ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 089: Quilombos: processos de territorialização, movimentos sociais e conflitos
Soberania alimentar e incidência política: o ativismo alimentar do Quilombo Dona Bilina
O Quilombo Dona Bilina é um quilombo localizado na região norte do Maciço da Pedra Branca, no Rio da Prata, em Campo Grande, bairro localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro, território marcado por mudanças sociais, ambientais e políticas. Em 2017, o Quilombo recebeu a certificação da Fundação Cultural Palmares, órgão responsável pela emissão de certificados às comunidades quilombolas (AS-PTA, 2022). Sendo recém-titulado, pretende-se analisar como ações em torno da pauta da soberania alimentar têm contribuído para sua organização interna. Sua atuação ganhou visibilidade quando, em 2020, no período da pandemia de Covid-19, as mulheres do Quilombo Dona Bilina se organizaram junto a outras organizações sociais da zona oeste do Rio de Janeiro para a distribuição de cestas agroecológicas para aqueles que estavam em situação de vulnerabilidade social (Baptista, S.; Freitas, C.; Bruce, M). Eram cestas que continham alimentos da agricultura familiar local, pensando nas relações de solidariedade entre agricultores também impactados pela pandemia e famílias empobrecidas, sendo a maior parte delas lideradas por mulheres negras. Dentro deste panorama de organização em torno do ativismo alimentar, entre 2021 a 2023, a ong AS-PTA que possui um histórico de atuação em projetos de agroecologia na zona oeste do Rio de Janeiro, realizou projetos no Quilombo, onde foram desenvolvidas atividades como cartografias sociais participativas, apoio a criação de um ecomuseu e a criação de uma horta comunitária. Em agosto de 2023, o Quilombo Dona Bilina, após uma articulação com movimentos sociais da zona oeste do Rio de Janeiro para reivindicar a soberania alimentar do território, teve o projeto para o Programa de Aquisição de Alimentos aprovado pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). Pensar o PAA como um mercado de redistribuição à luz de Polanyi (2000) nos traz a reflexão de analisar os desafios quanto à prática do cultivo em sua horta comunitária e os enfrentamentos relacionados à produção agrícola, ao mesmo tempo, que, busca-se reconstruir o processo de criação do Quilombo, seu reconhecimento interno e seu reconhecimento público.