Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 030: Arranjos contemporâneos de parentalidades
"chegamos para morar na casa 11 do abrigo em uma terça do mês de março de 2003 e lá já havia uma família": modos de constituir famílias sociais na Aldeias Infantis SOS Brasil Caicó/RN
No meu trabalho de conclusão de curso desenvolvi uma etnografia do processo de institucionalização que eu e meus dois irmãos vivemos, no início dos anos 2000, em Caicó, região do Seridó potiguar. Uma escrita elaborada através das minhas memórias, as dos meninos, as de mainha e as familiares. Familiar, para mim, pode referir-se tanto à minha família de origem, quanto à minha família social. Complementando-as: as legislações que versam a respeito do direito das crianças e dos adolescentes à convivência familiar e comunitária, as fotografias desse processo e os documentos oficiais da intervenção. Os documentos produzidos pelo Estado através da Aldeias Infantis SOS, entidade que desenvolve programa de acolhimento institucional, produziram uma família social como expediente de controle. Anterior ao "ganhar uma nova família", com uma mãe social, irmãos sociais, tias sociais e um tio-gestor e uma Comunidade SOS, mainha, Sandra de Jesus, foi lida como incapaz de nos criar e a nossa família gerenciada como desestruturada, por sete anos. Eu, Saionara, fui a criança-ponte desta intervenção. Agora, aciono meu diário de campo e as memórias do processo de escrita e acrescento mais questões ao debate.
© 2024 Anais da 34ª Reunião Brasileira de Antropologia - 34RBA
Associação Brasileira de Antropologia - ABA