Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 064: Gêneros, sexualidades e corpos plurais: abordagens antropológicas de práticas esportivas
Futebol LGBTQIAPN+ brasileiro: rupturas e continuidades na dicotomia de gênero no esporte
No Brasil, o primeiro time de futebol amador composto apenas por pessoas LGBTQIAPN+ surgiu em 1990. No
entanto, nessa época, esse movimento era composto apenas por homens gays e bissexuais, tendo sido chamado de
futebol gay. Em 2017, houve um boom na criação de times pelo país. Nesse mesmo ano, foi criada a liga
nacional (LiGay) e o campeonato nacional (Champions LiGay) desses times. Em 2022, a LiGay passou a adotar
oficialmente o termo futebol LGBTQIA+ e abriu-se para a participação de quaisquer pessoas LGBTQIAPN+. Apesar
disso, percebe-se que ainda persiste a presença quase exclusiva de homens gays nesses times, com uma
participação praticamente inexistente de mulheres nos campeonatos. Para entender esse contexto, é preciso
observar que a dicotomia de gênero no esporte é tradicionalmente defendida para garantir uma suposta
igualdade de condições para jogadoras e jogadores. Além disso, no contexto de inserção no futebol, homens e
mulheres não heterossexuais têm tido trajetórias muito distintas no Brasil. Enquanto o acesso ao esporte tem
sido sistematicamente negado aos homens não heterossexuais, as mulheres não heterossexuais têm sido parte
importante da construção desse esporte desde que a proibição da sua prática por mulheres foi suspensa, na
década de 1970. Assim, é preciso entender se a ideia de um futebol LGBTQIAPN+ faz sentido para jogadoras
mulheres assim como faz para homens. Tendo em vista esse cenário, é possível concluir que o futebol
LGBTQIAPN+ carrega potencialidades para a diminuição da dicotomia de gênero no esporte. No entanto, apesar
de fazer movimentos tímidos nesse sentido, percebe-se que essa dicotomia persiste mesmo dentro do futebol
LGBTQIAPN+.
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