ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 012: Antropologia das Emoções
Emoções no punk: um estudo sobre a performance da raiva na cena Riot Grrrl carioca
O presente trabalho visa apresentar, dentre as possibilidades de estudo sobre o movimento Riot Grrrl, a performance do sentimento de raiva na cena punk feminista carioca. O movimento Riot Grrrl surgiu durante os anos 90 nos Estados Unidos em Olympia, chegando na mesma década no Brasil, idealizando a construção de um estilo independente e se associando fortemente com ideais do punk como o “faça você mesmo”, trazendo o “girls to the front” e criando punkzines. Com isso, surge a urgência para o aparecimento do tema sobre cenas musicais, punk e musicologia feminista atualmente, reforçando as mudanças na cena Riot Grrrl dos anos 90 para cá. Com base em um recorte de duas bandas cariocas que se autointitulam Riot Grrrl e com fortes influências no punk, pretende-se analisar, a partir dos estudos de Antropologia das Emoções e Gênero, os sentimentos expressos em músicas punks dessas bandas, que em sua maioria expressam o sentimento de raiva. A pesquisa é do tipo qualitativa, pois suas características proporcionam um envolvimento com o movimento Riot Grrrl e bandas da cena carioca, permitindo adquirir informações mais aprofundadas sobre as emoções naquela cena. Além disso, foram usadas as técnicas de entrevistas semi estruturadas com integrantes da banda e análise das letras das músicas, a fim de relatar quais os sentimentos expressos nas canções das bandas, além da pesquisa de campo em shows das bandas. O trabalho demonstra que as ideias feministas no estilo musical punk rock abriram portas para a proliferação de uma resistência cultural das mulheres nesse espaço que é ainda conhecido por ter uma ampla presença masculina. A partir da análise das letras das bandas escolhidas para o trabalho, constata-se que as emoções podem ser observadas como “dinâmicas” ou como “complexos”, onde os sentimentos de raiva e humilhação podem ser transformados em performances de raiva e ódio nas canções. Além disso, as músicas apresentam o desprezo e provocações a outra pessoa - apontada como uma figura masculina - e colocando mulheres não em posição de subordinação, mas de destaque. É nesta conjuntura que a presença feminina reivindica espaço nas cenas musicais através de afirmações que exigem espaço, voz e protagonismo.