ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 036: Cidades: espaço construído e formas de habitar
Habitação e Ocupação de São João Clímaco e Heliópolis: sentidos etnográficos do atravessamento da política habitacional na luta pela moradia na periferia de São Paulo
A periferia de São Paulo, ao cabo da história das ideias do urbano, foi descrita e pensada como um problema fundamentado no trinômio: loteamento irregular-clandestino/casa própria/autoconstrução. O tipo de negócio, de moradia e mão de obra inerentes a esse trinômio serviu de base para a produção dos objetos e descrições da pesquisa social em São Paulo, desde 1976. Dessa maneira, a habitação na periferia tem sido compreendida sob os termos da ilegalidade, precariedade e vulnerabilidade. No entanto, essa compreensão também fundamentou o desenvolvimento de políticas habitacionais como o Programa de Urbanização de Favelas que é apresentado como o que há de mais progressista no combate à vulnerabilidade e precariedade habitacional no Brasil. Contudo, tendo morado numa área de intervenção desse programa e realizando um trabalho de campo nessa área, compreendi que os moradores da periferia de São Paulo apresentam outros sentidos para suas habitações além da ilegalidade, precariedade e vulnerabilidade. Dessa maneira, proponho apresentar etnograficamente os sentidos da habitação e ocupação da periferia que as lutas por moradia de meus interlocutores e parentes me ensinaram. Também almejo passar a visão etnográfica de como o entendimento da habitação descrito por pesquisadores e urbanistas tem gerado complexidades para as lutas e para a habitação da população periférica de São Paulo.