Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 021: Antropologia e Extensão Universitária
Quando a Antropologia transpassa fronteiras entre o Ensino e a Extensão: a aplicação de diálogos feministas no enfrentamento à violência de gênero.
Proponho contribuir com as discussões sobre a aplicabilidade da Antropologia na extensão universitária. Temos acompanhado o debate de que a Antropologia, em especial, a latino-americana, esteja passando por uma virada epistemológica e metodológica. Dos anos 1970 para cá, o fazer descolonial (Mignolo, 2007) aprofundou os debates em Antropologia, assim, ideias foram colocadas em xeque, como por exemplo, alargou-se o debate crítico sobre a colonialidade, a naturalização do racismo, as violências e o patriarcado. Dessa maneira, foram lançadas luzes para outros caminhos, outras epistemologias, outros lestes. Muitos trabalhos etnográficos têm sido abordados com diligência mais cuidadosa em relação à luta travada pelos grupos estudados. Quanto à sala de aula, professoras/es de nossa área têm diluído as fronteiras entre ensino-pesquisa-extensão e recorrido a uma antropologia mais engajada, tendo como aliadas, por exemplo, a metodologia Paulofreiriana de ensino e a proposta de educação transformadora e transgressora de bell hooks (2017), em que a sala de aula tem se tornado um espaço provocador de responsabilidades. Dessa maneira, proponho relatar sobre minhas vivências (enquanto professora e antropóloga) em ações extensionistas, tendo como foco o enfrentamento à violência doméstica e familiar, com mulheres que vivem na periferia da região metropolitana goiana. Sem a intenção de romantizar esse trabalho, farei relato sobre as dificuldades estruturais, financeiras e humanas, além das limitações e impedimentos que nos atravessaram durante a execução desse projeto. O Projeto de Extensão “Diálogos Feministas: rodas de conversa sobre o ciclo da violência doméstica e familiar” (em sua terceira edição) nasceu em sala de aula, no ensino de Antropologia Jurídica, com estudantes do curso de Direito, numa Universidade Pública Estadual (UEG). Nessa experiência, a extensão universitária nos transportou do ambiente da academia e nos levou até a comunidade. Como resultado, os diálogos feministas (em rodas de conversa) puderam ser aplicados como estratégia emancipatória, possibilitando-nos fazer a aplicação de epistemologias feministas e de Leis Mulheristas brasileiras. Temos vivido a experiência da interlocução, escuta, troca de experiências, saberes e acolhimento de mulheres, além de poder divulgar os canais de denúncia para o rompimento do ciclo de violência doméstica e familiar. Enfim, pretendo descrever neste grupo de trabalho sobre a experiência da extensão como um devir antropológico, que também tem nos transformado e nos tornado mais úteis, dentro e fora da academia.