Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 056: Etnografias do catolicismo: práticas, rituais, experiências e trajetórias em perspectiva
Tradicionalismo católico em interface com o olavismo
Esta comunicação tem por objetivo expor as primeiras experimentações etnográficas de minha pesquisa de
doutorado, cujo tema se volta para as relações estabelecidas entre o olavismo e a direita católica
brasileira. Por olavismo entendo um movimento e um conjunto de crenças anticomunista e antiesquerda,
propagado por Olavo de Carvalho, polemista católico, responsável por fortalecer movimentos de direita no
Brasil das últimas duas décadas. Como se fosse o gramscismo da direita, o olavismo luta pela hegemonia
cultural contra a esquerda. Seu objetivo é formar militantes, intelectuais orgânicos de direita. Por outro
lado, entendo por direita católica, agentes católicos conservadores ou tradicionalistas, que tem posições
claramente antimodernistas e reacionárias, quanto a moralidade pública, direitos humanos, igualdade de
gênero, tolerância social, etc.
Dentro desta trama, o que procuro evidenciar nesta fala, refere-se a uma incursão em um evento de estudantes
universitários católicos, organizado por um grupo tradicionalista católico, cuja origem remonta à uma
dissidência com a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, da Família e da Propriedade, a TFP, fundada
por Plínio Corrêa de Oliveira em 1960. Pretendo destacar deste grupo a oposição que o mesmo fez e faz ao
olavismo no interior do catolicismo.
Complemento tal apresentação destacando as estratégias de atuação deste grupo no meio universitário, assim
como em contextos digitais. Observa-se neste sentido a importância de um recurso às discussões como as da
etnografia virtual, estabelecidas por autoras como Christine Hine (2015), uma vez que o uso novas
tecnologias da informação, das novas mídias, se torna meio estratégico de expressão da sensibilidade de tais
grupos.