ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 092: Retomadas, tessituras e insurgência no fazer antropológico e outros fazeres.
Cálculos de uma economia do vivido: a instituição de um próprio por meio do amadurecimento profissional
O objetivo deste estudo é realizar uma interpretação antropológica, fundamentada na etnografia, das narrativas que envolvem a significação do trabalho docente e as escolhas profissionais dos interlocutores, em conexão com outras dimensões de suas vidas. O foco da pesquisa recai sobre os professores substitutos das redes públicas de ensino em Santa Catarina, que, apesar das condições estruturais precárias decorrentes de um projeto neoliberal de educação em nível nacional, descrevem suas práticas impregnadas de significados substanciais de resistência a esses processos. Destaca-se o amadurecimento como um fator determinante para as tomadas de decisão econômica ao longo de suas trajetórias profissionais. Neste sentido, o trabalho desenvolve-se na interface entre antropologia econômica e antropologia do trabalho, questionando o que significa para a nossa produção de conhecimento resistir às categorias, distinções e definições de cima para baixo, advindas das teorias da globalização do capitalismo em função da crescente reestruturação das bases produtivas e de seus reflexos na administração do serviço público. Para embasar este estudo, foi desenvolvido o conceito de "cálculos de uma economia do vivido", que busca conciliar as noções de "cálculos econômicos" de José Sérgio Leite Lopes com as "táticas" de Michel De Certeau. Essas abordagens dizem sobre as operações mentais e as maneiras de fazer dos trabalhadores comuns para resistir às estruturas administrativas que não lhes permitem criar um espaço próprio. Deste modo, os professores precisam lidar com os contingenciamentos do tempo para tirar proveito dessa ordem econômica. No entanto, ao longo de suas carreiras profissionais, começam a reivindicar um próprio, através da racionalização posterior, afastada no tempo, desse cotidiano imprevisível e instável, permitindo-lhes imaginar e ressignificar esse contexto, que agora é habitado por eventos que conversam com o íntimo e alimenta um sentimento de preparo em relação às futuras escolhas profissionais e econômicas. Palavras-chave: Trabalho Docente; Neoliberalismo; Amadurecimento; Práticas Narrativas