Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 051: Envelhecimentos, Interseccionalidade e Cuidados
De que prevenção estamos falando? Uma reflexão sobre noções de prevenção de doenças, demências e
envelhecimento
Essa comunicação propõe reflexões acerca da noção de prevenção visando a um envelhecimento saudável.
Suposições normativas de envelhecer bem incluem a prevenção da demência. Em pesquisa anterior, mostramos que
a perspectiva hegemônica dos artigos científicos da neurologia norte-americana, que embasa também a
brasileira (Souza et al. 2022), não está necessariamente preocupada com a prevenção e tampouco com a
interseccionalidade, mas sim com o diagnóstico da doença e o tratamento medicamentoso. Contudo, vemos o
discurso biomédico utilizando o próprio fármaco como um recurso de prevenção, como no caso dos
antidepressivos (Coelho e Leal, 2015). Concomitantemente, as políticas públicas no Brasil têm, nas últimas
décadas, enfatizado e incentivado uma vida ativa para as pessoas idosas, com cartilhas e documentos que
materializam essa perspectiva e acentuam a importância da prevenção (Siqueira e Victora, 2015). E se
buscarmos a prevenção em outras ontologias, sabemos que as mulheres tupinambá optam pela prevenção através
de tecnologias de cuidado por não se identificarem com os diagnósticos e práticas da biomedicina (McCallum
et. al., 2015). Portanto, a fim de problematizar a complexa noção de prevenção de doenças (em especial das
demências), lançaremos mão da noção de prevenção situada de Annette Leibing (2018), da discussão de Bell
(2021) sobre prevenção e estilo de vida e da análise de Schweda e Pfaller (2015) sobre a economia moral da
prevenção.
© 2024 Anais da 34ª Reunião Brasileira de Antropologia - 34RBA
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