Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 064: Gêneros, sexualidades e corpos plurais: abordagens antropológicas de práticas esportivas
Estou grávida! Posso fazer exercício, doutor? A gestão do risco na prescrição de exercício físico na
gravidez
Camila Miranda Ventura de Oliveira (IMS/UERJ), Jaqueline Teresinha Ferreira (UFRJ)
A medicalização do corpo feminino, sobretudo, no momento da gestação e do parto, transformou a gravidez
em uma fase da vida repleta de vigilância biomédica. A gestação é interpretada pela biomedicina como um
período de risco e a gestante, por sua vez, é transformada em uma paciente de risco. Há uma produção de
discurso que afirma que a prática regular de atividades físicas durante a gravidez pode proporcionar
inúmeros benefícios, no entanto, é preciso estar atenta aos riscos. A ideia de promoção da saúde através da
prática de atividades físicas visa a popularizar e tornar a prática mais aceitável na rotina das gestantes,
com garantia de gestação e parto saudáveis. Contudo, existem exercícios descritos para serem evitados por
oferecerem riscos à gestante e ao feto, e condições clínicas que impedem ou, por outro lado, flexibilizam a
autorização médica da prática de exercícios durante a gravidez. Deste modo, apresentarei uma comparação
entre discursos e protocolos médicos, com base no campo de pesquisa utilizado para este estudo, que foram
livros-textos do ensino de Obstetrícia. Um dos documentos utilizados foi uma coletânea de estudos de
pesquisadores brasileiros no campo da Obstetrícia, cuja influência vem dos protocolos do Colégio Americano
de Obstetrícia e Ginecologia (ACOG).
Este estudo é parte da dissertação de mestrado defendida no ano de 2020, no Programa de Pós-Graduação em
Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), dentro da linha de pesquisa em Ciências
Sociais e Humanas na Saúde, orientado pela Profª Drª Jaqueline Ferreira, cujo título é: Tome cuidado com os
exercícios: análise documental sobre recomendações médicas de atividades físicas às gestantes. O estudo se
propôs a realizar uma análise documental, de perspectiva socioantropológica, em manuais de obstetrícia e
protocolos médicos a fim de identificar o discurso produzido pela ciência biomédica, em seus consensos e
dissensos, sobre a prescrição e orientação de atividades físicas para gestantes.
Para a análise do material, foram utilizadas inspirações teóricas da sociologia do pensamento científico,
proposta por Fleck (2010) e outros teóricos das ciências sociais.