Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 093: Ritmos negros e periféricos: Hip-hop, Música e Identidades
As Batalhas de Breaking e a “Esportivização” da Prática: uma análise situacional do evento “Chega Que É Certo - Edição 7”, em João Pessoa/PB
Luiz Carlos de Lima do Nascimento (UFPB)
O artigo submetido à 34ª RBA, um recorte que faço da minha pesquisa para a tese em antropologia, partirá de uma análise situacional de uma competição de breaking (dança urbana praticada por b-boys e b-girls - dançarinos e dançarinas de breaking, respectivamente) e tem como finalidade levantar uma discussão quanto as possíveis mudanças nas regras da dança e avaliações/pontuações dos competidores ou mesmo nos comportamentos dos praticantes com a oficialização do breaking como modalidade olímpica.
Como uma expressão urbana, há de se considerar a importância dos processos de socialização que tem a rua a sua referência. Saliento aqui a importância dos encontros, sejam eles através dos treinos, das apresentações públicas, e, principalmente, das batalhas/competições/dos rachas, que consolidam o sentimento de pertencimento entre integrantes de diferentes crews/grupos, gera trocas de conhecimentos sobre a dança, conscientizam sobre a discussão de diversos temas de interesses dos praticantes (inclusão social, cidadania etc.) que ocupam e dão sentido aos espaços públicos.
Após o sucesso que teve nos Jogos Olímpicos da Juventude, em Buenos Aires, em 2018, o breaking estreia nas Olimpíadas de Paris 2024 como uma nova modalidade esportiva. Assim como alguns esportes urbanos como o ciclismo BMX, skate e basquete 3x3, além da escalada e do surf, a inclusão do breaking como categoria olímpica faz parte das mudanças que vem ocorrendo desde a edição de Tóquio (2020), com a intenção de atrair a audiência do público mais jovem.
A competição de breaking nos Jogos Olímpicos Paris 2024 consiste em dois eventos dividido por gênero (feminino e masculino), 16 b-boys e 16 b-girls que se enfrentarão (através de movimentos improvisados e ritmados a partir das músicas postas pelo DJ) em batalhas (1x1) solo. Com exceção do país sede, cada Comitê Olímpico Nacional (CON) poderá contar, no máximo, com 4 competidores, sendo dois por gênero. As vagas serão distribuídas tendo como base um ranking que observará o desempenho dos atletas no Mundial ocorrido em 2023 na Bélgica, os campeonatos continentais (como o Pan-Americano 2023), além de uma série de classificatórias que ocorrerão em 2024.
Acompanharei durante um final de semana (19, 20 e 21 de abril) os competidores no evento “Chega Que É Certo - Edição 7”, que acontecerá em João Pessoa/PB, e buscarei compreender como o breaking, uma prática que surge nas ruas, é (ou não) afetada pela “esportivização”, pela individualização da prática, visto a importância das crews/dos grupos, pela divisão da modalidade por gênero, entre outros pontos.