ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 005: Antropoceno, Colonialismo e Agriculturas: resistências indígenas, quilombolas e camponesas diante das mutações climáticas
Cosmopolíticas afro-brasileiras ante o Plantationoceno: re-existências quilombolas e de terreiros de matriz africana
Esta comunicação busca discutir as lutas operadas por comunidades quilombolas e terreiros de matriz africana, localizadas na região Sul do Brasil, tecendo considerações sobre as re-existências de coletividades compostas por humanos e outros seres, enquanto formas de enfrentamentos contracoloniais ao contexto das mutações climáticas. Estas comunidades lutam pela demarcação definitiva de seus territórios, frente ao Estado, e por políticas de reconhecimento de seus modos de vida e práticas, que envolvem dimensões socioambientais diversas, na ampla relação natureza-cultura não-eurocêntrica. Os modos de vida e as relações com a terra dessas comunidades foram suprimidas e até mesmo devastadas junto com seus povos, pelo Plantationoceno, mas também ocorrem processos de resistência e de reterritorialização, como os quilombos, as religiões de matriz africana e outras expressões culturais negras. Assim, compreendo que humanos, plantas, animais, espíritos, territórios e demais entes resistem aos processos catastróficos, seja no uso de ervas, águas e alimentos, seja nas retomadas e na preservação de matas e no uso de outros sítios importantes. Os principais elementos que me instigam à possibilidade de reconhecer saberes ancestrais, filosofias plenas, cosmo-ontologias, epistemologias e modos de vida, advém daquilo que esses grupos mobilizam em torno de suas próprias organizações e de suas lutas, da relação com a terra, com outros entes e territórios, resistindo aos contextos de racismo e de estigmatização que operam, cotidianamente, em nossa sociedade. Portanto, busco apresentar de que modo essas práticas ancestrais negras compõem cosmopolíticas de coexistência multiespécies, onde poderíamos visualizar as formas de "aquilombamento", naquilo que propõe Malcom Ferdinand, nas quais existem relações muito mais abertas com o mundo.