ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 004: Améfricas: retomadas na antropologia pelo pensamento indígena e da áfrica-diaspórica por meio de experimentos de linguagens e escritas contra-coloniais
Questões identitárias e estéticas a partir do uso dos turbantes por mulheres negras ativistas em Fortaleza
Yasmin dos Santos Djalo (UNILAB)
O presente trabalho tem como objetivo fazer uma análise do turbante a partir do olhar de mulheres negras ativistas em Fortaleza, Ceará, mostrando qual relação essa peça do vestuário tem com a experiência da negritude no contexto brasileiro. Os objetivos específicos são: a) explorar quais as consequências do colonialismo e racismo para a formação identitária dessas mulheres; b) traçar as relações entre: poder, identidade e estética na ótica do feminismo negro; e c) investigar a trajetória de elementos identitários de origem africana presentes nas vestimentas, em especial o turbante. Para entender a hierarquia racial brasileira é necessário, primeiro, analisar como aconteceu a interação histórica entre os habitantes do Brasil, do ponto de vista cultural, social e econômico, desde o período colonial até então e, principalmente, suas consequências. O primeiro método de pesquisa necessário para cumprir os objetivos propostos é a pesquisa bibliográfica. Nesses materiais, será analisado o contexto social e histórico da negritude no Brasil com enfoque no gênero feminino e no estado do Ceará, fazendo uma pesquisa interdisciplinar utilizando autores como Abdias do Nascimento, Kabengele Munanga, Joice Berth, Rodney William, Alex Ratts, Iray Carone, Grada Kilomba, entre outros. Para, a partir dessas informações, investigar o universo delimitado para o trabalho, no caso, o movimento feminista negro na cidade de Fortaleza. Após esse levantamento de informações, seguiremos para uma pesquisa mista, ou seja, quantitativa e qualitativa, em que uma funciona de forma complementar a outra, pois faz-se necessário tanto dados numéricos e estatísticos acerca da população negra do gênero feminino, quanto informações subjetivas dessas mulheres, englobando suas sensações, opiniões, percepções e pensamentos. Assim, tendo como base dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), iremos, por meio de formulários divulgados on-line, captar informações sobre determinada parcela de mulheres negras na cidade de Fortaleza, visando descobrir, principalmente, se possuem relação com o movimento negro, se consideram-se ativistas, como empregam esse ativismo e se usam turbante no dia a dia. A partir desses dados, partirei para uma pesquisa de campo, na qual atuarei como observadora participante, em locais que estejam relacionados ao ativismo feminino e negro, e selecionarei uma amostra não-probabilística de mulheres ativistas negras fortalezenses que usam turbante, para realizar uma entrevista presencial de método qualitativo que será gravada em voz, seguindo um roteiro, visando entender de forma profunda as experiências e vivências dessas mulheres, além de qual ou quais significados o turbante possui para elas.