-lo como um recurso pedagógico para a formação antropológica, dentro da estrutura disciplinar acadêmica na universidade. Na medida em que desenvolvia a ideia de desenhar os processos de compreensão de conceitos antropológicos eu construía uma narrativa gráfica sobre o meu florescimento como uma mulher negra na pós-graduação que precisava articular as teorias antropológicas e suas fissuras no contemporâneo. A tese tem uma proposta experimentativa de compartilhar reflexões por meio de uma manufatura do pensar. Especificamente no capítulo: "Fabulações e Entrelaçamentos" relato alguns dos encontros semanais que se seguiram no LABareDA (Laboratório de Desenho e Antropologia) no ano de 2021, em que foram compartilhadas técnicas, dicas de materiais, cursos, leituras, assim como as pesquisadoras(es) partilhavam seus projetos. O LABareDA foi idealizado no contexto da epidemia do COVID-19 com pesquisadoras(es), em diferentes níveis de sua formação, dos mais diversos estados brasileiros. Nessas interações e por meio de uma certa indisciplina, pois os encontros não tinham um formato vertical de uma classe, em que um sujeito ensinava e as(os) outras(os) aprendiam de forma passiva, ou melhor, apenas escutando, abriu-se a oportunidade para a serendípia do desenho. As inquietações eram comuns nas partilhas dos encontros do LABareDA. Foram pensadas questões importantes como: a) O que se está criando ao relacionar antropologia e desenho nas produções antropológicas no Brasil?; b) como nós podemos ser levadas(os) a sério? Diante de tais indagações o grupo compartilhou algumas propostas para se avançar no tema, como por exemplo: a) conversar e dialogar para fora da bolha (da antropologia) poderia ajudar; b) experimentar e ousar é importante ao longo do percurso. Nas rodas de conversas no laboratório existia um pensamento partilhado que é: o desenho é bom para pensar e dentro do contexto da pandemia da COVID-19, em que existiam diversas dificuldades para se desenvolver um trabalho de campo nos moldes mais conhecidos pelas etnografias tradicionais na antropologia, foi nos desenhos confeccionados que as(os) membras(os) do LABareDA encontraram um espaço frutífero de produzir um trabalho antropológico. O laboratório se constituiu como uma estratégia de se repensar as práticas de ensino e com suas atividades múltiplas e dinâmicas conclamava a todas, todos e todes a se engajarem cada vez mais. Vislumbro, portanto, que o laboratório na antropologia possa ser um espaço de entusiasmo pelas ideias e a vontade de aprender, apresentando novas maneiras de saber e estratégias diferentes para partilhar o conhecimento.