Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 019: Antropologia dos/nos Gerais
Cantar a cidade, criá-la: uma cartografia afetiva de Pirapora/MG a partir da canção de Marku Ribas
Marku Ribas foi um compositor, performer e músico norte-mineiro nascido em Pirapora-MG, cidade localizada no maior trecho navegável do que ficou conhecido como rio da integração nacional, o rio São Francisco. Destaco esse “lugar de gênese/nascimento não para aprisionar a minha leitura a esse lócus, mas para marcar que toda a composição de Ribas é atravessada pelos deslocamentos geográficos, afetivos, políticos e estéticos empreendidos pelo corpo artista que, invariavelmente, partem desse lugar e se fazem presentes no plano de composição de sua vasta produção musical ao longo dos anos de 1970 e 2013. A partir da leitura do espaço Pirapora/Gerais, nos termos que Marku o mobiliza, desejo propor nesta comunicação o esboço de uma cartografia afetiva que considere nos traços de seu desenho tanto as singularidades territoriais marcadas pelo artista quanto a sua plasticidade, isto é, a possibilidade de tomar esse espaço geográfico a partir de certo movimento de metamorfose ancorado na possibilidade do encontro. Marku inclui Pirapora, essa pequena cidade-passagem, no circuito da diáspora negra, desse modo, apreender os caracteres distintivos desse espaço passa pela compreensão dos movimentos, fluxos e encontros que o compõem. Dito em outros termos: existe uma cidade mapeada; do mesmo modo, existe uma cidade cuja cartografia se desenha fora e entre esse estado dado de mapeamento. Para empreender o movimento de leitura que proponho aqui, mobilizarei parte do vasto arquivo documental do músico – a partir de uma perspectiva etnográfica – com intuito de mapear como documentalmente a cidade se inscreve (ou é inscrita por ele). Aliado ao arquivo documental, pretendo ainda analisar o álbum Barrankeiro, de 1978, objeto privilegiado nesta análise.
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