ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 093: Ritmos negros e periféricos: Hip-hop, Música e Identidades
Nossos Livros Foram discos: potencialidades pedagógicas do rap para a educação das relações étnico-raciais
Esta comunicação tem por objetivo apresentar dados do estudo de mestrado intitulado Nossos Livros Foram discos: potencialidades pedagógicas do rap para a educação das relações étnico-raciais”, onde objetivamos identificar e analisar dimensões epistemológicas do rap que podem contribuir com práticas pedagógicas escolares, transversalmente ancoradas na noção de Educação para as Relações Étnico-Raciais. Metodologicamente, as análises foram realizadas por meio de levantamento bibliográfico, análise de quatro entrevistas e investigação sobre as obras de rap: O Glorioso Retorno de quem Nunca Esteve Aqui (Emicida, 2013) e Univerguetto - relatos da zona oeste (Ptcho Packer, 2023). O trabalho se desenvolveu a partir da noção de que, por estarmos inseridos em um sociedade onde a escrita e a razão são hegemônicas, um mundo logocêntrico (Hall, 2003) e eurocêntrico, grande parte das/os docentes têm sua formação fixada em certa concepção que considera e elege os conhecimentos científicos como única forma de saber legítima, levando a limitação de compreensão sobre saberes outros (Gomes, 2008). No decorrer das análises, primeiramente, observamos que se tratando do mundo Atlântico negro (Gilroy, 2001), a música é proeminente na construção e transmissão de conhecimentos. Sob essa ótica, entendemos que o rap permite o encontro de docentes e discentes com uma prática vinculada à tradição de pensamento e expressão das populações negras. Concomitantemente, através dos princípios colocados pelo Parecer CNE/CP 003/04 e que devem conduzir a Educação das Relações Étnico-Raciais e o Ensino de História e Cultura Africana e Afro-Brasileira: consciência política e histórica da diversidade, fortalecimento de identidades e de direito, ações educativas de combate ao racismo e a discriminações. Concluímos que o rap pode contribuir com práticas pedagógicas transversalmente alicerçadas na: valorização das identidades ligadas à ancestralidade africana; rompimento com imagens negativas forjadas contra as populações negras; desconstrução do mito da democracia racial brasileira; compreensão de que a sociedade é formada por grupos étnico-raciais distintos; valorização da oralidade, da corporeidade e da arte, marcas da cultura de raiz africana, ao lado da escrita.