Trabalho para Mesa Redonda
MR 33: Fronteiras LGBTI+: olhares antropológicos compondo histórias brasileiras
Farras e fervos com a Carmen Miranda Do Pantanal: Condutas Homossexuais, Geração e Agência
Entre os anos de 1970 e os anos de 1990, a casa de Gica, na periferia de Ladário-MS, era bastante
movimentada aos finais de semana. Farras e fervos faziam a alegria das amigas da Carmen Miranda do
Pantanal. Marinheiros, os homens de verdade, se deliciavam com as bichas em festas que começavam na
sexta-feira e só acabavam na madrugada de segunda-feira. Essas e outras reflexões fizeram parte de uma
pesquisa, cujo trabalho de campo transcorreu entre os anos de 2012 e 2015 nas cidades de Corumbá e Ladário,
ambas em Mato Grosso do Sul, na fronteira do Brasil com a Bolívia. Na pesquisa maior hoje o livro Batalha
de Confete: envelhecimento, condutas homossexuais e regimes de visibilidade no Pantanal-MS (Papéis
Selvagens, 2018) a partir de um grupo de 17 interlocutores, muito diferente entre si em termos de camadas
sociais, formação intelectual e inserção laboral, contatei homens gays, mulheres lésbicas, travestis e
pessoas que se montavam no intuito de compreender como eram experienciados momentos mais avançados do curso
da vida. Meu interesse especial recaiu sobre o envelhecimento de pessoas com condutas homossexuais em
cidades consideradas pequenas e distantes dos grandes centros urbanos, sobretudo, do sudeste onde em
tese se reuniriam as condições objetivas ideais para a realização plena das sexualidades desviantes ou
dissidentes.
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