Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 060: Experimentos de Ontologia: formas de mundialização desiguais e etnografia como atuar criativo.
Além da poética vegetal: uma proposta de encantamento com um pensamento Guarani Mbya
Neste trabalho que está vinculado à minha pesquisa para a tese de doutorado, apresento conceitos e
ideias surgidas a partir de uma série de intercâmbio de reflexões que venho realizando junto a um pensador
indígena do povo Guarani Mbya sobre plantas, Mata Atlântica, língua e povo Guarani. Através das imagens e
estéticas vegetais contidas nas narrativas, pretendo trazer a originalidade e a relevância dos próprios
relatos e análises deste pensador sobre a cosmologia de seu povo. Os conceitos, reflexões e traduções
guaranis servem aqui como impulso para debater língua guarani e tradução, analisando as formas particulares
que os indígenas traduzem seus mundos à sociedade não-indígena e propor alternativas à tarefa da tradução de
mundos (e não só de palavras) no âmbito de uma antropologia implicada (cf. Albert, 1995). Tendo como foco
essa proposta guarani, tenho a intenção de propor uma experiência de encantamento com os brotos e os
vegetais para compreender não só a poética vegetal do mundo guarani, mas também a sua crítica à noção
ocidental de floresta e Mata Atlântica. O pacto etnográfico que venho construindo com este pensador se
constitui assim em uma tentativa de construção de uma proposta cosmopolítica para traçar pontes entre
universos culturais diferentes, levando a sério o pensamento indígena, que nos exige adquirir consciência
para germinar outros modos de existir.
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