Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 069: Maternidades Violadas: desigualdades, violências e demandas por justiça e direitos
"Preciso estar bem para cuidar do meu filho": (des)encontros entre maternidade, raça e loucura
O artigo aborda os (des)encontros entre maternidade, raça e loucura e os desafios enfrentados por
profissionais da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) no atendimento e garantia dos direitos reprodutivos de
mulheres negras que são mães e, ao mesmo tempo, lidas socialmente como loucas e cracudas. Para isso propõe
reconstruir os itinerários de cuidado acionados pela RAPS de um município da Baixada Fluminense/RJ diante de
dois casos que envolvem mulheres negras diagnosticadas com algum transtorno mental. Ancorada na
(auto)etnografia de Ueslei Solaterrar enquanto coordenador de um Centro de Atenção Piscossocial (CAPS), que
acompanhou os dois casos, o artigo evidencia as vicissitudes, os conflitos e os marcadores sociais da
diferença que levaram duas mulheres loucas a serem privadas do direito/desejo de maternar, apesar dos
esforços da equipe do CAPS em viabilizá-lo. Ao abordar tanto os desafios enfrentados por profissionais da
RAPS quanto as formas de agência mobilizadas por essas mulheres ao longo de seus itinerários, atravessados
pelas tentativas frustradas de garantir o direito/desejo de maternar os filhos, o objetivo é mostrar como
mulheres negras socialmente lidas como loucas enfrentam desafios particulares para exercer a maternidade
como um direito em nosso país.
© 2024 Anais da 34ª Reunião Brasileira de Antropologia - 34RBA
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