Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 086: Povos indígenas e experiências de construções biográficas
Biografias Panhĩ e Mehῖ: a participação política das mulheres indígenas no Tocantins - TO
O presente trabalho se relaciona com os estudos que enfocam nas construções etnobiográficas,
trajetórias e histórias de vida. A pesquisa tem como objetivo refletir sobre a trajetória da liderança e
cacica do povo indígena (um dos povos Krahô), autodenominados de Mehῖ. Creuza Prumkwyj Mãkraré, é
cacica, liderança, educadora e pesquisadora, seus trabalhos versam sobre os resguardos, a pajelança e a
saúde das mulheres, tendo como principais frente de atuação a temática da saúde das mulheres e educação. Sua
sagacidade se reflete no poder de articulação entre os mundos e a partir das construções adquirida por suas
redes de relações.
Antes de aprofundar pontos sobre a trajetória da cacica, tenho que marcar que a minha inserção no campo
aconteceu a partir do diálogo com uma mulher de outro povo e que por coincidência são parentes próximas e
possuem o mesmo nome de Cupê (não indígena) ambas são Cruezas. A mulher, é Nhiro Panhĩ Apinajé,
cacica do povo indígena Apinajé, foi com ela que caminhei por mais de 8 anos entre graduação e
pós-graduação. Assim, primeiro busquei entender como era a política feita entre os Panhĩ,
sobretudo, para perceber como as mulheres faziam política, tendo em vista as interações com os não-indígenas
faziam esse parecer algo essencialmente masculino. Caminhando com Nhiro (Creuza Panhĩ), pude
conhecer outras cacicas, fazer entrevistas e construí um trabalho sobre a atuação dessas mulheres como
cacicas, especialmente com a Nhiro, que me recebeu, me ensinou, me acolheu e escreveu comigo os caminhos da
pesquisa (ROCHA, 2016, 2019). Nestes trabalhos, busquei refletir sobre as tarefas das mulheres, os
conhecimentos e o prestígio social que elas têm e como tais elementos as definem e são importantes para elas
e para a comunidade, desencadeando o seu reconhecimento.
Agora, com as mulheres Krahô, a partir do diálogo com a cacica Prumkwyj, que como citei acima é parente da
cacica Nhiro Apinajé, busco compreender o movimento político das mulheres entre estes dois povos. Creuza
Prumkwyj é Mãkraré (um dos povos Krahô), ela nasceu em 1971 na Aldeia Galheiro à sombra de um grande Pé de
Jatobá (Tehcré); o Sol forte do meio-dia se fazia mais intenso, e naquele momento, em suas próprias
palavras, nascia mais uma mulher indígena sofredora nesse mundo (KRAHÔ, 2017). Sobre a Prumkwyj, destaco o
poder de articular pessoas e criar rede de apoio, como que ela construiu em 2020 para defesa da saúde das
mulheres e foi de fundamental importância para enfrentar os desafios do período pandêmico. Com isso, o
trabalho busca evidenciar a participação política e a política feita pelas mulheres através da análise
etnobiográfica sobre a trajetória da cacica Creuza Prumkwyj Mãkraré.