ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 086: Povos indígenas e experiências de construções biográficas
Biografias Panhĩ e Mehῖ: a participação política das mulheres indígenas no Tocantins - TO
O presente trabalho se relaciona com os estudos que enfocam nas construções etnobiográficas, trajetórias e histórias de vida. A pesquisa tem como objetivo refletir sobre a trajetória da liderança e cacica do povo indígena (um dos povos Krahô), autodenominados de Mehῖ. Creuza Prumkwyj Mãkraré, é cacica, liderança, educadora e pesquisadora, seus trabalhos versam sobre os resguardos, a pajelança e a saúde das mulheres, tendo como principais frente de atuação a temática da saúde das mulheres e educação. Sua sagacidade se reflete no poder de articulação entre os mundos e a partir das construções adquirida por suas redes de relações. Antes de aprofundar pontos sobre a trajetória da cacica, tenho que marcar que a minha inserção no campo aconteceu a partir do diálogo com uma mulher de outro povo e que por coincidência são parentes próximas e possuem o mesmo nome de Cupê (não indígena) ambas são Cruezas. A mulher, é Nhiro Panhĩ Apinajé, cacica do povo indígena Apinajé, foi com ela que caminhei por mais de 8 anos entre graduação e pós-graduação. Assim, primeiro busquei entender como era a política feita entre os Panhĩ, sobretudo, para perceber como as mulheres faziam política, tendo em vista as interações com os não-indígenas faziam esse parecer algo essencialmente masculino. Caminhando com Nhiro (Creuza Panhĩ), pude conhecer outras cacicas, fazer entrevistas e construí um trabalho sobre a atuação dessas mulheres como cacicas, especialmente com a Nhiro, que me recebeu, me ensinou, me acolheu e escreveu comigo os caminhos da pesquisa (ROCHA, 2016, 2019). Nestes trabalhos, busquei refletir sobre as tarefas das mulheres, os conhecimentos e o prestígio social que elas têm e como tais elementos as definem e são importantes para elas e para a comunidade, desencadeando o seu reconhecimento. Agora, com as mulheres Krahô, a partir do diálogo com a cacica Prumkwyj, que como citei acima é parente da cacica Nhiro Apinajé, busco compreender o movimento político das mulheres entre estes dois povos. Creuza Prumkwyj é Mãkraré (um dos povos Krahô), ela nasceu em 1971 na Aldeia Galheiro à sombra de um grande Pé de Jatobá (Tehcré); o Sol forte do meio-dia se fazia mais intenso, e naquele momento, em suas próprias palavras, nascia mais uma mulher indígena sofredora nesse mundo (KRAHÔ, 2017). Sobre a Prumkwyj, destaco o poder de articular pessoas e criar rede de apoio, como que ela construiu em 2020 para defesa da saúde das mulheres e foi de fundamental importância para enfrentar os desafios do período pandêmico. Com isso, o trabalho busca evidenciar a participação política e a política feita pelas mulheres através da análise etnobiográfica sobre a trajetória da cacica Creuza Prumkwyj Mãkraré.