ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 057: Etnografias em contextos de violência, criminalização e encarceramento
"A barbearia muda vidas, né mano?": medidas socioeducativas e projetos empreendedores
Este paper decore de uma pesquisa em andamento. O objetivo é investigar as performances de masculinidade de jovens em comprimento de medidas socioeducativas em meio aberto na cidade de São Carlos (SP). Para isso, partimos de uma pesquisa etnográfica que se concentra na observação participante das atividades rotineiras dos jovens que estão em cumprimento de medida socioeducativas, no Salesianos, que é a instituição que articula e promove as medidas em meio aberto na cidade. Já realizamos trabalho de campo nessa instituição há alguns anos, e em trabalhos anteriores pudemos perceber que ao não pluralizar a realidade dos jovens que estão lá, bem como suas masculinidades, criam-se brechas para estigmatizá-los como agentes da violência e pessoas criminosas. E é este argumento que utilizamos de pano de fundo para realizar a reflexão que iremos propor. Neste trabalho, propomos falar de algo que estamos observando nos últimos meses. Gostaríamos de investigar o projeto da barbearia, que é uma tentativa de qualificar e promover a formação desses jovens na área de barbearia e cuidados estéticos. Durante esse processo, averiguamos que falar sobre o empreendedorismo e seus sentidos é algo rotineiro durante as aulas. Embora o objetivo seja fornecer noções básicas para projetos autônomos, acreditamos que em alguns momentos a conversa acaba esbarrando no projeto neoliberal do empreendedor de si mesmo, sobretudo, na capacidade de gerir uma imagem e marca pessoal de forma a maximizar as chances de um notável sucesso profissional. São nesses momentos também, ao falar de empreender, que esses jovens são incentivados que o salão não é o lugar do corre, ou seja, apelos são feitos para que o trabalho nos mercados ilegais não seja realizado no espaço de trabalho formal. É essa reflexão que queremos realizar neste trabalho apresentado na 34º RBA, pois dizer para esses jovens que seu sucesso só depende de você nos parece uma cilada. Ao mesmo tempo, prefigura uma boa estratégia pensando nos efeitos dos apelos realizados para que eles parem de trabalhar com o tráfico. Corrochano, M. C., & Laczynski, P. (2021). Coletivos juvenis nas periferias: trabalho e engajamento em tempos de crise. Linhas Críticas, 27. Feltran, G. (2008). Fronteiras de tensão: um estudo sobre política e violência nas periferias de São Paulo. São Paulo: Editora Unesp. Motta, L. D. (2017). Fazer estado, produzir ordem: sobre projetos e práticas na gestão do conflito urbano em favelas cariocas. Tese (Doutorado) Sociologia, Universidade Federal de São Carlos. Schlittler, M. C. (2011). No Crime e na Medida: uma etnografia do Programa de Medidas Socioeducativas em meio aberto do Salesianos de São Carlos. Dissertação (Mestrado) Sociologia, Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho.