Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 016: Antropologia dos Povos Tradicionais Costeiros: Práticas Sociais, Disputas Identitárias e Conflitos
MEMÓRIAS, TERRITORIALIDADES E CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS: modos de (r)existir de uma comunidade ribeirinha atingida por barragem
Os conflitos socioambientais estão presentes entre grupos sociais que fazem uso diversificado da apropriação do território e que atribuem significação distintas a este. Na maioria das vezes são causados por grandes empreendimentos que afetam além do meio ambiente, a vida de povos e comunidades tradicionais. Entre os grupos atingidos destaca-se a comunidade ribeirinha do Acampamento Coragem, que ocupa um território em Palmeiras do Tocantins (TO) e é formada por um grupo de pescadores/as e ribeirinhos/as que foram atingidos pela a construção da Usina Hidrelétrica de Estreito (MA). Atualmente quem detém a posse do território ocupado por essa comunidade é o Consórcio Estreito Energia (CESTE), empreendedor da usina, que disputa judicialmente a posse da terra desde outubro de 2015. A contenda tem ocasionado efeitos e conflitos diretos com as comunidades que foram atingidas por esse megaempreendimento, desde sua chegada à região, em 2007, até os dias atuais. A comunidade teve sua relação com o rio, por exemplo, completamente transformada, visto que o empreendimento provocou mudanças naquele ecossistema, afetando inclusive a atividade pesqueira. Em vista disso, este trabalho tem por objetivo analisar as alterações nos modos de vida da comunidade ribeirinha perante os conflitos socioambientais causados pela UHE de Estreito, buscando compreender como a população tem enfrentado os conflitos e as alterações na cultura ribeirinha, com foco nas lutas e r-existências no processo de reivindicação do lugar ribeirinho. A pesquisa é de cunho etnográfico, com a articulação da observação participante na comunidade e o método de histórias de vida de cada morador/a do acampamento. Este é utilizado como recurso metodológico para aprofundar as inteligibilidades do que acontece na vida social da comunidade e possibilitar a descrição, a partir das narrativas orais, como a vida se moldou a partir dos efeitos enfrentados contra os empreendedores da barragem e as formas de luta e resistência que enfrentam para continuarem exercendo suas práticas culturais e de subsistência. Diante disso, é perceptível as afetações advindas da construção da barragem na região que desde sua instalação até hoje tem ocasionado disputas, violado direitos e alterado compulsoriamente as vivências das populações atingidas.
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