Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 066: Imagens emergentes: antropologia e (re)montagens de arquivos audio-visuais
Um problema de princípio: quando o recorte conta a história que quer, quando a história conta o recorte
que quiser. Uma reflexão a partir dos desenhos da aldeia Xikrin do Cateté (PA)
Este trabalho busca eliciar as problemáticas em torno das escolhas narrativas no início de análises
antropológicas. Ter-se-à como material os desenhos figurativos referentes à imagem/noção de Aldeia
disponíveis no acervo doado por Lux Vidal ao Laboratório de Imagem e Som em Antropologia (LISA), da
Universidade de São Paulo. A opção de trabalhar com a figura da Aldeia deu-se em respeito à ordem narrativa
e montagem escolhida pela própria Lux Vidal em sua tese Morte e Vida de uma Sociedade indígena brasileira
(1977), cujo tema da Aldeia aparece logo no segundo capítulo, dividido entre aldeia, roça e as expedições,
nomeadas de vida nômade. Busco, portanto, esgarçar a experiência figurativa através dos diversos dualismos
presentes em maior ou menor grau nos desenhos, que não se limitam aos desenhos presentes na obra, com a
intenção de trazer também ao debate as escolhas organizacionais da autora/editora utilizando como suprimento
de possíveis lacunas a redação da própria autora, seus predecessores e sucessores no tema. Ao final, realizo
um exercício de encontrar uma instabilidade viável para que possa justificar antropologicamente temas como a
figuração, a memória e o encontro ontológico à luz de um trabalho maior, que envolve os desenhos figurativos
do acervo de Lux Vidal e sua recepção pelos Xikrin hoje em dia, quase meio século depois.
© 2024 Anais da 34ª Reunião Brasileira de Antropologia - 34RBA
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