Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 040: Culturas populares e os usos da tradição
Fazer e ouvir sons sobre o Brasil: a produção fonográfica do movimento folclórico brasileiro na Coleção fonográfica Documentário Sonoro do Folclore Brasileiro
Documentário Sonoro do Folclore Brasileiro foi uma edição fonográfica organizada pela Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro ( 1958- 1979), em que o primeiro volume foi publicado em 1972, com a temática sobre a banda de pife: Vitalino e Seu Zabumba, e no total foram editados 44 discos compactos. Essa publicação fonográfica marcou uma tentativa de produzir um Mapa Musical do Brasil. Essa iniciativa se aproxima de outra produção, que ocorreu na mesma década, pelos Discos Marcus Pereira. As duas iniciativas tiveram como principal inspiração o projeto de Mário de Andrade, na década de 1930, de documentar musicalmente a cultura do povo no Brasil. O DSFB assumiu a missão de documentar fonograficamente diversas performances musicais populares brasileiras, a partir da perspectiva de que, o folguedo registrado fosse representativo do estado onde foi gravado. Assim, para a realização das gravações para posterior edição e publicação, uma trama entre instituições públicas e privadas, secretarias de cultura, folcloristas, comissões de folclore e estudiosos foi mobilizada para viabilizar o projeto de documentar musicalmente o Brasil e legitimar as escolhas das temáticas dos discos.
Essa publicação fonográfica foi mais uma iniciativa que marca a importância da música nos estudos de folclore no Brasil, e que também explicita a influência dos estudos de folclore musical na Europa no século XIX nas pesquisas musicais no Brasil organizadas pelos folcloristas brasileiros. O estudo, pesquisa e documentação musical foram muito marcantes na gestão promovida pelo movimento folclórico brasileiro e se prolongaram na década de 70 com a edição do DSFB. Além do mais, a pesquisa musical também está inserida no bojo das ações promovidas pelos folcloristas brasileiros a partir da década de 40 e que visavam preservar a cultura popular brasileira, que segundo eles, estavam em risco de desaparecimento e descaracterização. Vicente Salles, o idealizador do projeto, sob a coordenação de Renato Almeida, utiliza o recurso do disco, que nesse momento sócio- cultural se torna acessível e de interesse de grande parte da população brasileira, para disseminar o folclore musical brasileiro.