Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 064: Gêneros, sexualidades e corpos plurais: abordagens antropológicas de práticas esportivas
Mulheres Lésbicas e as Práticas Esportivas no Lazer: Uma Etnografia em uma Equipe LGBTQIA+ de Porto
Alegre
Resumo: A reflexão de lazer para quem?, provoca uma análise que revela uma dinâmica de privilégio de
quem dispõe de momentos de lazer, colocando em evidência as desigualdades existentes na nossa sociedade que
tem valores capitalistas alinhado ao neoliberalismo, e lesbofóbicos. Sendo assim, as vivências das mulheres
lésbicas têm sido frequentemente invisibilizadas e marginalizadas. No contexto histórico, os esportes vêm
sendo constituídos de normas, que se estabelecem através de diretrizes, que afastam as mulheres da prática
esportiva, seja por questões biológicas, sexistas e machistas, como o questionamento da sua sexualidade.
Nessa conjuntura o esporte parece não ser um lugar receptivo às diferenças. No entanto, uma nova
possibilidade de vivenciar as práticas esportivas vem sendo produzida, que são as equipes identificadas como
LGBTQIA+, neste contexto as mulheres lésbicas passam a se inserir. Ao que parece a prática dos esportes vem
sendo produzida de forma a ser um espaço de possibilidades, seja de vivenciar o esporte, de identificação,
de segurança e de resistência. Portanto é fundamental propor debates a partir do reconhecimento das
experiências esportivas das mulheres lésbicas no contexto do lazer, que é um direito constitucional.
Fomentando essas discussões em busca de uma sociedade mais equitativa. Sendo assim, este trabalho traz
aspectos de uma pesquisa de mestrado acadêmico em andamento, que vem sendo realizada no âmbito do curso de
pós-graduação em Ciências do Movimento Humano, na UFRGS, do qual discute a inserção das mulheres lésbicas em
uma equipe LGBTQIA+ no contexto do lazer. Consequentemente, este trabalho tem como objetivo trazer as
primeiras aproximações do campo, com o objetivo de discutir as negociações e agências de mulheres lésbicas
em uma equipe LGBTQIA+ de Porto Alegre, na constituição de um espaço inclusivo de lazer. A partir do
exposto, as aproximações estão ocorrendo em uma equipe LGBTQIA+ de Porto Alegre, que pratica handebol. Os
encontros ocorrem duas vezes por semana, com média de 1h30. Os treinos são divididos em dois momentos, o
primeiro dá conta de atividades de aquecimento e de aperfeiçoamento de técnicas inerentes ao esporte e o
segundo momento é a prática do esporte, através do jogo propriamente dito. Para além dos momentos de
desenvolvimento técnico e tático do handebol, esta equipe parece proporcionar um espaço de acolhimento,
coletivo, político e um espaço de segurança. Este espaço que se constitui de segurança não é restrito à
prática esportiva, mas também de trocas de experiências lesboafetivas, onde as mulheres se sentem seguras ao
falar sobre seus relacionamentos. A partir dessas aproximações iniciais é possível vislumbrar novas
possibilidades de lazer, que vão além da fruição e sociabilidade.