Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 063: Gênero, sexualidade e raça: produção de diferenças e desigualdades na cidade
Mulheres ao Vento: modos de dançar e existir enquanto moradoras de favela a partir da ideia de
heterotopia de Foucault
Este resumo investiga o projeto Mulheres Ao Vento (MAV) no Complexo da Maré, Rio de Janeiro, percebendo
como mulheres negras, migrantes nordestinas e acima de 50 anos usam a dança como meio de resistência,
afirmação de identidade e pertencimento. Através de um estudo etnográfico, analiso como o MAV cria um espaço
de acolhimento que contrasta com a precariedade de infraestrutura, desigualdade e violência urbana,
dialogando com a noção de heterotopia de Foucault (2013). Este estudo se aprofunda na intersecção da
antropologia urbana e da dança, examinando como práticas culturais moldam espaços de resistência e como
essas expressões de suas subjetividades são representadas pelas danças nos espetáculos do MAV, extrapolando
esses espaços e sendo assumidos em seus discursos. Serão abordadas também as contribuições de Adriana Facina
(2022) para pensar como as práticas artísticas, em contextos de precariedade, ajudam a pensar sobre
esperança e futuro. Autores como José Magnani (2014) e Tiaraju D'Andrea (2013) auxiliam a refletir sobre
como espaços culturais, como o Centro de Artes da Maré - local onde acontecem os encontros do projeto MAV-,
funcionam como circuitos urbanos alternativos que desafiam as normativas espaciais e temporais hegemônicas,
promovendo a formação de comunidades baseadas em interesses comuns e práticas de resistência, contribuindo
também para pensarmos sobre subjetividades periféricas. Assim, este estudo ilumina o papel crucial de
práticas artísticas e culturais na criação de heterotopias de desvio que oferecem refúgio e espaço para a
reimaginação das identidades urbanas. As descobertas sublinham a necessidade de reconhecer e valorizar esses
"outros espaços" dentro da antropologia, contribuindo para o entendimento das estratégias de sobrevivência e
afirmação em contextos de vulnerabilidade social.
© 2024 Anais da 34ª Reunião Brasileira de Antropologia - 34RBA
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