ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 051: Envelhecimentos, Interseccionalidade e Cuidados
De que prevenção estamos falando? Uma reflexão sobre noções de prevenção de doenças, demências e envelhecimento
Essa comunicação propõe reflexões acerca da noção de prevenção visando a um envelhecimento saudável”. Suposições normativas de envelhecer bem incluem a prevenção da demência. Em pesquisa anterior, mostramos que a perspectiva hegemônica dos artigos científicos da neurologia norte-americana, que embasa também a brasileira (Souza et al. 2022), não está necessariamente preocupada com a prevenção e tampouco com a interseccionalidade, mas sim com o diagnóstico da doença e o tratamento medicamentoso. Contudo, vemos o discurso biomédico utilizando o próprio fármaco como um recurso de prevenção, como no caso dos antidepressivos (Coelho e Leal, 2015). Concomitantemente, as políticas públicas no Brasil têm, nas últimas décadas, enfatizado e incentivado uma vida ativa para as pessoas idosas, com cartilhas e documentos que materializam essa perspectiva e acentuam a importância da prevenção (Siqueira e Victora, 2015). E se buscarmos a prevenção em outras ontologias, sabemos que as mulheres tupinambá optam pela prevenção através de tecnologias de cuidado por não se identificarem com os diagnósticos e práticas da biomedicina (McCallum et. al., 2015). Portanto, a fim de problematizar a complexa noção de prevenção de doenças (em especial das demências), lançaremos mão da noção de prevenção situada de Annette Leibing (2018), da discussão de Bell (2021) sobre prevenção e estilo de vida e da análise de Schweda e Pfaller (2015) sobre a economia moral da prevenção.