ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 079: O visível e o in(di)visível: ciências, conhecimentos e produções de mundos.
Emergência climática, Economia e Economia Ecológica: aspirações científicas, tensões e reconexões
Embora trate de um aspecto da vida social, o que, portanto, posiciona a área no campo das ciências humanas e sociais, a Economia foi construída aspirando a um status mais próximo das ciências duras, mirando-se, mais especificamente, em aspectos da mecânica clássica para construir modelos, e valendo-se, também, de forte instrumental matemático. No entanto, as abstrações dos modelos e teorias econômicas mais difundidas trouxeram simplificações que, no contexto da atual crise ecológico-climática, mostram-se, no mínimo, defasadas, senão mesmo infundadas: ignorar o meio-ambiente, ou tomá-lo como mera externalidade se mostra uma escolha até mesmo paradoxal para uma área que tem a Física como uma espécie de modelo para construir suas teorias e metodologias, já que tal abstração entra em contradição com as bases da Termodinâmica (notadamente, com a Lei da Entropia). A partir da década de 1960, nasce a chamada Economia Ecológica, que, ao considerar o sistema econômico como uma inserção em algo maior, o próprio planeta, leva em conta que o crescimento da economia gera impactos no ambiente, podendo tal crescimento ser, inclusive, caracterizado como antieconômico”. A inevitabilidade do decrescimento, um verdadeiro tabu no campo mais amplo das ciências econômicas, é, portanto, algo considerado por muitos dos adeptos de tal vertente. Tendo em vista a emergência climática, a discussão a respeito do chamado Antropoceno, ou, de modo mais geral, a súbita colisão dos Humanos com a Terra (DANOWSKI; VIVEIROS DE CASTRO, 2015, p. 26), refletimos sobre as possibilidades de a Economia Ecológica ampliar seu campo de adesão, ao mesmo tempo que a negação ou minimização das questões ambientais por parte das teorias econômicas tradicionais é questionada. Nesse sentido, perguntamos se as mudanças e incertezas epistêmicas impelidas pela proposição do Antropoceno poderiam afetar os regimes de verdade estabelecidos no campo da Economia. Estaríamos diante da possibilidade de um enfraquecimento ou mesmo, de um rompimento da alavanca econômica, que reduziu drasticamente a complexidade dos engendramentos terrestres (LATOUR, 2021)? Nesse contexto, buscamos realizar considerações sobre o aguçamento das tensões entre Economia e Economia Ecológica conformado pela crise ecológico-climática. Tais fricções envolvem aspirações e disputas relativas a regimes de verdade, bem como possibilidades de reconexões com o atrator Terrestre (LATOUR, 2017). Referências: LATOUR, B. Onde estou? Lições do confinamento para uso dos terrestres. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2021. LATOUR, B. Où atterrir? Comment s´orienter en politique. Paris: La Découverte, 2017. DANOWSKI, D.; VIVEIROS DE CASTRO, E. Há mundo por vir? Desterro [Florianópolis]: Cultura e Barbárie: Instituto Socioambiental, 2015.