ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 035: Cidades e citadinidades: questões de Antropologia Urbana
Embranquecer o passado, questionar o presente, aspirar o futuro: Contribuições sobre raça, classe, gênero para o porvir na cidade de Osasco/ SP
O que será apresentado neste GT é o fragmento de uma tese no período final, as vésperas da defesa e pretende contribuir para compreender como os processos de uma cidade da Grande São Paulo chamada Osasco. A cidade de Osasco traz em si muitas questões interessantes a serem pensadas: com grandes periferias, pobreza populacional e, ao mesmo tempo, abriga a sede de um dos maiores bancos brasileiros (Banco Bradesco) que, desde sua instalação na cidade na década de 1950, juntamente com outros pilares, auxiliou para balizar os sonhos de futuros de jovens dos anos de 1980/1990/2000. Uma instituição sólida que, por muito tempo, foi compreendida como o melhor lugar a se trabalhar, sobretudo para estes até então, jovens moradores da cidade de Osasco. Hoje estes jovens são adultos e lidam com jovens de agora, que tem seus próprios anseios, muitas vezes divergentes. Isso que gera algum tipo de incompatibilidade entre os sonhos de futuro dos jovens de agora e os sonhos do futuro dos adultos. Para investigar a questão na cidade de Osasco, a pesquisa etnográfica contou com trabalho de campo presencial entre os anos de 2021 e 2022 em três escolas da cidade localizadas em pontos diferentes: uma escola na zona sul, uma escola no centro e uma escola na zona norte para observação dos jovens e seus pares nestes ambientes. Ainda que sejam três escolas públicas estaduais, o tratamento dispensado para os jovens e seus futuros foram completamente diferentes, sobretudo, quando se observa a partir das diferenças entre classe, raça e gênero. Desta maneira, a interseccionalidade contida nos jovens estudantes do Ensino Médio se constitui como um dos marcadores principais para que estes reflitam sobre suas ideias de futuro, na perspectiva branco centrada oferecida pela própria cidade, ao sonho dos adultos de serem “bradesquinos na época da juventude. Para além deste sonho dos adultos sobre os jovens, outro pilar se liga a perseguir um ideal de futuro: a discursividade do patrono da cidade, Antônio Agu, um imigrante italiano que fundou Osasco no século XIX. O mito de fundação da cidade está diretamente ligado a esta figura e, não por acaso, também molda uma história de nobreza ligada ao imigrante branco e italiano. Essas influências do passado que refletem no presente são “cobradas no futuro de jovens de hoje, que, independente de serem brancos ou não, de certa maneira, existe a expectativa que cumpram com este ideal de sucesso, tal qual é a narrativa da própria cidade sobre o que é um bom cidadão. A pesquisa visa compreender, a partir dos pilares básicos entre branquitude aspiracional e interseccionalidade moldam, como os jovens pensam seus próprios futuros e reagem a estas narrativas branco centradas.