Trabalho para SE - Simpósio Especial
SE 21: Patrimônios culturais em países de língua portuguesa: decolonialidade e reparação no contexto contemporâneo
A patrimonialização do Cais do Valongo no Rio de Janeiro e suas tensões
O Cais do Valongo é um sítio arqueológico situado na região portuária do Rio de Janeiro, numa localidade que é há décadas reivindicada como um território negro por inúmeras lideranças, pesquisadores, agentes culturais, dentre outros. Em 2017, o cais foi reconhecido pela UNESCO como um patrimônio sensível, um testemunho de um crime contra a humanidade que foi a escravidão, pois por ali teriam desembarcado cerca de 1 milhão de africanos escravizados durante as primeiras décadas do século XIX. Sua patrimonialização se insere num contexto mais amplo de emergência de debates públicos sobre a colonização e a escravização, que produz novas paisagens memoriais. Em meio aos mecanismos de produção de consensos que decorrem do reconhecimento do bem pela UNESCO, procurarei trazer aqui algumas formas de apropriação do cais por parte de lideranças negras, bem como alguns conflitos decorrentes do seu processo de patrimonialização.
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