Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 052: Estudos de Cultura Material: contribuições da Antropologia e da Arqueologia em um mundo mais-que-humano
A Semente, a Árvore e o Encantado: um estudo da ontologia indígena no Alto Sertão de Alagoas, Brasil
Os indígenas Jiripankó, Kalankó, Katokinn, Karuazú e Koiupanká, presentes no Alto Sertão alagoano,
Nordeste brasileiro, possuem uma relação estreita entre si, por serem resultantes de diáspora dos Pankararu
em Pernambuco, compondo a árvore de tronco Pankararu. A ideia de árvore encontra uma dimensão maior que a
genealógica ou mesmo botânica, é ontológica, em uma perspectiva vegetal, onde a ligação destes povos é vista
por eles mesmos, a integrar uma fisiologia dentro de sua organização social, sendo os grupos mais antigos
tronco e os mais jovens rama. Essa árvore é composta por pessoas, sementes minerais e seres encantados,
expressando uma rede de sentidos que vai além da explicação consanguínea, quando conectada ao território
cosmológico, a dimensão cultural, de um povo que habita, principalmente, o bioma caatinga. Com esta pesquisa
busco por meio etnográfico, da cultura material e a ecologia humana compreender quais os principais
elementos dessa interpretação predominantemente vegetal da natureza, que vem se ampliando, nesse caso, entre
os indígenas no Alto Sertão de Alagoas. Por suas categorias próprias de interpretação do mundo que se
contrapõem a expansão dos grandes empreendimentos, como a barragem de Itaparica onde está submersa a
cachoeira encanta, sendo a principal ação politica desses povos a chamada emergência étnica, diante daqueles
que negaram suas existências.