Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 093: Ritmos negros e periféricos: Hip-hop, Música e Identidades
Nossos Livros Foram discos: potencialidades pedagógicas do rap para a educação das relações
étnico-raciais
Esta comunicação tem por objetivo apresentar dados do estudo de mestrado intitulado Nossos Livros Foram
discos: potencialidades pedagógicas do rap para a educação das relações étnico-raciais, onde objetivamos
identificar e analisar dimensões epistemológicas do rap que podem contribuir com práticas pedagógicas
escolares, transversalmente ancoradas na noção de Educação para as Relações Étnico-Raciais.
Metodologicamente, as análises foram realizadas por meio de levantamento bibliográfico, análise de quatro
entrevistas e investigação sobre as obras de rap: O Glorioso Retorno de quem Nunca Esteve Aqui (Emicida,
2013) e Univerguetto - relatos da zona oeste (Ptcho Packer, 2023).
O trabalho se desenvolveu a partir da noção de que, por estarmos inseridos em um sociedade onde a escrita e
a razão são hegemônicas, um mundo logocêntrico (Hall, 2003) e eurocêntrico, grande parte das/os docentes têm
sua formação fixada em certa concepção que considera e elege os conhecimentos científicos como única forma
de saber legítima, levando a limitação de compreensão sobre saberes outros (Gomes, 2008).
No decorrer das análises, primeiramente, observamos que se tratando do mundo Atlântico negro (Gilroy, 2001),
a música é proeminente na construção e transmissão de conhecimentos. Sob essa ótica, entendemos que o rap
permite o encontro de docentes e discentes com uma prática vinculada à tradição de pensamento e expressão
das populações negras.
Concomitantemente, através dos princípios colocados pelo Parecer CNE/CP 003/04 e que devem conduzir a
Educação das Relações Étnico-Raciais e o Ensino de História e Cultura Africana e Afro-Brasileira:
consciência política e histórica da diversidade, fortalecimento de identidades e de direito, ações
educativas de combate ao racismo e a discriminações. Concluímos que o rap pode contribuir com práticas
pedagógicas transversalmente alicerçadas na: valorização das identidades ligadas à ancestralidade africana;
rompimento com imagens negativas forjadas contra as populações negras; desconstrução do mito da democracia
racial brasileira; compreensão de que a sociedade é formada por grupos étnico-raciais distintos; valorização
da oralidade, da corporeidade e da arte, marcas da cultura de raiz africana, ao lado da escrita.
© 2024 Anais da 34ª Reunião Brasileira de Antropologia - 34RBA
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