Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 050: Entre arte e política: articulações contemporâneas em pesquisas antropológicas
Artivismo Periférico: o papel dos coletivos audiovisuais na construção de novas narrativas e subjetividades em Villas e Favelas de Buenos Aires e Rio de Janeiro
Luz Mariana Blet (UFSC)
Nas últimas décadas vimos emergir, nas periferias das grandes cidades, coletivos artivistas que utilizam o espaço das cidades para criar, propor crítica e mobilização social, utilizando diferentes formas de expressão artística.
Este artigo tem como objetivo abordar a atuação de coletivos oriundos de regiões periféricas e territórios marginalizados, tecendo um comparativo entre coletivos das cidades de Buenos Aires, na Argentina, e Rio de janeiro, no Brasil, que utilizam o audiovisual como principal meio de expressão, construção de narrativas e subjetividades.
Ao falar sobre coletivos de periferia, é importante não pensá-los como grupos homogêneos de pessoas, mas contemplar a diversidade, subjetividade e singularidade de cada sujeito. Neste ponto, as contribuições de Stuart Hall (2000) sobre identidade, e a necessidade de pensar o conceito sob rasura, são fundamentais, para fugir da ideia de uma identidade fixa e homogeneizante dos sujeitos de periferia. Aqui, interessa pensar no processo de criação e experimentação compartilhada como possibilidade de inserção social do indivíduo em um grupo e de produção de sentido e subjetividade a partir de locais marginalizados da cidade.
Considerando as periferias territórios múltiplos e diversos, opto por pensar na produção audiovisual desses coletivos independentes, não a partir da chave da representação, mas sim, a partir da vivência de uma coletividade, busca criar novas formas de ser e estar no mundo, possibilitando outras narrativas além daquelas que são dadas às pessoas subalternizadas. Neste sentido, opto pelos conceitos de fabulação crítica de Saidiya Hartman ( 2021) e escrevivência, de Conceição Evaristo (2006), para pensar essas produções audiovisuais.
Estas produções configuram-se também como intervenções no território, considerando aqui o território como uma categoria definida socialmente, pelos indivíduos e suas práticas, preenchida por fluxos e narrativas (SANTOS, 1996). Seja por meio da identificação ou estranhamento, ou pela participação ativa da comunidade, essas narrativas implicam os sujeitos em implicam os sujeitos em uma decolonização estética e subjetiva. Pensando na estética como uma experiência sensível partilhada, que reverbera nas subjetividades, dando sentido à comunidade.