Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 008: Antropologia da Arte
Quem é esse Palhaço que chega ao espaço do cuidado? Unindo pontos para uma compreensão antropológica de sua performance e ritual.
O presente trabalho consiste em um exercício de compreensão do palhaço na contemporaneidade, que se manifesta em diversos espaços da vida cotidiana. Além disso, representa um ensaio para a escrita de um capítulo destinado a esse arquétipo na minha tese, que atualmente está em fase de pesquisa de campo. Esta tese é intitulada "O PALHAÇO CUIDADOR: um estudo etnográfico do cuidado em saúde" e está vinculada ao Programa de Pós-Graduação de Antropologia da Universidade Federal da Paraíba - PPGA-UFPB.
Para realizar este exercício, faço um breve relato da trajetória histórica do palhaço, descrevendo sua presença em diferentes espaços e épocas. Em seguida, aproximo-me de alguns estudos antropológicos sobre rituais de cura conduzidos por dois antropólogos: Ernesto De Martino, que estudou o processo ritualístico do Tarantismo, e Victor Turner, que analisou o artefato/personagem Kavula no ritual Chihamba dos povos Lunda-Ndembus.
Continuo buscando compreender a dimensão corêutica do Tarantismo, fazendo uma aproximação com as produções de Rudolf Laban, que ao se interessar pelos estudos do movimento, desenvolveu a Coreologia, construindo assim uma metodologia própria.
Retorno a Victor Turner, desta feita para fazer uma aproximação do Drama Social no processo saúde-doença, tentando compreender as quatro fases desenvolvidas por ele na teoria do Drama Social, e como podemos remetê-las à vivência do adoecimento. Sigo com Tim Ingold, ao estabelecer o olhar do Palhaço Cuidador que relaciona-se com o Drama Social do adoecimento, como algo implicado em uma máxima inserção e observância aos acontecimentos e numa perspectiva da antropologia da vida.
Por fim, concluo com as Teorias do Iniciador e do Guru de Frederik Barth, apresentando elementos essenciais para a formação do Palhaço Cuidador em um processo de ritual de iniciação que propicia o desenvolvimento desse papel social.
Busco assim, por meio de aproximações com determinadas teorias e conceitos de alguns autores, compreender o papel do palhaço que chega à palhaçaria do cuidado, refletindo sobre suas ações ritualísticas em práticas diversas e na prática de cuidado, por meio desse exercício.
As hipóteses formuladas dizem respeito às bases antropológicas do palhaço, à utilização do drama social como uma ferramenta analítica para compreender o processo saúde-doença/adoecimento, à metodologia de formação do Palhaço Cuidador no contexto da figura do iniciador e à prática desse ator social dentro da perspectiva de uma antropologia ecológica.
Nesse contexto, acredito que minha abordagem encontra ressonância na Antropologia da Arte, explorando as interseções entre a performance do palhaço e as expressões artísticas, oferecendo uma perspectiva única sobre as relações entre arte, ritual e cuidado em saúde.