Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 098: Som, música e eventos: experimentações etnográficas
“Não é uma roda, é um quadrado”: percepções de músicos e público acerca de uma roda de choro na zona sul do Rio de Janeiro
Afirma-se que o choro não é um “gênero musical” mas, sobretudo, uma forma particular de fazer música, dotada de uma linguagem e de regras muito rígidas. Estas regras definem o pertencimento dos músicos a linhagens musicais muito bem determinadas, que se ligam ao uso de certos instrumentos e padrões estéticos, mas principalmente de uma “tradição” que caracteriza o choro. A “roda de choro” é o lugar onde o músico verdadeiramente “aprende a tocar”, e onde ao mesmo tempo ele se põe à prova, para demonstrar sua competência e seu pertencimento a estas linhagens e à “tradição”. A partir de uma etnografia sobre um espaço da cidade do Rio de Janeiro onde um grupo de músicos se reúne semanalmente para fazer choro, proponho analisar as diversas percepções de músicos do próprio grupo, mas principalmente de fora dele que afirmam não se tratar de “uma autêntica roda de choro”, por não atender aos rígidos padrões que caracterizam o estilo. “Não é uma roda, é um quadrado”, afirmou um músico, condenando o entendimento dos membros da roda sobre a verdadeira “tradição do choro”. Entretenimento para o público em geral, que se deleita com as diferentes formações que ali se apresentam, o evento se mantém há mais de uma década “fazendo choro” e animando a feira livre que ali ocorre.
© 2024 Anais da 34ª Reunião Brasileira de Antropologia - 34RBA
Associação Brasileira de Antropologia - ABA