ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 004: Améfricas: retomadas na antropologia pelo pensamento indígena e da áfrica-diaspórica por meio de experimentos de linguagens e escritas contra-coloniais
O que mostram as fotografias do Nego Fugido de Acupe/BA?
O trabalho utiliza a pergunta título como dispositivo metodológico para direcionar o escrito sobre a pesquisa documental de imagens digitais expostas em rede social, realizadas sobre e como o Nego Fugido, da comunidade remanescente de quilombo de Acupe/Bahia. O Nego Fugido pode ser compreendido como uma manifestação da cultura amefricana diaspórica que conta a história da liberdade conquistada por negros escravizados fugidos em disputa com caçadores, capitão do mato, guardas militares e madrinha. Os sujeitos presentificam na cena, há mais de um século, o protagonismo das pessoas escravizadas na libertação a partir da insurgência, da compra da carta de alforria, ajuda da ancestralidade e da madrinha, e do sequestro do rei. Muitas e outras cenas realizam o acontecimento, que se dá todos os domingos de julho pelas ruas da comunidade. O artigo busca refletir sobre o imaginário e as significações atribuídas ao Nego Fugido a partir dessas imagens produzidas e veiculadas digitalmente. A estratégia de análise antropológica parte do cruzamento entre uma etnografia realizada ao longo de 9 anos, no âmbito da formação em antropologia da graduação ao doutorado; e o levantamento documental de séries de 10 fotografias de 13 fotográfos/as, durante julho e dezembro de 2021, em rede social digital, sobre e com a manifestação amefricana Nego Fugido. Foi elaborado um formulário digital como estratégia de construção de dados sobre o processo de feitura dessas imagens, além de análise etnográfica das fotografias. A análise das imagens foram feitas a partir da noção de regime de existência, de Marco Antônio Gonçalves, e apontam para reflexões sobre o conceito de dor, de fuga, de espetacularização do sofrimento. Ao mesmo tempo, estereótipos raciais e rompimento das imagens de controle, a partir do conceito de Patrícia Hill Collins, são acionados pelas imagens.