Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 008: Antropologia da Arte
Imagens inquietas: tecendo a(s) história(s)
O trabalho a seguir apresenta algumas reflexões que venho desenvolvendo na minha pesquisa sobre a "imagética do índio do sertão". Partindo de um conjunto específico de imagens de expedição, minha tarefa tem sido lidar de forma bem direta com a interface entre arte e ciência, e sua relação com o saber histórico. Assim, o diálogo entre antropologia e história da arte tem sido bastante fértil no que diz respeito à produção de conhecimento e a constituição de vias alternativas à categorias como "objeto" e "representação". Neste trabalho em específico, gostaria de apresentar um diálogo que faço entre a noção de "imagem lacunar" de Didi-Huberman (2011, 2013, 2017, 2018) e o conceito de "coisa" de Tim Ingold (2012). No primeiro caso, a imagem é pensada não como um objeto total e fechado, cuja apreensão poderia se dá por um conhecimento específico igualmente total, mas antes, como algo em constante expansão, cujos caminhos e relações não cessam de se constituir. Nesse mesmo caminho, Ingold (2012) repensa a produção de conhecimento num ambiente sem objetos, no qual as coisas são priorizadas nos seus fluxos e contra-fluxos, e sua existência tece e é tecida por linhas que deixam diversas "pontas soltas". Diálogos como este tem me ajudado a revisitar essas imagens de expedição com novas perguntas para além do que elas "representam" sobre um contexto histórico específico, e mais em como elas podem nos ajudar, em diferentes configurações, a tencionar a memória iconográfica do Brasil, e assim redescobri-lo de outras formas que redefinam a relação mesma que traçamos entre imagem e tempo, percebendo-as, assim, como "coisas vivas" (Samain, 2012).
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