Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 094: Saberes Localizados, escritas de si e entre os seus: desafios político-teóricos e metodológicos nas práticas etnográficas
Experiências religiosas: explorando a reflexividade e os saberes situados na pesquisa etnográfica na
Congregação Cristã no Brasil
Este trabalho tem como objetivo discutir a transformação da abordagem antropológica ao longo do tempo,
especialmente em relação à inclusão da subjetividade, narrativas pessoais e saberes situados na pesquisa
etnográfica por meio da revisão bibliográfica. A produção antropológica dedicada à reflexão sobre a
subjetividade e à condição situada da produção do conhecimento experimentou um notável crescimento por
ocasião da virada antropológica. Este aumento de interesse reflete uma mudança de paradigma na disciplina,
que passou a reconhecer a importância de considerar as perspectivas e experiências subjetivas dos
pesquisadores no processo de investigação. Gilberto Velho (1978), Neuza dos Santos (1983), José Cantor
Guilherme Magnani (1984), Lélia Gonzáles (1984) entre outros, corroboram com essa discussão ao mergulhar
profundamente na realidade social e cultural analisando aspectos como relações de vizinhança, formas de
sociabilidade, práticas religiosas, expressões culturais, discriminação racial, movimentos de resistência e
dinâmicas de poder incorporando sua própria experiência como pesquisador(a) ao texto, compartilhando suas
reflexões e impressões pessoais sobre o campo. Nesse sentido, incorporo parte de minha experiência adquirida
durante a pesquisa etnográfica que deu origem a minha dissertação de mestrado, destacando a importância de
estar "de perto e de dentro" da comunidade estudada, participar ativamente da vida cotidiana dos
interlocutores e compreender suas perspectivas a partir de uma posição de empatia e proximidade ao mesmo
tempo em que assumo uma postura crítica e reflexiva em relação ao meu papel como pesquisadora, reconhecendo
os desafios e limitações da prática etnográfica. Por tratar-se de um estudo bibliográfico incorporado em uma
pesquisa etnográfica mais ampla sobre religião e saúde pública entre membros da Congregação Cristã no
Brasil, instituição na qual permaneci como membro por doze anos, onde todos me são familiares e me
consideram membro, apesar de meu afastamento, reconheço que essa posição peculiar me possibilitou, nos
termos de Berger, repensar experiências religiosas com um olhar reflexivo direcionado a cosmovisão do grupo,
observando como ela se reapresenta para mim, levando em consideração minha atuação enquanto pesquisadora,
além de me dar acesso aos membros e suas representações socioculturais tendo acesso a discursos que destoam
do que é politicamente correto para o grupo, o discurso normatizado, que frequentemente encontramos em
pesquisas sobre o grupo. Assim, discutimos questões éticas, metodológicas e teóricas, buscando
constantemente aprimorar abordagem etnográfica e contribuir para o desenvolvimento da Antropologia Urbana no
Brasil.
Palavras-chave: Etnografia; subjetividades; reflexividade.